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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Do dia dos Namorados...

Nunca liguei muito ao Dia dos Namorados. Pelo menos, que me lembre. Sempre achei que era mais uma moda americana a incitar ao consumismo. Mas também nunca o reneguei ou desprezei. Temos convivido pacificamente, em paz e respeito mútuo.

Já houve no meu passado quem achasse que era boa ideia ir jantar fora no Dia dos Namorados. Não é. Nunca foi. E à segunda tentativa, eu jurei para nunca mais. 

Também já houve no meu passado quem pusesse fim ao que quer que seja que tínhamos, entre outros motivos, porque eu não quis comemorar o Dia dos Namorados a preceito. Almoçarmos juntos e passarmos a tarde no sofá pareceu-me um excelente programa. Pois que não.

No dia de hoje, o programa do Dia dos Namorados vai incluir um fantástico e muito romântico treino a dois, comigo a tentar lutar contra a otite e a tosse que teima em não desaparecer, e com ele a tentar lutar contra o tédio de correr em ritmo de tartaruga. E vai incluir uma tigela de sopa para jantar. E talvez umas tostas com o resto do queijo que trouxemos dos Açores. Na loucura, abrimos uma garrafa de vinho e bebemos um copo ou dois. E está tudo bem.

Como não sou completamente insensível, esta manhã enfiei uns chocolates em forma de coração na mochila do trabalho dele. Talvez ele me traga um ovo Kinder. Ou um Kit Kat cor de rosa, que não sabe assim tão bem mas de que eu gosto só por ser cor de rosa. Ou então não me traz mesmo nada porque, ele sim, é o verdadeiro insensível. E está tudo bem.

Feliz Dia dos Namorados! Ou feliz quinta-feira, se preferirem! 

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Das coisas em que (não) acreditamos...

Deixei de acreditar no para sempre. Naquela ideia romântica de que as coisas não vão ter fim, que serão eternas. Nada é eterno, tudo tem um fim.

Deixei de acreditar no amor para a vida toda. Porque a vida toda é muito tempo e a vida dá voltas e voltas.

Não sou capaz de usar expressões como "amor da minha vida". A minha vida é tão curta, e eu não sei se terei mais amores, não sei qual será o amor da minha vida. 

Sei o amor que tenho hoje. Sei que quero que dure o mais possível. Sei que é o meu amor. Apenas e só.

Não sei se a vida me tornou fria ou se, simplesmente, me tornou menos ingénua. Mas sei que me ensinou que na vida não há certezas, não há verdades absolutas, não há nada garantido. E isso só me faz querer dar mais valor ao que tenho. Porque não sei por quanto tempo o vou continuar a ter.

sexta-feira, 30 de junho de 2017

Das coisas em que penso durante a minha viagem matinal de suburbana...

Tornámo-nos cépticos. Deixámos de acreditar no para sempre. Não fazemos mais juras de amor eterno. Vivemos o momento. Pensamos o momento. Não sabemos o amanhã e não nos queremos comprometer com a ideia de um para sempre. Quando é que deixámos de acreditar no para sempre? Sim, eu sei. O para sempre não existe. Mas isso não é o mesmo que vivermos sempre com um prazo de validade. O sabermos que o para sempre não existe não quer dizer que não vivamos a lutar por ele, a acreditar nele, a ter esperança nele. Que viver é este em que estamos sempre à espera que acabe, porque nada é para sempre?

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Do ser Agridoce...

A propósito dos 2000 posts, e porque agora se usa fazer comemorações alargadas por tudo e mais alguma coisa, fazendo o mesmo tema render muitos e variados posts, campanhas, anúncios, e afins, achei que fazia sentido ir repescar a explicação do nome deste blogue, sobretudo, porque tem aparecido por aqui muita gente nova. Aqui fica:


O amor é agridoce.

Suficientemente agre para não poder dizer que é doce. Suficientemente doce para querer continuar a prová-lo, a pretexto de, um dia, conseguir dizer o que é.

