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quinta-feira, abril 04, 2024

O cheiro destes dias de nevoeiro...


Quando me levantei e espreitei a janela, descobri uma manhã quase de nevoeiro cerrado. Apenas via a fachada do prédio de frente.

Depois abri a varanda e não foi difícil de descobrir o cheiro esquisito da atmosfera, que normalmente vem "colado" a estes episódios, em que parece que o "mundo desapareceu"...

Enquanto bebia café lembrei-me dos dias de nevoeiro do  Barreiro, no começo dos anos oitenta do século passado, em que o ar se tornava quase irrespirável, especialmente nas noites mais fechadas e húmidas. Sabíamos que as fábricas da Quimigal aproveitavam estas "quase barreiras" para misturarem os gases tóxicos das suas torres enormes com o ar que respirávamos, deixando à nossa volta um cheiro muito pouco saudável, povoado de enxofre, amoníaco e outras pestilências, que quase nos arranhava a garganta.

Nessa altura as fábricas ainda funcionavam a todo o vapor e falava-se pouco do ambiente. Mesmo que todos soubéssemos que a única coisa que aquelas coisas deviam fazer era aumentar o crescimento dos pelos no nariz, nas orelhas e nas costas... 

Claro que estou a brincar. Faziam pior que isso, de certeza.

Mesmo sendo das artes e não das ciências, continua a fazer-me muita confusão, que estes cheiros esquisitos só apareçam no ar nos dias de nevoeiro...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


quinta-feira, janeiro 24, 2019

Temos Passado, mas não Temos Futuro...


Apesar de todas as mudanças económicas e sociais que têm transformado a nossa sociedade, ainda  se sente que a história das localidades têm uma influência directa no comportamento das pessoas. Ou seja, uma cidade que tem como principal actividade económica o comércio, será sempre diferente de uma localidade com profundas raízes industriais, seja em Portugal ou na China. E, obviamente, a mentalidade das pessoas também será diferente.

Mas não sei até quando é que será possível compor estes "retratos"...

Digo isto por que nos tempos que correm, as localidades começam ser mais difíceis de caracterizar. O comércio mudou completamente (está quase tudo centralizado nas grandes superfícies comerciais, esvaziando o coração das cidades...) . E a industria também vive num outro paradigma (quase toda ela é mecanizada e não emprega milhares e milhares de pessoas como noutros tempos...).

Poderei mesmo dar o exemplo das minhas cidades (Caldas da Rainha e Almada). A primeira  tinha no comércio o seu grande alicerce socioeconómico, a segunda tinha profundas raízes industriais (no sector naval e corticeiro). Ambas vivem hoje tempos de grande indefinição, que poderão provocar inclusive "crises de identidade", num futuro próximo.

Só não sei é se se há espaço para vivermos quase exclusivamente de serviços e de turismo, de Norte a Sul do País...

(Fotografia de Luís Eme - Seixal)

segunda-feira, agosto 13, 2018

Defender e Pensar o País (sem a demagogia do costume)...


Não há nenhuma área em Portugal, que não tenha sempre grandes especialistas, capazes de defender o indefensável e dizer as maiores asneiras, com o maior desplante do mundo.

Agosto, para não fugir à regra, é o tempo dos especialistas em "incêndios"...

Quase todos sabemos que os eucaliptos só tem uma vantagem, crescem rapidamente e se forem bem protegidos e limpos, poderão dar um bom lucro aos seus proprietários.

É por isso que ocupam tanto espaço nas nossas florestas.

De resto, tem efeitos nocivos para os solos (é verdade que "secam" tudo à sua volta...) e são mais perigosos em caso de fogos, que outras árvores, devido às projecções que lança a largas de dezenas de metros com a ajuda do vento.

Claro que a principal causa dos incêndios é o abandono das matas (transformadas em matagais...), que ao não serem limpas, se tornam inacessíveis e autênticos "barris de pólvora". E aqui, estão todas as árvores em pé de igualdade, embora os homens que andam no terreno a apagar fogos, continuem a dizer, que nas áreas com eucaliptos, a propagação dos fogos é muito mais rápida...

