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segunda-feira, 23 de junho de 2014

Sucesso balnear

Há duas semanas fomos à praia. A intenção principal de ir até à beira-mar era fazer um passeio de bicicleta de vários quilómetros pela costa flamenga e holandesa, que me haviam dito ser lindíssimo. Andava a sonhar com Knokke há mais de um ano. Como todas as previsões meteorológicas apontavam para um dia soalheiro e de mais de 25 graus naquela cidade costeira, permitimo-nos sonhar.

Começámos a rir maniacamente quando, ainda no comboio, cai uma carga de água enorme. Não faz mal, já estamos habituados, declarámos nós, os fatos-de-banho vieram vestidos mas bom, temos o pedalanço na mesma para fazer. Não seria em vão como há dois anos.  

Fomos então pedalar, eu sempre de antena no ar para descobrir o momento em que passássemos a fronteira com a Holanda. Nem uma placazinha azul com estrelas amarelas a anunciar, nem bandeiras holandesas em lado nenhum, mudança de língua nicles porque já estávamos na Flandres de qualquer das formas, olhar para as matrículas dos carros não me elucidou porque havia igual número de BEs e NLs, e as pessoas como é óbvio não têm escrito na testa de que país são. Cheguei a procurar desesperada anúncios em edifícios ou paragens de autocarro que tivessem um website com .nl, cheguei ponderar perguntar a alguém na rua se já estava na Holanda, mas senti-me ridícula e tive medo de ofender nacionalismos desenfreados caso ainda estivesse na Flandres. Lá vislumbrei uma caixa de correio amarela que dizia qualquer-coisa-qualquer-coisa-Nederland mas acabei por nunca vislumbrar a linha divisória como esperava. Só em casa, com o mapa GPS do percurso feito transferido para o computador pude ver que tínhamos avançado 10 km para dentro da Holanda sem nunca nos apercebermos. 

Apanhámos chuva e fresquinho, como era esperado desde a forte chuvada no comboio. O que não era esperado foi o sol que de repente brilhou em toda a sua glória no pedalanço de regresso a Knokke, e que me garantiu um lindo bronzeado à camionista que ainda hoje apresento com alguma vergonha. Apanhar escaldões aqui nestas costas do norte é uma verdadeira humilhação para pessoas Europa-sulistas como eu.

Ainda fomos à praia, o único final lógico de um pedalanço debaixo de sol quente (aqui isto não é uma redundância). E tomei banho! Fiquei mesmo feliz, felicidade essa que se esbateu um bocadinho quando dei um pontapé sem querer numa alforreca*. Acabaram-se os banhos de Mar do Norte que foi uma beleza. Secar é que não deu. Para fornecer um inesperado escaldão lá esteve ele, para secar uma pobre alma após banho de mar é que já seria pedir demais. Tentei mas não pedi, porque fique a sentir-me uma privilegiada por ter conseguido em dois anos apanhar um dia de praia digno desse nome.  






S.

* diz que este ano há lá muitas, mas inofensivas, aprendi agora.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Ele há coisas... #39

Há coisas que uma pessoa esquece. Que o sol português, em pleno solstício de inverno, incomoda os olhos e aquece, é uma delas.

Que levantar às três da manhã e viajar de madrugada nos traz recompensas, é outra.





S.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Portugal à segunda vista

Ainda estou a digerir um pouco o facto de que já não estou de férias. Nunca fiquei com depressões pós-férias nem nunca me custou regressar à escola/trabalho. Muito pelo contrário: setembro é um dos meus meses favoritos do ano, é como se fosse o Ano Novo, é o mês da rentrée, o fim da silly season, o mergulho na vida a sério, cheira a livros novos, tem a força da vontade das empreitadas novas, é o apagar de mais uma vela no bolo de aniversário. Mas isto anda tudo vazio, é Bruxelas, é a blogosfera, é os emails, é o escritório. Já estou pronta para setembro mas o resto do mundo ainda não. E isso entristece-me mais do que o fim das minhas férias.

