terça-feira, março 22, 2011
segunda-feira, março 21, 2011
Potencial económico da energia solar
The “coastal potential” is the power that could be generated within 20 m (vertical) of sea level; such power is especially promising because of the potential combination with desalination.
For comparison, the total power required to give 125 kWh per day to 1 billion people is 46 000 TWh/y (5 200 GW). 6000 TWh/y (650 GW) is 16 kWh per day per person for 1 billion people."
(de MacKay 2008)
domingo, março 20, 2011
Energia solar
terça-feira, outubro 26, 2010
80 dólares (II)
sexta-feira, agosto 20, 2010
Refere o NY Times: Portugal dá a si próprio uma reforma de energia limpa
| Fonte: NY Times |
Embora com alguma agenda política no meio, creio que não ficamos mal no figurino, pois em boa verdade Portugal tem crescido imenso em energias renováveis.
O artigo tem despertado imenso debate (mais de 230 comentários!!) e entendo que devemos aproveitar esta onda e bons ventos para um lugar ainda mais ao Sol!
Portugal Gives Itself a Clean-Energy Makeover
LISBON — Five years ago, the leaders of this sun-scorched, wind-swept nation made a bet: To reduce Portugal’s dependence on imported fossil fuels, they embarked on an array of ambitious renewable energy projects — primarily harnessing the country’s wind and hydropower, but also its sunlight and ocean waves.
Today, Lisbon’s trendy bars, Porto’s factories and the Algarve’s glamorous resorts are powered substantially by clean energy. Nearly 45 percent of the electricity in Portugal’s grid will come from renewable sources this year, up from 17 percent just five years ago.
Land-based wind power — this year deemed “potentially competitive” with fossil fuels by the International Energy Agency in Paris — has expanded sevenfold in that time. And Portugal expects in 2011 to become the first country to inaugurate a national network of charging stations for electric cars.
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terça-feira, agosto 10, 2010
New York Times e a política energética Portuguesa
segunda-feira, maio 17, 2010
Barão de S. João
segunda-feira, maio 03, 2010
Já passamos o pico do petróleo, em 2008, alerta Dr. Michael Lardelli
Não podemos mais dar ao luxo de se sentar em redor discutindo se passou ou não o pico da produção de petróleo. Nós não podemos esperar, complacentemente, por sinais dos preços para estimular o desenvolvimento de fontes alternativas de energia, dado que os preços do petróleo vão oscilar descontroladamente. Toda vez que a economia tenta crescer, a procura por petróleo vai exceder a oferta, fazendo com que o preço do petróleo suba drasticamente.
Artigo completo aqui
Entretanto a central nuclear Cattenom, França registou 4 incidentes em menos de 30 dias
Leitura recomendada
O Pico de (quase) tudo
domingo, maio 02, 2010
Contas, linguagem e realidade
Achei que não respondia mais ao tretas mas a ideia que existe na cabeça de eventuais leitores de quem faz contas sabe e quem não faz não sabe leva-me a retomar a discussão sobre as enormidades que o tretas resolveu inventar com base em contas absurdas e sem nexo.
E leva-me a retomar a discussão porque é um excelente exemplo igual a muitos outros de manipulação de números sem significado, uma das técnicas mais usadas para distorcer a realidade quando os objectivos são arrebanhar prosélitos e não pensar sobre a realidade.
É o que tem feito uma boa parte dos negacionistas climáticos (como mais ou menos sofisticação), é o que têm feito os impulsionadores do manifesto por uma nova energia (não confundir com alguns dos seus subscritores enganados pela sua boa fé e fascínio por números que não analisaram e com que não estão familiarizados) e por isso vale a pena desmontar este exemplo evidente de manipulação sem pés na cabeça, mas aparentemente muito credível por estar cheio de números, contas e gráficos.
Convém lembrar que os números, como as palavras, os sons, as imagens, são apenas uma linguagem e como qualquer linguagem tanto servem para dizer asneiras como coisas de génio. A estúpida frase de que os números não enganam pretende negar este facto mas é apenas uma demonstração de como com palavras certas se podem dizer coisas erradas. Como com qualquer linguagem.
