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segunda-feira, 21 de abril de 2014

Pão de Ló para a Páscoa - renascer das cinzas


Ontem foi domingo de Páscoa. Nestas ocasiões especiais capricho ainda mais nos pratos e na decoração da mesa. Bateram-me então umas saudades enormes de voltar a publicar por aqui. Porque a cozinha, ainda, e mais do que nunca, continua a ser uma das minhas paixões. Muita coisa aconteceu nestes meses, mas a vontade de aprender novas receitas, conhecer ingredientes diferentes e técnicas inovadoras nunca me abandonou e ontem senti, que a partilha também me faz muita falta. O tempo não é muito, mas quem sabe a vontade suplanta essa barreira e as publicações apareçam com mais regularidade.
Um dos doces tradicionais da mesa de Páscoa nesta região é o bom e singelo Pão de Ló. Nunca tinha feito nenhum e também nunca tinha usado tantos ovos numa receita, mas um dia não são dias e os ovos eram biológicos, pelo menos! É uma receita simples, mas como todas as receitas tradicionais tem os seus caprichos e eu só fiquei aliviada quando provei a primeira fatia, deliciosa! A textura da massa é fofa mas não seca, no ponto exato. A receita foi-me dada por uma colega de trabalho, que diz que é uma receita usada há 30 anos e não falha, e realmente comprovei! Obrigada, Margarida! 


Pão de Ló
Ingredientes:
14 ovos biológicos
400g de açúcar fino
250g de farinha com fermento(usei Branca de Neve)
6 pedrinhas de sal (1 colher de café)
1 forma de chaminé com 30cm de diâmetro
papel almaço para forrar a forma

Notas prévias
- os ovos devem estar em temperatura ambiente (se os deixa no frigorífico retire-os 3 horas antes)
- se não encontrar açúcar fino, que foi o meu caso, triture o açúcar normal no liquidificador. Atenção, não é açúcar de confeiteiro, e sim açúcar fino próprio para massas de bolos, derrete-se melhor. No Brasil, o açúcar costuma ser mais fino do que o açúcar vulgar daqui de Portugal, portanto não é preciso ser triturado.
- a farinha utilizada deve ser de boa qualidade e com fermento adicionado e peneirada ao ser adicionada na massa. Caso não encontre farinha com fermento, adicionar uma colher de sopa de fermento químico em pó à farinha.
- A forragem da forma é feita com pedaços de papel almaço e não é necessário untar a forma ou o papel, caso não encontre o papel almaço, penso que pode ser substituído por papel vegetal ou untar a forma e enfarinhar, embora tradicionalmente o Pão de Ló por aqui seja feito na forma forrada com papel.

Preparação:
Ligar o forno à temperatura 150º C. Separar claras e gemas. Bater as claras em castelo(em neve) com o sal e ao mesmo tempo(se possível) bater as gemas com o açúcar até a mistura ficar fofa e se formarem bolhas. Juntar a este último preparado a farinha peneirada e as claras em castelo, envolvendo suavemente. Transferir a massa para a forma já forrada e cozer no forno por aproximadamente 1 hora. Depois de mais ou menos 40 minutos convém ir testando com um palito de churrasco que deverá sair com alguma migalha agarrada. Não convém cozer demasiado para que a massa não seque. 


sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Bolinhos para todos os santinhos

Quentinhos, a saírem do forno
Mais uma vez neste dia em que se comemora o Dia de Todos os Santos(e ainda é feriado...), fiz os tradicionais bolinhos. Em alguns lugares do país, as crianças percorrem as casas dos vizinhos soletrando versos e pedindo bolinhos para os santinhos. Muito provavelmente, hoje em dia preferem as gomas ou rebuçados aos tradicionais bolinhos mas eu resolvi manter a tradição. Embora nesta região este costume não exista e nenhuma criança tenha vindo bater à minha porta, nos regalamos com uma fornada de bolinhos de batata-doce. Comecei de manhã e cozi-os agora há pouco. O cheirinho pela casa é maravilhoso. Sei que para alguns de vocês fazer pães e bolos com massa levedada é normal, mas para mim mim é sempre com alegria e entusiasmo que acolho o milagre da transformação de 1kg de farinha em algo comestível e até bom(nem sempre foi assim). Recomendo a todos. Fazer pão entusiasma a quem faz e a quem vê fazer. Tirar um tabuleiro de pães acabadinhos de cozer, sentir o aroma e saborear uma fatia ainda quente deixa qualquer um bem disposto. Não é bem um feitiço, mas diria que é quase...

