Ontem, o telemóvel ouviu que estávamos a falar em comprar um pinheirinho de Natal como deve ser, com o seu aroma a floresta, e mais as velas de cera de abelha, e os pássaros de vidro checos, e tudo. É que vamos ter um convidado especial, directamente vindo da Trumpsilvânia(*), e queremos impressioná-lo e mostrar-lhe como tudo é lindo e aprazível aqui no nosso continente onde impera o comunismo. Mas não gostamos nada da ideia de comprar uma árvore para deitar fora logo a seguir (nós, os da seita do clima, somos assim).
Como ia dizendo: ontem, o telemóvel ouviu a conversa em português, e esta madrugada já me estava a informar em alemão que é possível comprar um abeto anão no vaso, com links e preços e tudo. Só cresce até 1,5 m, pode passar o ano todo na varanda, e no Natal vem para dentro de casa, e todos são felizes para sempre.
Agora, digam-me cá como devo reagir.
É que devia ficar chocada e aterrorizada por isto estar a acontecer, mas a verdade é que me sinto grata e muito tentada a aceitar a sugestão.
Será síndrome de Estocolmo?
[ pssst, ó telemóvel: se me dissesses onde arranjar mais pássaros de vidro com plumas na cauda, sem ter de ir ao mercado de Natal de Erfurt ali por volta de 2005, agradecidinha! ]
(*) o seu a seu dono: quem me dera ter inventado esta piadinha da Trumpsilvânia, mas não - ouvi-a à Nina Hagen, pouco depois de Trump ter ganho as eleições pela primeira vez.