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08 abril 2020

"zelador"

#Zelador: uma palavrinha tão boa, e eu sem internet praticamente o dia todo! Já me davam a medalhinha de Tântalo-Gold...

Queria falar das portuguesas nos prédios parisienses, esteio da casa, e dos zeladores de bloco na Alemanha nazi, pequeno esteio do regime de terror. E, dentro destes últimos, contar uma história de Berlim: a mulher de um Blockwart, que tomou conta de uma pequenita filha de judeus e a escondeu na cave até chegarem os russos. Do fundo da escuridão, a pequena nuance de humanidade.

Mas, em tempo de reclusão forçada, o desenvolvimento mais óbvio é este fenómeno de nos tornarmos todos zelador e acusador dos outros.
Eu própria, esta manhã, fiz comentários poucos simpáticos sobre os trabalhadores do estaleiro militar em frente à minha janela: remendar um barco de guerra é uma actividade tão urgente e fundamental que justifique este bando de homens em azáfama, demasiado próximos uns dos outros e sem máscara? Então o Estado francês não cumpre as suas próprias regras?
Também penso muito mal de certos vizinhos meus, que convivem alegremente com os seus amigos na entrada do prédio e no jardim.

Há despeito na minha crítica: eu que me privo de tanto, e eles que fazem o que querem.
E há medo: já tive várias vezes problemas de pulmões, não quero correr o risco de apanhar covid.
Devo ficar calada? Devo criticar abertamente? E que resposta me darão?
“Sou eu acaso o guarda do meu irmão?”, perguntava Caim cinicamente.

Seremos capazes de um esforço de solidariedade e responsabilidade liberto da armadilha do poder sobre o outro?

Estou a falar da covid, mas o que me preocupa é a verdadeira crise do nosso tempo: o aquecimento global. Seremos capazes de escolher um estilo de vida menos depredador, e ter a liberdade interior de conviver em silêncio com o comportamento depredador dos outros?

Mais: como aceitar o comportamento depredador dos outros? Será possível ser zelador do planeta sem ser simultaneamente zelador-acusador dos outros?

07 junho 2012

um relato da Palestina (2)

A propósito do meu post anterior, houve uma troca de comentários no facebook com o Sergio Storch, cuja perspectiva informada, distanciada e pacífica enriquece muito o debate, e desenha uma resposta possível à minha questão da impotência e da falta de esperança. Por esse motivo, decidi copiá-los para aqui, apesar do registo algo informal do texto, típico das conversas no facebook.

Não conhecia o Sergio Storch - foi uma amiga comum que iniciou o debate. Pedi-lhe autorização para publicar aqui os seus comentários. Na sua resposta, apresentou assim o seu trabalho:

"Minha causa é ajudar israelenses E palestinos que atuam juntos para mudar essa situação, e faço isso numa rede que está trazendo para o Brasil - e agora começando com outros países da América Latina - pessoas que fazem depoimentos mostrando a possibilidade da convivência com paz e amizade. Se for possível fazer algo assim também na Alemanha, será muito bom. Sempre começa pequeno, mas cresce."

 

Sergio Storch: O relato é muito preciso e sensível. Mas sim, é possível ter esperança se entendermos que este relato é uma foto, e não um filme. Eu vejo também o vigor das partes sadias de ambas as sociedades. E a esperança se dá ao participar nisso, e trazer para o Brasil um pouquinho da responsabilidade pela construção do futuro. Você verá nas próximas semanas...

Um comentador: Leia, Helena Araújo - a esperança não deve ser perdida...

