Mostrar mensagens com a etiqueta Liberdade. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Liberdade. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, novembro 24, 2025

Recuar até 24 de Novembro de 1975...


O 24 de Novembro de 1975 foi um dia crucial. Foi o dia onde quase tudo ficou decidido, graças à inteligência do "grupo dos nove" (felizmente eram mais que nove...), que com a ajuda de Costa Gomes, um Presidente da República, com um sentido de Estado raro, conseguiu reduzir de uma forma notória o número de "forças inimigas", ao fazer com que Otelo Saraiva de Carvalho (Copcon), Álvaro Cunhal (PCP) e Rosa Coutinho (Fuzileiros), dessem ordens às forças que dominavam, para que não participassem de uma forma activa na tentativa de golpe militar do dia seguinte.

Penso que só neste dia, quando se "contaram as armas", é que a possibilidade de uma "Guerra Civil" deixou de ser uma ameaça séria. É preciso recordar que tinham sido distribuídas milhares de armas aos partidos políticos, tanto do lado mais esquerdo como do lado mais direito do MFA e que o país estava "partido" ao meio (o Tejo era a fronteira)...

Carlos Guilherme foi dos meus melhores amigos nos últimos vinte anos. Era "Capitão de Abril" e fez parte das operações do 25 de Novembro de 1975. Tivemos muitas conversas sobre algumas datas importantes, como foram o 16 de Março de 1974 (eu tinha um interesse particular por ser de Caldas da Rainha...), o 11 de Março de 1975, e claro, o 25 de Novembro.

Tão boas como as nossas conversas foram os almoços para os quais ele me convidou, na Associação 25 de Abril, onde depois do repasto havia sempre uma palestra com um dos vários intervenientes deste período decisivo para Portugal. Eram sempre contados vários episódios importantes, bastante esclarecedores sobre alguns erros históricos e uma ou outra "mitologia", distante da realidade. Recordo as intervenções de Torcato da Luz e de Almada Contreiras sobre estes acontecimentos (na época estavam no lado esquerdo do MFA...), tal como os contributos de outras camaradas presentes, como realce para Otelo ou Vasco Lourenço.

Todas as movimentações que se deram nestes dias de Novembro, foram sobretudo militares. Mesmo o PS, teve uma importância relativa. A "contagem de espingardas" deu-se entre os militares moderados e os revolucionários, com a vitória dos primeiros, que estavam em maioria e defendiam um regime democrático, com eleições livres, assim como a aprovação de uma nova Constituição, pela Assembleia Constituinte, eleita a 25 de Abril de 1975.

O curioso, é que quem quer fazer, hoje, deste dia uma festa, em 1975 caminhava em sentido contrário. É preciso dizer que as famílias políticas mais conservadoras, que agora agarram o 25 de Novembro com as duas mãos  (como é o caso do CDS e da IL) tinham fugido para Espanha e para o Brasil. Ou então andavam entretidas a incendiar sedes comunistas no Norte do País e a realizar atentados bombistas, que fizeram várias vítimas mortais (o Padre Max é a mais conhecida...). 

Estavam longe de lutar pela democracia, queriam sim, o regresso da ditadura e do sistema social desigual, que lhes tinham roubado e de que tanto gostavam, pois fazia-os sentirem-se "reis" e "rainhas" num país, que ainda era "para menos pessoas" que na actualidade...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, outubro 22, 2025

As escolhas que fazemos, com mais ou menos fé...


Enquanto ouvia a senhora que viajava no mesmo cacilheiro que eu, pensava que havia algo contraditório nas suas palavras, como se por ela ser crente, não pudesse lamentar a sua triste vida...

Não demorei muito tempo a sentir que estava errado, que uma coisa era a vidinha, outra era a fé. E mal de quem as confunde e não consegue reagir aos dramas que fazem parte do dia a dia de todos nós.

Embora continue a ser uma frase forte, "felizes daqueles que acreditam", não pode servir esconder a realidade ou fazer com que as pessoas aceitem de bom grado o seu "triste fado". E era isso que a senhora fazia. Estava longe de se ficar com o "seu destino"...

Quem não tem um Deus, ou vários Deuses, à partida é mais livre na forma como vive e aceita a vida. O que não quer dizer que não ande por aí mais perdido, que todos aqueles que são capazes de se agarrar a qualquer religião e sentir que têm ali alguém, que os pode valer nas horas difíceis.

