38 Special - Strenght In Numbers [1986]

Este post contém um membro da linhagem real do southern rock, um Van Zant.

Quem acompanha o blog a mais tempo, sabe o quão são apaixonado tanto por Southern quanto por AOR (aliás gosto de quase tudo que é rock, mas tenho carinho especial por ambos). Mas que tal os dois misturados de maneira perfeita, em uma dose que é capaz de viciar até o mais true nórdico filho do deus metal? É isso que o 38 Special faz de maneira perfeita, em um som cativante desde sua primeira audição.

Anteriormente postei o ótimo "Tour de Force" aqui, que é um disco obrigatório para quem gosta de Southern, ainda que seja mais pop, porém assim tão bom quanto tudo o que gênero proporcionou. No seu sucessor, a mesma receita foi seguida à risca, ou seja, encontraremos uma base southern com boas doses de AOR, com singles com um baita potêncial radiofônico, e que lhe farão sentir aquela nostalgia com seu clima à lá sessão da tarde. Mas aqui o AOR dá muito mais as caras e é um disco muito mais comercial que seus antecessores, o que não significa que seja ruim.

Ao contrário, em "Strenght In Numbers" encontraremos melodias mágicas e grudentas e grandes canções. Don Barnes continua a apresentar linhas vocais de extremo bom gosto e riffs redondinhos por aqui, e com Donnie desfilando seus belos backing vocals por aqui e assim apresentam belas camadas vocais por aqui. A banda cria melodias incríveis, com ajuda de monstros do AOR, como Denny Carmassi, Mike Porcaro, Jim Vallence e Bill Cuomo. Ainda que não tenha vendido tanto quanto seus antecessores (alcançou o disco de ouro, contra os de platina dos dois anteriores) e não ter gerado nenhum primeiro lugar nas paradas da Billboard, é um disco muito bem realizado.

A metade inicial deste é de fazer qualquer um que goste de AOR deixar rolar uma lágrima de alegria. "Someone Like You" é a que tem a maior dose de influência do southern e se aproxima mais do trabalho feito nos outros discos, ou seja, aquele southern pop rock que quem conhece deve gostar muito. "Like No Other Night" começa bem calma e a cada segundo fica mais envolvente até empolgar de uma maneira indescritível em seu final. "Last Time" continua com o pé fincado no AOR em uma canção com um andamento mais simples, porém com um refrão marcante.



"Once In A Lifetime" é tão grudenta quanto as anteriores e um dos grandes momentos desse registro. Mas eles dão uma escorregada em "Just a Little Love" que tem cara de filler desde sua primeira execução, porém se redimem de maneira quase que messiânica na linda balada "Has There Ever Been a Good Goodbye", que é disparada a melhor deste disco e consegue arrancar um sorriso de orelha a orelha deste que vos escreve, já que novamente eles dão uma escorregada na insosa "One In A Million". "Hearts on Fire" não nega suas raízes oitentistas, assim como "Never Give A Inch" que encerra o disco.

Não é o melhor registro da carreira do grupo (título que dou a seus dois antecessores), mas vale a pena principalmente por sua primeira metade, que é muito bem caprichada e consegue agradar sem fazer muito esforço. Nem precisava de mais para honrar a tradição que a família Van Zant possui de nos brindar belas canções, seja qual for o seu representante. Mas que inveja e vontade de possuir o gene abençoado que esses irmãos tiveram...




1.Somebody Like You
2.Like No Other Night
3.Last Time
4.Once in a Lifetime
5.Just a Little Love
6.Has There Ever Been a Good Goodbye
7.One in a Million
8.Heart's on Fire
9.Against the Night
10.Never Give an Inch

Don Barnes - Vocais, Guitarras
Donnie Van Zant - Vocais
Jeff Carlisi - Guitarras
Larry Junstrom - Baixo
Steve Brookins - Bateria
Jack Grondin - Bateria

Músicos Convidados:
Denny Carmassi - Bateria
Michael Cichowicz - Trompete
Bill Cuomo - Teclados
Tom Kelly - Backing Vocals
Nick Lane - Trombone
Jerry Peterson - Saxofone
Mike Porcaro - Baixo
Earl Lon Price - Saxofone
Jim Vallance - Bateria

By Weschap Coverdale

38 Special - Tour de Force [1983]

Após uma semana estressante de trabalho, devido ao final de ano, cá estou eu, de volta ao meu recinto virtual predileto. E durante esses dias corridos, me identifiquei rapidamente com uma banda, que eu tinha alguns discos, mas que estava no hall de grupos que eu nunca tinha dado a devida atenção. Mas as guitarras contagiantes, melodias incríveis e o clima tipicamente "sessão da tarde", acabaram por me cativar e fazer me amarrar no som dos caras. E duvido aqui alguém que teve sua infância nos anos 80 também não sentir aquela nostalgia ao ouvir o som do 38 Special.