Recordemos o argumento do tretas:
"Segundo os dados da REN, durante o primeiro trimestre de 2010 foram gastos em bombagem no Alqueva, 33.995 GWh. No mesmo período, foram efectuadas descargas de 2769.83 hm3. Estes valores são um grande avanço sobre os dados que havia aqui relatado a 27 de Fevereiro. Para que o HPS tenha uma noção destes números, as descargas representam dois terços (2769.83/4150 => 66.743%) da capacidade de armazenamento total do Alqueva! E os 33.995 GWh gastos em bombagem dão para abastecer energia suficiente para 11300 famílias durante um ano completo, o equivalente a quase 4 meses e meio de produção da central solar da Amareleja!Quanta energia potencial se perdeu dá uma conta ainda maior! É que enquanto esteve a bombar, o Alqueva não esteve a turbinar! Portanto, para além dos 34GWh perdidos em bombagem, o Alqueva podia ter estado verdadeiramente a produzir energia!!! Quanta energia se poderia ter produzido com 2769.83 hm3 é uma conta apenas um pouquinho mais complexa. Cada um dos dois grupos do Alqueva turbina 200m3/s, pelo que o valor dos 2769.83 hm3 daria para turbinar mais de 80 dias sem parar! Como o Alqueva consegue produzir mais de 5500MWh num único dia (ver dados de eg. 3 de Março de 2010), perderam-se 440.8 GWh pelo rio abaixo!!! Somando este valor ao do desperdício de bombagem, a energia potencial perdida é de cerca de 5 anos de produção da central solar da Amareleja... Mas o HPS pode argumentar que nem toda a energia potencial seria aproveitada, porque não há tantos dias num trimestre. Resumindo, o valor real mais concreto é de um desperdício de produção de cerca de 200 GWh (entre o máximo teórico para o trimestre e o efectivamente produzido no primeiro trimestre), a que se deve somar os tais 34 GWh desperdiçados na bombagem. Ora isso dá para quase dois dias de consumo de energia eléctrica em Portugal!"
A quantidade de asneiras é assombrosa e por isso vou precisar de algum espaço para as desmontar.
Socorro-me de alguns gráficos com comentários para facilitar.
Neste gráfico vemos como as descargas (a encarnado) não coincidem com a bombagem, como é evidente para quem partir do princípio de que as coisas feitas pelos outros se baseiam em decisões tão razoáveis como as nossas.
A bombagem é uma operação de optimização económica da exploração de barragens, não é uma operação de optimização da produção de energia (a segunda lei da termodinâmica explica por que razão há sempre perdas entre cada transformação energética. A quantidade de energia produzida na turbinagem é sempre menor que a energia necessária para elevar a quantidade de água a turbinar, pelo que a racionalidade desta operação é apenas económica: se o preço de cada unidade de energia for suficientemente diferente, pode compensar gastar mais energia a baixo custo para produzir energia de elevado valor).
Essa é a razão pela qual a racionalidade da bombagem não se mede em médias trimestrais mas hora a hora, nas condições concretas do mercado em cada dia do ano. E o que este gráfico mostra é o que é razoável: ninguém faz bombagem quando está a despejar água em descargas não turbinadas.
Neste gráfico, que relaciona a produção (a azul) com as descargas (a encarnado), o que verificamos é que as descargas apenas ocorrem porque não há mais capacidade de produção. Nessa circunstâncias, uma de duas coisas acontecem: ou se armazena, quando há capacidade para isso, ou se descarrega quando a albufeira já não tem mais capacidade de encaixe (que era o que acontecia em Alqueva desde o princípio do ano).
É o que está expresso neste gráfico, onde vemos um primeiro aumento de caudal (a verde) no início do ano, que não se traduz em nenhuma descarga (a encarnado) mas sim no aumento de percentagem de armazenamento na albufeira (a azul), mas a partir daí é evidente que havendo aumentos de caudal muito importantes é forçoso haver descargas. Para se ter uma ideia, convém ter a noção de que os caudais mínimos neste trimestre foram da ordem dos 30 m3/s, o mais vulgares na ordem dos 60 a 70m3/s e o caudal máximo passou dos 2000 m3/s. No Verão o caudal pode andar no 5 m3/s com frequência. A capacidade de turbinagem máxima em Alqueva é de 400 m3/s.
Para discutir a política energética e a racionalidade económica dos investimentos convém ter uma ideia da probabilidade de ocorrerem estes níveis de caudais afluentes (ou seja, com que clima lidamos) e não faz o menor sentido usar situações pontuais (isto é, condições meteorológicas concretas) para retirar conclusões gerais.