Sergio Storch: A comparação com o nazismo tem aparecido constantemente, e esse fato (o da comparação ser constante) é por si só um tema a ser muito aprofundado. Há tantos ângulos... Por um lado, é uma comparação equivocada e injusta, e direi por que. Por outro, sempre se pode dizer que é menos injusta do que a opressão que lá ocorre, e é verdade. E por mais um outro lado, ela alimenta a propaganda de defesa incondicional de Israel, que explora um mito, o de que os judeus não têm amigos e que ninguém tem solidariedade com eles. E agora explico por que é injusta, embora saiba que é enxugar gelo (talvez a melhor forma seja um post no blog), pois um minuto depois haverá mais alguém fazendo essa comparação: Primeiro, a escala quantitativa: por que não se faz essa comparação no caso da Síria, em que mais de 10000 já foram assassinados (na Palestina a qtde de vítimas fatais, no pico, que foi em Gaza, foi de 1600). Vítimas de discriminação? a Human Rights Watch traz vários outros países com situações mais graves, que não vêm à tona do pensamento da opinião pública. Por que? por que a Palestina tem mais exposição na opinião pública. O que eu acho muito bom, embora preferisse que todas as opressões tivessem exposição proporcional. Mas se tivessem, a quantidade de informação seria tão enorme que se banalizaria e nos dessensibilizaria. Assim, essa comparação não é justa, mas judeus que defendem direitos humanos (inclusive os que estão lá, que são muitos, o que não ocorria na Alemanha nazista, pois era fatal, o que é mais uma diferença) não vão achar mais importante provar essa injustiça do que combater a opressão. Outra diferença: história. Sim, o que ocorre hoje na opressão aos palestinos pode ser comparado, com a ressalva acima, com os primeiros anos do nazismo, com mais uma ressalva: lá essa opressão tornou-se política oficial de estado, com toda uma legislação consistente nesse sentido. Embora alguma analogia com esses primeiros anos do nazismo seja compreensível, a ideia que passa para a opinião pública - uma ideia absolutamente falseada - é a comparação com os grandes crimes do nazismo contra a humanidade, que se deram após 1941, com o genocídio sistemático e industrial. Não há comparação possível com isso. Mas, como lhe disse antes, explicar essas coisas é como enxugar gelo, pois o cidadão médio não tem o conhecimento histórico e discernimento, nem o tempo, para aceitar uma explicação que o convença do contrário. E eu me coloco na posição que disse acima: importa mais lutar contra essa opressão, por incomparável que seja com outras muito maiores, do que enxugar o gelo. E eu acredito que, em havendo muitos judeus - e israelenses - engajados nessa luta contra a opressão, essas comparações injustas deixarão de existir. Mas conto com os amigos e amigas que, uma vez sensibilizados por essas ponderações, poderão também fazê-las para os seus amigos e amigas, respondendo de forma crítica a comparações semelhantes. Teria muito mais a dizer sobre isso, mas seria excessivo...

Um comentador: A diferença é que, tendo os judeus sido vítimas do nazismo, quando repetem as mesmas táticas a comparação torna-se inevitável.

Sergio Storch : hmm, não é por isso não. E esse assunto dá muito pano pra manga. Não esquecerei de te convidar quando fizermos um debate sobre isso: por que singularizar a opressão de israelenses sobre palestinos, entre tantas outras opressões? Ambos os povos têm traumas históricos recentes: o nosso perdeu 1/3 dos seus no Holocausto; o palestino teve 1/2 do seu povo convertido em refugiados. Não é exatamente assim, mas as dimensões dos traumas são mais ou menos essas. Um jeito é ver um contra o outro. Outro jeito é ver ambos os traumas como resultado do choque frontal entre duas forças colossais: o império britânico em decadência e o Terceiro Reich, que pretendia restaurar a grandeza do Sacro Império Romano que durou séculos. Judeus e palestinos foram o algodão que estava entre os cristais.

Mas a minha explicação para a singularização acima, que sei que não é o seu caso, mas que comumente acompanha um sentimento antissemita, é a seguinte: na racionalidade ocidental, mecanicista e linear, apontar um dedo para um culpado é a solução mais tranquilizadora. É uma forma de dizermos para nós mesmos: como os outros são ruins... E faz parte do imaginário ocidental, cultivado por séculos de pregação católica (a que só foi dado fim oficial nos anos 60, com o Concíilio Vaticano II de João 23) a ideia de que judeus=judas=traição=perfídia=maldade. É o mal que, ao vermos fora de nós, nos faz acreditarmos que somos bons.

Bem, é uma discussão enorme e multifacetada. E mais, ela hoje se manifesta na vida concreta, na relação israelenses-palestinos, e na relação do resto do mundo com a relação israelenses-palestinos. Enquanto discutimos, estamos ainda vivendo esse fenômeno, até que acabe de fato o século 20, que ainda está nas memórias de todos que sofreram essa "era dos extremos", como caracterizou o historiador Eric Hobsbawm.

Sergio Storch: Muuuuuito pano pra manga. E acho que o momento mais alto dessa discussão será quando conseguirmos trazer para cá duas pessoas, em fevereiro de 2013: Nurit Peled-Elhanan e Samira Alayan. Cada uma delas faz a análise crítica dos estereótipos recíprocos que se faz do outro na educação israelense e na educação árabe. Elas, amigas, mostram como na educação das crianças hoje, continua-se cultivando o desprezo e o medo ao outro. Que é um pouco o que acontece no que nossas crianças de classe média aprendem sobre o outro, que é o povão, e o que as crianças do povão aprendem sobre nós. Ou seja, a relação Israel-Palestina tem relação com a relação que temos nós aqui com os que são diferentes de nós, do outro lado da cidade. E vamos lá pra Palas Athena estudar cultura de paz, que nos ensina a enxergar desse jeito.

Sergio Storch: Hmmm, aliás... venha à Palas Athena no dia 14 às 9:00. Teremos um palestrante excepcional, Azril Bacal, ativista altermundista (Um outro mundo é possível), falando de uma das pioneiras da Cultura de Paz.