A palavra agridoce resolve o problema como um analgésico resolve a gripe: esconde os sintomas. Agridoce quer definir a indefinição.

E nem sequer há um traço a separar o agre do doce, para avisar que se tratam de duas coisas opostas.

Em vez disso, junta-as discreta e irresponsavelmente, o fiozinho vermelho e o fiozinho preto…

O resultado varia com as pessoas: há quem apenas queime um fusível e resolva o problema substituindo-o por outro. Há quem queime a instalação toda e tenha que deitar a casa abaixo para a reparar. E, claro, há quem não tenha tensão suficiente para faiscar, sequer.

Enfim, o amor é um grandessíssimo curto-circuito.

(do álbum "Do Amor Y Outros Demónios", da banda com o mesmo nome)


Agridoce foi o meu nick durante muito tempo nos tempos do IRC e dos fóruns e ainda há quem me conheça como a Agridoce. Agridoce foi também o username que escolhi quando criei o meu livejournal, e achei que faria todo o sentido mantê-lo aqui. Acho que ainda se mantém perfeitamente adequado.

Agridoce quer definir a indefinição. Há lá coisa mais apropriada do que isto para me definir?...

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Das coisas que me intrigam...




Podem seguir o link, ler a notícia e, até mesmo, a dita crónica que está muito bonita.

A minha questão é só uma: existem ex-amores? Ou um amor que é amor um dia, é amor para sempre?

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Das coisas que tu me deixaste... - I

Nem tudo foi mau, é certo. Nunca é, não é verdade?

Há sempre coisas boas, memórias de momentos, palavras e sensações.

Se tivermos sorte, são mais as coisas boas que ficam, do que as más.

Ainda não consegui perceber verdadeiramente se tive sorte. Acredito que sim. Mas só o tempo o dirá.

Uma das coisas que tu me deixaste, de forma um tanto paradoxal, foi a capacidade de acreditar. Acreditar em mim, acreditar que era possível, acreditar na vida.

Voltaste a entrar na minha vida, tantos anos depois, estava eu feita em cacos, a sair de uma relação demasiado longa e demasiado tóxica, que acabou da pior forma possível. E tu sabias isso tudo. E, na tua forma tão própria de ser, quiseste ajudar-me a apanhar os cacos. 

O fim não foi o melhor, mas os meios foram. Sem dúvida. Tu mostraste-me que não podia ficar fechada na minha bolha, que a vida continuava, que eu merecia mais e melhor, que eu tinha de continuar a acreditar e a lutar por mim.

E esta história podia ser perfeita se as coisas não tivessem acabado como acabaram. Mas não faz mal, sabes? Considerando de onde eu vinha, considerando o meu estado, considerando a minha fragilidade, considerando aquilo que tu és, não era expectável que as coisas entre nós durassem. Mas foram boas enquanto duraram. 

Se podia ter escolhido melhor o meu rebound guy? Não, não podia.

terça-feira, 31 de maio de 2016

Das palavras dos outros...

Esta semana, já não sei como nem porquê, deparei-me com este artigo do NY Times. Muito interessante. Ide ver.

Fala sobre casamento, amor, escolhas, a busca pelo que não existe. Deixo-vos este parágrafo, mas acho que vale a pena ler tudo:

WE need to swap the Romantic view for a tragic (and at points comedic) awareness that every human will frustrate, anger, annoy, madden and disappoint us — and we will (without any malice) do the same to them. There can be no end to our sense of emptiness and incompleteness. But none of this is unusual or grounds for divorce. Choosing whom to commit ourselves to is merely a case of identifying which particular variety of suffering we would most like to sacrifice ourselves for.

terça-feira, 15 de março de 2016

Das coisas que eu continuo sem perceber...

A partir de um texto que partilhaste no teu Facebook, chego ao teu blogue, de que já não me lembrava.