Ou seja, pretender que as descargas de Alqueva se devem ao excesso de eólicas e bombagens e não ao caudal afluente deste ano, e pretender com base em valores totais do trimestre que é lógico preparar Alqueva para turbinar 2000m3/ s (caudal que acontece em alguns poucos dias de alguns anos) tendo-se desperdiçado neste trimstre dois terços da energia disponível em Alqueva, pode ser embrulhado nas contas mais sofisticadas que se quiser que continua a ser uma estupidez tão grande como quando não se embrulha essa argumentação num único número.
Adenda: nem tinha reparado, mas uma asneira dita com muita convicção tem muita força. O tretas compara caudais (isto é, fluxos, ou volumes por unidade de tempo) com volumes para concluir que as descargas são dois terços da capacidade de alqueva. Só que para obter volumes teria sido necessário ao tretas verificar que precisava de multiplicar o caudal pelo número de segundos em que ocorre.
Adenda 2: a soma de caudais que o tretas faz para medir a energia desperdiçada em Alqueva é um excelente exemplo de operação aritmeticamente mas certa sem o menor significado físico. Se eu quiser encher a minha banheira e tiver duas torneiras abertas a debitar 2litros por segundo (se quiserem podem pôr 2m3, o que serão 2 mil litros) eu posso somar os caudais e dizer que a banheira está a ser cheia a 4 litros por segundo, porque as duas torneiras estão abertas ao mesmo tempo. No entanto se a banheira for enorme e eu tiver dois dias com uma torneira aberta, e souber que em cada dia o caudal foi de dois litros por segundo, não posso somar o caudal dos dois dias e dizer que a banheira nesses dois dias foi cheia a 4 litros por segundo, já que na verdade ela foi cheia durante dois dias a 2 litros por segundo. Se é verdade que o volume duplicou, também é verdade que o tempo que demorou a passar também duplicou e portanto o volume sobre o tempo manteve-se o mesmo.
Chegados a este ponto fico sempre na dúvida sobre se estamos perante uma ignorância do tamanho do mundo (eu já fiz muitos erros básicos deste tipo pela vida fora e tenciono fazer mais alguns) ou se é mesmo má-fé. Eu inclino-me para a ignorância: não só tenho uma opinião de princípio favorável às pessoas, como a má-fé tinha de vir associada a uma estupidez enorme para se acreditar que a asneira passava sem que ninguém reparasse.
Adenda 3: o tretas protestou com as duas adendas anteriores e tem razão, a asneira foi minha. Por qualquer razão pensei pensei que as descargas tivessem apresentadas em caudais e na verdade estão em volume hm3. Por isso não se aplicam as adendas. Aplica-se só o post.
henrique pereira dos santos
terça-feira, abril 27, 2010
Pois canté!
sexta-feira, abril 23, 2010
Tretas
quinta-feira, abril 22, 2010
O manifesto da energia no seu labirinto
"por isso eu e um conjunto de colegas Professores do IST começámos a preparar um texto que foi depois alargado a outros subscritores.Trata-se dum exercício de cidadania de pessoas conscientes, responsáveis, com grande competência técnica e económica,"
quarta-feira, abril 21, 2010
E porque não um cluster de cientistas portugueses produzirem um contra-manifesto?
Foto: Central de Biomassa de Mortágua
1. para evitar que uma vez mais senhores como Henrique Neto, que na TV vem defender a política energética de Salazar (!!) e o primado das barragens - e Carlos Pimenta desmentiu-o e bem informando que os preços das energias por via hídrica são mais baixos porque não contabilizam o carbono e quanto às tecnologias, Portugal tem neste momento vantagens tecnológicas;
2. para aliviar e não atribuir excessivas responsabilidades às associações ambientalistas;
3. para retirar espaço de mediatização de saudosistas do fascismo, niilistas climáticos nacionais e dos defensores de mais barragens e nuclear;
Pergunto porque não um grupo de 100 ou mais cientistas do clima, energias, da mobilidade e economistas pós-carbono nacionais produzam um manifesto? Uma boa base de partida é a postagem do Henrique Santos ou eventualmente outra que possa surgir.
sexta-feira, abril 09, 2010
A posição da QUERCUS sobre política energética
É possível um caminho com menos barragens e sem nuclear
A Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza reconhece as energias renováveis como uma peça fundamental para uma aposta energética sólida em Portugal e defende um debate claro e sério sobre a forma diversificada de produção de energia (mix energético) mais conveniente para o nosso país a médio (2020) e longo prazo (2050).
