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sexta-feira, novembro 28, 2025

«Tiraram o lugar a quem? Você vai fazer o que eles fazem, por esses campos fora?»


Sei que estou melhor, mas estou longe de estar curado.

Ainda falo muitas vezes em situações, em que o o bom senso aconselhava o silêncio.

Tudo isto que aconteceu no Alentejo e que reflecte uma realidade que não é apenas do Sul, mas que nos devia envergonhar, a todos, fez-me recordar um episódio. 

Realidade que é quase sempre conhecida e aceite pelos habitantes locais, por razões que continuo sem entender. A única coisa que sei, é que são estas mesmas razões que levaram as pessoas a fazer uma viragem de quase 360 graus, passando a votantes do Chega, depois de andarem  décadas a votar na CDU, por essas planícies fora.

Sei que os seus níveis de instrução são baixos, mas daí a não conseguirem perceber a realidade que lhe entra pelos olhos dentro, é outra coisa... 

Compreendo que não olhem para os sujeitos que trespassaram o café e o mini-mercado, como as melhores pessoas do mundo, até por estarem ali para ganhar dinheiro à custa deles. 

Mas o problema nem é esse, nunca foi. 

É aquela cor de pele, aquele olhar escuro e em desconfiança permanente, que não lhe garante nada de bom. E depois vêm as palavras de ordem que lhes entram pela cabeça dentro, sempre que o "rei dos aldrabões" aparece na televisão. Palavras que ainda os fazem acreditar mais, que aqueles estranhos só vieram para cá para lhes "roubar trabalho".

Foi num destes cafés, perdidos por esse interior fora, quase sem gente, que escutei esta frase sacramental enquanto bebia uma mini na companhia de dois familiares afastados, à passagem pela rua de três "indianos".

Não consegui falar calado e perguntei-lhes, sem qualquer rodeio: «Tiraram o lugar a quem? Você vai fazer o que eles fazem, por esses campos fora?» Olharam um para o outro e não me responderam. 

Só uns dois minutos depois e que um deles disse qualquer coisa como: «Também não é bem assim...»

Nada era bem assim, mesmo que eles fingissem não perceber.

Não disse mais nada mas fiquei a pensar, que a trabalharem desta forma e ser recebidos desta maneira, de Norte a Sul, talvez a melhor coisa que esta gente fizesse, fosse mesmo "ir para a (tal) terra deles"...

(Fotografia de Luís Eme - Beira  Baixa)


quinta-feira, novembro 27, 2025

Um PSD apostado em desregular, desiquilibrar e destruir o País...


A escolha das ministras da Saúde e do Trabalho, foram feitas com um propósito cada vez mais claro, ao ponto de parecerem desenhadas a régua e esquadro.

E pode-se dizer que têm tido sucesso nos seus propósitos.

O SNS é o que se vê, por mais "areia que nos tentem atirar para os olhos", está tudo pior nos hospitais e centros de saúde públicos. Algo que deve agradar - e de que maneira - a todos os grupos privados, que têm construído hospitais e clinicas nas principais cidades do país, com um sentido de oportunidade único. 

O trabalho começa a ser cada vez mais sinónimo de precariedade e salários baixos. E com a nova proposta de lei deste Governo, que segundo a ministra apenas tenta "equilibrar a balança" (segundo ela a lei actual favorece os trabalhadores...), as coisas só podem piorar. 

Só alguém que está ao lado do patronato, é que é capaz de dizer uma coisa dessas.

É uma vergonha para todos nós termos um governo que se diz democrático, mas que se percebe à légua, que está cada vez mais apostado em desregular, desiquilibrar e destruir o país, tanto no campo económico como social.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, novembro 12, 2025

O tempo vai passando, mas é impossível fechar os olhos a um primeiro-ministro manhoso e a duas ministras vingativas...


Provavelmente devem existir alguns ministros competentes no governo do "conde de monteverde". Não serão com toda a certeza as ministras da Saúde e do Trabalho, cujas primeiras acções políticas que tiveram foi criarem condições para as demissões de Fernando Araújo e Ana Jorge.