Fiz esta versão do blogue Pão, Bolos e Cia. usando a máquina de pão. Gostei muito do resultado, e do facto desta receita não levar leite e qualquer tipo de gordura. Cortei um pouco no açúcar e deixei levedar bastante. As broinhas ficaram bem fofinhas e deliciosas. A repetir, com toda a certeza.
Descrevo abaixo a receita, com as minhas alterações. Aconselho, no entanto a visitarem o blogue Pão, Bolos e Cia. onde as fotos descrevem um passo-a-passo muito elucidativo e existem mais versões destes tradicionais bolinhos e outras delícias.


Broinhas de batata-doce para o Dia do Bolinho
Ingredientes
500g de batata-doce crua
400g de açúcar (usei 300grs)
3 ovos biológicos
250ml de água morna da cozedura da batata-doce
1 colher (sopa) de fermento biológico seco(1 saqueta)
1kg de farinha de trigo T65(sem fermento adicionado)
2 limões (raspa)
1 colher (chá) de canela
2 colheres (chá) de erva-doce moída(usei 1 colher apenas)
pitada de sal
200g de miolo de noz partido
100g de pinhões(não usei)
150g de passas claras/escuras

Preparação:
Descascar as batatas-doces e cozê-las em água e sal. Reservar a água.
Num alguidar ou bacia amassar as batatas-doces cozidas até se transformarem em puré(pode usar a varinha mágica). Misturar o açúcar e mexer com a colher de pau. Juntar os ovos um a um e mexer entre cada adição. Juntar a água morna, a raspa de limão, a canela, a erva doce e o sal. Transferir o conteúdo para a máquina de pão. Adicionar a farinha e o fermento e usar o programa para amassar (15 minutos) por duas vezes. Se necessário auxiliar com a colher de pau a mistura da farinha. A massa ficará homogénea mas um pouco peganhenta. Transferir a massa novamente para o alguidar polvilhado com farinha, embrulhar com um pano e deixar levedar num lugar abrigado e quente até dobrar de volume(demorou cerca de 4 horas). Eu uso o forno do fogão pré aquecido a 50ºC por alguns minutos e não falha.
Juntar as nozes, pinhões(se usar) e passas e amassar um pouco até distribuir as frutas.
Tender as broinhas. A receita indicava polvilhar com farinha mas eu não usei. Distribuir as broinhas em tabuleiros forrados com papel vegetal e coloca-los no forno levemente aquecido para levedarem novamente(cerca de 2 horas). 
Levar a cozer no forno 170ºC por cerca de 15 minutos cada tabuleiro. Retirar e deixar arrefecer(se conseguir resistir...).

Renderam-me 19 broinhas de bom tamanho.

Se não usar máquina de pão, adicione o fermento com a água e misture a farinha, amassando até formar uma massa homegénea.

Ficaram bem fofinhos
A receita do ano passado aqui.

terça-feira, 27 de março de 2012

Regueifa doce da Páscoa, receita da Bela


A regueifa doce é uma das iguarias típicas desta região presentes na mesa de Páscoa. Tem a simplicidade dos sabores tradicionais, dos tempos em que o açúcar só estava presente na mesa em dias de festa. Cada família tinha a sua receita exclusiva, que passava de mãe para filha. Depois de quase duas décadas a olhar para o Castelo, da minha janela, acho que já me posso considerar feirense… então este doce não poderia faltar em minha mesa. 