A Quercus considera que as prioridades do governo não estão correctamente ordenadas nesta área, pelo que em primeiro lugar deveria estar a redução de consumo e eficiência energética, seguida das energias renováveis e, por fim, a mobilidade sustentável. A associação reconhece que há muito por clarificar na área das energias renováveis em termos de investimento, formulação e garantia de preços de venda à rede.É prioritário um investimento forte na redução do consumo de energia e na eficiência energética, que não deve ser deixada para segundo plano, como aconteceu até aqui. Mantendo a tendência actual de crescimento do consumo energético, não vai ser possível cumprir o objectivo de redução anual do mesmo em 1% até 2016.A aposta nas energias renováveis é uma aposta também na independência energética do país. A subsidiação das energias renováveis é uma realidade, mas também é ainda mais avultado o investimento nos combustíveis fósseis e na investigação nuclear.No âmbito da estratégia europeia energia-clima, Portugal tem a obrigação de produzir 31% da energia final consumida por fontes de energias renováveis. Esta é uma meta legal que terá de ser cumprida.Dar prioridade às energias renováveis é também essencial para promover a independência energética do país, que a energia nuclear não assegura. Mais ainda, é igualmente uma forma de incentivar o desenvolvimento tecnológico nacional mais vantajosa do que quaisquer modelos de produção energética centralizada e em grande escala.Neste momento, o governo aposta sobretudo na potência instalada de energia renovável pela grande hídrica, que no entender da Quercus deve ser revista, já que o peso da energia hídrica tem vindo a diminuir em relação ao crescente contributo da energia eólica na produção de electricidade.Em paralelo, a Quercus ressalva ainda outros pontos que carecem de revisão, no quadro da política energética apresentada recentemente:- Rever a política de eficiência energética para que Portugal tenha condições para cumprir as suas obrigações comunitárias e conseguir efectivamente reduzir o consumo de energia e melhorar a intensidade energética;- Analisar a capacidade total de potência instalada prevista, que pode promover o aumento de consumo e fazer fracassar na política de eficiência energética;- Clarificar a capacidade de armazenamento de energia eólica das dez novas barragens previstas no Plano Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroeléctrico.Lisboa, 7 de Abril de 2010A Direcção Nacional daQuercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza"
Política energética ou política de produção de energia?
quinta-feira, abril 08, 2010
A crítica ao manifesto pelos principais visados
"ESCLARECIMENTO
Lisboa, 7 de Abril de 2010 – A APREN - Associação Portuguesa de Energias Renováveis, criada em 1988, reunindo cerca de sessenta empresas responsáveis pela promoção de energias renováveis para a produção de electricidade, perante o “Manifesto por uma nova política energética em Portugal”, entende ser seu dever contribuir para o esclarecimento de alguns pontos que, conquanto subscritos por eminentes figuras dos meios económico e financeiro, reflectem, no mínimo, desconhecimento de aspectos essenciais da problemática energética do nosso tempo. Neste âmbito, a APREN esclarece que:
1. Sem questionar a relevância da discussão das questões energéticas, tão significativas para o desenvolvimento, quando analisadas tanto do lado da oferta como da procura e na óptica da eficiência energética e do contributo dos cidadãos, rejeita o pressuposto da consideração negativa que o Manifesto faz da aposta de Portugal nas Energias Renováveis ao longo da última década.
2. Ao optar pela aposta nas Energias Renováveis, Portugal não fez mais que assumir as suas obrigações no quadro da política energética da União Europeia, que definiu três metas para 2020: aumentar em 20% a eficiência no uso da energia, aumentar de 8% para 20% a parte das energias renováveis no consumo final de energia e diminuir em 20% as emissões de gases de efeito de estufa.
3. A política do Governo de prosseguir nesta via deixa claro que, muito embora tenha havido nos últimos anos porventura um défice no discurso e debate sobre as políticas energéticas, existe um caminho traçado que se projecta em 2020 e para além disso.
