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sábado, agosto 16, 2025

"O que é meu é meu, o que é teu é nosso..."


Esta semana devolvi a chamada de um amigo (com mais de uma semana de atraso...), que me queria falar da publicação misteriosa de um dos seus trabalhos no "facebook". Até porque a sua aguarela tinha sido feita propositadamente para a capa de um dos meus livros.

Ele estranhou o facto, por calcular que se ele não tinha "oferecido" a imagem ao sujeito pequenino, que sempre foi hábil a usar as costas dos outros, para chegar ao alto das "montanhas da vida", eu muito menos.

Ficou incomodado, eu nem por isso. 

Sei que este mundo está mais do lado da "criatura", que do nosso, porque ele sempre agiu daquela maneira engraçada de que, "o que é meu é meu, o que é teu é nosso..." E, infelizmente, as redes sociais continuam adequadas à forma cobarde como ele age no dia a dia.

Claro que sabia por terceiros que "copiavam" textos e fotografias minhas e que as publicavam nestes lugares - onde o ar se torna irrespirável, mais vezes do que devia -, ignorando a autoria, como se fossem eles os seus criadores. 

Foi este sentimento de impunidade que sempre me afastou das redes sociais. Não preciso de me chatear (como acontece com o meu amigo e com muitas outras pessoas...), por estes lugares terem sido tomados por cobardes que se escondem atrás de um "nick name" e acham que podem fazer tudo, desde insultar as pessoas de quem não gostam a roubar os textos e as imagens dos outros, para "embelezarem" as suas "pocilgas"... 

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


segunda-feira, junho 23, 2025

Tanta confusão que se faz com a palavra Liberdade...


O caso que chegou, estupidamente, a tribunal, entre a humorista Joana Marques e os irmãos Rosado, do grupo musical "Anjos", é um pequeno exemplo do que se faz e entende com a palavra liberdade.

Há mais de um ano falou-se deste caso num jantar de família, fui o único que compreendeu a posição dos "Anjos" e os defendeu, com base num princípio simples, de que não vale tudo no humor. Sei que as pessoas que vivem das piadas não concordam com este ponto de vista, nem as que se gostam de rir com as cenas patéticas do quotidiano, protagonizadas pelos outros (o prato forte servido nas redes sociais...).

Agora que o caso chegou a tribunal, tudo se torna ainda mais ridículo. É uma estupidez a justiça estar a perder tempo com esta diferença de entendimento da liberdade de expressão e da publicação de graçolas sobre terceiros.

A indemnização pedida pelos cantores de mais de um milhão, é ela própria uma piada de mau gosto. Assim como alguns dos seus argumentos em tribunal. O facto da humorista nunca se ter mostrado disponível para retirar o vídeo, que fez e publicou, ou sequer falar com o dueto, diz também muito sobre ela.

Este é mais um daqueles casos, em que se "está a gozar com a justiça" e com a nossa inteligência, por muito que alegrem as redes sociais e aumentem as vendas das revistas castanhas.

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


terça-feira, maio 20, 2025

A anormalidade destes tempos, que tentam ser a nova normalidade (com a cumplicidade das redes sociais e da própria televisão)


O ser humano é desconcertante. Sempre foi.

E não é um problema apenas deste canto da Europa, por muito que insistam nas patranhas do "filho que bateu na mãe" ou na tese romana "do povo que não se governa nem se deixa governar".

Como de costume as "modas" chegam sempre depois a Portugal. Neste caso ainda bem. A extrema-direita já influenciava a governação de países como a Holanda, Itália, França, Alemanha e até Espanha, e ainda se olhava para Ventura como uma espécie de "palhaço de serviço", mas que não perdia uma oportunidade de aparecer nas televisões e redes sociais...

E se as pessoas com dois dedos de testa já perceberam há algum tempo, que o mundo está de pernas para o ar (antes de as pessoas votarem "contra elas próprias" por cá, já Trump tinha sido eleito nos EUA - esta foi a segunda vez... - e Bolsonaro no Brasil), as outras, que só consomem as notícias que lhes são oferecidas pelas redes sociais, bem "mastigadas" e com objectivos claros, dançam ao sabor dos "populismos".