Normalmente a sabedoria popular não se engana, e o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita...

Isso explica o estado da nossa Saúde e a contestação que está a merecer a proposta da nova "lei do Trabalho".

Também não deixa de ser curiosa a reacção do "conde de monteverde", que continua a assobiar para o ar em relação à empresa que continua a ter dentro de casa, mas que não teve qualquer dúvida a apontar o dedo aos malvados comunistas, que ainda mandam na CGTP e querem "parar" o país, por causa de uma lei, que só quer facilitar as relações laborais.

E tem razão. Se se tornar mais fácil despedir trabalhadores, isso facilita, e de que maneira, as relações laborais. Então para os patrões...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, novembro 01, 2025

Sim, podíamos falar de coisas mais interessantes, que essa coisa a que chamamos trabalho, mas...


Eu sei... Num feriado devia ser proibido falar de trabalho.

Mas não é da actividade em si, que vou falar, é mais da sua definição. Até porque nunca tinha pensado que "era tantas coisas".... e não apenas aquilo que fazemos como actividade profissional e remunerada.

Viajámos por muitos lados, até chegámos aquele senhor que  alguém quer que venha em dose tripla, graças à FNAT (que a liberdade transformou em INATEL...).

A conversa tornou-se ainda mais confusa, quando muitos de nós ganham (ou ganharam...) dinheiro a conversar, Sim, o jornalismo também é "conversar", dentro e fora das entrevistas. Para sabermos coisas temos de andar por aí a fazer perguntas.

Andámos por muitos mais sítios, por todas aquelas profissões que não oferecem felicidade a ninguém, Com alguma naturalidade também entrámos no mundo do funcionalismo público, onde quase que se fazem concursos, para ver quem consegue chegar ao fim do dia sem "mexer uma palha".

Depois entrámos na rua dos voluntários, onde ainda ficámos mais baralhados. Sim, hoje há muito voluntariado remunerado, porque algumas ocupações se foram tornando profissões (os bombeiros, por exemplo). Como devem imaginar, a confusão tornou-se ainda maior.

Como de costume, em vez de querermos chegar a alguma conclusão, preferimos derrubar um ou outro mito, como a expressão popular de que "trabalhar por gosto não cansa".

Sim, a maior parte de nós, por termos trabalhos, de alguma forma criativos, sempre fizemos coisas de que gostávamos. E não foi por isso que chegávamos o fim do dia menos cansados que os "infelizes" com quem nos cruzávamos diariamente nos transportes públicos...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sábado, setembro 13, 2025

As artes e as letras como "ganha-pão" (ou não)


Eu sei que, de certa maneira, sou um purista (para outros costumo ser coisas piores...), por não conseguir olhar para o mundo das artes e letras como uma profissão igual às outras.

Claro que sei que quem escreve, quem pinta, quem canta, quem faz teatro, tem de viver como as outras pessoas, ou seja, tem de ganhar dinheiro com as suas actividades criativas. E também sei que se quiser ser alguém, acima da média, não pode continuar a ser artista apenas ao final do dia ou aos fins de semana.

O curioso é que estas discussões normalmente não nos levam apenas a um lado, são demasiado complexas para se ter um olhar simples. Não deixou de ser curiosa a expressão do Jorge, de que apenas alguma boa fotografia e algum bom cinema, são a preto e branco. E mesmo esses nunca dispensam os cinzentos...

Todos conhecemos pessoas que pintavam apenas para vender. E quando o mercado encolheu, muitos arrumaram os pincéis e as tintas  e começaram a fazer outras coisas, que lhe pudessem ajudar a pagar a renda. O Gonçalo atreveu-se a dizer que os pintores eram pessoas diferentes, para levar logo de seguida com o exemplo do Manuel Ribeiro Pavia, que morreu à mingua. E logo ele que se fartou de trabalhar, de fazer capas de livros e ilustrações para escritores, uns amigos outros apenas conhecidos, sem ter tabela de preços. Como a maioria só se lembrava do Manel Pavia quando precisava, ele foi embora quase sem que se desse por isso...