Há demasiados coisas que acontecem à nossa volta, que escapam ao nosso entendimento. É também por isso que há quem procure respostas nos muitos templos que pululam por aí, que peça ajuda a um Deus maior, sempre que tropeça numa pedra...

E depois há os outros, que  acreditam no seu "livre arbítrio", que  gostam de sentir-se livres, até mesmo de deuses...

(Fotografia de Luís Eme - Alentejo)


quinta-feira, outubro 02, 2025

A Paz, o Pão e a Liberdade a Sério, que tanto falta fazem na Palestina...


Já todos percebemos que a direita e a extrema direita, com a ajuda de vários comentadores (e até de jornalistas...), estão apostados em serem os "pais" da "extrema esquerda portuguesa", mesmo que ela continue ausente no nosso espaço político, se pensarmos nos partidos que defendem os valores democráticos.

O único partido que tenta não cumprir nem respeitar a nossa Constituição, é o "albergue venturioso", que tanto aceita fascistas como bandidos (os "casos de justiça" falam por si...).

É por isso que acaba por ser estranhamente normal escutarmos - e lermos - as muitas adulterações que têm sido feitas à "Flotilha de Gaza", até mesmo de ministros, como o da nossa defesa.

Digam o que disserem, é sobretudo uma acção humanitária, promovida pela esquerda europeia, que apoia a Palestina. A esquerda que não esconde os valores que defende nem o que pensa sobre o genocídio de Gaza, levado a cabo por Israel.

(Fotografia de Luís Eme - Setúbal)


quarta-feira, setembro 24, 2025

A Guerra Colonial e os vários "comboios da liberdade"...


Ontem tive uma conversa extremamente rica, com alguém que viveu intensamente, os primeiros anos da década de setenta do século passado, um tempo de grande união, em que se lutava contra um inimigo comum, o marcelismo (que era apenas o salazarismo retocado...).

Foram tempos em que a maior parte das pessoas, que gostavam de liberdade e de democracia (dos mais conservadores aos mais revolucionários), eram capazes de esquecer as diferenças e baterem-se pelo que achavam melhor e mais justo.

A Guerra Colonial deveria ser um dos aspectos mais abrangentes da sociedade de então, até por que deixavam todas as mães em alvoroço (mesmo as de boas "famílias"...). Eram demasiados os exemplos de jovens que morriam ou ficava incapacitados para todo sempre...

E foi por isso que aumentou no final dos anos 1960 (mesmo que não existam dados, era uma estatística que interessava muito pouco ao governo de então...) a fuga de jovens para as Europas, com a cumplicidade dos pais, familiares e amigos...

Ela foi uma das jovens que ajudou muitos amigos a darem o salto para Espanha, de onde apanhavam o "comboio para a liberdade", que só parava em terras francesas...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, julho 04, 2025

Pode-se saber muito sem abandonar o "planeta terra"...


Eu sabia que podia ser uma chatice sabermos muito sobre um assunto qualquer, podíamo-nos tornar condescendentes com os outros, mesmo sem nos apercebermos. E se tivéssemos os hábitos de "professor universitário" de raramente "descermos as escadas" ou "apanhar o elevador", para voltar à terra e falar com os comuns, ainda pior.

Felizmente, há mais mundo nas ruas e nos transportes que nos levam, aqui e ali. Pode ser uma sensação de liberdade, quase indescritível, abandonar os gabinetes e as conversas chatas com os "sabões" e ir ao mercado, comprar cebolas, carapaus, sentir que é possível aprender com aquela gente despachada, e tantas vezes desbocada, que começa a sua "luta diária" ainda antes do sol nascer e mesmo assim consegue sorrir à vida.

 Claro que isto são palavras de "um não especialista", que cada vez mais, passa a vida a olhar os outros, a sentir o mundo a mexer-se, a uma velocidade que já não consegue, nem quer acompanhar. Mas está longe de ser um desistente, continua a caminhar e a olhar com nitidez para o que se passa à sua volta.

É por isso que fico feliz, por alguém, como o meu irmão, com uma carreira no ensino, de mais de quatro décadas, a maior parte dela passada na universidade, nunca ter perdido o nome próprio e passado a ser o "doutor"...

