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sexta-feira, julho 18, 2025

O turismo, sempre ele (justifica todos os crescimentos)...


O turismo (a galinha que "põe" ovos de cor amarela para os governos...) fez crescer muitas coisas, ao ponto de tornar a vida dos habitantes fixos das cidades maiores, um pesadelo cada vez maior.

Há outras coisas que também crescem, quase em paralelo, umas quase "invisíveis", como são os carteiristas e outras demasiado visíveis, como são os pedintes.

Tanto uma como outra, tornaram-se quase uma profissão (até "indústria"), graças aos romenos, que devem ser uma chatice para os mendigos portugueses...

Lá estou eu a "esticar-me"... Só queria falar do facto de nenhum dos meus companheiros da "indústria das palavras", dar esmolas (a excepção são os cegos do metro, quando temos moedas nos bolsos...) a esta gente "profissional".

Mas eles continuam espalhados pelas ruas, nas esquinas e à entrada de casas comerciais. Ou seja, devem garantir o seu "rendimento" diário.

E lá vieram os turistas, que segundo o nosso ponto de vista, não são apenas a salvação do governo de "Monteverde" (como foram do Costa), chegam a todo o lado e dão a mão a quase todas as actividades económicas do país, até a quem trabalha com a mão esticada nas ruas...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, maio 07, 2025

A arte de Nadir Afonso nos museus (em Chaves e Boticas)


Em Chaves, ao contrário dos quatro companheiros ciclistas, tive tempo suficiente para visitar a cidade.

Como gosto de museus, assim que cheguei à cidade, estacionei o carro rente ao espaço artístico dedicado à arte de Nadir Afonso. Uma chuvada imprevista e forte fez com que mudasse de ideias e voltasse à estrada, preocupado com os aventureiros de duas rodas.

Mas eles, como de costume, estão habituados a todos os tipos de intempéries e limitei-me a segui-los de perto, até Chaves.

Depois do almoço bebemos uma água das Caldas de Chaves e despedimo-nos, rente à Ponte Romana de Trajano. 

E além de deambular pelas ruas estreitas e agradáveis do cenro histórico, visitei o castelo e a sua torre de menagem, transformada num pequeno museu militar. Depois voltei ao Museu de Nadir Afonso.

Claro que me limitei a ficar à entrada (a senhora da recepção, simpática, disse que poderia ver as vistas dali e até ir à biblioteca). O preço de entrada era cinco euros. Achei-o proibitivo para uma cidade como Chaves e para um espaço que era apenas dedicado à obra de um pintor e arquitecto.


Felizmente, fiz um desvio para Boticas e encontrei outro espaço cultural e artistico de Nadir Afonso. As entradas eram gratuitas e estava ali o essencial da obra do pintor. Por curiosidade perguntei que relação existia entre Nadir e Boticas, disseram-me que a sua Mãe nascera lá...

(Fotografias de Luís Eme - Chaves e Boticas)


segunda-feira, maio 05, 2025

Braga: Capital Portuguesa da Cultura


Andámos por Braga no dia 3 de Maio e descobrimos a cidade como Capital Portuguesa da Cultura.

Ficámos próximos do Campo da Vinha, o que nos facilitou as coisas, pois foi possível ver uma ou outra exposição e até assistir ao final de um concerto (a música chamou-nos a atenção...), sem estarmos à espera.

Encontrei muita juventude e também alguma ignorância, entre os voluntários que ali estavam a trabalhar. Quando falei da Ana Vieira, que tinha em exposição no edifício da Gnration (os seus "Cadernos de Montagem"), não faziam ideia de quem era a senhora...

Só me resta desejar que os bracarenses aceitem o desafio lançado pela organização e alinhem nas culturas oferecidas. O quase slogan é desafiante: "Abre a tua porta e vem para a rua."

(Fotografia de Luís Eme - Braga)


sábado, março 22, 2025

Encontro na cidade quase deserta...


