Showing posts with label Picasso. Show all posts
Showing posts with label Picasso. Show all posts

Monday, March 03, 2008

Ferreira de Castro e o seu tempo - O ano de 1903 (#1)

Castro - Nasce a sua irmã Matilde da Soledade (1/I).


Texto - Raul Brandão, A Farsa; João Grave, Os Famintos; Costa Lobo, História da Sociedade em Portugal no Século XV. Castro sobre Raul Brandão - [...] Raul Brandão não é um Génio: -- é a concentração diluída dos génios do século XIX: -- efeito originalíssimo dos pensadores alemães. Mas... Efeito soberano: -- onde sua personalidade íntegra impera [...] «Raul Brandão», Mas..., Lisboa, ed. do Autor, 1921, p. 33 Castro sobre João Grave - Pela sua leveza, João Grave faz crónicas mesmo quando faz ensaios; pela sua agudeza crítica, faz ensaio mesmo quando traça uma crónica. «Livros e Autores», ABC, n.º 263, Lisboa, 30/VII/1925.



Confronto - Jack London, O Apelo da Selva e Povo do Abismo; Thomas Mann, Tonio Kroger. Castro e os escritores repórteres (Londres, Béraud, London) - É muito maior o número dos que escrevem livros de valia do que o daqueles que fazem, no jornalismo, grandes reportagens. / Os Albert Londres, os Henri Béraud, os Jack London, têm poucos camaradas... «As nossas grandes reportagens», O Século, Lisboa, 24/I/1930, pp. 7/27.






Contexto - Assassínio dos reis da Sérvia, Alexandre I e Draga.




Pintura de 1903 - Picasso, O Velho Guitarrista.
Instituto de Arte de Chicago


Castro sobre Picasso - [...] toda a verdadeira arte deve ser inquieta, deve ser pesquisadora, sempre insatisfeita, sempre ansiosa de ir mais além; e que Picasso foi, nesse sentido e até noutros, o pincel mais rebelde e mais original do nosso tempo. Por isso o admiro muito. Picturalmente, o século XX é ele. Da resposta ao inquérito do Diário Popular, «O que pensa de Picasso?», Lisboa, 8 de Novembro de 1966, p. 11.



Música de 1903 - Debussy, Estampas.









Escritores de 1903 - Roberto Nobre (São Brás de Alportel; m. Lisboa, 1969); George Orwell (29/XII; m. 1950); morre o Conde de Ficalho (n. Serpa, 1937). Castro sobre Roberto Nobre - Eu teria vinte e quatro anos, ele findaria os dezanove quando chegou a Lisboa, alto, muito magro, um chapéu de abas largas a encimar os grandes óculos que quase lhe anulavam o rosto; e no espírito o veemente desejo de se revelar como artista. «Vida, sonho e drama de Roberto Nobre», in Ferreira de Castro / Roberto Nobre, Correspondência (1922-1969), Lisboa, Editorial Notícias e Câmara Municipal de Sintra, 1994, p. 237.




Prémio Nobel de 1903 - Bjornstjerne Bjornson



Ecos de 1903 - Teixeira de Queirós a João de Barros (Lisboa, 9/III): As ideias religiosas, os símbolos têm para nós a grandeza de criações do espírito humano e devem ser respeitados como tais. Certamente que não foram inventados para enganar mulheres dementes nem homens sem critério, ainda que as igrejas de todas as religiões se tenham servido deles com esse fim. A lenda da Virgem Maria é encantadora como símbolo poético e é-o para mim principalmente pela sua virgindade, pela sua castidade, que lhe dá um ar elevado e puro, livre das contigências e das materialidades.» Cartas a João de Barros, edição de Manuela de Azevedo, Lisboa, Livros do Brasil, s.d., p. 21.

Sunday, July 16, 2006

Outras palavras #1 - A arte moderna ante a sociedade actual (3)

[...]
E digo um pouco de Beleza Nova, porque não creio que que a Beleza da Arte Moderna seja definitiva. Mas nem por isso a devemos considerar menos. Ela é a legenda do pórtico que dá para os maravilhosos jardins da Nova Renascença.
Os artistas modernos, são, é certo, elementos de intervalo -- desse intervalo que vai desde o crepúsculo de uma Arte até à alvorada duma outra.
Mas são eles também que preparam o ambiente para aqueles que hão-de vir gravar as novas lápides eternas.
Na inquietude que nos rodeia, na vibração que nos envolve, pressentem-se já os passos, ainda subtis, daquele que há-de demarcar para sempre os novos caminhos a trilhar. Daquele que há-de escrever a epopeia do espírito moderno. E será uma epopeia universal. Porque de universalismo está feita a Arte Moderna. Os escritores mais representativos da vanguar são escritores internacionalistas. Esse desdém que eles mostram pela chamada pureza do idioma, pela pontuação convencional e até pelas regras gramaticais, significa indiferença pela língua nativa, atitude que um clássico não teria, pois ela muito concorre para a desnacionalização dos motivos artísticos.
Procurai uma página de bom francês em Paul Morand, em Max Jacob, em Cocteau... Não a encontrareis.
Procurai uma pontuação regular em Apollinaire, em Reverdy, em Tzara... Não a encontrareis também.
-- Se para se escrever alguma coisa de novo for necessário escrever mal o nosso idioma, não se deve hesitar.
Este lema, adoptado por todos os escritores da vanguarda artística, leva-os à detruição desse convencional respeito que até hoje se tributava a essa coisa não menos convencional, que é um idioma. É dizer: leva-os a despedaçar uma das mais fortes couraças do nacionalismo.
E um espírito verdadeiramente moderno só pode ser um espírito verdadeiramente internacionalista. Um espírito ou uma obra artística.
(continua)
A Batalha -- Suplemento Semanal Ilustrado, nº 118, Lisboa, 1 de Março de 1926
desenho: Apollinaire por Picasso