Tenho poucas dúvidas que vamos sempre pelo mais fácil, é por isso que cada vez pensamos menos pela nossa cabeça, sem nos apercebermos, somos "meras "marionetes". 

Isso também explica, por exemplo, que exista uma dualidade tão grande na forma como se olha para o que se passa em Gaza e na Ucrânia. É bem pior o que se passa em Gaza que na Ucrânia, mesmo assim Bibi é tratado com mais benevolência que Putin, pelo menos no Ocidente.

Voltando ao nosso país, num tempo normal, Montenegro nem sequer tinha sido candidato a primeiro-ministro. Tinha sido o seu próprio partido que o tinha substituído. Num tempo normal o Chega teria meia-dúzia de deputados, no máximo...

Mas que não existam quaisquer dúvidas, de que somos nós, os grandes culpados, pela anormalidade destes tempos que se vivem...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sábado, abril 05, 2025

«Não eras tu que querias chuva?»


«Não eras tu que querias chuva?»

Não respondi, mas se calhar era, como quase todos os portugueses que passavam por rios ou barragens, com escassez de água.

Talvez agora seja o tempo de recebermos tudo em excesso. Aquilo que chamamos equilíbrio, perdeu-se há muito tempo. Agora recebes tudo ou nada...

Penso que o ser humano não nasceu para se confrontar diariamente com todos estes desafios. Não li estudo nenhum, mas de certeza que isto não faz bem à saúde mental de ninguém.

Claro que isto não serve de explicação, muito menos de desculpa, para violadores ou para os assassinos que não deviam andar por ai nas estradas, que matam e fogem...

Pois... Também é tempo dos cobardes. Há demasiados lugares que permitem às pessoas serem outras coisas (e até lucrarem com isso, com a fila enorme de seguidores...), ao ponto de se sentirem "super-heróis", e acharem que "podem fazer tudo"...

Eu sei que isto não tem nada a ver com a chuva, com rios, com barragens. 

Só tem a ver com as pessoas, com vaidades, com loucuras...

(Fotografia de Luís Eme - Constança)


sexta-feira, fevereiro 28, 2025

Carneiros já sei que somos, mas agora também está tudo parvo?


Fevereiro foi um mês estranho, e Março não o será menos, tanto dentro como fora de portas.

Por cá, temos um primeiro-ministro, que não passa de uma cópia manhosa de outro primeiro-ministro, que também achava que não devia prestar contas ao país,  muito menos responder a jornalistas, escudando-se em balelas, como a de que "ainda está para nascer alguém mais sério que eu".  O cromo de agora diz uma coisa parecida: "não há ninguém mais transparente que eu"...

Nas Américas existe alguém que faz lembrar os putos mimados dos recreios das escolas, que a única maneira que tinham de tentar fazer amizade, era "comprando-a". Não sabiam jogar à bola mas tinham uma, normalmente das boas. Como éramos parvos e queríamos era dar uns chutos na redondinha, fingíamos "gostar dele"...

Pois é, não se pode dizer que tudo isto aconteceu de repente, porque sempre existiram pessoas à nossa volta, cuja única religião que seguem é a do "poder e do dinheiro". O que existe nos nossos dias é mais gente que perdeu a vergonha e sente-se encorajado a pensar que "toda a terra é sua"...

Não queria falar das redes sociais, mas é impossível passar ao lado deste "mundo faz de conta", que cada vez toma mais conta do "mundo real". E dia após dia, o buraco é escavado mais fundo nestes lugares, onde parece que quase tudo é permitido... Isso explica que um "palhaço" se vanglorie de atropelar alguém, com dados que batem certo no mundo real (o onde, o quando e o porquê...), como se esta coisa de viver não passasse de um "jogo"...