Mas bom era que os especialistas se entendessem, de uma vez por todas, porque mais importante que a sua "razão", são as nossas florestas e as nossas aldeias, vilas e cidades...

(Fotografia de Luís Eme)

quinta-feira, agosto 31, 2017

É Sempre Importante Vestirmos a Pele do Outro, Antes de Falarmos...


Sempre que há um tema polémico em discussão, faço um exercício, que nem custa muito: tento "vestir a pele" dos protagonistas, e só depois de pensar um pouco, é que dou a minha opinião (quando dou...).

Por exemplo, era incapaz de escrever este primeiro parágrafo do artigo de opinião da jornalista Joana Petiz publicado hoje no "D.N.": «E mais de 20 anos depois veio a greve. Uma paralisação inédita na Autoeuropa, com a qual não concordam muitos dos seus funcionários e nem sequer o homem que conseguiu incríveis regalias para quem ali trabalha, enquanto representante dos funcionários, e que fez cair a Comissão de Trabalhadores - que negociou um acordo chumbado por aqueles que representava. O problema: a produção do novo modelo da Volkswagen. Não é que sejam retirados direitos aos trabalhadores. Pelo contrário, a empresa até lhes garantia mais um dia de férias e 175 euros por mês, além das regalias previstas para os turnos, em troca dos sábados de trabalho obrigatório durante dois anos. Nada que seja estranho para quem trabalha no comércio, na restauração, na hotelaria ou mesmo nos media. Mas os senhores da Autoeuropa garantem que não estão disponíveis para trabalhar ao sábado, que isso não é vida que se concilie com uma família e que muitos deles nem sabem onde hão de deixar os filhos nesse dia.»

Em primeiro lugar porque este texto está cheio de "certezas" e de "ficções". Em segundo lugar, porque não se deve comparar o que não é comparável. 

Quando a senhora jornalista diz é uma paralisação inédita, com a qual não concordam muitos dos seus funcionários, gostava de lhe perguntar como foi possível parar a produção da fábrica, com tão pouca aderência. E se é uma paralisação inédita (a primeira greve em vinte anos), é porque a proposta apresentada pela empresa representa um retrocesso no dia-a-dia destes trabalhadores (que não têm nada que ser comparados com quem trabalha no comércio, na restauração, na hotelaria ou nos media). 

Mas esta mania tão portuguesa, de querer sempre nivelar por baixo, tem destas coisas...

Num país em que normalmente se "come e cala" (em nome da crise, que raramente chega às administrações...), gosto de ver trabalhadores a lutarem pelos seus direitos.

quinta-feira, junho 22, 2017

Publicidade Obscena

Quando vi esta página de publicidade (paga) no maior jornal português ("Expresso"), pensei logo em guardá-la. Achei-a tão pertinente como polémica, por ser notoriamente mais um produto da "pós-verdade".

Compreendo que a Celpa (Associação da Indústria Papeleira) faça o seu papel e defenda os interesses dos seus associados. Já não compreendo que ninguém questione o conteúdo da publicidade, até por ser "enganosa", para não lhe chamar outra coisa. Muito menos que eles se assumam como "a economia portuguesa"...

Nem vou sequer abordar o facto da indústria da celulose ser o sector que retira mais dividendos dos incêndios (a par dos vendedores de equipamentos para bombeiros e das empresas que alugam helicópteros e aviões...). Vou sim questionar: como é possível um país pequeno e sem grandes recursos, gastar todos os anos milhões de euros no combate aos incêndios (muitas vezes mais do que gastaria em prevenção...), com a complacência de todos os partidos com assento parlamentar e até da Europa.

É por isso que espero que o que aconteceu às 64 vítimas do maior incêndio de que se tem memória no nosso país, signifique finalmente um ponto de viragem na política seguida pelos nossos governos, quer no ordenamento do território, quer num melhor aproveitamento dos solos agrícolas e florestais de Norte a Sul.

domingo, outubro 12, 2014

O Verdadeiro Talento


Meryl Sreep talvez seja a grande excepção da indústria americana, ao ponto de a "regra" de Holywood (andar sempre atrás da beleza feminina...) já não ser o que era.