A vista da minha janela. Linda, não acham?
Já contei aqui as peripécias da primeira vez que tentei fazer regueifa, ou melhor pedreifa, pois ficou dura como uma pedra! A cozinha também tem os seus desencantos...No entanto estas desilusões são águas passadas e com esta receita o resultado final é garantido! É de uma amiga especial, a Bela, minha primeira seguidora, autora de um blogue fantástico, o Pratos da Bela, recheado de delícias e que foi uma das fontes de inspiração para começar este meu cantinho que tantas alegrias me tem trazido. Já conheci a Bela e o seu principezinho Lucas pessoalmente e pude comprovar, que além de talentosa na cozinha e mãe carinhosa, é daquelas pessoas únicas e sinceras, que queremos ter como amigas. 
Fiz umas pequenas alterações à receita original, para retirar os lacticínios, e misturei outra receita que também me foi dada pela esposa de um colega de trabalho, a São, também ela novata nestas andanças da regueifa, mas que pude comprovar que já vai em bom caminho! Agradeço muito, Sr. Joaquim e São a receita de família, tradicional que me enviaram (e a regueifa deliciosa!). 

Já verifiquei também que a Lurdes, do blogue Sabores Autênticos, outra feirense mestra na cozinha, também publicou ontem a receita da Bela, portanto, vamos encher a blogosfera de regueifas, quem sabe até alguém além-mar se aventure?

Eu quis fazer um pequeno passo a passo, porque esta receita merece e também para ajudar quem é novato nas lides das massas levedadas, que não sendo difíceis de fazer tem os seus segredos. Eu contei com a minha ajudante, a máquina de fazer pão, mas quem não tiver essa máquina não se acanhe em fazer esta delícia, pois abaixo segue a explicação do modo tradicional.

Agora,  a receita com as alterações que fiz em letra pequena.

Ingredientes: 
140 ml de leite morno(substituí por água)
1 pau de canela
3 ovos batidos + 2 gemas(usei ovos biológicos)
70 grs de margarina amolecida(usei de margarina de soja para cozinha)
1/2 colher (café) de sal
raspa de 1 limão
1 colher(sopa) de sumo de limão
200 grs de açúcar(usei amarelo/demerara)
770 grs de farinha de trigo T55
50 grs de fermento fresco de padeiro(adquirido em padaria)
Use ingredientes frescos e de qualidade
Preparação(Máquina de fazer pão):
1)Ferva por alguns minutos a água com o pau de canela. Meça o conteúdo e acrescente mais água se necessário. Deixe esfriar até o líquido ficar morno. Rejeite o pau de canela e use no lugar do leite.
2)Colocar na cuba da máquina de fazer pão os ingredientes pela ordem acima referida, e programar no AMASSAR- massas levedadas ( Na minha máquina é o nº 6), que demora cerca de 2 horas. Cerca de 10 minutos antes de terminar o programa, ligue o forno em temperatura mínima por uns minutos, até que fique levemente quente, mas não demasiado e desligue. 

3)Findo o programa colocar a massa sobre uma mesa cheia de farinha e fazer 2 rolos (ou 4), depois entrelace-os e faça uma rosca(ou 2). Coloque-as no tabuleiro do forno forrado com papel vegetal, cubra com um pano e coloque no forno, sem ligar, mas que está levemente quente pelo pré aquecimento realizado.
A massa pronta, lisa e homogénea (não cola nas mãos)

Transferir para uma mesa enfarinhada
Dividir em 2 partes, para 1 regueifa grande ou em 4 partes, para 2 regueifas pequenas
Fazer os rolos, esticando a massa
Formar 1 ou 2 roscas
4)Deixa-se levedar pelo menos por 1 hora ou mais, até que a massa dobre de tamanho.
O resultado, depois de aproximadamente 2 horas a levedar
Pincelar com leite(no meu caso leite de arroz)
Pincela-se com um pouco de leite (usei leite de arroz) e vai ao forno pré-aquecido a 200ºC, por 10 minutos(ou menos), passado esses 10 minutos coloca-se sobre a regueifa um bocado de papel alumínio e volta a assar mais alguns minutos até cozer na totalidade (teste do palito). Esta etapa depende do forno de cada pessoa, o ideal é vigiar atentamente pois a temperatura é alta e mais um instante poderá ser fatal! Já fiz por duas vezes e ficaram levemente tostadas, embora por dentro estivessem boas.
Quentinhas, a sair do forno!
Regueifa grande

