A carne de porco preto...

... é verdadeiramente apreciada cá na tasca!

É uma carne em tudo diferente de todas as outras raças de porco. Começando pela genética do bicho, à forma como é criado e alimentado. A sua carne marmoreada de cor rosada escura e branca, e em algumas peças chegando mesmo ao tom avermelhado, resulta num aroma e sabor de requinte. Os secretos, as plumas, as burras, o lombo, o entrecosto, os lombinhos, o cachaço, os enchidos... enfim, não há peça que se possa dizer "não apreciamos". Em tempos e numa altura em que a minha actvidade profissional me proporcionava viajar constantemente para o meu adorado Alentejo, era de lá que eu vinha abastecida desta fabulosa carne. Trazia-a em quantidade e toda arranjadinha de modo a chegar à tasca e ser só congelar. Algumas vezes, aconteceu-me ir no dia errado, no dia em que não havia "a tal" que eu desejava, então lá fazia eu um desviozito de uns bons quilómetros para providenciar tão importante falta no stock da engorda. Visitar nuestros hermanos a Rosal de la Frontera, encher as malas térmicas, fazer mais umas compritas que valem sempre a pena e voltar para casa, feliz da vida. Também em férias, não escapam uns dias pela planicie alentejana e até já aconteceu ir propositadamente. Para além desta carne, gosto de trazer o azeite de Moura, os queijos de Serpa, o vinho do Esporão e de Pias, o pão, as azeitonas... xiii... que a lista não tem fim e já estou a viajar sem sair do sofá... sinal que estou a precisar de ir até lá :)

No passado domingo, para o almoço, saíu da cozinha para a mesa da sala:

BURRAS DE PORCO PRETO NO FORNO

10 burras

3 dentes alho esmagados

2 folhas louro sem o veio

sal qb vinho branco (a olho)

tomilho qb

Na véspera temperei a carne com os ingredientes acima. No dia, foi só regar com um fio de azeite e levar a assar em forno lento virando a carne de vez em quando. Para acompanhar, fiz um belíssimo arroz de grelos.

ARROZ DE GRELOS

1/2 molho grelos arranjados

1 cebola média

2 dentes alho

1 folha louro

1 colher de café de massa de pimentão

arroz qb

azeite qb

água qb

sal qb

Num tacho deitei a cebola e o alho bem picadinhos, o louro e a massa de pimentão. Reguei com um fio de azeite e deixei cozinhar uns cinco minutos. Juntei os grelos, tapei o tacho e deixei-os cozer no vapor. Acrescentei o arroz envolvendo-o bem nos grelos e de seguida a água a ferver (o dobro da medida de arroz). Temperei de sal e deixei cozer durante dez minutos. Retirei do fogão e coloquei a tampa no tacho para suar e deixar o arroz bem soltinho.

O que nos deliciamos com este petisco…

- Titó! Vamos ao Alentejo? Ou ao Rosal?

- Uh! É já ali ao lado...

- Não queres ir? Um dia destes prego-te uma partida! ;)

Diz que não há açucar...

... nos hipermercados, supermercados, mercearias e afins!

É mau! É muito mau! Do pior, mesmo! Mas, sinceramente, não me causa qualquer transtorno (neste momento) e até me dá um certo jeito, assim não me tento a fazer guloseimas para além do stock existente na tasca ;)

Agora se... faltasse o arroz... Ai ai ai!!! Aí é que a Cenourita ficava a bater mal!!!

Não fosse uma das minhas preocupações e cuidados do dia-a-dia, confeccionar refeições com vista a uma alimentação equilibrada... eu cá, comia arroz todos os dias e de qualquer maneira, menos crú... Ok, ok, Sou uma arrozeira de primeira, uma arrozódependente ou melhor, uma maluca por arroz!

E como também sou maluca por tudo quanto é legumes, acho óptima a ideia de os acasalar. Eheheheh!!! Fazem um par perfeito!!! Não acham??? Por isto, e mais alguma coisa, resolvi fazer um estrondoso arroz de couve roxa para acompanhar uns valentes secretos de porco preto grelhados!

A receita é tão básica e rápida que não me chateia nada repetir vezes sem conta. E o resultado, megabom!

ARROZ DE COUVE ROXA

1 cebola picada
2 dentes alho
azeite qb
1 couve roxa (ou 1/2 - consoante o gosto e o tamanho)
arroz qb
2 x e meia a medida do arroz de água
sal qb

Num tacho deita-se a cebola picada juntamente com o alho e rega-se com um bom fio de azeite. Deixa-se cozinhar um pouco (sem deixar fritar a cebola). Acrescenta-se a couve previamente lavada e cortada em juliana grossa. Tapar o tacho e deixar cozer a couve no seu próprio vapor com o lume baixo. Juntar e envolver o arroz lavado e bem escorrido, de seguida a água a ferver. Temperar de sal e cozer cerca de dez minutos com o tacho tapado. Retirar de cima do fogão e deixar repousar um pouco antes de servir.