Sergio Storch: Acho que vc gostará de ler o que diz este filósofo, que é irmão de um dos mais importantes ativistas isralenses (que vem sendo interrogado pela polícia de Israel por liderar a reconstrução de casas de palestinas demolidas em Jerusalém Oriental). https://www.facebook.com/groups/420088668571/permalink/10151162307158572/
FRIENDS OF HUMAN RIGHTS LEADER DR. MEIR MARGALIT

17 abril 2012

Sei que não dá pra mudar o começo. / Mas, se a gente quiser, / vai dar pra mudar o final.




Poema de Elisa Lucinda, lido por Ana Carolina. É a propósito do mensalão. Mais: é a propósito do nosso tempo, da responsabilidade de cada um, de "agarrar por uma ponta" e começar a mudar. Vai dar pra mudar o final.


Só de sacanagem

Meu coração está aos pulos.
Quantas vezes minha esperança
será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar:
malas, cuecas que voam
entupidas de dinheiro,
do meu dinheiro, do nosso dinheiro,
que reservamos duramente para educar
os meninos mais pobres que nós, pra cuidar
gratuitamente da saúde deles
e dos seus pais.
Esse dinheiro viaja
na bagagem da impunidade
e eu não posso mais.
Quantas vezes meu amigo, meu rapaz,
minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança
vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis
existem pra aperfeiçoar o aprendiz.
Mas não é certo que a mentira
dos maus brasileiros
venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração está no escuro,
a luz é simples,
regada ao conselho simples
de meu pai, minha mãe, minha avó
e os justos que os precederam:
”Não roubarás,
devolva o lápis do coleguinha,
esse apontador não é seu, minha filha”.
Ao invés disso,
tanta coisa nojenta e torpe
tenho tido que escutar.
Até habbeas corpus preventivo
Coisa da qual nunca tinha ouvido falar
E sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste
Esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.
Pois bem, se mexeram comigo,
com a velha e fiel fé do meu povo sofrido,
então agora eu vou sacanear:
mais honesta ainda eu vou ficar.
Só de sacanagem.
Dirão: deixa de ser boba. Desde Cabral
que aqui todo mundo rouba.
Eu vou dizer: não importa.
Será esse o meu carnaval.
Vou confiar mais e outra vez.
Eu, meu irmão, meu filho
e meus amigos vamos pagar limpo
a quem a gente deve
e receber limpo do nosso freguês.
Com o tempo a gente consegue
ser livre, ético e o escambau.
Dirão: é inútil, todo mundo aqui é corrupto,
desde o primeiro homem
que veio de Portugal.
E eu direi: não admito.
Minha esperança é imortal.
E eu repito: ouviram? Imortal.
Sei que não dá pra mudar o começo.
Mas, se a gente quiser,
vai dar pra mudar o final.

13 julho 2009

Catherine

Adoptou nove crianças.
A primeira, porque queria ter uma família completa.
As outras oito, porque lhes queria dar uma família completa.

A primeira era filha de uma adolescente, uma "Juno" que escolheu os pais para o seu bebé, e gostou deste casal - impressionou-a que o marido tenha perguntado se ela tinha sido feliz durante a gravidez.
Em contrapartida, as mães dos outros filhos não tiveram uma gravidez feliz: alcoolismo, drogas, violência, doenças graves. Apesar do muito amor, da casa grande junto à praia, do ambiente social, todas essas crianças carregavam consigo as consequências das circunstâncias em que foram geradas.

Uma delas casou e teve um filho. Tanto ela como o marido têm uma ligeira deficiência mental, pelo que não conseguiam prestar à criança os cuidados de que esta precisava. A Catherine, entretanto viúva, ofereceu-se para cuidar do neto.

Há dois anos e meio descobriu que tem cancro do pâncreas. Já lhe tiraram metade do ventre, fizeram-lhe quimioterapia, tudo.
Ela escreve e-mails alegres, conta os expedientes que inventa para trocar as voltas à morte, agarra-se à vida como uma lapa. Morrer está fora de causa: tem de criar o neto.

Isabelle

Professora numa école maternelle, reparou que uma das pequenitas estava a viver uma situação difícil. Começou a observar a mãe: problemas de alcoolismo.
Para ajudar a aluna, decidiu agir: "tenho a sensação que a senhora está a sofrer muito por algum motivo - se quiser falar comigo..."
A pouco e pouco a mãe foi-se abrindo. Concordou em pedir ajuda a uma instituição de auxílio a alcoólicos. A Isabelle marcou o encontro, mas a mãe faltou. Não faz mal: duas pessoas dessa instituição foram falar com ela a casa, dando um sinal claro de que não a deixam sozinha com as suas desgraças.
Na escola, a professora conseguiu apoios especiais para esta aluna. Para não ser travada pelas dificuldades do processo burocrático, resolveu ser pró-activa: informou-se sobre tudo o que provavelmente lhe exigiriam, e levou para a reunião com as diversas entidades envolvidas um dossier com toda a documentação possível e imaginária, ao qual nem sequer faltavam as autorizações dos pais da turma para que um psicólogo assistisse a algumas aulas.

