Após o fim das atividades do Battlezone, Paul Di’Anno entrou em contato com o amigo de longa data Cliff Evans e decidiu lançar outro projeto. Com o sugestivo nome de Killers – ninguém imagina porque, certo? –, o novo grupo realizou alguns shows, executando basicamente material do Iron Maiden e outros covers. Mesmo sem nada autoral escrito, conseguiram despertar a atenção de executivos da gravadora BMG, que ofereceram um contrato de 250 mil dólares. Bastaram duas semanas de trabalho árduo para que oito novas composições surgissem. Adicionaram dois covers e o primeiro álbum da nova empreitada estava pronto. E que disco!
Muder One trata-se, simplesmente, do que de melhor foi feito por Di’Anno após sua glória ao lado de Steve Harris e todo o time da Donzela de Ferro. Heavy Metal tradicional e agressivo, um verdadeiro convite a bater cabeça para qualquer fã. A agressividade do vocal de Paul chegava a arrepiar, em uma performance que o próprio não conseguiria repetir nos anos seguintes – especialmente hoje, quando continua entertendo fãs em botecos mundo afora (com ênfase à América do Sul) muito mais por seu passado glorioso que por qualquer outra coisa. Some-se a isso uma banda totalmente envolta no espírito da coisa e temos um play absolutamente memorável.
Cacetadas certeiras como “Impaler” (abertura absolutamente alucinante) e “Marshall Lokjaw” são um verdadeiro convite para o espancamento coletivo. “The Beast Arises” é oitentista até a medula, com uma levada que chega a lembrar Accept da fase clássica. A longa “S&M”. junto com a trabalhada “Protector” também merecem destaque, assim como a cadenciada “Awakening” e sua intro que remete o ouvinte a outros sons tipicamente britãnicos. Ainda há espaço para o ótimo cover de “Children of the Revolution”, do T-Rex e uma auto-homenagem com a regravação de “Remember Tomorrow”, para mostrar que o passado sempre acompanharia o vocalista e ele não via problema algum nessa verdade.
Após o lançamento de Murder One, Paul envolveria-se em várias confusões, envolvendo uso de drogas e porte de armas ilegal, que lhe renderiam quatro meses atrás das grades em Los Angeles – finalmente a frase ‘Spend the night in na L.A. jail...’ de “Running Free” passou a fazer sentido. Isso acabou atrapalhando toda a divulgação do trabalho e o futuro do Killers, que após a libertação do cantor da cadeia, se estabeleceu definitivamente na Inglaterra, até mesmo pelos problemas legais que se sucederam. Ainda seria lançado um segundo álbum, com músicas escritas por Di’Anno em seus tempos de cadeia. Menace to Society contava com uma abordagem mais adequada ao Heavy contemporâneo se comparada a seu antecessor. O resultado acabou sendo longe da aprovação geral.
Ficou para todos a impressão de que Paul Di’Anno é um expert em sabotar o próprio sucesso, tantas vezes que já fez isso durante sua história no show business. De qualquer modo, esse é um disco que merece toda a atenção. Não apenas dos Maidenmaníacos mais fanáticos, como de todo e qualquer fã de um Heavy potente e sem enrolações, com uma grande voz comandando o massacre. E nos faz lamentar que Paul não tenha investido mais no trabalho autoral essa época, pois poderia ter se livrado mesmo que apenas um pouco do grande fantasma que guia sua vida artística. Para empunhar a air-guitar e bater cabeça com vontade!
Paul Di'anno (vocals)
Cliff Evans (guitars)
Nick Burr (guitars)
Gavin Cooper (bass)
Steve Hopgood (drums)
01. Impaler
02. The Beast Arises
03. Children of The Revolution
04. S&M
05. Takin' No Prisoners
06. Marshall Lokjaw
07. Protector
08. Dream Keeper
09. Awakening
10. Remember Tomorrow
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