Este foi o acompanhamento dos secretos de porco preto grelhados, que temperei apenas com sal uma horita antes e depois grelhei na chapa do fogão.

- Tirem-me o prato da frente, por favor! Antes que eu m'empanturre!

Trivial...

... em qualquer cozinha!

E, na Tasca não é excepção. Escassez de tempo e ideias não têm permitido grandes aventuras e inovações de avental à frente e movimentação de tachos, panelas e fogão. Por cá andamos numa de refeições ligeiras, cozidos e grelhados com legumes a acompanhar, tudo muito leve e muito simples. Ontem apeteceu variar e, para o almoço, saíu um apuradinho:

ESTUFADINHO DE VITELA COM ARROZ DE LOMBARDA

vitela para estufar qb

2 cebolas médias

2 tomates

2 dentes alho

1 folha louro

1 colher chá de massa pimento

1 copo vinho branco

1 copo água

sal qb

azeite qb

Coloquei a carne no tacho, temperei com o sal e de "enfiada" juntei os restantes ingredientes acima mencionados. Foi ao lume, brando, a estufar lentamente e mexendo de vez em quando e até a carne estar bem tenrinha, bem cozinhada e o molho apuradinho.

Para acompanhar, arroz de couve lombarda. Há quanto tempo eu não o fazia... é tão bom! Nós arrozeiras nos confessamos...

1 cebola picada

2 dentes alho

azeite qb

1 couve lombarda pequena (usei a parte mais clara)

1 colher café de massa de pimento

arroz qb

3 x a medida do arroz de água

sal qb

Num tacho deita-se a cebola picada juntamente com o alho e rega-se com um bom fio de azeite. Deixa-se cozinhar um pouco (sem deixar fritar a cebola). Acrescenta-se a couve previamente lavada e rasgada à mão em pedaços granditos e a massa de pimento. Tapar o tacho e deixar cozer a couve no seu próprio vapor com o lume baixo. Juntar e envolver o arroz lavado e bem escorrido, de seguida a água a ferver. Temperar de sal e cozer cerca de dez minutos com o tacho tapado. Retirar de cima do fogão e deixar repousar um pouco antes de servir.

Um almoço simples que fez as delícias das quatro comensais à mesa :)

Continuação do post anterior, e...

... uma receitinha muito básica!

Pois aqui a Cenourita Maria agradece muito o vosso carinho e os votos de melhoras :) e hoje vem desvendar-vos um pouco sobre a razão das dores nos pés.

A Cenourita tem um trabalho!

Mas como não tem sido suficiente no que diz respeito a negócio/rendimento/sustentabilidade, teve necessidade de procurar algo mais que permitisse à familia da tasca um pouquito de melhor qualidade de vida. Após muitas e variadas buscas e tentativas, chegou a hora do seu anjinho da guarda dar a sua preciosa ajuda e, conseguiu entrar noutro campo de acção completamente diferente do que já havia feito toda a sua vida.

Daí, a Cenourita ter outro trabalho, o que perfaz dois trabalhos!

Este segundo, é na área da saúde e esta Cenoura está a adorar e a dar-se muito bem com a nova experiência. Já aprendeu milhões de coisas que não lhe passavam pelas ideias, embora tivesse consciência e soubesse que existiam. Lida quase diáriamente com profissionais de saúde e doentes e tem como principal função a divulgação e aconselhamento com base em tudo aquilo que aprendeu.

Este tipo de trabalho exige para além do conhecimento, alto nivel de confiança e muito à-vontade, fluidez na conversa, capacidade de esclarecimento perante as mais variadas dúvidas, simpatia, boa postura, aparência bem cuidada, e... aqui é que a porca torce o rabo! Ok, modéstia à parte, a oficial do serviço até possui estas qualidades todas, mas... o pior mesmo, mesmo mesmo mesmo... é ter que passar oito horas de pé com sapatinho elegante, o que se traduz num salto médio/alto... é tortura!!! Maior ainda, para quem há muito perdeu esse hábito!!! Andar um dia inteiro de salto alto, de carro, entrar e sair e mesmo que tenha que andar um pouco a pé... às mil maravilhas... agora, permanecer um dia inteiro de pé... não!!! Não!!! NÃO!!!