As mesas e as cadeiras mantiveram-se em cima umas das outras, mais um dia, nas duas esplanadas que fazem concorrência ao vazio, na Gil Vicente.

Compreende-se: faz sol, depois frio, chove, o vento está por aí, algures, atrás de uma nuvem, dá um sopro ou dois e depois esgueira-se, para outra rua. 

As pessoas ficam por casa, mesmo que seja sábado à tarde. Hoje não é dia do "chá das velhas"...

Foi por isso que gostei de ver o Carlos Alberto, com os seus quase noventa anos, a caminhar em direcção a casa, depois de beber a bica no café que fica ao lado do meu. Gosto do serviço mas a bebida escura é fraquita pelo que vou à concorrência.

Não foi difícil apanhar o Carlos, com o seu andar lento, apoiado com uma canadiana. Disse-lhe que gostei de o ver, sem medo de ser levado pelo vento. Ele sorriu e disse que, tem de ser, tem de sair de casa, todos os dias, nem que seja apenas para beber café...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


sexta-feira, fevereiro 07, 2025

«Somos uma cidade de velhos e estrangeiros»


Basta olhar para quem passa por nós para concluir que há mais que alguma verdade na frase do Carlos, de que: «Somos uma cidade de velhos e estrangeiros.»

Ainda lhe perguntei: «E nós, somos o quê?», para ouvir logo de seguida: «Se não somos chineses, somos velhos.»

Não é apenas Almada, que oferece este retrato. Todos sabemos que a nossa população  continua a envelhecer, de Norte a Sul.

Acabámos por falar do inquérito/ sondagem, divulgado esta semana, que nos disse que 73% dos nossos estudantes universitários, pensam emigrar, mal acabem os cursos.

Não se ouviu qualquer  "ruído", pela parte dos políticos, do governo ou das oposições. Mas é triste, andamos a formar jovens para servirem outros países, com tudo o que isso tem de negativo para nós.

Mesmo que sejam apenas 40% por cento, é um número que devia assustar os governantes e obrigá-los a agir, a criar mais incentivos para que os jovens não se vejam "obrigados" a emigrar...

Claro que os problemas de Portugal não se resumem apenas aos dos jovens. Há vários anos que não somos um país para jovens, para velhos ou para estrangeiros (os com dinheiro não contam...).

O mais triste é perceber, diariamente, que os políticos continuam a fingir que resolvem os problemas, sem que resolvam coisa alguma. E depois ainda têm a lata de se fingirem indignados por um militar ser o preferido dos portugueses nas sondagens para a presidência da República...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sexta-feira, dezembro 13, 2024

Cada vez se olha mais para o outro, de lado, ou por baixo...


Cada vez se olha menos de frente, para a gente anónima com quem nos cruzamos, nas ruas do mundo.

Prefere-se olhar de lado, por baixo, ou simplesmente não olhar.

Claro que eu continuo a andar por aí, contra a corrente, olho para o mundo de frente. Continuo teimoso.

Os olhos podem enganar, mas têm de ter muito treino, para conseguirem dizer uma coisa e serem outra...

Pior que isso, só mesmo a desconfiança pelas bons intenções dos outros. 

Não, ainda não somos todos uns "filhos da puta", mesmo fora da época natalícia...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, novembro 30, 2024

A necessidade de antecipar o Natal...


Percebo que o comércio queira antecipar o Natal, que sejamos massacrados diariamente com as suas "black friday" (que podiam perder o "friday", embora também perdesse a graça...) e que nem mesmo assim se verifiquem as enchentes tão desejadas, no chamado comércio tradicional (fora dos centros comerciais)...

Talvez seja esse mesmo comércio que faça pressão junto das Autarquias, para que se comecem a iluminar as ruas cada vez mais cedo e a instalar as árvores de Natal, quase gigantes, nos seus lugares mais centrais.