E este pedaço, com manteiga, o que acham?
Preparação(Tradicional):
1) Idem à preparação anterior.
2) Desfaça o fermento no líquido morno obtido do ponto 1 e misture com 100grs de farinha. Tape e deixe levedar 30 minutos(escolha um local sem correntes de ar, pode ser o forno). Peneire a restante farinha para dentro de uma tigela. Abra uma estanca e junte a massa fermentada e os restantes ingredientes. Amasse bem, utilizando as mãos. Faça uma bola e marque uma cruz com a mão. Tape com um pano e deixe levedar em local quente. Pré aqueça o forno como no ponto 2) da preparação anterior. A massa deve duplicar de tamanho.
3) e 4) Idem à preparação anterior
Nota: Se o tempo estiver quente, não é necessário fazer a levedação da massa no forno.


E então, pronta(o)s para se aventurarem? E se a 1ª tentativa gerar em desencanto, não se incomode continue a tentar. A vida é mesmo assim, feita de sucessos e falhanços, encantos e desencantos, como a colectiva Amor aos Pedaços

A 2ª fase vai rolar no dia 15 de abril, com o tema Desencanto, veja aqui como participar.

sábado, 31 de dezembro de 2011

Feliz Ano Novo!

Nestes últimos instantes apressados de 2011, a nostalgia e um certo receio tomam conta de mim. Ao contrário de outros anos em que a ânsia da novidade me acompanhava nestas alturas, desta vez sinto-me apreensiva pelo que virá pela frente. Mesmo assim, mesmo que timidamente, é inevitável sentir que um novo começo se avizinha e certas resoluções são pensadas, mesmo que depois esquecidas.
Ao reflectir sobre o que este ano representou para mim, apesar de nem tudo ter sido um mar de rosas, não pude deixar de sentir uma grande alegria por todos os amigos que por cá encontrei, pelos momentos bons e pelos ensinamentos que me proporcionaram, muito para além da culinária e daquilo que eu esperava. Pude encontrar em cada palavra vossa, o carinho transmitido pelo pensamento, e isso para mim está a ser muito importante!
Desejo a todos que tenham aspirações para o Novo Ano e que estas se concretizem, porque isto é o melhor que nos pode acontecer: alcançarmos as metas que almejamos! Parece simples, mas será que sabemos realmente o que queremos, ou deixamos que a vida nos conduza como uma folha na corrente? Saber o que se quer é realmente o mais difícil...Mas a busca eterna pelo melhor caminho é o que nos fortalece e ensina.

Que as resoluções que tomemos para o Novo Ano envolvam sempre a fraternidade, a união e o amor. Que tenhamos humildade e paciência para caminhar devagarinho, seja em que direcção ou desejo for. Que não nos esqueçamos daquilo que decidimos, mas que tenhamos a coragem de mudar se preciso for. Que a correcção e a honestidade seja o nosso fio condutor em qualquer situação. E sobretudo que não nos deixemos abater pelas contrariedades, encarando-as como desafios e aprendizagem para crescer. Que tenhamos saúde física e espiritual para desfrutar a vida que Nos foi generosamente ofertada.

A todos, desejo uma feliz passagem e um novo despertar cheio de esperança.

A última receita deste ano é uma pista para uma das resoluções que tomei para 2012: tornar-me definitivamente vegetariana, o que ando a ensaiar há alguns meses.