Claro que sei que isso também se deve aos meus queridos pais, e numa percentagem menor, aos meus avós maternos, que sabiam tanto, mesmo sem terem tido a possibilidade de conhecer as escolas por dentro, na sua infância.

(Fotografia de Luís Eme - Minho)


segunda-feira, junho 30, 2025

É sempre bom voltar a pensar nas coisas que parecem ser mais confusas do que aquilo que realmente são


Antes da conversa de ontem, associava os "limites" mais a ditaduras que a democracias.

Depois de pensar no assunto, percebi que ambas têm limites. 

A grande diferença, é que nas democracias a maior parte dos limites são impostos por nós. Nas ditaduras normalmente acontece o contrário, uma boa maior parte dos limites são impostos pelo Estado (até afixam avisos e tudo...).

Eu sei que é uma forma demasiado simplista de falar destes "limites", mas não se afasta muito da realidade.

Claro que mesmo nas democracias, fazem-nos sentir, cada vez mais, até onde podemos ir. Mas isso acontece também pela dificuldade que temos em lidar com a liberdade, que nunca foi a "utopia", de podermos fazer tudo o que nos apetecesse...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, junho 01, 2025

Parece normal, mas é tudo menos isso...


Talvez não seja uma coisa muito inteligente de se escrever, no primeiro dia de Junho. 

Talvez...

Mas foi por hoje ser um dia especial, que pensei na forma, cada vez mais descontraída, como nós, adultos, "usamos e abusamos" do querer das crianças, como se estas fossem o reflexo do espelho onde nos miramos. Sim, damos muitas vezes o empurrão necessário para que elas façam as coisas que gostamos (ou pensamos gostar mas não não tivemos tempo e espaço para 0 fazermos nas nossas infâncias...) e não o que lhes apetece fazer.

Parece normal, mas sei que é tudo menos isso... 

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, abril 26, 2025

"25 de Abril Sempre, Fascismo Nunca Mais!"


Felizmente o Dia da Liberdade continua a ser uma festa.

É num clima de alegria, serenidade e cumplicidade que se desce a Avenida da Liberdade, com gente de todas as idades.

Curiosamente ou não, cada vez assistimos mais à presença de jovens, com cravos vermelhos, sorrisos bonitos e vivas ao "25 de Abril, sempre / Fascismo nunca mais!"


(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, abril 24, 2025

Abril é Abril, mesmo que lhe queiram chamar outra coisa...


Cinquenta e um anos deviam ser tempo mais que suficiente para todos percebermos que, Abril é Abril, mesmo que lhe queiram chamar outra coisa...

Abril é Abril, mas continua a não ser igual para todos. Nem todos gostam da cor, dos cheiros, e até da alegria de se andar de mão dada com a liberdade pelas ruas (se pudessem iam passar uns dias à Polinésia...). 

Abril é Abril, mas nem todos querem, e gostam, de igualdade. Gostam sim de misturar as coisas e de fingir que não percebem que podemos ser iguais, continuando diferentes. 

Sim, não precisamos de nos vestir da mesma maneira nem de comprarmos ou comermos as mesmas coisas, para vivermos Abril mesmo em Novembro. 

Normalmente quem não gosta de ouvir falar em igualdade, tem aquele "sonho antigo", de um dia qualquer, conseguir ser "mais que os outros". Isso sim, é importante.

É gente que nunca se contenta com  "igualdades", querem sim, um mundo só para eles...

Felizmente hoje já são mais previsíveis. 

O primeiro sinal que dão, é não gostar de cravos, a flor de Abril que é Abril...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, março 29, 2025

«Tudo mudou. Somos uns sortudos, agora até as escritoras são bonitas.»


Não nos encontramos muitas vezes. Não é preciso.

É um homem de um tempo ainda mais longínquo, que o meu, mesmo que sejamos da mesma geração.

Crescemos, estudámos e vivemos em meios muito diferentes. Percebo isso pelas conversas que temos, mas também pela sua biografia, aquela  oficial, que está ao alcance de todos.

Ninguém diria pela tal "biografia" (foram muitos anos ao lado dos "poderes"...), que era tão anarquista. Ou então foi a idade que o foi extremando nas ânsias de liberdade, que devia ter, quando estava "refém" do poder.