Nestas semanas de regresso à pátria fiz um esforço consciente para visitar coisas que me andavam a fazer cócegas na imaginação há muito tempo. Mas como as férias são tempo para usar e abusar da presença física dos mais próximos - e de quem não podemos abusar durante o resto do ano, valha-nos o Skype mas não nos vale assim tanto, é pura imitação - arrastei a família atrás, ah pois.

Sintra. Aquele pedaço de terra mística que me é tão familiar mas tão superficialmente conhecido. As odes nos jornais, nos livros, na História, no Pessoa, nos Maias, na boca e nos olhos brilhantes dos estrangeiros que já visitaram Portugal e dificilmente encontram palavras para descrever a sua visita quando lhes digo de onde venho. O meu conhecimento superficial e a pouca distância da minha casa de 20 anos, aliada àquele sentimento de coisa adquirida que temos pelo que convivemos quotidianamente, fez-me achar durante muito tempo que Sintra estava um tanto ou quanto overrated.



Não está, porra. Não está. À Regaleira fui há uns anos, numa visita prenda-de-anos, e não desapontou. Tornou-se instantaneamente num dos meus lugares portugueses mais preciosos, com espacinho no coração (não são muitos). Desta vez fomos lá acima, ao topo da serra, ao Palácio, que vale mil vezes mais pelas vistas maravilhosas que pelo interior do edifício. Que serra maravilhosa. Que vista desafogada (50 pontos para quem conseguir distinguir o Convento de Mafra ao fundo). Ainda tivemos direito a testar o microclima sintrense porque a dada altura começou a chuviscar e eu passei o dia a vestir e a despir o casaco, consoante as esquinas do palácio que virava.

Porto. Xii, o Porto. Revelo com a vergonha devida que conhecia mesmo, mesmo muito mal a segunda cidade do país. Mas se calhar por isso ela arrebatou-me pelos pés e virou-me do avesso. Juro que a frase que mais pensei enquanto era guiada pelas ruelas da cidade, pela Ribeira, pela Foz e pelos miradouros, foi que o Porto batia aos pontos a beleza de Lisboa*. E que a cidade está ainda demasiado underrated, tanto na mente dos morcões como na dos estrangeiros que visitam Portugal e talvez não contem o Porto como parte do seu itinerário de viagem. Meu deus, a riqueza que é ter pontes que se percorrem a pé! Ter uma margem sul que não é bem Margem Sul porque é tão já ali. Ir ao Porto é acreditar que há vida para além de Lisboa, há Portugal vivinho da silva para além da capital, e isso fez-me extremamente bem às perspetivas.




E depois a descida do rio Tejo, sempre na ânsia do "já chegámos? já chegámos? já chegámos?" porque sabia que a qualquer momento iria virar uma curva e vislumbrar o Castelo de Almourol em toda a sua glória, e sim, ali estava ele, no meio do rio, lindo como sabia que só podia ser, mágico como esperava que fosse, um bocado, er... vazio por dentro como não sabia, mas com vistas do caraças quando se sobe mesmo até lá acima. Dá para sentir como um conquistador, e se semi-cerrarmos os olhos com convicção e se o sol brilhar forte na cabeça pode ser que dê para vislumbrar um exército a cavalo lá ao fundo. Mas o sol tem que estar a bater forte e quente na cabeça, claro.



Finalmente, a Tapada. Tão perto mas durante demasiado tempo longe do coração. Sempre a querer ver veados em Richmond e não sei quê, e afinal vivi durante tanto tempo tão perto deles. Ali, mesmo à mão de semear, quase que dá para se fazer festinhas, não fosse a desconfiança dos bichos em relação ao pessoal de duas patas. Teria mais sorte com os javalis, suspeito. Peguei numa coruja pela primeira vez e estou quase a completar a minha experiência HPteriana. Só falta o tour às Highlands.




Ainda voltei para uns dias no sul, que foram muito bons para levar muitos banhos de calor familial, uns tantos de sol e ainda mais uns literais de mar. Que maravilha é ter um mar só para nós e uma praia semi-deserta às 9 da manhã. E sim, é possível tal coisa no Algarve em pleno agosto. É só saber onde procurar :). Serviu também para apreciar o fresquinho de Bruxelas e maravilhar a possibilidade de andar na rua sem precisar de óculos de sol na cidade. Que esta aprendizagem me sustenha durante os próximos meses (já estou a pensar que tenho de comprar um casaco verdadeiramente quente e umas botas verdadeiramente aderentes. Pensar em neve em meados de agosto é espetacular.)


