Ti Choa e Bolo de Aniversário

Há dias perfeitos. Ontem foi um desses dias.
Acordar.
Preparar os filhos para a escola.
Chegar ao local de trabalho.
Ser recebida por uma sala cheia de colegas a cantarem-me os parabéns. Confesso que ao início a ideia não me agradou nada, mas depois percebi que são pessoas que por mim nutrem carinho porque já convivemos e trabalhamos juntos há alguns anos. Alguns até são meus colegas desde o tempo da universidade.
Ir almoçar a casa e ter o meu prato favorito prontinho na mesa à minha espera.
Saber que tinha a tarde livre e que teria tempo para fazer o meu bolo de aniversário, caseiro, com os meus ingredientes favoritos, como de véspera tinha planeado.
Receber os filhos que vinham chegando da escola com o pai.
Agradecer a ajuda de mãos pequeninas que "cuidadosamente" ajudavam a colocar as bolinhas prateadas no bolo.
Ter o bolo preparado para ser partilhado ao lanche por avós, pais e irmãos. E era vê-los felizes apenas à volta de um bolo, que para fazer-se uma festa nunca devia ser preciso muito. E não foi.

Saber que faríamos agora os quatro uma viagem longa, como se isso fosse possível numa ilha como a nossa, rumo à freguesia da Serreta, para jantarmos calmamente no restaurante mais acolhedor que até à data conheci: o Ti Choa. Uma casa típica onde se respira simpatia e ruralidade e de onde emana uma alegria genuína de quem vê na felicidade do outro o prolongamento da sua.

Antes de entrar,  a minha retina captou um pôr-do-sol magnífico com a ilha Graciosa ao fundo junto ao horizonte. Proximidades longínquas.

Lá fora anoitecia lentamente.
Cá dentro havia calor humano, música e cheiros diversos de pão quente acabado de sair do forno de lenha, de morcela, de alcatra de feijão, de torresmos de cabinho e de tantas outras iguarias...

Há dias perfeitos. Ontem foi um desses dias.

Patrícia

Obs. Amanhã publico a receita do bolo. Prometo.