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Wednesday, June 17, 2015

«Sob as velhas árvores românticas»: Do significado de Sintra para Ferreira de Castro (2)

«Aqui está, neste glorioso cume, contente e bem poisado, o espírito de “águia” que sempre andou abraçado e continua vivo na obra magnífica de José Maria Ferreira de Castro.» Jorge Segurado (1)

 «[…] onde quer que eu esteja, tenho um pensamento glorioso para esse homem, severo e compassivo, que a Serra de Sintra guarda. […]»  Agustina Bessa Luís (2)

Da obra literária de Ferreira de Castro sobressaem algumas marcas importantes, reconhecíveis como traços distintivos pelos leitores avisados: Em primeiro lugar, o entendimento que Ferreira de Castro tinha da arte e, em especial, da literatura era o de que ela seria tanto melhor servida quanto mais reflectisse um desígnio humanista; isto é: arte dos homens e para os homens, pondo em equação os factores que directa e indirectamente condicionassem a dignidade do indivíduo. Daí que a caracterizemos, e bem, como uma literatura realista de intenções sociais, que, a partir de Emigrantes (1928), trouxe para o romance português a novidade do ponto de vista «das personagens que não têm lugar no mundo» (in Ferreira de Castro, «Pórtico» de Emigrantes [1928], Lisboa, Guimarães Editores, 1988: 14), consubstanciado, aliás, no próprio título, que remete para um colectivo humano indiferenciado, anunciando um conjunto de seres humanos previsivelmente desfavorecidos e à mercê da conjuntura histórica, política e social. Ontem como hoje. 

 (1) In Museu Ferreira de Castro – MFC/C-5 Jorge Segurado, «O último acto de Ferreira de Castro», Diário de Notícias, Lisboa, 1 de Julho de 1975. 
(2) In Agustina Bessa Luís, «Ferreira de Castro», Vária Escrita #3, Sintra, Câmara Municipal, 1996: 129; republicado em Contemplação Carinhosa da Angústia, Lisboa, Guimarães Editores, 2000: 143-151.

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Monday, September 20, 2010

Ferreira de Castro na "Cidade de Lilipute" (3)

Não se pense que Ferreira de Castro é um escritor de populismos fáceis. A inclinação pelos desprotegidos que se verifica nos seus livros resultou não apenas da sua vivência juvenil, como dum arreigado inconformismo ante a ordem natural das coisas, respeitasse ela à organização social injusta -- que sempre contestou -- ou à condição inevitável de finitude de cada um e todos os homens. Os seus romances reflectem, por isso, as angústias e as contradições do ser humano, independentemente da classe social a que pertençam. Castro foi também um ecologista avant la lettre. O enlevo em face do meio ambiente, em particular do mundo vegetal, não ficou atrás do interesse com que se debruçou sobre a condição humana. Significativa é a localização do seu túmulo, em plena Serra de Sintra (Património Mundial desde 1995): a seu pedido, o escritor repousa "perto dos homens, meus irmãos, e mais próximo da Lua e das estrelas, minhas amigas, tendo em frente a terra verde e o mar a perder de vista -- o mar e a terra que tanto amei." (3)

(3) Incluído por Adelino Vieira Neves (org.), In Memoriam de Ferreira de Castro, Cascais, Arquivo Biobibliográfico dos Escritores e Homens de Letras de Portugal, 1976, p. 211.

In Ferreira de Castro, Macau e a China, Taipa, Câmara Municipal das Ilhas, 1998.

Saturday, August 01, 2009

Três escritores em tempo de catástrofe: Castro, Zweig e Eliade (2)

Ferreira de Castro no Estoril: um intervalo na obra do escritor

Os pontos cardeiais da geografia de Ferreira de Castro (1898-1974) são a aldeia de Salgueiros (freguesia de Ossela, concelho de Oliveira de Azeméis), onde nasceu; o Brasil amazónico, que formou a sua personalidade; Paris, por razões culturais e políticas; e Sintra, onde jaz, num sopé da serra, e lhe é consagrado um museu monográfico.
Boca do Inferno, n.º 3, Cascais, Cãmara Municipal, 1998, p.92.
(continua)
Postado também n' A Caverna de Éolo.