Leio a meia dúzia de textos que tens por lá. Antigos, muito antigos. Não consigo evitar sorrir por ver naquelas palavras um pouco do que ainda és hoje, e muito do que eras quando te conheci.

Ao ler os teus textos e poemas, também não consigo evitar lembrar-me do dia em que me ligaste só para me dizer que querias escrever um livro e que querias que fosse eu a escrevê-lo contigo. Achavas que eu era a pessoa certa para pôr por escrito o que te ia na mente e que não conseguias verbalizar. 

Porra! Sou só eu que acho que dizer a alguém que queremos que escreva um livro connosco é qualquer coisa de muito sério? Falaste-me em vivermos juntos, em casar, em ter filhos. Até aí, tudo dentro da normalidade dos padrões da nossa sociedade pseudo-moderna do século XXI. Talvez não tão dentro da normalidade dos padrões de tempo da mesma sociedade pseudo-moderna, mas cada um sabe de si e do seu tempo.

Agora, pedires-me para escrever um livro contigo? Para depois desapareceres, assim?

Não, não vou entender nunca.

domingo, 6 de março de 2016

Das inevitabilidades históricas...

O que fazer quando não me sais da cabeça? Quando penso em ti, dia e noite? Quando me lembro das tuas palavras, dos teus beijos, das tuas mãos nas minhas?

O que fazer quando tenho saudades da tua voz? Quando tenho saudades do teu riso? Quando sinto falta das coisas que me dizias?

O que fazer quando me falta o ar e a vida parece sem sentido? Quando sinto este aperto no peito e este nó na garganta? Quando passo os meus dias a controlar as lágrimas que querem saltar cá para fora?

O que fazer quando tudo me faz lembrar de ti? Quando estou em reuniões importantes e só me vêm à memória flashes dos nossos momentos? Quando me custa ver a minha cama vazia do teu corpo?

O que fazer com esta raiva, esta frustração, esta incompreensão? Quando tudo o que eu queria é que tu fosses como eu queria que fosses? Quando eu gostava que as coisas pudessem ter resultado?

Não podiam. Nunca poderiam. Quanto mais não fosse, pela inevitabilidade histórica que liga os nossos nomes. Nós nunca podíamos ter resultado. E eu sabia isso desde o dia em que nos reencontrámos. Eu sabia que à terceira não seria de vez. Eu sabia que quinze anos de história, de nada valeriam. Eu sabia isso tudo. E, ainda assim, deixei-me levar.

E agora? O que fazer?


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Das coisas que eu não te digo...

Sim, penso em ti. Sim, tenho saudades tuas. Sim, várias vezes ao dia tenho vontade de pegar no telemóvel e ligar-te. Apetece-me ouvir a tua voz. Apetece-me ver-te. Apetecem-me os teus beijos. Demos tantos beijos e não demos os suficientes. Vou ter saudades das coisas que me dizias. Já tenho, aliás. E vou arrepender-me das coisas que não te disse. Já me arrependo, aliás. Não te dei o suficiente. Não me dei o suficiente. Tu conhecias as minhas circunstâncias. Tu sabias que eu não estava preparada para isto. Mas insististe. Mas quiseste tentar. E eu sabia, eu tinha a certeza, que não ia correr bem. E deixei-me levar por ti, pelas emoções, pelo momento. Deixei-me levar pelas horas infinitas de conversa pela noite dentro. Deixei-me levar pela força e confiança que insistias em dar-me. Deixei-me levar pelos elogios e incentivos constantes. Deixei-me levar pela tua loucura e pelos teus impulsos. Deixei-me levar pelos teus planos e projectos de futuro. Deixei-me levar pela magia da nossa história. Deixei-me levar pelo que me fizeste sentir, como nunca ninguém. Deixei-me levar por ti. Porque foste tu que nos levaste. Desde o primeiro dia. Contra mim e contra tudo o que eu queria.