A forma como se impôs na Sétima Arte foi decisiva para que o talento passasse a ser tão importante como a beleza, abrindo portas a outras mulheres, que queriam ser mais que simples objectos de desejo.

Apesar de já não ir para nova continua a ser das actrizes mais requisitadas de Hollywood e possui a carreira feminina mais sólida e premiada do cinema (só para dar dois pequenos exemplos, venceu o Óscar por três vezes, entre dezoito nomeações; venceu os Globos de Ouro por oito vezes, entre 28 nomeações...).

Talvez os seus maiores segredos tenham sido nunca se ter olhado ao espelho como uma estrela, nem abdicar de ter uma vida familiar normal, distante do ambiente artístico e louco de Los Angeles.

Como todas as mulheres que não param o trânsito, teve de trabalhar mais para se impor. E isso também fez a diferença, tal como a sua versatilidade (ao longo da sua filmografia de dezenas de filmes, já foi praticamente tudo, entre dramas e comédias). E não é por acaso que contracenou com os melhores actores e foi dirigida pelos grandes realizadores...

Os filmes que mais gostei da Meryl  foram: "O Caçador" (1978), "Kramer contra Kramer" (1979), "A Escolha de Sofia" (1982) - primeiro Óscar -, "Africa Minha (1985),"A Difícil Arte de Amar" (1986), "As Pontes de Madison County" (1995), "O Diabo Veste Prada" (2006), "Mamma Mia! O Filme" (2008) e "A Dama de Ferro" (2011).

terça-feira, fevereiro 25, 2014

Somos Meros Objectos nas Mãos de Políticos Desonestos e Mentirosos


Sei que me repito muitas vezes nos adjectivos que utilizo para caracterizar a generalidade dos políticos (que se me lerem, devem ficar muito ofendidos, porque usam sempre espelhos especiais que só lhes mostram o que querem ver...).

Mas não posso dizer outra coisa de quem passa a vida a prometer o que não pode, ou não quer cumprir.

Estas palavras vêm a propósito de alguns comentários suscitados pelo livro que escrevi sobre a Lisnave. Quando se falou das razões do seu fecho, um antigo funcionário disse que o descontentamento das pessoas que moravam nas imediações (pela poluição que provocava...) tinha tido algum peso. Discordei de imediato, até por ser morador na antiga Quinta da Alegria, o espaço habitacional mais próximo dos estaleiros. Nunca circulou qualquer abaixo assinado para correr com a Lisnave, muito menos se fez qualquer tipo de manifestação. Ou seja, não tivemos nenhum peso no encerramento dos estaleiros.

Se nós, cidadãos, não conseguimos parar esta "febre" de fechar coisas tão importantes (e não é por não se sair para a rua a protestar) como uma escola, um centro de saúde ou um tribunal, provocando ainda mais desemprego e e menos actividade económica nas nossas cidades, como poderíamos ter alguma influência no fecho de uma empresa, vitima de tantas manipulações, ao longo dos anos, especialmente dos seus administradores?

É por tudo isto que continuo a pensar que somos meros objectos nas mãos de gente pouco séria, que faz tudo para se manter no poder. 

O único acto democrático que depende apenas de nós são as eleições. É aqui que podemos fazer a diferença. Mas infelizmente a maioria das pessoas, completamente desiludida, não vai votar, ignorando que ao fazer isso está a beneficiar as forças políticas mais fortes...

A fotografia é fresquinha, tem apenas dois dias...

segunda-feira, dezembro 02, 2013

As Contradições do Costume


O presidente da República que agora clama que o futuro está no mar e na agricultura, mas que quando foi primeiro-ministro, foi o seu principal "coveiro", nem pia em relação o polémico negócio dos Estaleiros de Viana de Castelo, entregue a uma empresa falida, com uma renda que parece um "brinde" (400 mil euros por ano) e com a possibilidade de despedir a maior parte dos trabalhadores. 

Será que os estaleiros não fazem parte do tal mar, onde está o futuro? 

O óleo é de Stephen Namara.