Formado em 1975, em Jacksonville, pelos vizinhos e amigos Don Barnes e Donnie Van Zant (o sangue dessa família tem algo mágico, não é possível! rsrs), iniciam sua carreira com dois discos enfiados no southern, como era de se esperar. Mas eis que os anos 80 chegam, e a banda decide mudar seu direcionamento musical, ao abraçar o rock de arena, tão em voga na época. E que mudança certeira! Com um som que pode ser rotulado como Southern AOR ou Southern Pop Rock, conforme definição do camarada Silver, eis que lançam discos memoráveis e acabam por se tornar uma das grandes bandas americanas da época.

E o seu estrondo aconteceu primeiro com "Hold On Loosely", mas o ápice se deu em 1982 com seu disco "Special Forces" e o ultra-sucesso "Caught Up In You", que consolidou de vez a fama da banda. esse ótimo momento, em 1983 eles soltam o excelente “Tour de Force", ainda que inferior ao seu antecessor, é um daqueles discos que conseguem alegrar até o mais ranzinza ser humano, e o fazer se sentir caminhando em uma estrada colorida feliz pelo amor existir em sua vida.

E esse sentimento já começa com a sensacional e linda "If I'd Been the One", uma semi-balada que já conquista logo de cara, com sua roupagem AOR apaixonante, sem falar nos belos trabalhos de guitarra do grupo e vocais inspiradíssimos da dupla Barnes/Van Zant, em uma aula de melodia, em que a simplicidade pode ser considerada uma virtude. "Back Where You Belong" lhe fará lembrar de quando você ficava em frente à TV comendo pipoca vendo "uma galerinha do barulho se metendo em altas confusões". E se você acha que somente a música bastaria para isso, o clipe terá um efeito ainda maior, com um roteiro perfeito para estes momentos. Uma música perfeita e matadora de seu início ao fim.



"One Time For Old Times" é uma balada que acalma mais o andamento inicial do disco, mas com melodia perfeita. "See Me In Your Eyes" volta aquele climão inicial arrebatador, com refrães perfeitos e solinhos de guitarra sem muita pretensão, mas perfeitos para dar um toque a mais a canção. "Twentieth Century Fox" é a canção que mais evoca o southern, com suas guitarras cortantes que chamam para aquele gole generoso de "suco de cevadis". "Long Distance Affair" é daqueles rocks de arena feitos para terem seu refrão cantado em uníssono, abrindo o pulmão com gosto, sem falar na sua letra sensacional.

"I Oughta Let Go" é das típicas canções que começam como quem não quer nada, e quando você se dá conta, está batendo seu pé no ritmo da melodia. Quando você pensa que já poderia terminar por aqui, vem "One of the Lonely Ones" e lhe faz ter a certeza que esse é um baita de um discão, pois temos aqui mais uma canção memorável e que cativa logo de cara, assim como a dobradinha inicial. "Undercover Lover" encerra esse registro de maneira mais cadenciada, com um hard energético e sem frescura.

Um registro perfeito para um final de semana de descanso. Recomendado para os saudosistas, pois com certeza o som apresentado lhe trará excelentes memórias. E um viva para os anos 80!

1.If I'd Been the One
2.Back Where You Belong
3.One Time for Old Times
4.See Me in Your Eyes
5.Twentieth Century Fox
6.Long Distance Affair
7.I Oughta Let Go
8.One of the Lonely Ones
9.Undercover Lover

Don Barnes - Vocais, Guitarras
Donnie Van Zant - Vocais
Jeff Carlisi - Guitarras
Larry Junstrom - Baixo
Steve Brookins - Bateria
Jack Grondin - Bateria



By Weschap Coverdale