Talvez sejam essas árvores gigantes que fazem com que muitas casas já tenham as árvores de Natal montadas e se preparem as iluminações particulares neste último dia de Novembro, mesmo que não se faça qualquer "black friday" no preço da eletricidade...

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


sábado, outubro 05, 2024

O País "Folheto-Turístico"...


O turismo quando chegou às duas principais cidades do país (Lisboa e Porto), teve o condão de "restaurar" a sua edificação mais antiga, praticamente abandonada pelos seus proprietários (muitas vezes mais por falta de vontade que de dinheiro...).

Esta foi a parte melhor desta "invasão turística", mesmo que trouxesse "colada" a especulação imobiliária, que nunca mais abandonou estas duas cidades, provocando, a pouco e pouco, a mesma "febre do dinheiro" na maior parte dos centros urbanos, e até nas aldeias mais recônditas deste nosso Portugal. Bastava que existisse algo para ser explorado para fins turísticos...

E de repente, "toda a gente" quer ganhar dinheiro com este "turismo intensivo" (que é um pouco como a agricultura com o mesmo nome, só serve o presente), nem que seja para alugar camas a imigrantes em lugares decrépitos.

Ou seja, nota-se que este País "Folheto-Turístico", está mesmo talhado para as pessoas que querem ficar ricas hoje, sem vontade ou paciência para esperar para amanhã. Vou ainda mais longe: foi "desenhado" mesmo à medida do empresário "chico-esperto" português...

Não deixa de ser curioso, que sejam os próprios governantes (com as taxas e as taxinhas...), também a não esperarem por amanhã, com uma vontade imensa de matar todas as "galinhas com ovos de ouro" que apanharem por aí...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, abril 19, 2024

A simpática Vila Franca de Xira


Hoje dei um "pulo" a Vila Franca de Xira, uma terra que me é simpática e onde me sinto bem. Penso que isso acontece por manter uma arquitectura tradicional, não se deixando "desfigurar" pelas partes novas da Cidade.

Claro que isto não tem nada a ver com o facto de ser uma "terra de touros e toureiros", embora José Júlio e Vitor Mendes (tive o grato prazer de conhecer ambos...), fossem óptimos anfitriões e mestres desta arte e tradição local.

Acho que é também por isso que gosto do Seixal. Tem uma personalidade muito própria, esforça-se por não se desligar da sua própria história.

Visitei o sempre  agradável "Museu do Neo-realismo", onde além das fotografias de Alfredo Cunha, vi uma bonita exposição de pintura de Amândio Silva, um pintor portuense que fez cem anos em 2023 (e claro, os quadros bonitos da sua colecção, em exposição permanente).

(Fotografias de Luís Eme - Vila Franca de Xira)


sábado, outubro 14, 2023

A mesma profissão, universos diferentes...


Poucos minutos depois de sair de casa vi o homem com o táxi mal estacionado, a responder com buzinadelas monumentais aos que passavam por ele e também buzinavam (com toda a razão), por ele estar ali a interromper o trânsito, ocupando a faixa de rodagem.

Mas ele não se limitava a buzinar, insultava todos aqueles que lhe chamavam a atenção para o facto de estar ali a interromper a passagem. 

É apenas mais um exemplo da existência de demasiadas pessoas no espaço público, que fingem estar sempre certas, por mais disparates que façam.  Este homem tinha a agravante de exercer uma actividade que tem contacto directo com outras pessoas...

Felizmente depois de atravessar o rio, vejo um taxista calmamente entretido a dar comer aos pombos, enquanto não chegava a sua vez de transportar clientes.

Percebia-se à légua que embora tivessem a mesma profissão, viviam em "universos diferentes"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, agosto 30, 2023

«A vizinhança é como os melões, não se vê por fora o que está lá dentro.»


Felizmente nunca tive nenhum vizinho excessivamente problemático no meu prédio, ao contrário de outros amigos, como o Chico, que até já traficantes teve de aturar, mesmo na fracção à sua frente. Tocavam vezes sem conta à sua campainha, por engano. E normalmente ainda eram ordinários, por ele não lhes abrir a porta da rua.