E não te vou perdoar nunca por me teres levado para tão longe, para tão-somente me deixares à deriva.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Do que custa...

O que custa não é todo o mal que me fizeste. O que custa, o que custa mesmo, o que me tira o ar e me revolve as entranhas, é aquilo que tu destruíste em mim.

Com o mal que tu me fizeste eu consigo lidar. Uns dias melhor, uns dias pior. Na generalidade dos dias, melhor. E será uma questão de tempo, não tenho dúvidas, até que todo e qualquer dia seja um dia em que lido bem com isso.

Eu não consigo lidar é com o que tu destruíste, talvez irremediavelmente, em mim. Tu destruíste aquilo em que eu acreditava. Mais do que isso, e como se não bastasse, tu destruíste em mim a capacidade de acreditar. Tu destruíste também os meus sonhos. A minha fé nas pessoas. Esmagaste a minha inocência. Espezinhaste o caleidoscópio colorido com que eu via o Mundo.

Tu não me fizeste só mal. Tu não me destruíste apenas. Tu não deitaste só fora o nosso passado. Tu hipotecaste o meu futuro.

E é isso que não te perdoo. É isso que não te vou perdoar nunca. Não creio que haja terapia suficiente no mundo que me possa ajudar a perdoar-te por teres destruído em mim a capacidade de acreditar.

Tu plantaste em mim as sementes da insegurança, da desconfiança, do cepticismo, da frieza. Não só as plantaste como as deixaste bem alimentadas, garantindo que criavam raízes profundas.

E é isso que custa. Muito. Tanto.

É o querer ser feliz e não conseguir. Não ser capaz. É o não ter em mim forças para querer voltar a acreditar. É o não querer correr riscos. É o ter um medo grande, tão grande, de voltar a sentir o que tu me fizeste sentir, que não quero dar um passo sequer para sair da minha bolha e voltar a confrontar-me com o Mundo. Tu deixaste-me bloqueada. Bloqueada por este pânico de voltar a passar pelo mesmo.

E não tinhas esse direito. E ao mesmo tempo que não tinhas esse direito, fui eu que to dei. E, em última análise, é isso que eu não quero. E é isso que eu acho que não vou voltar a ser capaz de fazer: dar a alguém o direito de me magoar como tu me magoaste.

Foi isto que tu me fizeste. E é isto que custa. Muito. Tanto.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Do nosso umbigo...


Mas não. Nunca ninguém amou como eu amei.

Nunca ninguém sentiu o que eu senti. Ninguém te conheceu como eu conheci. Ninguém pode saber o que isso é. Como eu amei, ninguém amou.

Tudo novo: o frio na barriga, as pernas a tremer, o ansiar pelo toque do telefone, o desejo sem fim por um novo encontro, o sonhar acordada durante o dia e o não dormir durante a noite, o sentimento de que os astros se alinharam e a vida fazia agora mais sentido.

O acreditar que tínhamos algo único, só nosso, especial. O acreditar que os contos de fadas podiam ser reais. O acreditar que tristes eram os que nunca viveram nada assim. Nem podiam. O que nós tínhamos, só nos tínhamos. O acreditar realmente nisso. O acreditar no para sempre.

Tanta inocência. Tanta ignorância. Tanta ingenuidade. Sim, ainda se ama assim aos trinta. Aos trinta ainda conseguimos acreditar. Aos trinta ainda achamos que temos a vida toda à nossa frente e que podemos ser felizes. Merecemos ser felizes. E somos felizes. Aos trinta ainda fazemos muitos planos. Ainda sonhamos. Ainda nos perdemos em devaneios de filhos e família e um lar ao qual chamar nosso. Aos trinta cremos que já vivemos o suficiente para não cometer os mesmos erros, que já não nos vamos deixar levar por coisas sem importância, que já sabemos o que queremos e que agora é que é a sério.