De modo que, hoje lá foi a menina a uma casa da especialidade adquirir um belo par de socas, de um modelo que todos vós devem conhecer, típico de enfermeiras e pessoal hospitalar, leves, confortáveis e em tom lilás que até está na moda (obrigada Storyteller! Se não fosses tu, amanhã teria de ir trabalhar com chinelos de praia eheheh). Não vão fazer pendant com a indumentária... temos pena... mas uma Cenoura aplicada no trabalho tem que estar confortável! Não vos parece?!

Mudando de assunto que se faz tarde, e eu afinal tenho quatro trabalhos... os dois de que acabei de falar mais o doméstico e o felino... (xiii ganda cenourita), e tenho que ir dormir à pressa... deixo-vos este arroz maravilhoso, muito pedido e com muita saída cá na tasca, para acompanhar pratos de carne e até de peixe, por exemplo este.

ARROZ DE BRÓCULOS

1 cebola picada

2/3 dentes alho picados

1 folha louro

azeite qb

sal qb

água qb

bróculos qb

arroz qb

Levar a cebola, o alho e a folha de louro ao lume, num tacho com o fundo bem coberto de azeite. Deixar cozer cerca de dez minutos em lume brando e com o tacho tapado. Juntar os bróculos préviamente lavados em água abundante e vinagre, envolver na cebolada e deixar cozer um pouco com o vapor. Adicionar o arroz lavado e bem escorrido, deixar fritar um pouco, deitar a água a ferver e temperar de sal. Deixa-se cozer sempre tapado e mexe-se uma ou duas vezes para não pegar. Para que o arroz fique soltinho, uso sempre o dobro da medida de arroz de água e retiro do lume passados dez minutos de ter começado a ferver. Mantenho o tacho com a tampa até servir e o arroz acaba de absorver o liquido todo já fora do calor.

Por hoje é tudo! Despeço-me com Amizade... (onde é que eu já ouvi isto???)

Bifinhos de Porco "Alaranjados"

Numa das minhas idas às compras para abastecer o stock da Tasca, deparo-me com umas embalagens de bifinhos de porco com muito bom aspecto, fresquinhos e fatiados fininhos mesmo como eu gosto no linear das carnes embaladas, olhei para eles e pensei... "hummm... vocês têm bom ar" então e não é que os marotos riram-se logo para mim e exclamaram:

- Somos seis giraços por apenas dois euros!

- Ehlah! Vocês são é uns grandes atrevidos!

- Atrevidos? Nada disso... somos gostosos... apetecíveis...

- Parem lá com essas baboseiras seus oferecidos!

- Oferecidos? Eheheh! Se nos quiseres levar tens que pagar! E aproveita agora, somos uma verdadeira pexinxa!

- Opah! Calem-se seus bifes... Não vêem que está tudo a olhar para nós?

- Leva-nos lá... deixa-te de esquisitices! Olha que já houve quem pegasse naqueles ali ao lado e por muito mais euros.

- Pronto! Ok! Não discutamos mais, vocês vão comigo, mas... juízinho hein!

- Ihihihihi! Vamos pá Tasca! Yó laré laré Yy yó!

Chegada à Tasca, arrumar as compritas e...

- Vocês aí, vão já desandar da embalagem e pouca algazarra que isto aqui não é o da Joana!

- Sim patroa!

- Vou temperar-vos e depois panar, d'accord?

- D'accord Mademoiselle!

- Assim é que é falar...

6 bifinhos de porco

6 dentes alho esmagados

2 laranjas em sumo

tomilho qb

sal qb

Temperei os bifinhos com o sal, os alhos esmagados, o sumo das laranjas e polvilhei com o tomilho. Deixei a marinar cerca de duas horas.

pão ralado qb

2 ovos batidos

óleo para fritar

Passam-se os bifinhos pelo ovo batido, depois pelo pão ralado e vão a fritar em óleo bem quente. Escorrem-se do excesso de óleo sobre uma folha de papel absorvente e ficam prontos a servir.

Para acompanhar fiz um delicioso Arroz de Ervilhas.

1 cebola picada

1 dente alho esmagado

1 folha de louro

1 colher café massa de pimento

azeite qb

sal qb

arroz qb

ervilhas qb

um pouco de água

Num tacho vai a cebola picada, o alho e o louro com o azeite ao lume a refogar, junta-se a massa de pimento e de seguida as ervilhas. Tapa-se o tacho e deixam-se cozer as ervilhas naquele vapor mexendo de vez em quando, junta-se o arroz previamente lavado e enxuto, envolve-se bem até começar a "crepitar", deita-se um pouco de água fervente (não muita para o arroz não abrir demasiado), tempera-se de sal e deixa-se ferver cerca de 5 minutos. Retira-se a folha de louro e retira-se também o tacho de cima do fogão e coloca-se-lhe a tampa para que ele acabe de enxugar e assim ficar mais soltinho.

