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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Depressão

Que a tristeza de viver, muitas vezes em desacordo com a tua vontade, não nos submerja, mas antes que a tua misericórdia se estenda a toda a nossa vida e a fertilize.

Martinho Lutero

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A tristeza é um glutão do coração e alimenta-se da mãe que o gerou

A tristeza é um glutão do coração e alimenta-se da mãe que o gerou.

Sofre a mãe quando dá à luz um filho; porém, esta, tendo dado à luz, vê-se livre da dor. A tristeza, ao contrário, enquanto é gerada, provoca fortes dores e, sobrevivendo, após o esforço, não traz sofrimentos menores.

O cristão triste não conhece a alegria espiritual, como aquele que acometido por forte febre não reconhece o sabor do mel.

O cristão triste não saberá como contemplar, nem brota nele uma oração pura: a tristeza impede todo o bem.

Ter os pés amarrados impede a corrida; assim é a tristeza: um obstáculo para a contemplação.

O prisioneiro dos bárbaros está preso com correntes; a tristeza amarra aquele que é prisioneiro das paixões.

A tristeza não tem força, assim como não tem força uma corda se lhe faltar quem amarre.

Aquele que está atado pela tristeza é vencido pelas paixões e, como prova da sua derrota, aumenta a atadura.

O moderado não se entristece pela falta de alimentos, nem o sábio quando é atacado por um lapso de memória, nem o manso que renuncia à vingança, nem o humilde que se vê privado da honra dos homens, nem o generoso que sofre uma perda financeira. Com efeito, eles evitam, com força, o desejo destas coisas, como efectivamente aquele que corajosamente rejeita os golpes. Assim, o homem que confia no Senhor não é ferido pela tristeza.


Evágrio Pôntico

Originário da Capadócia (actual Turquia), Evágrio Pôntico, viveu no séc. IV nos desertos do Egipto. É um dos chamados “Padres do Deserto”, homens que procuravam a perfeição cristã no isolamento dos lugares inóspitos e através da privação dos bens mais elementares.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

17 de Agosto de 1987. Morre Carlos Drummond de Andrade


Carlos Drummond de Andrade (31-10-1902-17-08-1987), poeta de Minas Gerais que veio a morreu no Rio de Janeiro, é um dos grandes escritores da língua portuguesa no século XX.

Conheço pouco da sua obra, ainda que um amigo tenha sugerido com entusiasmo a leitura deste escritor.

Na Wikipedia diz-se que este aluno de jesuítas tem como tema dos seus escritos, entre outros, "a existência: a questão de estar-no-mundo".

Procurei poemas sobre Deus e encontrei três. Copio um. Gosto de pensar e sentir com os poetas.

Deus é triste.

Domingo descobri que Deus é triste
pela semana afora e além do tempo.

A solidão de Deus é incomparável.
Deus não está diante de Deus.
Está sempre em si mesmo e cobre tudo
tristinfinitamente.
A tristeza de Deus é como Deus: eterna.

Deus criou triste.
Outra fonte não tem a tristeza do homem.

sábado, 24 de julho de 2010

A tristeza é a boca do leão que devora quem se entristece

Né Ladeiras diz no DN Gente de hoje que pratica a “melancolia, que era pecado segundo Evágrio do Ponto”.

Evágrio do Ponto, ou Evágrio Pôntico, nascido na Capadócia (na Turquia), viveu nos desertos do Egipto, no séc. IV. Foi um dos Padres do Deserto.

Ao ler a resposta de Né Ladeiras, lembrei-me de procurar o texto de Evágrio. A versão que aqui deixo fala de tristeza. No original devia estar mesmo μελαγχολία.


A tristeza abate a alma e forma-se a partir dos pensamentos da ira.

O desejo de vingança, com efeito, é próprio da ira; o fracasso da vingança gera a tristeza; a tristeza é a boca do leão e facilmente devora aquele que se entristece.

A tristeza é um glutão do coração e alimenta-se da mãe que o gerou.

Sofre a mãe quando dá à luz um filho; porém, esta, tendo dado à luz, vê-se livre da dor. A tristeza, ao contrário, enquanto é gerada, provoca fortes dores e, sobrevivendo, após o esforço, não traz sofrimentos menores.

O cristão triste não conhece a alegria espiritual, como aquele que acometido por forte febre não reconhece o sabor do mel.

O cristão triste não saberá como contemplar, nem brota nele uma oração pura: a tristeza impede todo o bem.

Ter os pés amarrados impede a corrida; assim é a tristeza: um obstáculo para a contemplação.

O prisioneiro dos bárbaros está preso com correntes; a tristeza amarra aquele que é prisioneiro das paixões.

A tristeza não tem força, assim como não tem força uma corda se lhe faltar quem amarre.