Aletria vegetal (para 4 pessoas)
Ingredientes:
250grs de abóbora cozida e esmagada
200 ml de leite de coco
3 meadas de aletria(macarrão cabelo de anjo)-mais ou menos 70 grs
sal
4 a 5 colheres(sopa) de açúcar mascavo claro
2 colheres(sopa) de farinha custard ou amido de milho(maizena)
1 colher(chá) de canela em pó mais um pouco para polvilhar
Preparação:
Leve a cozer a aletria(macarrão cabelo de anjo) em um pouco de água com algumas pedrinhas de sal, por mais ou menos 5 minutos. Misture, num tacho, a abóbora cozida(não escorrida) com o leite de coco, o açúcar e a canela e leve a lume brando para aquecer e misturar os sabores, acrescente a aletria cozida e mexa. Dissolva a farinha custard ou maizena em um pouquinho de água(mais ou menos 2 colheres). Retire a mistura do lume e junte a farinha custard dissolvida em fio, mexendo sempre. Leve novamente ao lume para cozer até atingir uma consistência cremosa. Coloque numa travessa e polvilhe canela em pó.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Partilha


Repartir:
amor, uma filha, sonhos, ideais, pensamentos, gostos, trabalho, alegrias, tristezas, prazer, discussões, música, silêncio, vivências, recordações, emoções, a casa, o sofá, a cama e... a cozinha.

Ele fez um leite creme, sobraram 2 claras e eu fiz um bolo de tangerinas

Vou tentar explicar como foi feito o leite creme, uma vez que o meu marido é o fazedor oficial desta sobremesa cá em casa, pois além de lhe calhar muito bem, é um instante enquanto uma travessa de um fumegante e aromático leite creme lhe sai das mãos. 
Leite Creme
Ingredientes:
1 litro de leite 
2 gemas, de ovos caseiros biológicos
2 a 3 colheres(sopa) bem cheias de amido de milho(maizena)
Açúcar a gosto
Casca de limão
Canela em pó
Preparação:
Leve o leite a aquecer com a casca de limão e açúcar a gosto, reservando cerca de 1/2 chávena. Bata as gemas, misture o amido de milho e um pouco de leite para dissolve-lo. Junte esta mistura ao leite e mexa até formar um creme. Retire a casca de limão e transfira o creme para uma travessa, espere um minuto e polvilhe com canela em pó.

Não se esqueça de "rapar" a panela, se for repartido, ainda melhor...

Bolo de tangerinas 
Ingredientes:
4 ovos biológicos(eu usei as 2 claras que sobraram e 2 ovos inteiros)
1/2 chávena (chá) de óleo de amendoim(ou girassol, ou outro a gosto)
4 tangerinas pequeninas biológicas
1 1/2 chávena(chá) de açúcar amarelo
2 chávenas(chá) de farinha de trigo
1 colher(sopa) de fermento em pó
3/4 chávena(chá) de sumo de tangerina para regar o bolo
Preparação:
Bata os ovos no liquidificador(eu usei varinha mágica) até ficarem espumosos. Junte o óleo, o açúcar e os gomos de tangerinas sem caroços(as minhas não tinham!) e as cascas das mesmas. Triture bem.
Deite esta mistura para uma taça e misture a farinha e o fermento. Coloque a massa numa forma de chaminé untada e polvilhada com farinha e leve a cozer em forno médio, por aproximadamente 20 a 30 minutos(faça o teste do palito). Retire do forno e regue o bolo com o sumo de tangerina. Deixe absorver e desenforme.

Não se esqueça de saborear o bolo com uma chávena de chá ou café e uma boa companhia...

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Dia do Bolinho

Estes são os bolinhos tradicionais oferecidos às crianças que os pedem de porta em porta em algumas regiões do nosso país no dia de hoje, em que se comemora o Dia de Todos os Santos. Na terra de origem da minha mãe, localizada no Distrito de Leiria, para as crianças é o Dia do Bolinho. Estes bolinhos também são consumidos durante o ano e oferecidos pelos noivos nas festas de casamento.
Já há algum tempo que os queria reproduzir na minha cozinha porque aprecio-os muito! Sabia quais eram os ingredientes, mas como não tenho a receita exacta, fiz algumas pesquisas e escolhi esta versão, do óptimo site Doces Regionais. E foi uma escolha acertada porque ficaram deliciosos e foram aprovados mais pelos graúdos do que pela criança cá de casa(as malditas gomas estragam tudo!).
Cada vez surpreendo-me mais, com a experiência que tenho adquirido na cozinha, principalmente na confecção deste tipo de massa levedada, em que já tive umas tentativas bastante desastrosas. É verdade que a tradição já não é o que era, o ideal era ter aprendido a receita com alguém da família e passa-la adiante, mas como tal não foi possível, quem não tem cão, actualmente caça com a Internet mesmo. 