(Foto roubada ao primo que tira fotos melhor do que eu)


Agora vou sossegar um bocadinho aqui em Bruxelas e aprender a chamar "home" à casa nova, voltar a encaixar a biblioteca na minha vida e cruzar os dedos até mais ou menos maio. 



S. 


*Entretanto, já nem sei, porque uns dias depois fui à Baixa e desci a Rua Augusta e o sol brilhava forte no céu azul intenso e a pedra do arco da Rua Augusta estava tão mas tão branca, e fiz a procissão até ao Cais das Colunas - que sim, aquele caminho tem mais de sagrado e ritualesco que muita romaria que por aí anda - e eu fiquei novamente embriagada com o caráter de Lisboa e já quase lhe implorava perdão por ter pensado que outra cidade portuguesa a podia bater. Igualar, pronto vá, lá me decidi pela justeza.  

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Minimalismo - nível IV

É oficial, vamo-nos mudar. Só de casa, quando muito de comuna, mas ainda assim estou muito entusiasmada. É uma coisa mais pequenina por isso teremos que ser criativos na arrumação. É para isso que o Ikea existe. Sinto-me como se estivesse a jogar Sims, modo compra, e sem batota. Assim tenho um número reduzido de peças para as quais posso olhar porque quero manter os cordões da bolsa firmemente apertados e não há cá "motherlode"* para ninguém. Isto da decoração ultra-funcional em espaços pequeninos tem o seu quê de desafiante.

Entretanto descobri a Amazon versão loja de móveis e pronto, fiquei com os meus problemas resolvidos. Especialmente a alemã; ninguém nem nada consegue bater a Amazon.de nos preços e na quantidade de escolha. Nem mesmo o Ikea. Btw, o Ikea é mais caro em Portugal do que na Bélgica. Não sei como é possível, mas estive a comparar os mesmos produtos e por vezes havia diferenças de 10, 20 euros (em 100). Não sei que tipo de contas é que os senhores ikeianos andam a fazer para estabelecer preços mas ajustados ao poder de compra não são de certeza.

Entretanto o verão chegou a Bruxelas. Primeiro a medo, mas agora parece que vem aí uma semana de temperaturas máximas nos 21-22º. Ainda não me aventurei de manga curta porque isto uma pessoa tem que ir com calma e ainda estou traumatizada por ter visto nevar no fim de abril. Daqui a pouco mais de um mês volto a Portugal por uns dias valentes e quero saber o que é isso de "ir à praia" ou "o mar". Apagou-se-me da memória ambos.




*para quem nunca jogou Sims, motherlode era o código que se introduzia para aumentar o orçamento familiar em 10 mil ou 50 mil simliões. Assim, do nada. Dava muito jeito, pois claro.




S.

domingo, 14 de abril de 2013

Quando cai o verão na cidade

Queria deixar aqui registado que às vezes, muito esporadicamente, lá consigo admitir que vivo num dos melhores sítios do mundo.



Apercebi-me disto hoje, enquanto o sol brilhava (ainda brilha) forte num céu incaracteristicamente azul, numa temperatura ainda mais incaracterística de 22º, e eu tentava decidir se devia ir ao parque, à floresta, ou ao lago. Tudo isto a distância a pé de casa. 

Honestamente, não sei em que outro lado eu poderia viver no centro da cidade e dar-me ao luxo de poder escolher assim. Na minha idolatrada Londres de certo que não.

Escolhi o lago.


Este foi o meu poiso de leitura durante uma hora e pouco.

É mesmo muito estranho, não sentir frio aqui em Bruxelas, nem mesmo à sombra. Troca-nos as voltas, este tempo, e porque o sabemos raro, torna-se extremamente difícil de o gozar. Sabe-se sempre que amanhã já vai embora, e que a chuva já lá vem, e que por isso devia-se mesmo estar era ali sentada a filtrar vitamina D e não pensar em mais nada, e não estar a pensar na semana que vem e no tempo que vai fazer.