4. Num quadro de serena implementação de uma política energética traçada e mantida por sucessivos Governos ao longo de uma década, cujas lacunas e insuficiências apenas importa colmatar e superar, é totalmente desprovida de sentido uma abordagem como a que se faz no Manifesto, que ignora obsessivamente os aspectos positivos sem oferecer alternativa – que não existe de facto - com reflexos imediatos ou sequer no curto prazo.
5. A APREN considera que o debate sobre a Política Energética Nacional deve ter por base uma análise técnica e económica rigorosa, isenta e suportada em informação cabal e bem documentada. Infelizmente, o Manifesto não assenta nestes princípios e, portanto, não serve para esse efeito.
6. A APREN não deixará de contribuir, como o tem vindo a fazer até aqui, com elementos documentais que demonstrem os erros, aproximações e omissões do Manifesto. Declarando-se, assim, sempre disponível para analisar e discutir a problemática da produção da electricidade, de forma séria e completa, sem temer confrontos no quadro de uma visão global da Política Energética Nacional.
7. Entretanto e atendendo à dimensão de algumas afirmações erróneas do Manifesto já conhecidas, a APREN não pode deixar de afirmar, com pena e desalento, que é falso:
- Que o preço pago pela electricidade de origem eólica é três vezes o preço do mercado. Em 2008 o preço médio pago pela electricidade de origem eólica foi de 94,7 Euros por cada MWh[1] enquanto a média ponderada do preço da energia eléctrica no OMEL (na zona portuguesa), para o mesmo ano, foi de 72,18 €/MWh[2]. É omissa a referência a que o preço pago à energia eólica para novos projectos tenderá a ser muito inferior à tarifa anterior e já o é para os parques eólicos do concurso mais recente, que têm uma tarifa garantida inferior a 70€/MWh[3];
- Afirmar que o desenvolvimento das energias renováveis não teve impacto na dependência do
país das energias fósseis. A APREN relembra que em 1999 apenas 31% da electricidade produzida em Portugal provinha de fontes de energia renováveis contra 69% de origem fóssil
(com um IPH de 0,68, ano seco) e, em 2009, a percentagem de electricidade de origem renovável foi de 46% contra 54% de origem fóssil (com um IPH de 0,77, ano seco);
- Atribuir às energias renováveis a responsabilidade do défice tarifário. Ao deixar entender que o actual défice corresponde ao sobrecusto das energias renováveis, o Manifesto não se exime à
suspeita de ma fé.
[1] Fonte: ERSE, Informação sobre Produção em Regime Especial (PRE) em Portugal Continental - Dados actualizados a Fevereiro de 2010
[2] Fonte: ERSE, Informação sobre Produção em Regime Especial (PRE) em Portugal Continental - Dados actualizados a Março de 2009
[3] O que tem implicações na redução do preço médio da energia eólica que, em 2009, observou já o início de uma curva que se projecta como descendente, assumindo o valor de 93,7 €/MWh "
henrique pereira dos santos
O manifesto
“Manifesto por uma nova política energética em Portugal”
Data: 7 de Abril de 2010
Local: Associação Comercial de Lisboa
Duração: das 12h15 às 14h00
Presentes: aproximadamente 30 pessoas; cerca de 10 jornalistas e a restante assistência era praticamente constituída por signatários do estudo. Na mesa estava o Eng. Mira Amaral, Prof. Pinto de Sá, Prof. Clemente Pedro Nunes e Dr. João Duque
Ordem de Trabalhos: Inicialmente o Eng. Mira Amaral leu o manifesto, acrescentando alguns esclarecimentos sobre algumas questões. Depois o Eng. Mira Amaral leu também o resumo dos 3 estudos de referência. De seguida os restantes três elementos da mesa deram a sua opinião e por fim foram respondidas perguntas dos jornalistas
Endereço do site do Manifesto: http://energiaparaportugal.com/
Resumo:
Introdução
Mira Amaral (MA) referiu que quando chegou ao Governo já tinha conhecimento nas matérias de energia ao contrário de outros
Foram recebidos esta manhã pelo Secretário de Estado da Energia (o Ministro da Economia não pode estar presente como previsto)
O Manifesto foi entregue ao chefe da casa civil e foi pedida uma audiência ao Presidente da República
Vai também ser solicitada uma audiência aos partidos políticos
O Manifesto foi lido na íntegra. Os pontos mais desenvolvidos foram;