A receita rende bastante, cerca de 25 bolinhos de bom tamanho. As anotações em letra pequena são as alterações ou pequenos relatos da minha experiência que poderão ser úteis para alguém.

Ingredientes:
1 kg de farinha de trigo
1 pitada de sal
15 grs de fermento de padeiro(fresco, adquirido numa padaria)
5 ovos, de preferência biológicos(usei 4 grandes)
500 grs de açúcar(usei amarelo)
600 grs de batata branca cozida
água morna q.b.
canela e erva doce em pó q.b. (usei 1 colher de sopa de cada)
frutos secos a gosto(passas, nozes, pinhões, etc) usei avelãs em pedaços, sultanas e bagas goji
leite(se necessário)
raspa de 3 limões

Preparação:
Misture a farinha, o açúcar, a raspa dos limões, a canela e a erva doce.
Faça uma cavidade no centro e deite aí o fermento, previamente desfeito em água morna(usei 1/2 chávena) com 1 pitada de sal.
Junte a batata bem passada(sem grumos) e adicione os ovos(um a um), amassando bem.
Acrescente depois os frutos secos(previamente envolvidos em farinha). No caso de a massa ficar muito seca, junte um pouco de leite, se ficar mole, junte farinha.
A massa ficou uniforme, mas um pouco pegajosa. Como não sabia o ponto preferi não arriscar a colocar muita farinha e obter uns bolos pesados.
Deixe a massa repousar num local ameno até estar lêveda(aumentar de volume).
Liguei o forno à temperatura de 50º C. depois de aquecido, desliguei-o, coloquei o recipiente da massa envolvido e bem coberto com uma toalha e deixei-o lá estar toda a noite.
Passe as mãos por farinha e tenda bolinhas( aproximadamente 7cm de diâmetro) para um tabuleiro polvilhado(untei também, pois a primeira fornada pegou-se ao tabuleiro), deixando espaço entre cada bolinho, para que cresçam. Leve a cozer em forno quente (cerca de 200ºC). Cada fornada leva cerca de 10 minutos.

Deixo-vos um pequeno texto para conheceram um pouco da origem desta tradição:

Em Portugal, especialmente na zona centro e estremadura, no 1º de novembro ou dia de Todos-os-Santos, as crianças saem à rua e juntam-se em pequenos bandos para pedir o pão-por-deus (ou o bolinho) de porta em porta. As crianças quando pedem o pão-por-deus recitam versos e recebem como oferenda: pão, broas, bolos, romãs e frutos secos, nozes, tremoços amêndoas,ou castanhas que colocam dentro dos seus sacos de pano, de retalhos ou de borlas. É também costume em algumas regiões os padrinhos oferecerem um bolo, o Santoro. Em algumas povoações chama-se a este dia o ‘Dia dos Bolinhos’ ou ‘Dia do Bolinho’. Os bolinhos típicos são especialmente confeccionados para este dia, sendo à base de farinha e erva doce com mel (noutros locais leva batata doce e abóbora) e frutos secos como passas e nozes. São vários os versos para pedir o pão por deus:

Ó tia, dá Pão-por-Deus?
Se o não tem Dê-lho Deus!

Ó tia, dá bolinho?

Ou então:
Bolinhos e bolinhós 
Para mim e para vós 
Para dar aos finados 
Qu'estão mortos, enterrados 
À porta daquela cruz
ou
Pão, pão por deus à mangarola,
encham-me o saco, 
e vou-me embora.

Tenho um saco à gringola,
se mo encherem vou-me embora!

Pão por Deus,
Fiel de Deus,
Bolinho no saco,
Andai com Deus.

Truz! Truz! Truz!
A senhora que está lá dentro
Assentada num banquinho
Faz favor de s'alevantar
Para vir dar um tostãozinho.