Consegui aproveitar, ainda assim. Não tive outra opção, já que os 22º mais o ventinho que soprava e o sol de abril que não queima ditaram que estava uma daquelas temperaturas perfeitas para se estar a ler na rua. Não conseguia ter calor nem frio.

Consigo sempre me surpreender com a felicidade com que os povos do norte encaram estes dias bizarros de sol e calor. Sai mesmo tudo à rua, as esplanadas estão cheias, os relvados idem e, desta vez, até o chão da praça à frente da igreja. 



Qualquer sítio é bom para se estar ao sol. Concordo. 



S.

sexta-feira, 22 de março de 2013

So far, so good


Clima soalheiro do bom:



Check.

Comida mediterrânica barata e de chorar por mais:


Check.

Caramba, tinha-me esquecido - outra vez - do que é uma cidade como deve ser. E de que há mesmo uma diferença entre o pessoal do Norte e o pessoal do Sul. Gente bem mais afável e extremamente mais relaxada. 



S.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Ele há coisas... #25

É um facto. Portugal tem o céu mais azul da Europa.


A primeira coisa que noto sempre que regresso é esta luz e claridade intensas, que nem no verão a Europa do norte consegue igualar. 



E estes dias têm sido particularmente simpáticos para dois portugueses emigrantes cheios de carência de vitamina D. Ou apenas carência afetiva solar.






S.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Impermeabilidade azul escura

Desde que a minha capa extremamente impermeável, extremamente comprida e extremamente azul chegou pelo correio, que andava a ansiar que chovesse. Andar a ansiar que chova já de si é estranho, andar a ansiar que chova em Bruxelas em outubro é simplesmente absurdo porque todos os dias chove. Mas tivemos aí uns cinco dias de sol, de forma que foi esquisito. E deu para ansiar. Saía eu de manhã para rua, pimba, levava logo com raios de sol nos olhos. Duas ou três vezes, enquanto conduzia a bicicleta e franzia o sobrolho tentando evitar o sol que brilhava de frente, pensei: "Mas queres ver que eu devia era ter comprado uns óculos de sol em vez de uma capa..." Foram uns dias bem estranhos. Choveu, entretanto, mas nunca enquanto eu fazia as minhas viagens de commuting, pelo que a capa se manteve dobradinha na minha mala, à espera de ser estreada.

Ontem, quando o despertador soou tive que olhar três vezes para relógios diferentes para me certificar que já era mesmo hora de levantar. Estava escuro lá fora. E os carros quando passavam faziam o "ffffssh" característico das rodas a passar em estrada molhada. Era desta que a capa ia ser estreada!

Er... Não correu muito bem. Rapidamente descobri que pedalar à chuva não é das sensações mais fabulosas deste mundo. Assim que vesti a capa, olhei com orgulho o facto de me tapar da cabeça aos tornozelos, e fiquei toda fanfarrona por ter metro e meio (acho que esta capa era suposto tapar um adulto até aos joelhos, mais coisa menos coisa). Apertei o carapuço e lá fui eu. Mas não contei com duas coisas um bocadinho, digamos, chatinhas:

- As mãos e os antebraços ficam de fora: tirei as minhas luvas e guardei-as para não as molhar porque tinham uma pele muito fofinha de pêssego e eram novas e tal - ERRADO. Não molhei as luvas molhei as mãos. Cheguei ao escritório com os dedos engelhados (!) e a parte do antebraço que a capa não tapa - porque é um poncho - toda encharcada.

- A cara vai, digamos, nua: a cara, senhores, a cara... Mesmo resolvido o problema das mãos através das luvas e de um casaco mais grosso para não encharcar os pulsos/antebraço, com a cara não dá para fazer nada. Nem mesmo, vá, o desvario de um lenço à volta da cabeça serviria pois eu tenho que ver a estrada! E levar com chuva nos olhos, indo a franzir o sobrolho porque desta vez não é o sol mas sim a chuva a perturbar a visão não é muito bom, não senhor. Imagino sempre que os automobilistas me olham com pena, do tipo "Oh coitada, lá vai a menina à chuva e ao frio, enquanto eu vou aqui no meu carrão de ar condicionado e rabinho sentadinho nesta espécie de sofá pessoal". Mas depois eu ultrapasso a fila toda de carros presos no trânsito infernal por causa da chuva e acho que lhes passa a pena toda.