É pago um preço fixo á electricidade renovável quer se precise dela ou não o que não faz sentido numa economia de mercado
As eólicas precisam sempre de equipamento suplementar. Quando estão a produzir à noite necessitam da bombagem hidroeléctrica. De dia necessitam das centrais térmicas em stand by para compensar a intermitência da produção
Quando o regulador quis aumentar o preço da electricidade o Governo desautorizou-o e “escondeu-se” atrás do défice tarifário
O estudo do BPI sobre as finanças públicas portuguesas não contabiliza a dívida pública do défice tarifário
O défice tarifário foi de 2.000 milhões de euros e o PIB português é de cerca de 160.000 milhões de euros
A perda de rendimento da bombagem hidroeléctrica é cerca de 25%
Potência instalada é diferente de energia produzida (depende da disponibilidade) mas o que passa nos jornais é só a potência
As novas barragens não vão reduzir as importações de petróleo
Questiona os comentários do artigo do Eng. Jorge Vasconcelos porque é necessário passar de valores de energia para valores económicos - €
Há um excesso de entusiasmo nos 43% de electricidade renovável. Segundo os dados da DGEG a incorporação de energias renováveis na energia primária é de apenas 2,11%. Este é um valor importantíssimo que deveria sair nos jornais
Foram apresentados os três estudos internacionais e analisado o resumo executivo de cada um deles.
O Dr. Mira Amaral afirmou estar surpreendido com os resultados dos países mais avançados que estão patentes nesses mesmos estudos.
Sobre o estudo Alemão acrescentou que é de espantar que o contributo da electricidade de origem fotovoltaica seja tão insignificante sendo esta a mais subsidiada e sendo a Alemanha um país que produz painéis solares PV. Acrescenta que o esquema alemão não dá nenhum incentivo para inovação e desenvolvimento tecnológico
Sobre o estudo espanhol MA citou o Dr. Inacio de Galan, presidente da Iberdrola que disse que a tecnologia solar é um produto financeiro e não uma solução tecnológica. O estudo também refere que o Ministro da Economia (se não me engano não me lembro qual o ministério) vai reduzir os prémios às energias renováveis para aumentar a competitividade da economia espanhola
Intervenção de Clemente Pedro Nunes:
Fez uma retrospectiva das políticas energéticas referindo que o último plano estratégico de Porugal foi em 83/84 quando se decidiu que a diversificação do petróleo seria recorrendo a carvão e Gás Natural. Apenas a assinatura do Protocolo de Quioto em 2001 impediu a construção de mais centrais a carvão e passámos a ddefender as energias renováveis com consequências gravíssimas para a competitividade com países como China e Índia sem restrições climáticas
Ultrapassar as limitações tecnológicas injectando dinheiros públicos é um erro grave. Seseguir as modas (alusão às energias renováveis) põe em causa a competitividade económica e pode colocar em causa as exportações portuguesas.
Referência ao facto de serem os consumidores a pagarem a diferença de preço / custo, dando como exemplo a diferença de preço da micro geração solar.
Questiona o porquê de certas tecnologias serem privilegiadas.
A biomassa devia ser mais apoiada, pois é produto nacional e produz quando necessário, daí não se perceber a razão de ser o plano mais atrasado.
Biocombustíveis também deviam ser mais apoiados, não há legislação clara para o futuro
A tarifa italiana de biomassa é superior à nossa da eólica para o preço do consumidor.
Intervenção de Pinto de Sá (demasiado técnica os jornalistas estavam claramente sem interesse):
Explicação da evolução tecnológica nos países que primeiro adoptaram as renováveis.
Países que compreenderam estar a subsidiar indústria chinesa e não nacional.
Portugal não tem muita experiência nestas tecnologias e já não vamos a tempo de criar mercado porque já está saturado.
Explicação sobre intermitência e falta de controlo da energia eólica e solar, exaltando a necessidade de backup e as desvantagens técnicas e económicas que daí advêm.
Excesso de produção dificulta a exportação, sendo que Espanha tem esse mesmo problema e daí o preço ser nulo.
Solução de combinação hídrica e eólica nunca foi testada, nem devidamente investigada, em particular quando existem a simultaneidade da produção eólica e albufeiras cheias.