Mas o amor, qualquer amor, em qualquer idade, é um bicho muito peculiar. O amor raramente é aquilo que queremos que ele seja ou o que esperamos dele. Há alguns raros afortunados que sabem bem domá-lo e que o vivem sem sobressaltos, toda a vida. A verdade é que também não sei se quereria viver a minha vida sem sobressaltos já que, no toca ao amor, a montanha-russa de emoções que em nós provoca, é do melhor que tem. Mas, como em tudo na vida, chegamos a um momento em que queremos essa serenidade, queremos esse ribeiro manso, queremos a paz, a tranquilidade e as certezas. 

E eu acreditava, acreditava mesmo, acreditava com todas as minhas forças, que tinha chegado a esse momento. Acreditava que tinha chegado a esse lugar a que nunca ninguém tinha chegado. Porque como eu amei, ninguém amou.



(hoje resolvi começar um texto com a primeira frase de um texto da mãe preocupada. Perdoai a presunção.)

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Das conversas que me deixam a meditar...

Hoje, à hora de almoço, numa esplanada a beber café e a apanhar um Sol que me soube pela vida, falava-se de relações. Sobretudo, de fracassos de relações.

Curiosa esta coisa da idade. Esta coisa de crescermos. Esta coisa da nossa visão do mundo mudar. Chama-se aprender, dizem.

O certo é que eu aprendi muito sobre mim nos últimos anos. E uma das coisas que hoje percebi que aprendi foi a conhecer-me melhor e a reconhecer as minhas falhas. Que são muitas.

Se há coisa que aprendi é que tenho de ser mais compreensiva. Mais tolerante. Tenho de ceder mais.

Não é fácil. Não nasci rodeada de compreensão nem de tolerância. E, digam o que disserem, somos em adultos aquilo que vemos ser em crianças. E eu sou assim.

O que não quer dizer que não possa mudar. Que posso. Reconhecê-lo é só o primeiro passo.

A seguir, é pôr em prática.

E a primeira lição a pôr em prática é: há guerras que não vale a pena ter. E isto aplica-se a tudo: relações amorosas, familiares, profissionais, amizades. Há guerras que são um puro desperdício de energia. E que só moem. E que não levam a nada.

Há guerras que até podemos ganhar, mas os danos colaterais que provocam não compensam em nada aquilo que achamos estar a ganhar.

Além disso, devemos focar as nossas energias naquilo que é realmente importante. Vale a pena discutir com alguém por causa de dez coisas diferentes? Dez discussões? Dez guerras? Dez novas feridas e cicatrizes? Ou não será mais interessante aprender a lidar com nove coisas que até nem são assim tão importantes e concentrarmo-nos a lutar por aquela que é realmente crucial?

E sim, eu já perdi muito tempo com guerras desnecessárias. Eu já desperdicei muitas energias com discussões por coisas sem importância. Eu já foquei as minhas energias em coisas que não devia.

Mas sim, eu aprendi com isso. Aprendi que, por um lado, tenho de ceder, e, por outro, tenho de focar-me no que é realmente importante.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Dos frutos de uma insónia que me fez acordar às seis da manhã...

Porque no que diz respeito ao Amor, somos todo uma grande casa em permanente construção.

Temos as nossas fundações, que somos nós próprios, aquilo de que somos feitos, as nossas crenças, o nosso passado, os nossos sonhos, as nossas cicatrizes. 

Depois das fundações, vamos construindo o resto da casa. Construímos as paredes. Construímos janelas de onde vamos espreitando. Construímos uma porta.

E um dia abrimos essa porta. E deixamos alguém entrar.

Primeiro, para o hall de entrada, timidamente. Depois, a pouco e pouco, para o resto da casa.

E vamos continuando a construir a casa em conjunto com a pessoa que acreditámos ser a certa para um projecto de vida. Escolhemos de que tom queremos pintar a nossa vida. Escolhemos o colchão e o sofá que nos dão conforto. Escolhemos a decoração. Tiramos fotografias e penduramos molduras. Criamos memórias. Criamos raízes. Instalamo-nos e deixamos que se instalem.