Casou mais cedo do que eu. Gosta tanto da instituição que já vai na sua quinta união de facto (depois da chatice que foi o terceiro divórcio, não voltou a assinar nada de "cruz" (palavras dele).

Tudo o que escrevi até aqui, são coisas da qual não falamos. Sim, é verdade, nunca falamos das nossas mulheres. Uma ou outra vez, falamos dos filhotes, mas apenas porque calhou em conversa.

As nossas conversas misturam-se mais com os livros, com o cinema, com a arte, e claro, com algumas pessoas curiosas, que podiam ser personagens de qualquer conto ou novela... Ou seja, acrescentamos sempre "cultura geral" um ao outro, especialmente ele, que viveu mais coisas que eu. Se nos últimos anos quase que "desapareceu" dos jornais e revistas (pois é, quem não aparece esquece...), durante anos andou pela imprensa, rádio, e até, televisão. Adora esta vida de quase anónimo e também se orgulha de não ter nenhuma rede social (disse que se as tivesse, a falta de assunto até era capaz de o levar a "postar" a fotografia de um pastel de bacalhau...).

Tem mais sentido de humor que eu. Foi por isso que me perguntou se eu não andava cheio de "caruncho". Disse que sim. Até lhe falei do meu joelho direito, que parece o de um futebolista, coisa que nunca foi, para além das camadas jovens do velho Caldas e das futeboladas entre amigos...

Em vez do Trump, falámos de algumas Ivanas. E lá se saiu ele com uma daquelas frases que a Inês detesta, pelo ar misógino que transporta (pois é, além de anarquistas, também fingimos que somos uns perigosos machistas, apenas porque nos sabe bem...): «Tudo mudou. Somos uns sortudos, agora até as escritoras são bonitas.»

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, março 24, 2025

O tempo da gente que é "fraca com os fortes e forte com os fracos"...


Já há uns tempos que não nos encontrávamos, para conversar e "não dizer mal de alguém", uma das melhores sínteses das nossas conversas abertas, feita pelo nosso querido Carlos Guilherme. 

É bastante saudável termos um grupo, mesmo que seja curto, onde seja possível falar de tudo (a única excepção que confirma a regra é o "futebol", que é mesmo tratado como uma coisa menor por todos nós...)., sem termos de esconder as mãos, tanto a esquerda ou a direita.

Começámos por falar de forma crítica como a informação é manipulada nas nossas televisões, rádios e jornais, excluindo algumas notícias incómodas (sem que nenhum percebesse porquê...), como as que falam de grandes protestos nos EUA, até mesmo de republicanos, pela forma aparentemente estúpida como o país está ser governado. Há quem já fale em "ditadura" e num "estado sem direito", que até está a incomodar juízes trumpistas...

Como é que se chegou aqui? Foi a pergunta que trouxe os silêncios para a mesa. Pois foi, de um momento para o outro quase que "ficámos sem pio"...

Foi tempo de se chamar nomes aos americanos. "Ignorantes", foi o termo usado mais simpático. Mas facilmente concluímos que não era apenas isso. Há demasiadas teorias mentirosas, que têm sido divulgadas há décadas, como o facto dos EUA serem "o país mais livre do mundo". Nunca o foi, nunca o será. A que não será mentira, é o facto de continuar a ser a maior potência militar do mundo. O que faz com que tenha uma apetência especial para se intrometer em quase todos os conflitos do planeta, mesmo que saia "chamuscado" na maior parte deles...

É este passado que ainda torna mais incompreensível o seu posicionamento em relação à Ucrânia. Talvez seja mesmo verdade o que o Rui disse, que Trump é o típico empresário (temos muitos assim, nos partidos e nas empresas, grandes e pequenas...), que é fraco com os fortes e forte com os fracos... Talvez seja esta a única explicação para a sua estranha "admiração" por Putin...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, março 05, 2025

O começo de qualquer coisa...


É giro, mesmo que nem sempre seja uma coisa engraçada. Acontece que agora tenho sempre um tema especial na cabeça, cuja conjugação de palavras, quer ser livro.

Logo agora, numa altura destas em que os livros estão a deixar de ser o que eram...

Os últimos livros que escrevi foi sobre centenários de pessoas especiais. É provável que aconteça o mesmo em 2025... 