Este último problema da cara descoberta ainda é um problema. Acho que ainda ninguém inventou a solução para evitar a chuva a bater nos olhos por causa da deslocação do ar que não envolva um capacete de mota daqueles enormes e com visor. Porque o resto, está resolvido. A luvinha nova já está sebenta do preto do guiador da bicicleta mas a mãozinha já vai seca.

Posso portanto dizer que o primeiro obstáculo, a chuva, está ultrapassado ;)

Se bem que...



... isto até dava jeito.

S.

domingo, 16 de setembro de 2012

Bruxelas sem carros

Hoje foi o Domingo Sem Carros aqui em Bruxelas. Um dia espantoso de sol e calor fez com que milhares de pessoas saíssem às ruas e tornassem a cidade em algo que eu ainda nunca tinha visto.


À hora do almoço, quando vinha do ginásio, reparei que a praça do Châtelain estava transformada num mercado de coisas em segunda mão. Fui a casa devorar o comerzinho e voltei ali para dar a atenção merecida às bancas de roupa, livros, sapatos, brinquedos, acessórios para a casa e etc.


Nem às quartas-feiras, dia de mercado de legumes e frutas, eu havia alguma vez visto tanta gente! Ainda trouxe algumas peças para casa, a preços de chorar por mais.

Resolvi depois deambular mais um bocado pela cidade para experimentá-la sem o barulho infernal do trânsito e sem a preocupação da segurança rodoviária. Sabia que no centro havia vários eventos e portanto lá fui eu até à Grand Place.

Entretanto fiquei sem bateria na máquina fotográfica, de maneira que as próximas fotos são roubadas ao Google. Mas fazem jus ao que vi hoje.


Aqui, no Mont des Arts, uma das vistas mais bonitas sobre a cidade, completamente livre de carros (o que vem lá atrás é um táxi. Hoje os transportes públicos não foram impedidos de circular, e os táxis idem)



A praça em frente ao Palácio Real



Piqueniques em frente à Bolsa



Uma das avenidas mais movimentadas da cidade, frente ao Parc Cinquantenaire, completamente irreconhecível



De notar que a quantidade de ciclistas na rua foi brutal, e Bruxelas fez-me lembrar Amesterdão. E tal como em Amesterdão, há cagaços com bicicletas que fazem travagens bruscas mesmo em cima de nós ou que se desviam no último centímetro. Mas pronto, faz parte, e mais vale levar com uma bicicleta desgovernada do que com um carro...

Para casa vim um pedaço de bicicleta, para completar a minha experiência do Domingo Sem Carros. 

É realmente pena ser apenas um dia por ano. A cidade ganha um ar completamente diferente - literalmente - e as pessoas ganham uma qualidade de vida incomparável. Só o facto de não se ouvir motores de carros é mindblowing... E o mais estranho foi que eu apenas reparei que não se ouvia nenhum carro quando, de vez em quando, passava algum autocarro. Aí é que eu pensava para mim "Realmente, está aqui um silêncio esquisito..." Bem-vinda ao futuro! (esperemos que ele se pareça com isto)



S.

sábado, 1 de setembro de 2012

O presente oferecido por Bruxelas

Hoje, Bruxelas ofereceu-me este presente:


Um céu azul - azul forte, como é raro - toda a tarde.

Numa altura em que o verão já brinca às escondidas com Bruxelas, sei que este foi um presente especial e para ser valorizado.

Obrigada, cidade!



S.


quarta-feira, 25 de julho de 2012

Corrida ao fato-de-banho

Bruxelas tem estado luminosa e quente como ainda nunca a tinha visto. Fora um ou dois dias em junho, o termómetro ainda não tinha passado a barreira dos 25 graus, sendo que tem insistido em manter-se abaixo dos 19. E a chuva de que já me queixei repetidamente. 