Intervenção João Duque:
Foco no défice tarifário: não se deve subsidiar ineficiência em massa ainda por cima considerando o “imposto” das renováveis, correspondente à dívida do défice tarifário.
Analisou o recente relatório de contas da EDP e verificou que o défice tarifário foi considerado com um activo da EDP. Uma tranche de 1600 milhões de euros já foi titularizada – responsabilidade dos consumidores no pagamento desta dívida, se não formos nós são as gerações futuras
Única forma de reduzir o défice é aumentar o preço da electricidade ou diminuir os custos da sua produção. Dever-se-ia primar pela segunda opção mas receia que a actual política energética nacional não o esteja a fazer.
Perguntas dos jornalistas:
· Jornal de Negócios
o Esclarecer a diferença do valor dos 2,11% referidos no documento e os 43%
o Como correu audiência com Secretário de Estado
o Qual a solução/alternativa?
· Ana Suspiro, i
o Qual a % do défice tarifário atribuída às renováveis
o Qual a ligação com o PSD
· Lurdes Ferreira, Público
o Diz-se que a competitividade das empresas é afectada mas não são elas que pagam o sobrecusto
o Quais as metas do grupo em termos de preço e I&D
o Se a estratégia actual não resolve o problema da dependência energética qual a solução
o Porque é que o grupo não teve em consideração as respostas que rebatem os estudos apresentados
· Marina Conceição, Diário Económico
o Qual a opinião do grupo sobre a energia nuclear (pergunta final feita apenas depois de terem sido respondidas todas as outras)
Respostas a perguntas de jornalistas:
· [MA] Diferença entre os 43% e o 2,11% referido no Manifesto. Um é energia total primária outro é electricidade – referida a questão do ano hidráulico médio mal calculado.
· [MA] Resultado da audiência de hoje com o Carlos Zorrinho – Foi uma conversa cordial e ele prometeu ler os documentos. Subscritores do Manifesto já têm experiência no resultado dos Manifestos em Portugal, sendo que a primeira reacção normal é de ignorar mas depois como aconteceu em outros casos (Exemplo do Aeroporto na OTA) acabam por ganhar a razão.
· [MA]Reiteraram que o grupo não tem conotações políticas.
· [MA] Todas as alternativas devem ser consideradas, sem tabus não têm ainda uma resposta.
· [MA] A subsidiação cruzada para desviar os sobrecustos vai ser uma bola de neve, vai extravasar para os consumidores domésticos, para as empresas e depois para os contribuintes.
· [MA] Não há metas para R&D nem a definição de preços foi considerada devido à falta de tempo, duvidando que mesmo o Governo saiba responder a estas questões.
· [CPN] O gás utilizado para back up das renováveis também é pago.
· [CPN] Investimento na fotovoltaica é suicídio não há previsões de melhorias nos próximos 20 anos (creio que se referia a melhorias de eficiência)
· [CPN] O plano anterior do governo fazia referência ao carvão limpo. Entretanto foi substituído por capacidade adicional de renováveis ou que também é um erro
· [CPN] Os consumidores em BTN não são só os domésticos também as PMEs e por isso estas também pagam o sobrecusto
· [PS] Só conhece a crítica do estudo espanhol pelo NREL. Está bem feita e incide sobre aspectos metodológicos mas não invalida as conclusões
· [MA] É possível que a eólica atinja brevemente a grid parity e entre a mercado mas a fotovoltaica vai continuar a precisar de subsídios
· [MA] Em 2010 devido à descida dos preços do petróleo o preço da electricidade também podia ter diminuído o que não aconteceu porque foi pago parte do défice tarifário. No fundo as térmicas contribuíram para poupanças que não puderam ser internalizadas
· [CPN] Segundo dados da ERSE o sobrecusto das renováveis em 2009 foi de 900 milhões de euros, 80% do qual referente às renováveis priveligiadas. Biomassa e biocombustíveis não são devidamente apoiadas
· [MA] sobre a pergunta do nuclear – Não houve capacidade de analisar tudo. O problema analisado foi só eólicas e fotovoltaicas que é grave enquanto não entrarem com o preço da rede. O que não aceitam é condicionamento de qualquer opinião. Não têm um gabinete de estudos e portanto não se podem substituir à obrigação dos partidos e pagar estudos dos próprios bolsos"
sexta-feira, abril 02, 2010
Manifesto nuclear
domingo, janeiro 24, 2010
Neutro, seguramente não, ciência, talvez
O blog nuclearista A ciência não é neutra é um blog a que vou de vez em quando aprender umas coisas.