Durante a marinada, a carne absorve grande parte do sumo de laranja, o que a deixa com um gostinho divinal.

Serve-se de seguida e... ainda há pouco acabei de jantar e já me está a dar fome.

Quente em casa ou frio num piquenique... fica sempre bem!

Lombo Assado com Arroz de Cogumelos

1 lombo de porco com 1,2 kg

4 dentes alho

2 folhas louro

1 copo vinho branco

sal qb

pimentão doce em pó

azeite qb

1 colher sopa de banha

Temperei o lombo com os alhos esmagados, sal e o louro, reguei com o vinho branco e polvilhei com o pimentão doce em pó. Deixei umas horas no tempero virando a carne de vez em quando. Na altura de cozinhar reguei com um fio de azeite e juntei a banha. Coloquei num tabuleiro de barro e levei ao forno a assar lentamente, tendo o cuidado de ir virando para não deixar queimar. Enquanto isso, fui preparando o arroz.

1 cebola picada

1 dente alho picado

1 folha de louro

azeite qb

2 latas cogumelos laminados

arroz qb

água qb

Fiz um refogado usando a cebola picada, o alho, o louro e um bom fio de azeite, juntei os cogumelos e deixei apurar durante uns 10 minutos. Deitei o arroz previamente lavado e já enxuto, envolvi bem e deixei quase fritar e só depois acrescentei a água suficiente para a cozedura e o sal. Cozeu cerca de 8/10 minutos, apaguei o bico, coloquei a tampa no tacho e deixei em repouso até enxugar um pouco.

Quando o lombo já dava sinais de assado, retirei-o do forno e cortei em fatias. Reguei com o molho da assadura e foi mais um bocadinho ao forno.

Carne e arroz cozinhados, foi servir directamente para os pratos e... "toca a jantar pessoal que já se faz tarde!"

Salada de Tomate e Queijo

Tomate qb

1 Cebola

Queijo (usei philadelphia, mas tb costumo usar Palhais de cabra)

Sal qb

Azeite qb

Oregãos

Lavei e cortei o tomate em bocadinhos (meia lua) grossos, temperei com a cebola também cortada da mesma maneira, o sal e o azeite. Cortei o queijo em quadradinhos e espalhei por cima do tomate temperado. Polvilhei com oregãos.

Servi com costoleta de porco do cachaço grelhada, temperada com sal e sumo de limão.

Arroz Frito de Alho

arroz (na quantidade desejada)

água qb

sal qb

azeite qb

4 dentes alho

Num tacho com bastante água a ferver e sal qb, deita-se o arroz e deixa-se cozer durante +/- 8 minutos. Retira-se e escorre-se bem a água num escorredor até ficar completamente enxuto. Entretanto, numa frigideira anti-aderente ou no wok deita-se o azeite até cobrir bem o fundo e os alhos esmagados com a mão ou com o cabo da faca (de modo a que fiquem abertos mas não totalmente esmagados). Deixa-se aquecer o azeite e os alhos sem que fritem, junta-se o arroz, vai-se envolvendo bem no azeite até que tome uma cor brilhante. Retira-se do lume e passa-se para o recipiente onde vai ser servido (nunca retiro os alhos).

Este foi o acompanhamento do Frango de Fricassé.

Arroz de Farinheira

1 cebola

1 dente alho

1 folha de louro

2 farinheiras

arroz qb (fiz 2 medidas que uso habitualmente)

sal qb

azeite qb

água qb

Num tacho dá-se uma cozedura rápida às farinheiras em pouca água (basta deixar ferver 3 minutinhos), retiram-se da água, deixam-se arrefercer, tira-se-lhes a pele e reservam-se, assim como a água onde cozeram.

Entretanto, e noutro tacho (desta vez usei um de barro), faz-se um refogado com a cebola picada, o alho, o louro e um bom fio de azeite. Esfarela-se a farinheira e junta-se ao refogado, acrescenta-se a água que se reservou e o arroz préviamente lavado e bem escorrido, envolve-se bem e deixa-se absorver o molho e só depois se acrescenta água já quentinha para acabar de cozer e o sal. Ferve 8 minutinhos mais ou menos, rectifica-se o sal, retira-se do lume e é só servir.

A versão desta receita feita num tacho de barro fica com o aspecto da foto e a farinheira derrete completamente, se fôr feito num tacho de inox fica diferente, a farinheira não se derrete tanto e ficam pedacinhos maiores misturados com o arroz. Fica muito bom de ambas as maneiras.