Olhamos à volta e ficamos com a sensação de que não param de crescer, por cá e por lá, os "inadaptados da democracia", gente que acha que a liberdade é uma coisa só para eles, encorajando o "fantasma do salazar" a aparecer em cada vez mais portas e janelas, neste falso paraíso...

Carneiros já sei que somos, mas agora também está tudo parvo?

(Fotografia de Luís Eme - Beira Baixa)


segunda-feira, fevereiro 03, 2025

Quando até querem que o Mundo deixe de ser uma bola...


Estava sentado no metro que ia "furando" a cidade, quando se sentou à minha frente uma mãe e uma filha. Esta devia ter sete, oito anos, e falava com entusiasmo da escola.

Pouco tempo depois, o tema da conversa tornou-se mais gestual e perceptível. Falavam do formato do Planeta. O que me chamou mais a atenção foi a mãe falar de percentagens, que 80% das pessoas achavam que a Terra era redonda e 20% que era plana. 

Não sei onde foi que ela foi buscar estes números...

O que achei mais estranho foi a miúda não estar muito convencida com esta evidência. Era algo que nunca foi sequer discussão na minha casa, há mais de cinquenta anos. Nem tão pouco os meus avós, analfabetos, alguma puseram em causa a forma esférica do Planeta.

A ciência dizia e percebia-se a espaços, até pelas linhas do horizonte, que sim, o Mundo era mesmo uma bola...

Não estava à espera que os "negacionistas", com mais ar de ilusionistas que de burros, em pleno século XXI, conseguissem, através das redes sociais - cada vez mais mentirosas -, levantar questões que pensava terem ficado ultrapassadas no final da Idade Média...

(Fotografia de Luís Eme - Lua)


domingo, janeiro 12, 2025

A liberdade nunca foi fazermos e dizermos o que nos dá na "real gana" (um)


Acho que os grandes problemas da sociedade actual são a forma como se entende a liberdade, seja em casa, na escola ou na rua.

E devo dizer, desde já, que nesse aspecto as redes sociais não têm grande coisa a ver com o assunto.

Houve mudanças enormes nos últimos cinquenta anos no nosso país, mas nem todas foram bem definidas, reguladas e aceites pelo comum dos mortais. 

A necessidade de mudança foi tal, que levantou logo outras questões (ainda durante o PREC...), que foram agravadas pela falta de cultura democrática, normal, para quem tinha vivido quase meio século em ditadura. Além do poder repressivo, abusava-se do "respeitinho", imposto pela generalidade das autoridades e das instituições.

Infelizmente, tanto no seio da família, como na escola ou na vida em comunidade, nunca se conseguiu encontrar o caminho certo para a tal liberdade, que se alimenta tanto de direitos como de deveres. Foi bom abolirmos o "respeitinho", mas foi muito mau deixarmos de respeitar o outro, como alguém igual a nós, nos tais direitos e deveres, que quando cumpridos, são a grande marca das sociedades mais bem sucedidas, social e economicamente.

Facilitou-se demasiado o caminho e chegámos a um tempo em que tudo parece "estar em crise". Mas é uma crise que parece interminável e dura há praticamente duas décadas e se tem agudizado (aí sim, com o apoio das redes sociais, onde tudo parece ser permitido...)...

Mas eu continuo a pensar que tudo começa e acaba no uso que damos à boa da Liberdade.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)



quarta-feira, janeiro 08, 2025

«A mentira é quase sempre mais agradável que a verdade.»


Nem toda a gente fica espantada com o aparente triunfo da mentira sobre a verdade, em cada vez maior escala, e que tem os maiores exemplos no que se está a passar nos Estados Unidos da América, em Israel, na Rússia ou na Ucrânia, para não ir mais longe.

Organizações como a ONU ou a OMS, apesar da sua importância, são cada vez mais banalizadas pelo poder de meia-dúzia de ditadores, que acham que podem fazer tudo o que lhes apetece e que escapam impunes.