Desta vez são crónicas, ou um olhar mais pessoal do que todos os outros, porque misturo mais coisas...

O rascunho de uma delas começa assim:

«A conversa no fim do dia, ao jantar, naquela bela marquise, com o Tejo já a querer ser Mar eram uma coisa…
A televisão tinha pouco interesse lá em casa. E ainda bem.
Falava-se mais, sobre tudo e sobre nada. E também se lia bastante.
Por isso é que falávamos sobre as notícias dos jornais, o mundo estava longe de nos ser indiferente…»

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, fevereiro 18, 2025

Ter e não ter memória, gostar e não gostar de liberdade...


Talvez quem tenha a memória mais fresca, quem nunca conseguiu deitar fora as piores coisas que lhe aconteceram durante as ditaduras salazarista e marcelista, se sinta mais chocado, e até envergonhado, com o que se está a passar à nossa volta. 

Talvez.

É por isso que o Mário, por muito que se esforce, não consegue perceber como é que se chegou até aqui, como é que as pessoas têm sido capazes de eleger quem lhes quer dar cabo da vida e roubar direitos, que ofendem a dignidade de todos nós como humanos.

Não entende, sobretudo as mulheres. Elas que deviam fazer toda a diferença e que são pelo menos metade da população do planeta. Como eu o percebi quando ele disse que, talvez muitas sonhem com o regresso à sua vidinha de donas de casa e a voltarem a ter um "dono"...

Não disse quase nada. O Mário disse quase tudo. Quem ama a liberdade e têm a mania que somos todos iguais tem ainda mais dificuldade em perceber tudo isto que se está a passar à nossa volta...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, fevereiro 15, 2025

É sempre a velha história, "faz o que eu digo, não faças o que eu faço"...


Olhamos para a frente, para o lado e para trás, e sentimos que a velha história, do "faz o que eu digo, não faças o que eu faço", permanece sempre actual, consegue adaptar-se a todos os tempos e a todas as gentes...

Quando o vice-presidente dos EUA vem à Europa dar lições de liberdade, quando limitou essa mesma liberdade aos nativos do seu país, está tudo dito, mostra como tudo anda de "pernas para o ar". Até agora, a falta de liberdade nunca foi um problema no velho Continente, faz parte sobretudo das Américas, das Áfricas e dos Orientes...

O primeiro-ministro há muito tempo que segue a cartilha mofa cavaquista, só lhe falta mesmo munir-se da imortal fatia de bolo rei, e mastigar as palavras, em vez de responder aos jornalistas (o que só faz quando lhe apetece e apetece-lhe muito poucas vezes, à frente das câmaras). Ainda consegue suplantar o Costa, na arte de fingir que "está tudo bem", como se não fosse ele o principal responsável pela governação...

Não deixa de ser curioso, que tenha sido uma mulher do Chega, a despertar o Parlamento, para um ano de insultos, de falta de respeito e de mentiras, de um grupo de bandalhos, que pensa que "vale tudo, menos tirar olhos", naquela que deveria ser a Casa da Democracia e não da bandalheira. Apesar de ser um partido misógino, xenofobista, racista e machista, consegue ter mulheres a disparar para os seus próprios pés e a ofender outras mulheres...

Esta frase também pode ser aplicada ao "rei do Norte", que nos deixou hoje. Embora seja dia de "dizer bem", continuo a ter a mesma opinião, que tem por exemplo, Frederico Varandas. Não esqueço o que vi nos Estádios, no começo dos anos 90 do século passado, em que reinava outra figurinha histórica dos nortes, o "guarda abel", que era de carne e osso e não uma mera personagem de ficção...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, janeiro 15, 2025

Tantas coisas que não pensamos (e outras tantas que não contamos)...


Acho que as maiores diferenças entre nós, todos, homens e mulheres, está na forma de pensarmos.

Pensamos quase sempre coisas diferentes, e muitas delas (diria mesmo, quase todas), ficam-se apenas pelas nossas cabeças. Pois é, não somos assim tão iguais, como nos querem fazer crer.

São aquelas coisas que se sentem e não se dizem, por isto ou por aquilo.

Pensei nisso, poucos minutos depois de assistir ao começo de uma discussão sobre o "fazerem-se ou não se fazerem filhos", entre um casal, que se aproximava vertiginosamente dos quarenta anos.