Quando os donos da casa dão alguma coisa:

Esta casa cheira a broa
Aqui mora gente boa.
Esta casa cheira a vinho
Aqui mora algum santinho.

Como não é muito aceitável rejeitar o bolinho às crianças, as desculpas eram criativas:
Olha foram-me os ratos ao pote e não me deixaram farelo nem farelote

A quem lhes recusa o pão-por-deus roga-se uma praga em verso:

O gorgulho gorgulhote,
lhe dê no pote,
e lhe não deixe,
farelo nem farelote.
ou
Esta casa cheira a alho
Aqui mora um espantalho
Esta casa cheira a unto
Aqui mora algum defunto.

ou deixa-se uma ameaça enquanto se fugia em grupo e entre risos

senão leva com a caneca no focinho
O termo caneca podia ser substituído por tranca ou cavaca (um pedaço de lenha)
Com o passar do Tempo, o Pão-por-Deus sofreu algumas alterações, os meninos que batem de porta em porta podem receber dinheiro, rebuçados ou chocolates. Esta actividade é principalmente realizada nos arredores de Lisboa, relembrando o que aconteceu no dia 1 de Novembro de 1755, aquando do terramoto de Lisboa, em que as pessoas que viram todos os seus bens serem destruídos na catástrofe, tiveram que pedir "pão-por-deus" nas localidades que não tinham sofrido danos.
Fonte -  Wikipédia

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Saúdo o Outono

Sei que está a tornar-se um pouco repetitivo, mas não consegui resistir a publicar no dia de hoje mais uma compota, desta vez de abóbora, a minha preferida e perfeita para saudar o Outono, a estação do ano que mais aprecio.

É neste tempo que faço uma retrospectiva do que foi o meu passado ano, em que aproveito para fazer qualquer mudança de vida e de hábitos, nem que sejam pequeninos detalhes. Gosto de contemplar as árvores com a folhagem avermelhada acarinhada pelo vento e iluminada pela luz difusa, passear pelas ruas enquanto não está demasiado frio e saborear o entardecer quando ainda tenho um tempo só para mim. Agrada-me esta estação exactamente por fugir da exaltação do óbvio, por ter cores e luzes mais suaves, temperaturas mais equilibradas que convidam à reflexão e calma.

Deleito-me também com o que a Natureza produz nesta época: abóboras, maçãs, peras, marmelos, castanhas, nozes, avelãs e com sorte, figos.
Para perpetuar estes sabores nada  melhor do que fazer compotas, tal como uma formiga a armazenar comida para o Inverno, armazeno compotas para o Natal que aí vem...
Ingredientes:
1 kg de abóbora descascada e cortada em pedaços
1/2 kg de açúcar
1 pau de canela
2 cravinhos da índia
1 colher(café) de gengibre em pó
Preparação:
Colocar os ingredientes num tacho e cozinhar em lume abrando até atingir o ponto de estrada. Guardar em frascos esterilizados e pasteurizar. Mais detalhes aqui.

A minha filha ajudou-me na decoração, executando a singela etiqueta. Inspirei-me nestes lindos frascos da Ilídia.

domingo, 17 de julho de 2011

Cheesecake de mirtilos


Depois de ver tantas sobremesas deliciosas e lindas nos blogs que acompanho, neste fim-de-semana resolvi tentar a minha sorte e fazer uma sobremesa que fosse um regalo para os olhos e o paladar. O resultado, um clássico, delicioso, guloso e mais ou menos apresentável: o meu cheesecake de mirtilos
Nunca tinha feito esta sobremesa, e depois de algumas pesquisas acabei por optar por esta receita que retirei do Forum Bimby. À primeira vista fiquei assustada com a quantidade de queijo-creme empregada, mas dado que utilizei queijo fromage blanc(queijo de origem francesa, de textura cremosa, sem adição de natas e de baixo teor calórico) acho que o resultado ficou mais leve do que algumas versões desta receita que utilizam natas e leite condensado. Penso que poderá obter igual resultado se utilizar queijo ricota, queijo fresco ou requeijão. Na cobertura utilizei mirtilos, mas com qualquer fruta (cereja, morangos, manga e até goiabada derretida) deve ficar igualmente delicioso. Para primeira tentativa, acho que não correu muito mal, a avaliar pela reacção das cobaias cá de casa.
Ingredientes para a base:
1 pacote de bolachas Maria (ou bolachas maizena, no Brasil)
20 gr manteiga (usei 2 colheres (sopa) de Becel Cozinha)