E depois houve alguém que trouxe o futebol para a mesa. E lá se começou mais uma discussão daquelas, porque para uns este desporto era uma arte e para outros apenas um jogo...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


segunda-feira, setembro 08, 2025

Pouco mudou na mentalidade do empresário português


O que se passou no Oeste na semana passada, com a descoberta de imigrantes ilegais acampados, junto às instalações de uma empresa que explora o cultivo e a apanha da pêra rocha, é um bom exemplo do que se passa no chamado trabalho sazonal agrícola, um pouco por todo o lado.

Se for possível fugir ao pagamento de impostos, mantendo apenas uma parte dos trabalhadores em situação legal, será essa a prática do empresário  português (e também de outras nacionalidades, porque as más práticas "copiam-se", cada vez mais...).

Infelizmente, longe vão os tempos em que o empresário estrangeiro instalava-se em Portugal e era um exemplo nas boas práticas e boas condições que ofereciam aos seus trabalhadores.

Se a entrada na Europa trouxe para o meio empresarial gente nova com uma outra mentalidade e cultura económica, acabando com muitas empresas quase de "vão de escada", passados alguns anos, com o avanço do chamado "capitalismo selvagem", as más práticas regressaram em força ao mundo fabril. Uma das piores consequências foi a normalização do trabalho precário, com os trabalhadores a passarem a ser meros colaboradores...

A aposta no "lucro fácil" encurta sempre a visão a médio e longo prazo dos nossos empresários, e explica em grande parte as dificuldades que o país tem em crescer e competir com a Europa e o Mundo.

(Fotografia de Luís Eme - Monte de Caparica)


sexta-feira, julho 18, 2025

O turismo, sempre ele (justifica todos os crescimentos)...


O turismo (a galinha que "põe" ovos de cor amarela para os governos...) fez crescer muitas coisas, ao ponto de tornar a vida dos habitantes fixos das cidades maiores, um pesadelo cada vez maior.

Há outras coisas que também crescem, quase em paralelo, umas quase "invisíveis", como são os carteiristas e outras demasiado visíveis, como são os pedintes.

Tanto uma como outra, tornaram-se quase uma profissão (até "indústria"), graças aos romenos, que devem ser uma chatice para os mendigos portugueses...

Lá estou eu a "esticar-me"... Só queria falar do facto de nenhum dos meus companheiros da "indústria das palavras", dar esmolas (a excepção são os cegos do metro, quando temos moedas nos bolsos...) a esta gente "profissional".

Mas eles continuam espalhados pelas ruas, nas esquinas e à entrada de casas comerciais. Ou seja, devem garantir o seu "rendimento" diário.

E lá vieram os turistas, que segundo o nosso ponto de vista, não são apenas a salvação do governo de "Monteverde" (como foram do Costa), chegam a todo o lado e dão a mão a quase todas as actividades económicas do país, até a quem trabalha com a mão esticada nas ruas...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, maio 11, 2025

As greves pouco inteligentes da CP


Mesmo sendo de esquerda, no historial dos movimentos grevistas portuguesas, sempre me fez confusão a forma como eram (e são...) organizadas as paralizações, por parte dos sindicatos ferroviários.

São sempre greves que prejudicam praticamente só os utentes deste transporte, e deve ser por isso que muitas das reivindicações não são atendidas pelas administrações (desta vez até foram aproveitadas pelos "populistas" da AD, para lhes apontarem o dedo e prometer "mudanças"...).

Praticamente desde Abril, que não se vê uma única medida defendida pelos sindicatos que procure corresponder aos anseios das populações, melhorando a sua oferta, ao ponto dos sindicalistas se preocuparem cada vez menos em cumprir os serviços mínimos (como se viu nos últimos dias).

É por isso que se perguntarmos a alguém que utilize diariamente as linhas de Sintra, Azambuja ou de Cascais, se concorda com estas greves, recebemos quase sempre um não bem redondo e coisas bem piores que "eles não querem trabalhar e não respeitam quem trabalha".