Foi por isso que me limitei a ouvir as lamentações de quem estava com vontade de mudar de casa, por ter cada vez menos paciência para aturar gente "porca e mal educada", quase porta sim, porta sim. O Rui há muito que percebeu que é ele que está a mais no seu prédio, mas se o orçamento não dava para mudanças há meia dúzia de anos, as coisas pioraram muito nos últimos tempos...

Senti-me um felizardo no meu prédio, onde ninguém deita lenços sujos para o chão e por lá ficam, até à limpeza das escadas. E só um ou outro é que não tem cuidado com a porta da rua e da própria casa, talvez por gostar do "eco" que sobe as escadas mais depressa que qualquer um de nós. Também não há cenas de violência doméstica, com ameaças e gritos, daqueles que quase que abanam a estrutura de cimento do edifício...

Limitei-me a sorrir quando o Chico disse que «a vizinhança é como os melões, não se vê por fora o que está lá dentro.»

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, maio 31, 2023

Olhar da Minha Janela do Quarto...


Levanto-me de manhã, se for espreitar à janela, o que vejo?

O mesmo que qualquer habitante de uma cidade... Prédios encavalitados uns nos outros, a várias alturas.

As cidades são assim. É apenas uma cidade igual a tantas outras, com mais ou menos betão...

Ao longe encontro três torres, duas de igrejas, num outro canto, um castelo que não é castelo (talvez tenha sido, há alguns séculos...), mas de tanto lhe chamarmos uma coisa que não é passa a ser, e não o forte militar, que continua a ser.

Quase na linha do horizonte desta minha janela-varanda, aparece o Cristo-Rei e a parte superior de um dos pilares da Ponte 25 de Abril.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


terça-feira, dezembro 13, 2022

Mais uma "Manhã Submersa"...


Depois do flagelo dos incêndios de Verão, começamos a viver, com alguma insistência (ironia das ironias, na continuação de um ano de seca extrema com as barragens quase vazias...) as cheias de Inverno, fruto de chuvas intensas. Chuvas que têm trazido à superfície as muitas insuficiências da maior área metropolitana, erguida com o pensamento direccionado no lucro fácil (inclusive das Autarquias...) e no conforto humano, ignorando as preocupações ambientais.

E depois, tal como há quem goste de viver com uma janela em cima do mar, também há quem pouco se preocupe se a sua casa foi construída em cima de uma linha de água e de um mais que provável leito de cheia.

Se nunca ligaram aos conselhos sábios de Gonçalo Ribeiro Telles, que andou anos e anos a "pregar para o deserto", de pouco vale  - aos muitos que vivem à espera de "milagres" -  pedirem ajuda a Santa Bárbara, agora que chove...

O que não deixa de ser curioso é vermos a lata de alguns autarcas, como é o caso do presidente da Câmara de Oeiras, com quase quatro décadas de poder, a aproveitar o tempo de antena televisivo que lhe dão para dizer banalidades e fingir que os problemas de Algés e do Dafundo, se devem apenas à "chuva intensa" e às "marés". Mas ali está ele (e outros eles, por esse país fora), pronto para fazer mais promessas, para somar às muitas que não cumpriu...

(Fotografia de Luís Eme - Arealva)


sábado, agosto 27, 2022

As "Músicas" de Fundo da Cidade e as dos Campos...


A esta hora já devo estar na nossa pequena aldeia da Beira Baixa. Provavelmente voltei a ficar sentado no quintal, preso ao céu estrelado (acredito que devem conseguir furar as nuvens deste final de Agosto, que parece um político, promete chuva, mas não passa disso de uma promessa...), que enche o céu assim que cai a noite.

É tempo de "festa". Sei que a música vai espantar a "bicharada" (o fogo deve ter sido suspenso... Espero que sim, para mim, é daquelas coisas que não fazem falta nenhuma. Prefiro acordar com o cantarolar dos galos...).