Construímos a nossa casa acreditando que é para a vida. Que é aquela a nossa zona de conforto, que nos protege, que nos abriga, que nos dá os momentos bons e os menos bons, mas que é parte de nós.

Mas, a pouco e pouco, a casa vai-se degradando. Há uma pequena infiltração na casa-de-banho. Há um cortinado que se rompe. Há uma moldura que cai e se parte. Vamos pondo remendos, vamos reparando, vamos substituindo o que é substituível. Mas há infiltrações que corroem a estrutura, que minam o interior da casa, que chegam às fundações.

E a casa vai ficando instável. A casa vai abanando. Pelas frestas das janelas mal vedadas vai entrando frio. E percebemos que a nossa casa, o nosso porto de abrigo, já não nos é tão confortável. Já não é o nosso sítio perfeito. As cores que escolhemos já não nos agradam. O colchão dá-nos dores nas costas. As molduras penduradas retratam momentos de que já não nos lembramos. 

Aos poucos, a nossa casa deixa de ser a nossa casa e transforma-se num velho edifício degradado a que não nos apetece regressar.

Até que um dia há um terramoto e a casa cai. A casa desfaz-se. A casa fica  destruída. Não há nada a fazer. Não temos em nós forças para a reconstruir. Não temos em nós vontade para a reconstruir. E, no fundo, sabemos que mesmo com toda a força e vontade do mundo, não haveria nada a fazer. Aquele projecto a dois caiu por terra.

Resta-nos limpar os escombros. Deitar fora o entulho que fica. Deixar novamente a descoberto as fundações. Repará-las. Fortificá-las. Reconstruir o que foi destruído. Aceitar as marcas que ficaram e torná-las parte de nós. Das nossas fundações. As fundações que, por mais terramotos que haja, por mais abanões que sofram, nada pode destruir.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Das mudanças...

A mudança não é fácil. Nunca foi, nunca será.

Decidir mudar, decidir alterar o que quer que seja, não é uma decisão tomada de ânimo leve.

Decidir mudar de emprego, de vida, de casa, de país, de penteado, até. Qualquer decisão de mudança tem o seu pesar.

Umas mais fáceis, umas mais difíceis. Umas mais impulsivas, umas mais ponderadas. Mas as decisões de mudança não são fáceis.

E arcar com as consequências das mesmas, ainda menos.

A incerteza, a dúvida, o não saber o amanhã. Tudo isso nos consome. Nos deixa sem chão. Com medo do que virá.

Não creio que algum dia tenha sido uma pessoa muito decidida. Nunca fui uma pessoa muito forte, o que sempre me levou a questionar as minhas decisões, as minhas mudanças. O que não quer dizer que não as assumisse e, que remédio, não aguentasse as suas consequências.

Mas ficam sempre as dúvidas. Do que podia ter sido. Do que será.

Perante a decisão de pôr fim a uma relação há duas questões que me preocupam, essencialmente. O reconhecimento do erro e as perspectivas do futuro.

Quando pus fim ao meu casamento, o que mais me custou, o que mais me faz hesitar, ponderar, duvidar, foi o reconhecimento do erro. Foi eu, perfeccionista, exigente, ponderada, obsessiva-compulsiva, ter que reconhecer que errei. Ter que admitir que as palavras até que a morte nos separe proferidas perante as pessoas mais importantes da minha vida, afinal foram um erro. O meu casamento foi um erro. E a partir do momento em que o soube, em que o admiti para mim, também sabia que tinha de o admitir para o mundo. Felizmente, mesmo com os meus receios, também não sou pessoa de me deixar estar numa situação que não me agrada, apenas para não admitir que errei. Errei, admiti-o, fiz alguma coisa por isso e mudei a situação. E aguentei-me.

Neste momento, a minha preocupação não tem a ver com o erro. Eu errei, ele errou, todos os dias pessoas erram. Eu assumo o erro e, mais uma vez, faço alguma coisa por isso.

