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terça-feira, 20 de outubro de 2015

Ginjinha de Ginjinhas do Rei

             O lódão bastardo está espalhado por quase todos os jardins e espaços públicos citadinos e, quando chega o Outono, começa a perder a folha para passar o Inverno e deixa ver os seus numerosos frutos esféricos que foram verdes, agora são castanhos
e vão atapetando o chão ao sabor de chuvas e ventanias. Chamam-se “ginjinhas do rei” e, antigamente, não havia miúdo que não as conhecesse e roesse a sua casca castanha com uma doçura de fruto seco, algo entre o tamarindo e a alfarroba!
Com as ginjinhas do rei pode fazer-se, além de roê-las, um delicioso licor que ombreia com os licores de castanha ou de alfarroba, na minha opinião de fã de ginjinhas do rei, é até bem melhor!
De feitura muito simples, é agora o tempo de fazer esta “ginjinha” tão especial: a ginjinha de ginjinha do rei!

Ingredientes:

Ginjinhas do rei
Álcool alimentar (ou vodka)
Água
Açúcar

Preparação:

Colha ginjinhas do rei, lave-as para retirar poeiras citadinas que possam ter aderentes à casca
e seque-as. Coloque-as num frasco e cubra-as com álcool alimentar a 50ºv.
Este álcool faz-se misturando 50ml de água a 50ml de álcool a 99ºv., ou 40ml de água por cada 50ml de álcool a 90ºv. Note bem que o álcool alimentar NÃO É o álcool sanitário que se vende para efeitos de desinfecção da pele, ferimentos, combustível, etc. e que é desnaturado com uma substância que, além de ter um sabor horrível é tóxica. O álcool alimentar só se vende em farmácias e é estupidamente caro. Na sua falta, use vodka ou aguardente de cana com a maior graduação que encontrar, que será entre 37 e 40ºv.
Tape o recipiente e deixe a macerar por um mês, agitando de vez em quando.
Ao fim de um mês o álcool tomou uma bela cor de âmbar e está pronto para seguir com o licor.
Filtre de modo a obter um líquido límpido
e adicione um xarope de açúcar a 105ºC, ou ponto de cabelo*, depois de frio, o mesmo volume que o álcool apurado
se estiver a usar álcool a 50ºv. ou 80% do volume de álcool se estiver a usar vodka.

Nota: * O ponto de cabelo, ou ponto de 105ºC obtém-se levando ao lume 250g de açúcar em 1,2dl de água. Assim que ferver está pronto.


sexta-feira, 28 de junho de 2013

Ginjinha

              Ginjinha é o nome que damos a um licor muito popular e de tradição assente entre nós, sendo que além das tascas lisboetas especializadas na sua venda a cálice (não é bem cálice, é mais um copito, às vezes de chocolate, moda recente…) com ou sem “elas”, algumas terras têm também as suas ginjinhas afamadas, como Óbidos ou Alcobaça. Mas se essas ginjinhas industriais podem ser um bom motivo para passar um bom tempo de brincadeira com amigos, para quem goste a sério do prazer de um licor de ginja, não há mesmo como a ginjinha feita em casa, sem pressas, que nisto de bebidas não há como o tempo para fazer o grande trabalho.
A ginja é um fruto de forma aparentada com a cereja e que cresce num arbusto quase bravio, sendo por isso muito sujeita às disposições da natureza e à voracidade de certos pássaros que as devoram, havendo por vezes anos em que mal aparece à venda e então caríssima, pela raridade. Este ano, no entanto, parece ter sido um ano excepcional para a ginja, que tem aparecido abundante pelos mercados e é por isso uma excelente oportunidade para fazer a sua própria ginjinha. Não se arrependerá.
Faça bem mais do que aquela que pensa consumir; a ginjinha continua a melhorar ano após ano e hoje, guardo, além de muitas que fiz depois, ao longo dos anos, uma ginjinha que a minha mãe fez em 1964, tinha eu nove anos, que está absolutamente deslumbrante. É dela a receita que sempre segui e que hoje aqui deixo. Uma última nota: as ginjas têm uma época curta e definida, pelo que terá, no máximo, mais uma semana se quiser tentar a aventura.

Ingredientes (para 1 litro de ginjinha):

400g de ginjas
250g de açúcar
2 paus de canela (4g)
Álcool a 60º (ou a aguardente mais forte que encontrar) q.b.p. 1 litro

Preparação:

Existem vários tipos de ginja, sendo que uma chamada “de folha”, por ter uma folhinha agarrada ao pé é das que faz o licor mais escuro. No entanto todas as outras são idênticas quanto ao sabor final, embora o licor fique mais claro.
Corte o pé junto ao fruto,
rejeitando aqueles que estejam já separados do pé ou com qualquer mazela, pese as ginjas e introduza-as numa garrafa de litro (usei dessas que se compram com polpa de tomate).
Com o auxílio de um funil largo e bem seco, faça então escorrer para a garrafa o açúcar e os paus de canela e, por fim, o álcool.
Em relação ao álcool levantam-se normalmente algumas questões: se bem que as ginjinhas feitas com aguardentes bagaceiras fiquem excelentes de sabor, o certo é que a sua conservação e envelhecimento ficam algo comprometidos pois é quase impossível encontrar uma aguardente com mais de 40º, sendo até ilegal (embora eu pense que existe uma aguardente de cana na Madeira, a “Branquinha”, que tem, ou teve, uma apresentação a 60º, usada na poncha). O ideal seria até usar aguardente de vinho, não de bagaço, mas isso é mesmo inacessível pelo que é melhor esquecer. Eu uso o álcool (de qualidade alimentar) que se vende na farmácia em frascos de 250ml muito parecidos com os de álcool sanitário, excepto no preço, que é vergonhosamente alto, mas é o que temos. Este álcool é a 96º e pode baixá-lo para os 60º, juntando-lhe 45% do seu volume, em água. Um frasco dá para um litro de ginja.
Ao pôr o álcool, o açúcar é arrastado para o fundo e fica com este aspecto.
Deverá ir virando a garrafa durante dois ou três dias, sendo que à medida que o açúcar se vai dissolvendo e, portanto, a densidade do líquido vai aumentando, parte das ginjas começam a migrar para a parte alta da garrafa.
Continue a virar a garrafa quando passar por ela até que, cerca de três dias depois, todo o açúcar está dissolvido e todas as ginjas estão agora junto ao gargalo.
O seu trabalho terminou, dê agora lugar ao trabalho do tempo.
Guarde as garrafas num local escuro e sossegado e deixe até Junho do próximo ano. Durante este ano, o álcool e o açúcar irão fazendo o seu trabalho e as ginjas voltarâo por fim, de novo, ao fundo da garrafa. Estará na altura de fazer a sua ginjinha de 2014 e abrir a que agora fez.
Prometo mostrar-vos o resultado desta, daqui a um ano.