Sei que quando a "música" partir, a passarada e os grilos voltarão, para substituir - com vantagem - os ruídos que ainda permanecem "gravados" na minha cabeça: as portas a bater do prédio, o cão do vizinho do lado D, que gosta de ladrar nas escadas e as duas vizinhas dos andares da frente, que ainda mantêm o hábito de gritar nas ruas, para outras vizinhas que passam...

(Fotografia de Luís Eme - Beira Baixa)


sábado, julho 09, 2022

O "Lixo Humano"...


Podia estar o dia todo a tentar explicar que não é assim tão "inexplicável", alguém cair para a rua e ficar por lá, por momentos, ou para sempre...

Nós humanos somos mais complexos do que parecemos. Um dos exercícios que me habituei a fazer desde cedo (às vezes com  alguma ginástica e quase forçado pela minha mãe...), foi tentar "colocar-me" no lugar dos outros. É uma coisa que todos devíamos fazer, aqui e ali, pois oferece-nos logo uma perspetiva diferente do que está em discussão.

Com tantos problemas para resolver neste país, o meu barbeiro desta vez foi "meter-se" com os sem abrigo, essa "escória" da sociedade, esse "lixo humano", no seu léxico de barbearia. Felizmente ele é bem falante, raramente utiliza o vernáculo, o que faz com as conversas não "descambem (talvez seja uma estratégia pessoal, pois assim pode dizer as maiores barbaridades, deixando a imagem de que não está a "insultar ninguém"...).

Mas ao chamar alguém de "lixo humano" (mesmo que possa ter razão em alguns casos) está logo a entrar no domínio da ofensa pessoal e colectiva, a todos os homens e mulheres que, voluntariamente ou involuntariamente, foram despejados para a rua e transformaram um banco de jardim ou um velho alpendre em "quarto de dormir".

Eu disse-lhe que quando surge um desemprego tardio e de repente todas as portas se começam a fechar, é difícil dar à volta e voltar a ter uma vida normal. Se a família em vez de ajudar ainda "empurrar para baixo", é meio caminho andado para as pessoas se sentirem uns empecilhos e quererem "desaparecer"...

Ele respondeu-me da forma mais fácil, que "trabalho é coisa que nunca faltou por aí, falta sim, vontade".

Foi quando esgotei os argumentos...

Não valia a pena dizer que a forma de desaparecer mais usual é esta: deitar a chave de casa fora e esquecer o "número de polícia" da porta da rua e inventar outra vida, aparentemente mais livre, mas também mais suja e com menos sentido...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, julho 04, 2022

Os Cartuchos de Sal como Resposta (muito rara)


De longe a longe passa uma história do arco da velha na televisão, de novos proprietários de prédios que fazem de tudo, para correr com os inquilinos. E se for gente da terceira idade, nunca mais têm paz...

Infelizmente alguns senhorios portugueses também começaram a imitar os mafiosos estrangeiros, nas patifarias aos arrendatários, quando percebem que podem ganhar muito mais dinheiro, se conseguirem correr com os "velhos" que "nunca mais morrem", que moram nas suas casas.

Pagam a alguém, para os assustar durante a madrugada, sejam com a tentativa de abrir a porta de entrada ou até partindo vidros de janelas, destruindo vasos, etc.

Claro que a maior parte dos velhos não são de "ir à luta" como o Alfredo, que nunca mais caçara, mas ainda tinha a arma guardada num dos armários da dispensa. Mesmo com oitenta e um anos, achou que não se podia ficar, até por saber que a polícia não podia montar guarda em todas as casas. Também não tinha para onde ir com a esposa. A casa da filha era demasiada pequena para todos...

Determinado, à terceira noite montou guarda no quintal, longe da vista de quem aparecesse. Às duas e tal da manhã apareceram dois indivíduos, um ficou junto à porta e o outro começou a bater nas persianas das janelas, acordando todo o prédio. Como nos outros dias a vizinhança fingiu que não ouviu (inquilinos recentes, já com a renda actualizada...).