No entanto, parece que esta semana é para se manter nos 28-29. Não há uma nuvenzinha à vista, o céu está todo azul, o ar está quente e, há pouco, quando vi o termómetro de uma farmácia anunciar "30º" quase me deu um fanico. É uma alegria mal-contida, verdade seja dita. 

Ora, acontece que sexta-feira é um dia especial para os pombinhos aqui d'Ixelles (o aniversário número sete tem uma mística qualquer, é um número bonito, ainda que nada redondinho) e tenho andado a olhar para os vários restaurantes aqui da zona com outra atenção. Um jantarzinho romântico à luz das velas, no único dia do ano em que me (nos) permito a extravagância verdadeira de jantar fora com pinta, parece-me muito bem. 

Pois, parecia-me! Os planos de aperaltamento, comida boa e refeição a meia-luz deram uma grande cambalhota quando uma única palavra começou a invadir a mente de ambos, não deixando espaço para mais nada: PRAIA. Eu. Quero. PRAIA. Uma porção de água para banhar.

Timidamente consultámos o meteo.be, ontem, novamente hoje (e consultaremos novamente amanhã) para certificarmo-nos que o pedacinho de costa belga continua com previsões de temperaturas a rondar os 25. Confirma-se. Os dedos não estão cruzados em figas mas a esperança está cá de que este tempo continue até sexta. Só até sexta, vá lá! Porque sabe-se que isto é sol de pouca dura, literalmente, e, de facto, no sábado já preveem chuva e máximas de 18-19.

Mas porque, tal como em Londres, nunca me passou pela cabeça enfiar fatos de banho ou toalhas de praia na mala, coisas remotamente balneares é algo que não mora nesta casa. De maneiras que tivemos que dar um saltinho aos saldos e agarrar os primeiros fato-de-banho (sim, pela primeira vez em 15 anos, rendi-me a um fato-de-banho) e calções de praia que se arranjou. E o protetor solar mais elevado que conseguimos achar, porque isto de não fazer praia há dois verões habitua mal a pele alva destes dois senhores (ou habitua bem, consoante a perspetiva).

Por isso, estamos aqui numa de alguma expectativa e a pedir a todas as partículas de Higgs (são de Deus, deve dar) que o tempo belga colabore só mais dois diazinhos, que depois pode chover tudo o que lhe apetecer (e considerando que não chove há 3 dias, tenho medo do que aí virá).


... a quantidade de pára-ventos não me está a inspirar muita confiança...



S.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Apenas moderadamente melancólica, vá

O que impede a melancolia de se instalar é o facto de estarem 26 graus lá fora. Quem é que se pode dar ao luxo de estar triste num dia assim - que, como bem se sabe, deve ser irrepetível em 2012?

 Agora é aproveitar o facto de poder andar de pernas e braços destapados e absorver Vitamina D como se não houvesse amanhã. Porque provavelmente, soalheiro, não haverá.





S.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

O sol quer é aparecer

São 22h. Mas o sol teima em deitar-se. E o céu continua azul.


De manhã, a mesma coisa: às 5h já brilha ele contente pela janela. Já aconteceu acordar sobressaltada por pensar que o despertador não tocou e estou atrasada quando afinal ainda faltam duas horas para levantar. É certo que anoitecer às 16h como apanhei em Londres não é de todo agradável. Mas luz para lá das dez da "noite" altera da mesma forma esquisita o relógio biológico de uma pessoa...



S.

sábado, 26 de maio de 2012

Ele há coisas... #12

O calor chegou à nossa rua. E eu, pela primeira vez, coincidência ou não, noto que uma bandeira belga ondula alegremente numa das varandas vizinhas.


Isto não seria uma observação tão peculiar se os belgas fossem dados a nacionalismos, o que não são. De todo.



S.

sábado, 24 de março de 2012

Bruxelas, a soalheira

Oh Bruxelas, andas-me a habituar mal.


Manga-curta em março, a sério?

Entretanto, adquirimos um hábito novo: preguiçar num espaço verde qualquer da cidade.

