Fiquei sabendo, através da Enciclopédia Luso-Brasileira, que o Perregil, Perrexil ou Funcho do Mar é uma planta que se encontra em toda a costa marítima Portuguesa.
Até há bem pouco tempo pensava que fosse uma endémica dos Açores porque, desde miúda, que, por altura do Verão, ia à costa apanhar o perregil para, depois de separado da flor, utilizar as suas folhas para fazermos curtume. Era um ritual sazonal, mais ou menos divertido. Saltávamos o muro que separava o caminho, na altura de bagacina vermelha, e num ápice já estávamos em cima dos lençóis pretos e ondulados de basalto. O perregil surgia espontaneamente e servia de sombra e esconderijo para alguma lagartixa ocasional. Mas do que mais gostávamos após a apanha do perrejil era do mergulho no mar, como se fosse uma recompensa após andarmos cautelosamente por cima das rochas. A minha avó ficava à nossa espera, aflita, na condição de quem não sabia nadar, e só via as nossas cabeças a mergulhar e a surgir nas ondas refrescantes. Nem nos dava tempo para secarmos ao sol. E lá íamos nós pelo caminho acima deliciadas com o pretexto do perregil.
Curtume de Perregil
Depois da apanha da planta, que deve ser efetuada quando esta estiver verde e viçosa, separa-se a flor da planta, apenas utilizando para o curtume as folhas. Lavam-se as folhas, mergulhando-as numa bacia com água para lhes retirar alguma possível sujidade.
Preparam-se os frascos.
Escorre-se a planta e cortam-se com os dedos pequenos galhinhos com duas, três ou quatro folhas cada.
Colocam-se dentro dos frascos com cebolinhas e pimento vermelho.
Enchem-se os frascos com vinagre de vinho e fecham-se.
O curtume está pronto a comer quando a planta estiver com um tom verde azeitona.
Abaixo mostro-vos um frasco com perregil já pronto a comer (o da direita) e outro que ainda necessita de mais duas ou três semanas de cura.
Este curtume acompanha na perfeição quer pratos de peixe quer de carne.
Espero que tenham gostado desta sugestão!
Patrícia