O que me espanta é a forma como as populações, destes e doutros países, aceitam ser enganadas pelos seus líderes, dando cada vez mais espaço à mentira e aos negacionistas, disto e daquilo. 

Ficando-me apenas nos EUA, será que nem mesmo o inferno que lavra na Califórnia, faz com que os americanos, mudem de atitude em relação ao ambiente, para não ir mais longe?

Mesmo que o Carlos tenha alguma razão sobre a natureza humana, de que para muitos de nós «a mentira é sempre mais agradável que a verdade», continuo a pensar que as suas pernas continuam a ser demasiado curtas...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, janeiro 07, 2025

As coisas ainda são mais graves do que aquilo que pensava (nas redes sociais)


Ontem, quase por um mero acaso, assisti a uma reportagem transmitida no Jornal da Noite da SIC sobre as "mentiras" difundidas nas redes sociais, protagonizada por vários jovens estudantes franceses, que fizeram um trabalho de pesquisa, utilizando o "google" e o "tik-tok", sobre a primeira viagem do homem à Lua e também sobre a primeira vez que esta foi pisada pelos humanos.

Foi uma reportagem bem elucidativa do que se "aprende"  e do que "informa" esta rede social...

Enquanto o "google" oferecia aos jovens as datas certas e os nomes certos, destes acontecimentos históricos, o "Tik-tok" falava deles como se se tratasse simplesmente de uma "invenção americana", ou seja, como se nada daquilo tivesse acontecido...

Não fazia ideia que fosse possível acontecer algo do género, que se alterasse a história da humanidade, apenas porque não se gosta do que aconteceu. 

As coisas que se passam nas redes sociais são ainda mais graves do que aquilo que pensava...

Adenda: Nem de propósito. Desde a manhã de hoje (8 de Janeiro), que tem sido difundida a notícia de que a META vai deixar de controlar a desinformação, a mentira, na sua rede...

(Fotografia de Luís Eme - Sobreda)


domingo, outubro 27, 2024

O medo no uso das palavras...


Cada vez se fala mais em surdina nas ruas, especialmente quando se utilizam as "palavras proibidas", de uma lista cada vez mais longa, numa sociedade cheia de tiques repressivos e de falsos pudores.

Onde parece que tudo é possível, é nas redes sociais. Se excluirmos o "censor oficial", continua a valer tudo, até tirar olhos.

Continuo a pensar que, podemos e devemos falar de racismo, fascismo, xenofobismo ou machismo, em qualquer lado, porque eles estão presentes no nosso dia a dia. 

É tão negativo entrarmos em negação como generalizarmos o uso e a prática destas palavras. Só nos torna uma sociedade ainda mais fechada e desigual.

Não devemos ter medo de usar as palavras, todas...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, setembro 27, 2024

Dois espaços de eleição para "dar asas" à "estupidez humana"...


Por ter memória, quando faço comparações entre o ontem e o hoje, não valorizo muito a acção humana.

Oiço demasiadas vezes dizerem que "dantes não éramos assim". Claro que a história desmente todas estas teorias de que o passado "estava cheio de bons rapazes e boas raparigas". Sempre fomos (e continuamos a ser...) capazes de fazer coisas horríveis aos nossos semelhantes.

Durante anos e anos, o espaço privilegiado para a "estupidez humana" dar largas à sua revolta e raiva incontida, foram os estádios e campos de futebol (foram os "circos" romanos modernos...). Aquela gente depois de insultar árbitros, jogadores, treinadores e dirigentes, aos domingos à tarde, abandonava estes lugares, de "alma renovada", preparados para mais uma semana de trabalho, quase sempre difícil.

Com o tempo, o futebol foi-se tornando cada vez mais um espectáculo televisivo e menos um lugar de catarse humana.

Isso fez com que algumas pessoas necessitassem de descobrir novos espaços, para "dar asas" à "estupidez humana", para libertarem a "besta" que têm dentro de si. 