Apesar das críticas que se ouvem aqui e ali ao Pedro Nuno, o único sinal de esperança que se sentiu, naquele que continuo a considerar "o melhor transporte do mundo", foi quando ele teve a tutela da ferrovia como ministro...

No regresso do Norte da "aventura de quatro dias" por Trás-os-Montes e o Minho, os meus companheiros deixaram-me em Santarém, para apanhar o regional para o Oriente. O comboio vinha lotado e cheio de jovens, com ar de estudantes universitários. Ou seja, apesar deste transporte continuar a ser tão maltratado (o "inter-cidades" que devia ter passado meia-hora antes do regional em Santarém, só nos passou quase a meio da viagem, obrigando-nos à ficar à sua espera em Setil...), continua a ter clientes...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, maio 01, 2025

O Primeiro de Maio continua a ser demasiado bonito e sentido


Faz-me confusão, que até o Dia do Trabalhador, tenha sido banalizado, especialmente pelos adeptos do consumismo.

Sei que essa tem sido a luta dos patrões, pelo menos desde Abril, desviar quem trabalha de rumos que se podem tornar perigosos, ao ponto de os puder levar de regresso à defesa os seus direitos laborais de um rumo.

Pois... parece que o conseguiram, mesmo que o Primeiro de Maio seja demasiado bonito e sentido, para ser trocado "por um prato de lentilhas"...

(Fotografia de Luís Eme - Beira Baixa)


sexta-feira, abril 11, 2025

Ver o tempo a fugir por entre os dedos...


Este mês de Abril está ser de muito trabalho.

O curioso, foi a montagem da minha exposição de fotografia (que é inaugurada amanhã...), acabar por servir quase como um momento de distracção, e até descontração.

Há muito tempo que não sentia os dias tão curtos, mesmo que o Sol apareça cada vez mais cedo e vá-se embora mais tarde...

Até parece quase um título de livro ou filme, esta coisa de ver o tempo a fugir por entre os dedos...

(Fotografia de Luís Eme - Costa de Caparica)


terça-feira, abril 01, 2025

Parece no mínimo estranho, mas não é...


Somos um país onde as famílias cada vez são mais pequenas. Sim, há cada vez mais casais sem filhos ou com apenas um rebento. E muitos deles, preferem ter um cão a um filho... 

É por isso que parece "incompreensível", ouvirmos notícias sobre a falta de vagas nas creches da rede pública ou sobre fecho de várias urgências de obstetrícia aos fins de semana.

Parece...

Se não fossemos um país que tem tratado tão mal os jovens portugueses, que por não estarem para ter uma vida cheia de obstáculos, emigram para países que lhes oferecem melhores condições de vida.

E isso explica a falta de educadoras de infância e de médicos especialistas no SNS, tal como a de professores e de tantos outros profissionais...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, dezembro 26, 2024

Apesar dos nacionalismos crescentes, há mais que um país dentro do nosso país...


O que aconteceu em volta do Martim Moniz, acabou por se surgir em muitas conversas, nesta quadra festiva, repartidas por várias casas.

O que notei, é que nem mesmo as pessoas mais conservadoras acharam bem o que passou. Todos estavam de acordo que quando se quer apanhar "foras da lei", não se lança "fogo de artificio". A não ser que o objectivo da operação seja o de  "espantar-bandidos".

Mas nem era sobre isso que eu pretendia escrever. Uma coisa curiosa (quase a entrar no campo do "sexo dos anjos", ou do "nascimento da galinha e do aparecimento do ovo"...), que se falou, era se já nascemos racistas. Uns disseram que sim, outros disseram que não. Eu fui dos que disse "que não", esquecido das coisas que já estão dentro de nós, assim que abrimos os olhos neste mundo...

Mas do que sei, é que se vivermos numa comunidade que não seja racista, por muito que não achemos piada às pessoas de outras cores, temos de "meter a viola no saco" e fingir que somos todos iguais...