A mãe da criança vai tropeçando.
A miúda tem na escola um porto seguro. Na véspera do início das férias abraçou-se à professora a chorar com desespero.
A Isabelle, aquela mulher pequenina e frágil que qualquer brisa pode levar, disse-lhe com segurança: "eu não te abandono."

Monika

Ontem fomos conhecer a Kinderhaus Sonnenblume (site aqui, em inglês - carregar em "start" sobre a bandeira).
À frente do projecto está uma mulher: a irmã Monika.
O objectivo é ajudar mulheres que estão grávidas ou têm filhos e não sabem o que fazer com aquela vida, porque temem a punição ou a pressão do meio social ou do próprio pai da criança.

As mulheres podem ficar a viver na Kinderhaus Sonnenblume algum tempo, até terem a criança ou até terem decidido se querem ficar com ela ou se a dão para adopção. Podem fazer partos anónimos (o que é ilegal, mas a irmão Monika preocupa-se mais com a vida que com a lei). Podem deixar a criança lá, mesmo anonimamente. Podem falar: encontram ali um porto seguro, onde se tenta ajudar cada mulher sem aproveitar para lhe impor moral.

Engana-se quem pensa que isto é um problema dos meios sociais mais desfavorecidos: pobres, mulheres sem instrução, prostitutas.
A maior parte das mulheres que procuram a casa Sonnenblume vem da classe média ou até alta.
O contexto que as empurra para uma situação tão desesperada não é de pobreza material ou de ignorância - na maior parte dos casos, são relações que não funcionam.

Também aparecem mães solteiras da Baviera ou de regiões rurais como a Floresta Negra, que dizem "se na minha terra sabem disto, estou arrumada". Mas a maior parte dos casos são mulheres que engravidaram apesar de o marido não querer uma criança (porque estão a comprar o carro ou a casa, ou a carreira é mais importante), e passam toda a gravidez indecisas, a fazer de conta que não está a acontecer nada.
Fascinante é que chegam àquela casa, grávidas de 8 meses, mas sem barriga. Ao fim de alguns dias, quando finalmente aceitam a gravidez, o corpo arredonda-se.

A irmã Monika contou histórias terríveis a propósito das nossas ideias feitas:

Nem sempre o melhor para a criança é ficar com a mãe biológica, dizia ela - e contava a história da mulher que esteve lá alguns dias com uma amiga, e queria dar o filho para adopção. Após o parto, a amiga, cheia de boas intenções, começou a pressioná-la para ficar com a criança, "tens os teus pais, tens os teus amigos, todos te daremos apoio" - a mãe deixou-se convencer, mas passados quatro meses matou o bebé.

O nível social não protege de nada, dizia ela - como aquela mulher que era directora de uma empresa, mas cujo marido não queria nem pensar na hipótese de uma criança. Escondeu a gravidez até ao fim, deu a criança para adopção, e só depois se deu conta que o problema não era o filho, mas a relação com o marido.

E as que estão na cadeia por terem matado o próprio filho?
Um caso: uma miúda que nunca conseguiu corresponder às expectativas dos pais. Queriam um rapaz, nasceu ela. Queriam um bom aluno, tinha notas baixas. Queriam uma beleza exemplar, era gordinha. Ela queria trabalhar em hotelaria, mas os pais exigiram que estudasse. Como a gravidez não cabia de modo algum no conceito dos pais, foi omitida. Após o parto, pela primeira vez na vida sentiu que começava ali uma história que era só dela, onde não havia lugar para os sonhos e as pressões dos pais. Saiu do hospital feliz, com o filho ao colo. Ao aproximar-se da sua rua, o peso da situação familiar abateu-se de tal modo sobre ela, que sufocou o filho e o atirou para um contentor de lixo.
Outro caso: uma mulher que matou nove filhos recém-nascidos, e os enterrou em vasos, sob as flores. Ela está na cadeia, mas o marido não. Disse que não se tinha apercebido de nada.

Muitos dos que visitam a irmã Monika e aquela obra lamentam-se que este mundo é um sítio horrível, e não há ponta por onde lhe pegar.
"Pegue por uma ponta qualquer", responde ela. "Se cada um de nós agarrar uma ponta, o mundo fica melhor."

***

Um pequeno comentário à margem: quantas vezes, durante a discussão sobre o aborto, se disse que as mulheres são adultas, sabem o que querem e são capazes de decidir livremente. Longe disso: é incrível a quantidade de mecanismos de pressão que podem existir sobre uma grávida e condicionar a sua vontade.