Naquela "mesa de ideias", éramos sete e só dois tínhamos filhos. Eu com apenas dois, parecia quase um "fenómeno do entroncamento". A Inês tinha uma miúda, já adolescente. Os outros deviam ter imensas desculpas para não quererem aumentar a população mundial, mas acabámos por ficar todos em silêncio, com algum receio de que aquela conversa chegasse aos lugares, onde existem placas com sentidos únicos.

Mas não se foi tão longe, o Rui limitou-se a dizer que se fosse mulher, há muito que tinha filhos. A Clara começou a rir-se e depois disse: «Pois é. É uma pena, nunca conseguirmos ser iguais. Adorava que os homens também pudessem ter filhos, períodos, enxaquecas e consultas de ginecologia.»

Começámos todos a rir, inclusive o Rui. E a conversa ficou por ali. 

Voltámos ao trabalho.

Quando vinha para casa acabei a pensar no assunto. Era uma coisa tão óbvia, que nunca me fez confusão na cabeça, mesmo que fosse estranha. 

Eram as mulheres que determinavam o aumento da população no nosso país e no mundo e ponto final. 

Embora raramente fosse uma opção solitária, à verdade é que eram elas as únicas que podiam ter filhos e tinham sempre a última palavra sobre o assunto, mesmo que fingissem que não...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, janeiro 13, 2025

A liberdade nunca foi fazermos e dizermos o que nos dá na "real gana" (dois)


Os abusos da liberdade, esse bem de todos e para todos, são práticas comuns tanto das classes mais altas como das mais baixas. Como de costume é a chamada "classe média", que faz o equilíbrio das coisas.

As camadas mais baixas da sociedade, normalmente iletradas, acabaram por ser as grandes vítimas desta situação, embora também tenham alguma responsabilidade pela forma como sobrevivem, por começarem a usar e a abusar de uma "manha" (que contínua a vingar nos seus "territórios"...): aos direitos dizem sempre sim e aos deveres dizem sempre que podem, não.

Por serem "pobrezinhos" acham que tem de ser o Estado a dar-lhes tudo, desde casa à alimentação, e claro, ainda algumas moedas (rendimento mínimo...), para o tabaco e a bica.

Claro que se limitam a fazer o mesmo que muitos empresários (esses mesmo que se fingem competentes e bem sucedidos, que normalmente vivem em mansões ou palacetes e não em bairros sociais...) - fazem: alimentarem-se e viverem às custas das "tetas do poder", como muito desenhou há mais de um século, o grande Rafael Bordalo Pinheiro.

Quando estes se queixam dos trabalhadores (dizem que "não querem trabalhar"), para não lhes aumentarem os salários baixos, fazem o seu número, e depois tentam ver se cai mais algum dinheiro do poder...

Parece que isto não tem nada a ver com a liberdade, mas tem, porque o mau uso que se lhe dá, começa logo nestes pequenos grande pormenores, em que tanto o "pobre" como o "rico", usam e abusam de um Estado, que é sempre encarado como a melhor solução para resolver os seus problemas.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, janeiro 12, 2025

A liberdade nunca foi fazermos e dizermos o que nos dá na "real gana" (um)


Acho que os grandes problemas da sociedade actual são a forma como se entende a liberdade, seja em casa, na escola ou na rua.

E devo dizer, desde já, que nesse aspecto as redes sociais não têm grande coisa a ver com o assunto.

Houve mudanças enormes nos últimos cinquenta anos no nosso país, mas nem todas foram bem definidas, reguladas e aceites pelo comum dos mortais. 

A necessidade de mudança foi tal, que levantou logo outras questões (ainda durante o PREC...), que foram agravadas pela falta de cultura democrática, normal, para quem tinha vivido quase meio século em ditadura. Além do poder repressivo, abusava-se do "respeitinho", imposto pela generalidade das autoridades e das instituições.

Infelizmente, tanto no seio da família, como na escola ou na vida em comunidade, nunca se conseguiu encontrar o caminho certo para a tal liberdade, que se alimenta tanto de direitos como de deveres. Foi bom abolirmos o "respeitinho", mas foi muito mau deixarmos de respeitar o outro, como alguém igual a nós, nos tais direitos e deveres, que quando cumpridos, são a grande marca das sociedades mais bem sucedidas, social e economicamente.