Infelizmente não é o que se passa nos nossos dias. Sente-se que o populismo veio para ficar e está cada vez mais à flor da pele, de muito boa gente que nos rodeia.

Mas não há nada a fazer. Apesar do nacionalismo crescente, somos cada vez menos (deixámos de gostar de fazer criancinhas...), a necessidade económica e laboral é quem mais ordena, e isso faz com que exista mais que um país dentro do nosso país...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, novembro 27, 2024

A importância do atendimento público...


Há uma tendência estúpida para olhar para os locais de atendimento público, com alguma ligeireza, e até condescendência, principalmente os ligados ao Estado.

É a explicação que encontro para a colocação nestes lugares de pessoas com algum tipo de deficiência, física ou mental. Quando os problemas são motores, não existe qualquer problema, agora quando as pessoas têm dificuldade em expressar-se ou em responder com ligeireza e acerto, às perguntas que lhes são feitas, é um erro.

Sei que toda a gente tem direito ao trabalho, mas também sei que devem ser protegidas, em relação aos problemas que têm, sejam eles de dificuldade de expressão, de raciocínio ou até de sociabilidade.

O caso real com que me debati, passou-se numa autarquia. A pessoa em causa, foi incapaz de me responder ao que pretendia. Enrolava a conversa e não conseguiu responder com objectividade a nenhuma das questões que lhe coloquei. E quando acabei por lhe perguntar quem é que me poderia ajudar, com aquele assunto, disse-me para enviar um e-mail para o presidente da Câmara. Ainda lhe disse que o presidente devia ter coisas mais importantes para fazer, que receber e responder aos meus e-mails (o que estava em causa era apenas uma actividade cultural...).

E depois agradeci a atenção e virei costas. 

Claro que fiquei a pensar no assunto...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


domingo, novembro 17, 2024

"Vinde a mim, pobrezinhos do mundo..."


Os dias disto e daquilo, sobrepõem-se cada vez mais. Hoje era  dia mundial de pelo menos três coisas diferentes. Apenas vou falar de uma delas, por esta continuar a ser um dos nossos maiores flagelos sociais: a pobreza.

Depois dos tristes anos da "troika" (com o nosso Governo a ir ainda mais longe que essa gente...), o fosso entre ricos e pobres, em vez de diminuir, foi aumentando. Haverá várias explicações para isso acontecer, mas hoje nem me quero focar muito no "capitalismo selvagem" ou nas "más políticas sociais" de um partido, que de socialista só tem o nome, muito menos do seu sucedâneo, que nunca escondeu ao que vem.

Quero falar sim de toda uma indústria que tem florescido em volta dos "pobrezinhos" (sem meter no mesmo saco as associações de voluntários que tentam mesmo ajudar as pessoas...), que gosta de "coitadinhos" e se esforça para roubar a dignidade ao ser humano. 

Indústria que tem a seu lado uma igreja quase moribunda, que também sempre fez a sua "luta" em redor dos "pobrezinhos", e claro, as grandes famílias do poder, que sempre gostaram de distribuir esmolas. Com algumas "esposas do regime" a voltarem a ter a sua "corte de pobrezinhos" a quem dão "pão e agasalhos", e claro, a fazerem o respectivo sorteio, para terem um "pobrezinho" na mesa de Natal...

É por estas pequenas grandes coisas, que se percebe que crescemos muito pouco, como seres humanos. Tenho cada vez mais vergonha de viver numa sociedade que se alimenta e alimenta este "mundo dos coitadinhos", que prefere dar esmolas em vez do pagamento justo pelo trabalho.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, novembro 11, 2024

Fartos (e cansados) de perceber a parte do "não há dinheiro"...


Já escrevi vários textos sobre a vida difícil de quem tenta ser artista a tempo inteiro, viver apenas da sua arte, sem ter uma outra primeira actividade que chama segunda...

Talvez a teimosia maior resida em quem faz teatro e raramente recebe convites para  qualquer papel, grande ou pequeno nas telenovelas. Alguns fingem que não suportam a televisão, cada vez mais estupidificante, e acrescentam que nunca aceitariam fazer parte do elenco telenovelesco.