O velho Alfredo não teve meias medidas e disparou contra o vulto que estava junto à porta, que assim que ouviu o tiro, começou a correr sem parar, tal como o companheiro de aventura. Não chegou a saber se o sal fez mossa, mas já vão no décimo dia sem receber visitas estranhas. 

Claro que tanto ele como a esposa continuam com dificuldade em adormecer, pois estão sempre à espera que surja qualquer coisa, no escuro da noite...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


terça-feira, junho 21, 2022

A Vida (também) é isto...


A minha primeira reacção foi de estranheza. Não é muito habitual alguém se aproximar de nós, sem o conhecermos de parte alguma, principalmente neste tempos de menos calor humano. 

Estava a arrumar as compras no porta-bagagens quando o homem, cuja idade andava entre os 70 e os 80 anos, se aproximou de mim. Continuei a fazer o que estava a fazer, mesmo quando ele passou a apenas dois metros e olhou para mim. Curiosamente, não parou nem disse uma palavra.

Quando se afastou, olhei-o com mais atenção. Andava calmamente e observava com olhos de ver os carros à sua volta, com a chave na mão. Foi quando percebi que devia estar à procura da sua viatura.

Aquele parque de estacionamento era relativamente pequeno (nem sequer tinha as letras e os números dos dos centros comerciais...), nem era daqueles que nos fazem andar perdidos, com vários pisos, se não fixarmos as cores e sinais.

De vez enquanto carregava no botão da chave, à procura de um sinal, de uma luz... Foi o que aconteceu, pouco tempo depois, numa das pontas do parque.

A vida (também) é isto. Vai-nos roubando frescura e faculdades, à medida que o tempo passa...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


domingo, março 27, 2022

Talvez...


Talvez seja um sintoma de "velhice", mas sinto que cada vez se respeitam menos as pessoas (de todas as idades) e as coisas (mesmo as bonitas)...

Tal como sinto que não há "remédio" que cure quem salta de vandalismo em vandalismo, apenas porque sim.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, março 25, 2022

As Exposições de Arte a Céu Aberto


Sei que nem toda a gente gosta da "Arte de Rua" (estou a falar de arte e não de "tags" ou riscos...), mas também sei que dificilmente se consegue ficar indiferente (até pela dimensão das obras...), ao que os nossos olhos são quase obrigados a ver.

É por isso que há vários municípios que têm apostado nos últimos anos nesta arte, para dar vida a locais quase abandonados, e que depois despertam a curiosidade de muita gente que gosta destes trabalhos artísticos, inclusive turistas (além de Capital e dos seus concelhos próximos, com Almada, estou a lembrar-me da Covilhã e de Viseu...).

E lá volto à arte da Rosarlette, como exemplo, que não deixa ninguém indiferente nas ruas de Almada.

Mas a minha dúvida que fica, é se esta "arte de rua" tem alguma influência, ao nível da sensibilidade e da curiosidade artística, nas pessoas comuns, ao ponto de as levar a visitar museus...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sexta-feira, dezembro 10, 2021

Fingimos que não Vemos... Fingimos que não Percebemos...


Fingimos que não vemos... Fingimos que não percebemos... Sempre foi a forma mais fácil de olhar para o mundo à nossa volta. 

Devíamos ter vergonha desta Europa em que habitamos, que gosta de se fingir mais democrática e humanista, do que realmente é.

Acho que também foi, mais ou menos assim, o nosso comportamento durante os anos intermináveis da Segunda Guerra Mundial.

As gentes dessa época também fingiram não perceber o que se estava a passar com todos os perseguidos, especialmente com os judeus.

Obrigado Rosarlette (cliquem no nome), por nos recordares que existem crianças presas nos muitos centros de acolhimento de refugiados espalhados pelo mundo, em mais um Inverno do nosso descontentamento...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)