Facilitou-se demasiado o caminho e chegámos a um tempo em que tudo parece "estar em crise". Mas é uma crise que parece interminável e dura há praticamente duas décadas e se tem agudizado (aí sim, com o apoio das redes sociais, onde tudo parece ser permitido...)...

Mas eu continuo a pensar que tudo começa e acaba no uso que damos à boa da Liberdade.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)



quinta-feira, janeiro 09, 2025

As mulheres, a direita (dos extremos) e a liberdade


Sei que não devia, mas faz-me bastante confusão, ver mulheres, aparentemente normais, fazerem parte de partidos da extrema-direita. Partidos que passam o tempo a defender coisas que as diminuem como pessoas e cidadãs, intrometendo-se com a sua própria dignidade e liberdade pessoal.

Até posso acreditar que algumas queiram voltar aos velhos tempos, em que a uma boa parte das mulheres, estava-lhes apenas reservado  o papel "mães" e "donas de casa". Mas não deixo de achar isso, no mínimo, estranho.

Isto de se gostar demasiado da liberdade, tem cada vez mais coisas que se lhe digam... 

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, novembro 25, 2024

O 25 de Novembro foi apenas um Golpe Militar Democrático, e não uma Revolução!


É preciso recordar que esta direita e extrema-direita, que nunca gostou de Abril (pudera, uma boa parte deles perderam uma série de regalias, perceberam que afinal eram pessoas como as outras, apesar dos privilégios que os rodeavam...), não esteve directamente ligada ao golpe militar, de 25 de Novembro de 1975.

Nesses tempos conturbados os fascistas - disfarçados de democratas conservadores -, andavam mais entretidos a incendiar sedes do PCP  e a serem protagonistas de ataques bombistas, em toda a região Norte (alguns dos quais mortais), que em preparar golpes militares democráticos.

Claro que, dia após dia, iam sonhando com a possibilidade de voltar ao poder, apostando em dividir o território português ao meio, ficando com todo o Norte do Tejo (como se a democracia não tivesse atravessado o rio...), porque o presente fazia-lhes doer. Gostavam era do país dos pobrezinhos e coitadinhos, a quem davam esmolas, para onde caminhamos, há mais de uma década...

Voltando ao 25 de Novembro, foi um golpe militar democrático, protagonizado pelo "Grupo dos Nove" (liderado por Vasco Lourenço e Melo Antunes) e pelo Presidente da República, Costa Gomes, com o apoio efectivo do PS, por intermédio de Mário Soares, que esteve sempre na primeira linha deste combate pela democracia (ao contrário dos representantes do PSD e do CDS, que hoje querem ser protagonistas...). Este golpe pretendia acabar com os excessos esquerdistas, que estavam a tornar o país ingovernável e a dividir cada vez mais os militares. 

Felizmente foi uma acção militar bem sucedida, quase sem sangue derramado, que teve Ramalho Eanes como o seu comandante operacional.

É preciso dizer que, esta comemoração, não passa de mais uma farsa, de uma direita que tenta alterar a história, como se isso fosse possível. 

E claro, também quer voltar ao "passado". Mas isso depende de todos nós e não apenas deles...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, novembro 16, 2024

Fingimos que não, mas já anda por aí um mundo diferente...


Penso que é a primeira vez que escolho a resposta a um comentário, como título de um texto por aqui, no "Largo".

Isso aconteceu por estar a pensar em coisas próximas, que acabaram por me levar a comentar desta forma: «Fingimos que não, mas já anda por aí um mundo diferente...»

Muitas vezes, estamos tão próximos das transições, que passamos por elas sem olhar para elas, mesmo quando quase "nos tocam"...

Do que não tenho qualquer dúvida, é que, o que vem aí, em vez de nos facilitar a vida, só a irá complicar mais. E não estou apenas a falar da "inteligência artificial" (que será de grande utilidade para quem não gosta de pensar e criar, pela sua própria cabeça...). 

O que é mais incompreensível, para mim, é reparar que há demasiados países na europa a suspirarem por "salazares", "hitleres" e "stalines"...

Será que esta gente anda toda com medo da liberdade (dos outros, claro)? Ou será que estão cansados desta (falsa) democracia?

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)