Dizem isto, mas contam os tostões até ao fim do mês, para sobreviverem com a dignidade possível (para alguns isso só acontece porque almoçam e jantam vezes demais na casa dos pais...). Comecei a contá-los e já ultrapassam os dedos das minhas duas mãos...

Olhando para a nossa realidade, só dois ou três "consagrados" é que se podem dar ao luxo de não fazer telenovelas. Mas para contrabalançar este "luxo", fazem publicidade, que normalmente dá mais dinheiro e menos trabalho, que as fitas por episódios que ocupam diariamente os serões televisivos portugueses.

Lá estou eu a querer dizer uma coisa e acabar por escrever sobre outra...

Eu só queria dizer que não há um actor português, das pequenas e grandes companhias de teatro, que não esteja farto e cansado, do disco riscado, que lhes é oferecido, quase todos os dias, de que "não há dinheiro" (quase sempre pelas autarquias...), porque é preciso alimentar as criancinhas nas escolas, sim a fome existe, em quase todo o lado; porque têm de fazer obras para realojar as pessoas; porque é preciso tapar os buracos da estrada, etc.. Ou seja, a cultura não consegue sair do último lugar das prioridades deste país, "cada vez mais de brincar"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, outubro 15, 2024

O melhor do mundo continuam a ser as pessoas (as boas, claro)


Apesar de sentir que existem aqui e ali, algumas mudanças, gente que gosta de meter o humanismo no bolso, continuo a acreditar que o melhor do mundo, continuam a ser as pessoas...

Pode haver aqui alguma poesia, e claro, um olhar sobre a melhor da nossa natureza. Continuo a ser do clube dos optimistas, mesmo que os ventos soprem cada vez mais forte, no sentido contrário.

Tudo isto porque a minha filhota está na fase estágios, que a preparam para a profissão. A mãe insistia que havia um lugar mais moderno, com melhores condições. Ela, muito bem, disse que era ela que escolhia onde queria estar. Nestas escolhas, o que ela dava mais importância era às pessoas que ia encontrar e não à modernidade dos espaços.

Normalmente não me meto nestas discussões, até por saber que ela vai crescer com o "bom" e o "mau", que apanhar à frente.

Não lhe disse, mas eu também continuo a dar preferência às pessoas, em detrimento dos lugares...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


quarta-feira, outubro 09, 2024

«Quando somos significantes, por muito que se esforcem, é difícil reduzirem-nos à insignificância.»


O mundo do trabalho é um lugar estranho e desigual. E no nosso país ainda parece que é pior, quando sabemos que o normal é os patrões ou gestores ganharem vinte vezes mais que o ordenado médio dos restantes trabalhadores.

Esta "desigualdade" ainda é mais grave, por sabermos que muitos destes gestores se queixam de que não podem pagar mais que o ordenado mínimo aos seus colaboradores, sempre que se fala de aumentos...

Falo disto porque uma pessoa amiga mudou de emprego. Os patrões nem sequer fizeram um esforço para igualar ou cobrir a oferta da concorrência. 

Não sei se não perceberam a sua importância, ou se fingiram não perceber. O facto é que ela era a "alma da casa". Além de os substituir em muitas questões técnicas e criar bom ambiente de trabalho, deu-lhes muito dinheirinho a ganhar, que é o que mais conta para eles...

Estive com ela há dias. Está satisfeita no novo emprego, até porque ganha mais e trabalha menos. Como é uma empresa bem organizada, cada um sabe o que tem de fazer (não lhe cai quase tudo em cima, com acontecia anteriormente...) e o normal é as coisas correrem bem.

O mais curioso foi, que, quando ela falou com os patrões, estes não a levaram a sério e até quase que brincaram com a situação. Essa atitude acabou por ser decisiva para a sua saída.

Ela resumiu quase tudo a uma frase: «Quando somos significantes, por muito que se esforcem, é difícil reduzirem-nos à insignificância.»