Não, neste momento, o que me preocupa é o futuro. O meu futuro.

Assusta-me a ideia de não saber se conseguirei continuar nesta senda de tentativas-erro. Se conseguirei, se quererei, se terei forças para isso.

Crescemos com a ideia do mundo cor-de-rosa, do felizes para sempre, do amor infinito. E a realidade é abismalmente diferente.

E eu assumo os meus erros. Mas não me apetece assumir a realidade.

sábado, 30 de novembro de 2013

Das coisas em que acreditamos...

Sinto que ainda não fiz o luto que devia ter feito. Sinto que ainda não arrumei os meus fantasmas e o meu armário.

Não sinto, apenas. Sei.

E o problema de não o ter feito é que isso leva a que, em momentos despropositados, rebente e chore, chore, chore. Como há pouco, a ver o episódio em que a Mary e o Matthew finalmente se casam, em Downton Abbey.

Porque não pude deixar de pensar sobre a felicidade, o amor, o casamento. Porque não pude deixar de desejar um dia ter algo assim. Já me casei, é certo. O facto de não ter corrido bem não me fez deixar de acreditar no casamento. É certo que as minhas crenças estão cada vez mais abaladas. Mas ainda cá estão.

Ainda sonho com o casamento perfeito. Ainda sonho com a pessoa certa ao meu lado. Ainda sonho com a sensação maravilhosa de se estar a fazer a coisa certa. Ainda sonho com a ideia de acreditar.

Esta é a parte em que alguém me dá um safanão e me diz para deixar de sonhar e acordar para a vida real.

Quem me conhece talvez diga que sou uma pessoa fria, racional, pragmática, de pés na terra. Quem me conhece mesmo sabe que no fundo sou uma romântica, à procura do impossível. E é difícil encontrar um equilíbrio entre estas duas faces da minha pessoa.


No fim do dia, só queria encontrar a pessoa certa para mim. Não a pessoa perfeita. A pessoa certa.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Das fotografias que dão alegria... - Day 28


Entrar no Atrium é sempre uma viagem ao passado.

E entrar no Atrium é sempre uma luta interior entre o meu bom-senso e a minha vontade louca de correr para aquele piano e tocar.

Este fim-de-semana voltei ao Atrium. Para um café rápido, muito rápido.

Um café rápido no mesmo local onde bebi tantos outros cafés. Onde almocei tantos outros almoços.

No mesmo local onde ri, conversei, possivelmente chorei.

Lembro-me de um dia, há dez anos atrás (mais mês, menos mês, mais semana, menos semana), em que fui lá jantar contigo. A dada altura, foste à casa-de-banho. Voltaste com uma escova de dentes descartável na mão, daquelas que se vendem (vendiam?) nas casas-de-banho dos centros comerciais. Queres ir dormir lá a casa?, perguntaste-me, com o teu sorriso que me derretia. E eu fui, claro. 

Nesse tempo, as coisas eram bem mais simples e só precisávamos de uma escova de dentes descartável para termos a certeza de que queríamos estar juntos. 

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Do amor... - I

Quando o amor assume formas e cores estranhas.
Quando o amor nos confunde e baralha a cada passo.
Quando o amor é a insónia em cada noite.
Quando o amor é o sonho que nos move.
Quando o amor é o princípio e o fim de cada dia.
Quando o amor é o tudo e o nada.
Quando o amor é a água, o sol, o ar.
Quando o amor é o sorriso e a lágrima.
Quando o amor é a cumplicidade de um olhar.
Quando o amor é a dor e a mágoa que me consomem.
Quando o amor é a força e a esperança que me reanimam.
Quando o amor é apenas o amor.
Quando nós somos apenas nós.





                                                  Então, o amor somos nós.
                                                  Então, nós somos o amor.

Os devaneios Agridoces mais lidos nos últimos tempos...