Aquele que está atado pela tristeza é vencido pelas paixões e, como prova da sua derrota, aumenta a atadura.

O moderado não se entristece pela falta de alimentos, nem o sábio quando é atacado por um lapso de memória, nem o manso que renuncia à vingança, nem o humilde que se vê privado da honra dos homens, nem o generoso que sofre uma perda financeira. Com efeito, eles evitam, com força, o desejo destas coisas, como efectivamente aquele que corajosamente rejeita os golpes. Assim, o homem que confia no Senhor não é ferido pela tristeza.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Melancolia e criação artística

"Melancolia" (clique para ver melhor), do polaco Jacek Malczewski (1854 - 1929)

Porque será que todos os que alcançaram a eminência na filosofia ou na política ou na poesia ou nas artes são claramente melancólicos?

Aristóteles citado na página 76 de "Contra a felicidade. Em defesa da melancolia" (ed. Estrela Polar), de Eric G. Wilson.

A melancolia é o fundamento profano do sagrado

"Melancolia", de Albrecht Durer
(para o significado da imagem, ler aqui)

A melancolia é o fundamento profano a partir do qual desponta o sagrado. A nossa esperança na validade desta alegação é o que mantém a maioria de nós ternamente predispostos para com a tristeza dos outros, por mais indulgentes que eles sejam, e para as sombras do nosso coração, por maior que seja a dor. Temos fé de que o desânimo conduza à afirmação. Se continuarmos a viver sem acolhermos a escuridão, então só nos resta a mais horrenda das situações: o sofrimento não tem significado. Se isto for verdade, é provável que não consigamos persistir. Precisamos de acreditar que a nossa sombra gera a luz. Temos de manter esta posição. Aceitar o que nos é dado, agarrar graciosamente a gravidade das coisas, dizer sim ao ameaçador não.

In "Contra a felicidade. Em defesa da melancolia" (ed. Estrela Polar), de Eric G. Wilson. Pág. 106.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Se considero o triste abatimento - soneto de Bocage

Se considero o triste abatimento

Se considero o triste abatimento
Em que me faz jazer minha desgraça,
A desesperação me despedaça,
No mesmo instante, o frágil sofrimento.

Mas súbito me diz o pensamento,
Para aplacar-me a dor que me traspassa,
Que Este que trouxe ao mundo a Lei da Graça,
Teve num vil presepe o nascimento.

Vejo na palha o Redentor chorando,
Ao lado a Mãe, prostrados os pastores,
A milagrosa estrela os reis guiando.

Vejo-O morrer depois, ó pecadores,
Por nós, e fecho os olhos, adorando
Os castigos do Céu como favores.

Soneto de Manuel Maria Barbosa du Bocage, retirado de Religionline

terça-feira, 24 de novembro de 2009

João Cristósomo e a tristeza num tempo em que ainda não havia depressão

João Cristósomo (349-407) escreveu sobre a tristeza. Mas só escreveu sobre a tristeza porque a palavra depressão ainda não tinha sido inventada.

“A tristeza, na realidade, é para as almas um local horrível de tortura, uma espécie de dor inexplicável, castigo mais amargo do que todos os tormentos e penalidades.

Assemelha-se a um verme venenoso que corrói não somente a carne mas também a própria alma, e não só tritura os ossos como a mente.

A tristeza é um carrasco perpétuo que não rasga as costas mas arruína o vigor espiritual. É uma noite contínua e trevas sem luar; é tempestade, agitação, fogo secreto mais ardente que qualquer chama, guerra sem tréguas, doença que sombreia a maioria das coisas visíveis. O sol, porém, e a limpidez da atmosfera para os assim mal-dispostos parecem importunação e o pleno meio-dia compara-se à noite profunda”.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Lutero não quer sucumbir à tristeza

Referi no dia 18 deste mês o "doutoramento de Teologia" de Lutero, em 1512. No dia 21 de Outubro, há 497 anos, foi recebido pelo senado da Universidade de Vitemberga como "doutor em Bíblia". Nessa altura ainda era católico romano. O monge Lutero. Mais tarde, acho que só deixou de ser romano.

Recordo um poema/oração de Lutero:

Ó Deus, eu sei que Tu és sincero
e que nunca mentes.
Faz que me mantenha firme na fé
e que não sucumba diante das dúvidas.
Não porque a minha oração seja boa,
mas porque Tu és a verdade...
Custa-me aceitar a tua vontade.
Dá-me força para ser obediente
e não sucumbir à tristeza.

Sinodalidade e sinonulidade

Tenho andado a ler o que saiu no sínodo e suas consequências nacionais, diocesanas e paroquiais. Ia para escrever que tudo se resume à imple...