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quarta-feira, 28 de maio de 2008

Jorge Luís Borges: " O que proponho relaciona-se com o eventual devir perpétuo da linguagem "


A aproximação do solstício de Verão aporta-nos dias pletóricos da força da leitura e da vida, do amor e da solidão recuperada. Aproveitemos tal dádiva celestial para procurarmos sinalizar uma cartografia poética e crítica de um alcance incalculável como a de Jorge Luís Borges, poeta, escritor e crítico literário de renome universal .
Percorremos vários livros de Ensaios de Borges; e detectámos uma panóplia magistral de observações críticas de alta precisão e endereçadas aos seus autores preferidos. " Verlaine- como Óscar Wilde- é uma criança que brinca. Recordo esta frase tão bela, por certo citei-a inúmeras vezes, de Robert Louis Stevenson: Sim, a arte é um jogo, mas é preciso jogar com a seriedade com que uma criança brinca ". Vamos ver, pois, não esquecendo a tónica central de JL Borges:
" A tradição é composta sobretudo por revoluções…".

Poeta preferido: Verlaine. " Creio ter dito que se tivesse que escolher um poeta, escolheria Verlain, se bem que por vezes hesite entre Verlaine e Virgílio. Alguém me disse que Virgílio não será senão um eco de Homero. Voltaire disse, a esse respeito: se Homero ajudou a fazer Virgílio, isso foi o que ele fez de melhor ".

O rebelde William Blake. " Blake acrescenta à salvação, digamos, ética, e ao avanço intelectual, uma terceira redenção- necessária a todos os homens, segundo ele- que seria o resgate pela estética. De facto, Blake era um discípulo de Swedenborg, mas rebelde porque ele diz mal dessa ligação. De todo o modo, sem Swedenborg ele nunca teria existido ".

Russell e Espinoza. " Bertrand Russell afirma que a filosofia de Espinosa não é invariavelmente credível mas, acrescenta, que de todos os filósofos, ele é o mais digno de ser amado e enaltecido. Permaneceu como uma personalidade, uma personalidade digna de ser amada e amada por todos."

Dickens e Dostoievski. " O romance russo teve uma grande influência à volta do Mundo. Li algures que Dostoievski era um leitor de Dickens; ora, segundo Forster, amigo e biógrafo do romancista inglês, houve um tempo em que Dickens farejava assassinatos por tudo quanto era sítio...".

Voltaire. " Voltaire imaginou que não era impossível supôr a existência de uma centena de sentidos; mas já com um sentido suplementar toda a nossa visão do Mundo se modificaria. Esta visão, a ciência já a alterou; o que para nós é um objecto constitui para ela um sistema de átomos, de neutrões e de eleições; nós próprios somos constituídos por esses sistemas atómicos e nucleares ".

Coleridge. " (…) a verdade afectiva, noutros termos., durante o tempo em que escrevo, devo acreditar nisso. Dessa forma estou em sintonia com Coleridge, para quem a fé poética e afectiva é a suspensão momentânea da incredulidade ".

Mallarmé " Creio que foi Mallarmé que disse que não existia nenhuma diferença entre o verso e a prosa; que, se sonha um pouco com o ritmo, se se sonha um pouco com o audível, então fazemos poemas, mesmo se se escreve em prosa . Existe sempre uma estrutura e uma forma ".

FAR