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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Projeto L - Jantar EtiL2

................... Foi na passada Terça-Feira que se consumou mais um jantar transcontinental da série L, que juntou as mesas lisboeta e paulistana do Outras Comidas e do D.C.P.V e levou o cognome de Etil2.
Como vos disse em post anterior, foi um conjunto de receitas cujo fio condutor andou da cachaça para o vinho em homenagem ao acrónimo identificador do outro comensal.
Publicadas as receitas orientadoras do repasto, irei aqui mostrar, em pormenor, como foi o jantar, que começou com uma variação sobre um dos petiscos mais portugueses, o chouriço assado.
Mandava a receita que fossem as rodelas de legítimo chouriço caseiro alentejano (lá chamam-lhe linguíça)
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assadas em brasileira cachaça ardente (o que se conseguiu duplicando-lhe a graduação)
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e acompanhadas de sabores bem mediterrânicos da polenta frita e dos crocantes aros de cebola, uma a atestar um sabor de antanho e os outros a impôr uma afirmação de modernidade.
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Ainda mal extinto o sabor da entrada, cumprida a sua função estimulante do apetite para o que se avizinhava, chegaram as que deveriam ter sido garnizés, as pequenas e saborosas aves que entre nós se chamam também "cocós", "chichiritas", "piriquitas" etc., mas que foram afinal substituídas por primas de igual envergadura, frangaínhas de quatro semanas de idade e 375g em vida, do tamanho de uma perdiz e de uma delicadeza de carnes e de sabor que nos faz, inevitavelmente, interrogar sobre o motivo porque são tão raras num país onde se cria e come tanto frango?
Corados em ghee e lume forte,
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foi-lhes enfim cedida a companhia dos temperos, das chalotas e dos vinhos do Porto e aí estufaram,
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Tendo sido depois recheados com uvas brancas e tintas antes de irem acabar no forno
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prontas para serem acompanhadas por espinafres Nova Zelândia, só muito levemente salteados em azeite e alho
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e por castanhas que a receita mandava assadas com os frangaínhos mas que decidi contrariar (a minha própria receita é tão desrespeitável como qualquer outra!) e transformei num puré
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temperado e enriquecido com natas, manteiga e anis em grão que ficou maravilhoso e se revelou perfeito de harmonia
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com as pequenas aves
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e o molho dos vinhos do Porto devidamente reduzidos.
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Dois alcoólatras encontraram-se e com a sua união, ao menos, não se estragaram duas casas. Era o que se podia dizer deste pudim de Porto tawny, de que vos falei aqui, e que, em relação à receita levou mais 20% de Porto que o inicialmente previsto, o conhecido copito que o bêbado em retirada ainda bebe "para o caminho", acompanhado de umas peras igualmente a cair de bêbedas por terem estado longamente imersas até que o vinho as penetrasse até ao caroço! A acompanhar o casal a casa, esse antiquíssimo bolo beirão que dá pelo nome de Borrachão.
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Desta união nasceu a sobremesa-homenagem ao DCPV que encerrou mais este episódio da saga Projeto L que, como não poderia deixar de ser foi acompanhada por um vinho à sua altura, na ocasião o Vale da Judia, tinto de 2007 que, feito com uvas Castelão na Adega de Pegões pela mão do enólogo Jaime Quendera é um belíssimo exemplo da pujança que estão a mostrar a cada dia os vinhos da península de Setúbal.