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, agosto 21, 2024

O problema do nosso País não é o de não se querer trabalhar, mas sim o de existir trabalho a mais...


Já escrevi sobre isso mais que uma vez.

Talvez  a clareza não fosse a desejada...

No nosso país não existe mão de obra disponível para as necessidades da hotelaria, da restauração e da agricultura (mesmo que esta seja sazonal e deixe bastante gente sem fazer nada durante uns meses...). 

Utilizem os "fascistas" o discurso que quiserem (eu sei que é só conversa...), para ganharem os votos das pessoas pequeninas, que não só têm medo de "quem vem de fora", como os culpam de "todos os males do país".

Os capitalistas que alimentam os partidos de direita, são os primeiros a preferirem a "gente de fora" para as suas empresas, porque são sinónimo de mais exploração e mais lucro.

Quem enche a boca com a frase de que "os portugueses não querem trabalhar", devia olhar com olhos de ver para a realidade do nosso País, com uma população cada vez mais envelhecida. Pior que isso, é a relação cada vez mais desigual entre empregador e empregado, empurrando os nossos jovens mais qualificados para fora de Portugal, onde encontram trabalho mais bem pago e com melhores condições, e não a precaridade e a exploração, que são a marca deste país, cada vez mais miserável, que tem tudo para acabar mal, como de costume...

Só não vê quem não quer, que o problema actual do nosso país não é o de não se querer trabalhar, mais sim, o de existir trabalho a mais (em todos os sectores, da saúde à educação, passando pelos serviços...).

(Fotografia de Luís Eme - Caramujo)


segunda-feira, agosto 05, 2024

Quase que apetece dizer: "volta 'simplex' estás perdoado!"


Cada vez que tenho de me deslocar a qualquer serviço público, é um suplício. Estou quase uma hora à espera para resolver uma coisa que demora menos de cinco minutos.

Sei que a culpa maior é dos políticos, que são avessos a reformas (António Costa é um dos grande culpados, pois esteve tempo suficiente no poder para ter reformado o Estado...). E estas são tão necessárias, em quase tudo...

Claro que os funcionários também têm as suas responsabilidades, pois além de serem avessos às mudanças, adoptam a teoria de "que quanto menos fizerem melhor".

Sei que é visível a falta de pessoas nos atendimentos, mas a falta de eficiência ainda é maior...

A solução não devia ser apenas a de "privatizar" (os CTT, por exemplo, funcionam muito pior...), tão à medida do PSD, devia ser sim, melhorar, servir melhor os outros. Muitas destas pessoas que estão em serviços de atendimento, detestam ter se "servir os outros", como se isso tivessem algo de negativo. Isso acaba por acontecer, directa ou indirectamente, em todas as profissões.

Voltou-se a falar do "simplex". E sim, quase que apetece dizer: "volta 'simplex', estás perdoado!"

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, agosto 02, 2024

Ao contrário do país, eu não "fecho em agosto"...


Fizeram-me um pedido e lá andei, para trás e para a frente, ao encontro de portas semi-abertas ou fechadas, serviços a menos de "meio-gás" e funcionários que estavam ali, mas não estavam...

Não mudámos muito. E em muitas coisas, houve um tempo que melhorámos, mas na actualidade voltámos para a "cauda da Europa", que parece ser onde nos sentimos bem...

Claro que para as empresas e instituições com um número significativo de funcionários, o melhor é mesmo fechar as portas, porque é o mês em que "quase se pára" e também facilita o mapa das férias, não há chatices nem invejas, vai tudo de férias em Agosto e ponto final.

A senhora de cabelo claro abriu muito os olhos quando eu disse, que não me lembrava de "ter fechado em Agosto".

Virei costas e deixei-a a pensar, com cara de caso. Não lhe ia dizer que há muitos anos que faço férias em Julho, e que em Agosto tento contrariar a lógica deste "paraíso à beira mal plantado"...

Talvez em Setembro seja possível, encontrar o programa desejado por alguém...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)