Leva-se a marmita com as sandes, o sumo, a toalha para estender na relva, o iPod e o The Economist. E ala estender na relva, longe de Facebooks, de e-mails, de blogs e de televisão. É um hábito saudável e para ser repetido sempre que o tempo belga deixar.

Tenho de admitir que só ali percebi o quão online-ó-dependente estou. É uma espécie de doença obsessiva-compulsiva (o precisar de verificar as notificações do Facebook, o atualizar a página do e-mail, o pensar em qualquer coisa para pesquisar no Google só pelo vício de abrir uma nova página de Internet - é por isso que não me permito ter um telemóvel com ligação à Internet, preciso de momentos offline obrigatórios). Mas correu bem e aguentámos duas horas estendidos na relva, sem fazer nada de especial, só com o sol a bater nos pés descalços e a conversa sobre tudo e sobre nada (tens essa capacidade que sempre admirei de fazer conversa a partir do nada, por ti nunca havemos de esgotar temas, uma das razões por que te amo) com sumo de laranja a acompanhar.

O sol como gosto dele, brilhante no céu mas sem queimar; sentia-o a bater, estava bem de manga-curta mas nenhuma parte do corpo a escaldar.




Que maravilha de início de primavera!



S.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Mas que mediterraniedade vem a ser esta...



Não, a sério, isto tem de parar.

Estamos em abril. Isto é Inglaterra, não um país tropical. E, pronto, tirando a chuva que parece que nos aguarda na 6a feira, 25 graus para cima nem no verão de cá... E mesmo a chuva pode ser considerada anomalia visto que vão estar 24 graus. 24 graus?! Com chuva!

Primeiro foram as temperaturas a rondar os 20º que duraram outubro adentro... Depois foi a escassa chuva que apanhei no inverno. Agora isto! Não gosto destas anormalidades climáticas. Nem de temperaturas
acima de 20º. Mas isto sou eu que não aprecio transpirar que nem uma porca quando tenho atividade mental para desenvolver.

Eu não tenho roupa de verão aqui! Desculpem se não pensei em trazer calções, saias e biquinis quando fiz as malas para vir viver para Londres. Além disso, a minha casa tem uma quarta parede que basicamente é uma janela, portanto, nada bom para ter sol a bater durante horas. Uma janela que não se abre, ainda para mais.

Portanto senhores do tempo, vejam lá isso. Sei que não é vossa a culpa mas vocês devem ter contatos lá em cima, façam favor de agir porque isto assim não dá. Ontem tive de ir comprar gelados. Gelados! Vejam ao ponto a que isto chegou e tenham vergonha.




S.

sábado, 26 de março de 2011

Verdura citadina - parte I

Não é muito difícil escolher a característica de Londres que mais me fascina. Os extensos km2 de verdura que esta cidade contém sempre foram objeto da minha profunda admiração. Como é possível que uma das maiores cidades do mundo tenha no seu centro extensas áreas verdes que não servem para mais nada que não para o puro contentamento dos seus habitantes? Pressão imobiliária é algo alheio a estes governantes.

Com a primavera a chegar com todo o seu esplendor e várias visitas de amigos/familiares nas últimas semanas, longos passeios nos ditos parques têm sido fonte de grande contentamento para mim (e para os visitantes também :) ). Daí que decidi fazer uma série de posts sobre os parques mais conhecidos de Londres e outros menos conhecidos, os que valem mais a pena e os que ainda tenho de ver se valem a pena.


Hyde Park

Começo pelo mais conhecido dos grandes parques londrinos, e também o maior. Começou por ser uma reserva de caça do rei Henry VIII. O que não espanta que me tenha envergonhado à frente da pobre empregada da loja do parque com o meu entusiasmo a perguntar se havia deers ali (não há). Abriu ao público no séc. XVII.

É muito semelhante ao Central Park em Nova York, como esta foto aérea mostra, o que me surpreendeu bastante quando a vi (pff, americanos, que falta de originalidade).