Vou menos do que iria se não tivesse alguma dificuldade em lidar com pessoas que insultam os outros com a maior das facilidades mas demonstram uma hiper-sensibilidade à menor crítica que lhes seja feita.
Como acontece com a generalidade dos nuclearistas, a crítica às energias renováveis é uma constante. É uma crítica muitas vezes justa, e partilho com aquele blog alguma apreensão pela ideia instalada de tudo o que é renovável é bom e o que é preciso é andar (talvez por ouvir no fundo dessa argumentação o eco do para Angola em força que a pátria não se discute, agora substituído por renováveis).
Também acho que é preciso discutir o preço dessa política e tenho poucas dúvidas de que na sua base não está qualquer preocupação ambiental mas sim o facto das renováveis serem um meio fácil de captar investimento sem aumentar o défice. E embora com algum prejuízo da competitividade, a política compensa porque isso da competividade é coisa mais difícil de dar por ela e pode sempre dizer-se que são os empresários que são maus.
Mas o conjunto de posts sobre o facto de pontualmente se estar a produzir energia a um preço de 9 cents o kWh e a entregar de graça a Espanha merece alguns comentários de um ignorante como eu, que não comento lá no sítio dada a tendência do dono do blog se sentir insultado por dá cá aquela palha.
O essencial da questão é que em algumas alturas chove muito, venta muito e há pouco consumo. Nessas alturas, como o comprador está obrigado a comprar toda a electricidade eólica produzida, ele é obrigado a entregá-la em qualquer lado. Como não há consumo suficiente em Portugal, entrega ao lado. Mas como ao lado estão com o mesmo problema, e não precisam da energia, aceitam-na, mas de graça.
Onde começam as minhas perplexidades?
Em primeiro lugar no facto do autor do blog deixar entender que toda essa energia está a ser produzida a 9 cents por kWh, o que me parece que não será bem assim porque aqui estará incluída alguma energia produzida de outra forma (hídrica, por exemplo).
Depois, porque daria a impressão de que durante todo o tempo em que isso acontece a exportação seria a custo zero (enfim, num post mais à frente lá se fala da exportação em horas de cheio, que será a 5 cents, e há pelo meio um diagrama que mostra variações diárias).
Também não percebo por que razão se escolhe como diagrama demonstrativo um que diz respeito a um Domingo.
E tenho ainda dificuldade em perceber como se tiram conclusões gerais de uma situação particular (todos os dias há produção de muitos outros bens que não se vendem, desde bilhetes de avião, a quartos de hotel a outros menos perecíveis, como bananas), em vez de se fazer a análise global da questão.
Reparo ainda, que com certeza por distracção, quando se demonstra a correlação entre precipitação e vento se esquece a frase final do gráfico: essa correlação é particularmente verdadeira para barragens sem albufeira. Claro que pegar em correlações climáticas escandinavas e aplicá-las em Portugal é um detalhe, no meio disto tudo, incluindo essa coisa da irregularidade das chuvas nas nossas condições, que faz com que haja muitos anos em que faz vento, chove, mas ainda assim muitas albufeiras (que muitas vezes são de regularização inter-anual) estão muito menos que cheias.
Enfim, estou de acordo na necessidade de discutir o preço da política das renováveis (nomeadamente face à apatia perante a eficiência energética), estou de acordo na necessidade de introduzir racionalidade económica e etc..
Mas quando vejo tantas coisas a levantar-me dúvidas sobre a forma como um nuclearista lida com as renováveis fico com a sensação de que talvez as renováveis sejam mais competitivas do que parece à primeira vista, sobretudo face ao nuclear.
Mas isto é um ignorante a falar, claro.
henrique pereira dos santos
quinta-feira, janeiro 07, 2010
Perplexidades de um ignorante
Acho o gráfico muito interessante, acho interessante que João César das Neves (se bem interpreto a conversa) não veja no gráfico qualquer aumento do preço do petróleo, apenas volatilidade (eu não sei contrapôr, a volatilidade é indiscutível, se desde o contra-choque petrolífero de 1986 a tendência é de estabilidade volátil ou se é de aumento suave acho que não se pode dizer com segurança a partir deste gráfico).