“Powidl” é uma
compota natural de ameixa, austríaca, que transporta em si todo o peso de uma
ancestralidade cuja dimensão já se perdeu.
Não é difícil, no entanto, pela simples análise da receita,
perceber que nos chega dos tempos em que não havia açúcar ou que este era tão
caro e raro que se usavam os açúcares dos próprios frutos para a sua
conservação. É esta característica que lhe transmite o sabor poderoso e único,
já que se pode confeccionar o Powidl
usando como único ingrediente, ameixas!
Hoje, a culinária da moda chamar-lhe-ia uma redução prolongada
de ameixas, mas como aqui não se trata das culinárias da moda, vamos chamar ao Powidl aquilo que ele é: uma compota,
que além das utilizações específicas na culinária austríaca, constitui um
delicioso creme de fruta para se barrar, para rechear bolos, pastéis com um
sabor que nenhuma compota ou marmelada feita com açúcar lhe poderá dar.
O toque é ácido e pungente, para paladares mais domesticados
pelas amenidades do açúcar, pode até parecer algo espartano, mas ao provar “powidl” terá a certeza que nunca provou
nada assim.
Ingredientes:
Ameixas vermelhas, de interior também vermelho
Casca de limão (vidrado)
Ameixas secas
Pau de canela
Rum
Preparação:
Adquira ameixas bem maduras, sendo que deverá contar com uma
redução de volume de 80% do volume inicial, isto é, se usar 2,5kg de ameixas
descaroçadas, obterá cerca de 0,5kg de Powidl.
Lave e retire o caroço às ameixas. Leve ao lume com o vidrado
do limão, pedaços de ameixas secas e a canela,
mexendo sempre, até ferver. Reduza o lume para o mínimo e
deixe ferver, destapado, durante 4 a 6 horas, mexendo ocasionalmente até obter
uma consistência grossa, muito pegajosa e quase negra.
Retire o vidrado de
limão e a canela e guarde o Powidl
ainda a ferver em frascos esterilizados e quentes. Não necessita refrigeração
até abrir os frascos.
Notas:
A tentação de “ajudar” com a adição de açúcares, mesmo de
frutas, é grande e tornou hoje quase impossível encontrar, mesmo na Áustria, um
frasco de Powidl que respeite
realmente a regra antiga, desta e de tantas compotas que é a da concentração
dos açúcares do próprio fruto sem adição de açúcar externo ou de gelificantes
para apressar e rentabilizar. Claro que o sabor forte e até pungente que
resulta não só da concentração da polpa e do açúcar natural mas também dos
sabores e ácidos do fruto, perde-se nestes de compra e só os poderá encontrar,
fazendo.