A característica mais visível deste parque é o grande lago, o 'Serpentine', que na verdade divide essa imensidão verde em dois parques: o Hyde Park e os Kensington Gardens. Visitei-o em pleno inverno e há uma semana atrás, e a diferença não podia ser maior:




É realmente um espetáculo ver a alegria e a mudança de hábitos nesta cidade quando o sol dá o ar da sua graça :). Converge tudo para os espaços verdes, vê-se gente a andar de cavalo (!), a patinar, a andar de skate, a andar de barquinho no Serpentine, a passear os cães, a passear os filhos, sentados na relva a ler, a fazer uma sesta, a meditar, a namorar...



A palavra que melhor caracteriza o Hyde Park é 'extenso', não só por causa do seu tamanho mas principalmente pela impressão que dá: relva e mais relva e mais relva, sempre plano, com uma árvore aqui e ali mas sem grandes pormenores como outros parques londrinos têm. Não se vê muitos canteiros com flores, arbustos ou semelhantes detalhes de jardinagem. Perfeito para fazer um piquenique na relva ou, se se tiver idade para isso, simplesmente rebolar nela (quão eu invejo crianças).

A atração mais conhecida neste parque é o Speaker's Corner, que como o nome indica fica numa das esquinas do parque. Segundo consta, é tradição centenária deixar qualquer pessoa discursar sobre qualquer assunto naquele local. Epítome do direito à livre expressão, ainda hoje se podem ver (e ouvir) pessoas a discursar todos os domingos sobre os mais variados assuntos.


Outras atrações incluem o Holocaust Memorial, o 7/7 Memorial (em memória das vítimas dos atentados de 2005), e o Diana Princess of Wales Memorial.


Nível de esquilidade: baixo (lá está, não é suficientemente selvagem para que os esquilos se sintam à vontade)

Nível de avicidade: moderado (em contrapartida, o enorme lago gera grande felicidade para tudo o que e pato)

Nível de pombaria: elevado (er... é um parque, há pessoas potenciais portadoras de bolachas/pão, é claro que há pombos)

Nível de bambicidade: mínimo (não se verifica :( . Veados é coisa inexistente neste parque. O Henrique VIII deve tê-los caçado todos)



S.

quarta-feira, 23 de março de 2011

This is why...

I love my mum :)



As duas coisas comestíveis que fazem mais falta cá em Londres: bacalhau como deve ser e atum como deve ser. Porque o bacalhau de cá não é seco e salgado, é e sabe a vulgo peixe, e o atum não é nada de jeito porque não é conservado em azeite como o português mas sim em água, óleo de girassol ou brine (que ainda não me dei ao trabalho de ir ver qual a tradução mas que é igualmente sem-sabor). Por isso é sempre com alegria que recebo estes miminhos maternais e com um sorriso que encho o lava-loiça para o ritual do demolhar do bacalhau :) (3 dias de molho, trocar a água duas vezes ao dia)


p.s. - está um dia maravilhoso hoje! Pela primeira vez vejo pessoas de manga curta na rua e está realmente calor! Uns primaveris 17 graus x)



S.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

The gods have gone mad



Este tem sido o tempo que faz em Londres nos últimos dias. Até hoje, quando começou a chover (e continua).

Mesmo assim foi um espanto muito grande. Na terça-feira não se via uma nuvem no céu, vim a viagem toda de metro até casa com os olhos pregados naquele céu azul maravilhoso (o metro viaja à superfície grande parte do percurso de casa à universidade). Londres estava com um brilho muito raro, tudo parecia mais iluminado e mais claro.

Outra nota positiva é o fato de não ligar o aquecedor há mais de uma semana. Um dos benefícios de viver num estúdio é a facilidade com que se aquece a divisão, especialmente se for uma construção bem isolada. Assim que a temperatura sobe acima dos 7/8 graus já não há necessidade de aquecedor. Ainda para mais se o sol bater na divisão toda a manhã :) . O edredão de inverno já se vai tornando insuportável, o que é aborrecido uma vez que ainda não existem edredões mais frescos à venda :/ 

Um sol que não é antecipado torna-se sempre numa surpresa agradável. A minha mentalidade em relação ao tempo cá tem sido sempre que está muito frio, toca a vestir de acordo. É Londres, chove muito, se não chove está encoberto, sol nem vê-lo. E não me incomoda nada. Por isso, tudo o que vier para além disto é para mim uma boa surpresa :).



S.