Ingredientes para o recheio:
1 Kg queijo-creme (usei fromage blanc)
200 gr açucar
3 colheres (sopa) farinha
2 iogurtes naturais, sem açúcar
3 ovos
1 colher (sopa) raspa de limão

Ingredientes para a cobertura:
1 chávena(chá) de mirtilos
½ chávena(chá) de açúcar
1 colher(chá) de agar-agar ou 1 folha de gelatina
Mirtilos para decorar

Preparação:
Base:
Triturar as bolachas na picadora até que se transformem numa farinha não muito fina. Eu coloquei as bolachas num recipiente esmaguei-as com um pilão e resultou igualmente. Misture com a manteiga derretida ou com a margarina em temperatura ambiente. Calque esta massa no fundo de uma tarteira de fundo removível. Unte as laterais da forma. Reserve no frigorífico.

Recheio:
Bater o queijo com o açúcar, acrescentar os ovos um a um, a farinha, os iogurtes e a raspa de limão. Deve ficar uma mistura homogénea. Eu utilizei a batedeira eléctrica.
Transferir a mistura para a tarteira e levar ao forno, à temperatura de 180ºC, por mais ou menos 45 minutos. Testar com um palito, que sairá húmido mas limpo, quando o doce estiver cozido. Deixe amornar e extraia o aro. Se verificar que ficou uma casca de cor um pouco escura por cima do recheio, retire-a com o auxílio de uma faca.

Cobertura
Leve os ingredientes ao lume num tacho até adquirir a consistência de compota. Se utilizar a folha de gelatina, deixe-a de molho em água fria e acrescente-a somente no final, após retirar a mistura do lume, mexendo bem para que se dissolva. Deixe arrefecer e aplique em cima do doce também frio.

Coloque a sobremesa no frigorífico e consuma-a bem fresca e decorada com os mirtilos que reservou.

sábado, 23 de abril de 2011

Tradição de Páscoa - Regueifa doce

Há 8 anos, por esta altura, tentei fazer pela primeira vez regueifa doce, que é um dos doces tradicionais de Páscoa, aqui desta região. Fiz duas, uma para a minha sogra e outra para a minha mãe, ficaram duras como uma pedra, na altura tinha pouca experiência, e a massa levedou pouco... A minha sogra, sempre gentil, disse: Está um pouco dura, mas saborosa. Foi também nesta altura, que eu revelei à família que estava grávida da minha filha, então a minha mãe disse: É por isso que a massa não levedou! Mulher grávida não pode amassar pão, pois a massa não leveda. Como vêem, há desculpas para tudo, ate para as asneiras na cozinha. 
Este ano resolvi tentar novamente a experiência, e fiz esta receita da Bela, do blogue Pratos da Bela, que além de ter um blogue delicioso é minha vizinha também aqui no Concelho de Santa Maria da Feira. Com esta receita tão boa, a massa levedou e as regueifas(fiz duas), ficaram super fofinhas e deliciosas. Usei a máquina de fazer pão e segui a receita à risca. Para acelerar a levedação das regueifas já formadas, liguei o forno a 50ºC, deixei-o aquecer e desliguei-o, esperando arrefecer um pouco e depois coloquei os tabuleiros com as regueifas para levedarem. Cresceram  que foi uma beleza. Depois foi só cozer, uma de cada vez, enquanto a outra esperava embrulhada numa toalha, em cima do fogão. O aroma era incrível, e uma fatia quentinha com manteiga, nem vos digo. As fotos não são as melhores, mas garanto-vos que estava uma delícia...

Obrigada, Bela, pela maravilhosa receita.