E quais foram os lugares escolhidos? nada mais nada menos, que as estradas e as redes sociais.

Quem conduz sabe que as vias, rápidas e lentas, estão cada vez mais perigosas, graças a quem está ao volante. Basta cometermos um pequeno erro, para soltarmos a "ira" de qualquer condutor, menos feliz com a sua vidinha. O mais curioso, é que a buzinadela do costume foi-se tornando insuficiente, dando cada vez mais espaço para insultos, provocações, e até ameaças de agressões físicas (quase sempre por insignificâncias...).

A virtualidade das redes sociais poderia relativizar a "estupidez humana", mas, infelizmente, isso acontece cada vez menos. Demonstram que ainda é possível ir mais longe e descer mais baixo, na escala humana. Porque não precisam de mostrar o rostos para "atacar tudo e todos" e facilmente metem nas suas cabecinhas, "tudo é possível"...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


sexta-feira, setembro 06, 2024

O mau hábito de se "falar para o ar" (de falar do que não se conhece)...


Sempre me fez confusão ouvir pessoas a falarem de outras pessoas, sem as conhecerem, sem terem falado com elas uma única vez.

À medida que os anos passam, vou descobrindo que sou mais parecido com o meu pai (ou vou ficando...), do que o que poderia pensar. Claro que se pensar um pouco, reparo que nem se tratam de parecenças, é o tempo que vai tornando os seus exemplos mais vivos. Exemplos que estavam longe de ser teóricos, faziam mesmo parte do seu dia a dia.

A sabedoria popular também nos oferece bons ensinamentos a este nível, com algum humor à mistura, porque é muito fácil "atirar pedras", a torto e a direito, mesmo que estejamos rodeados de  "telhados de vidro"...

E com as "lupas" de aumentar que nos rodeiam, ainda se tornou mais fácil fazer (e divulgar, claro) juízos errados de quem "parece" ser o que afinal não é...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


domingo, maio 12, 2024

Contacto directo com o conhecimento acelerado e ilusório (dos "antigos-modernos")...


Continuo a pensar que a leitura é fundamental para a compreensão do mundo que nos rodeia. 

Não vou ser "fundamentalista" e dizer que o facto de se lerem coisas menos profundas na actualidade leva a que se esteja menos aberto ao conhecimento. Até porque os números não enganam, anda-se mais tempo na escola e por muito que se passeiam os livros, alguma coisa fica dentro de nós...

Os problemas da nossa sociedade estão longe de ser dos jovens (não é por acaso que são quase os únicos que protestam contra o que não se faz para combater as alterações climáticas ou contra o genocídio de Gaza).

Num contacto familiar recente (com a parte mais afastada, a paterna...), achei curioso o facto de quase todos os meus tios e parentes mais afastados, com idades entre os 70 e os 80 anos, terem nas suas mãos um smartphone, que agora os ligava ao mundo, a todas as horas e minutos.

Sabia que a maior parte deles estudou apenas até à quarta-classe e nunca lera um único livro sem imagens (nem mesmo um dos meus...). E os únicos jornais que liam eram os desportivos, às segundas-feiras... Ou seja, nunca tiveram acesso a tanta informação como nos nossos dias. Informação que raramente questionam. Subentendi que uma boa parte deles - pelas conversas que circularam sobre o nosso país e os políticos -, eram potenciais votantes no Chega. Limitei-me a ouvi-los, sem ter a tentação de os "levar à razão" (as patetices eram quase uma banalidade...). Preferi ouvir e fazer as minhas constatações sociológicas.

Quando tive oportunidade falei com a minha mãe sobre este encontro (continua leitora, apesar dos seus oitenta e muitos...) e estivemos de acordo sobre as "lacunas culturais" destes familiares. Acabámos por ir mais longe, até por sabermos que este era um "mal geral" da população portuguesa, com mais de sessenta anos. Algo que ainda se nota mais nas pessoas que sempre viveram em meios pequenos. 

Como nunca aprenderam a "ler com olhos de ver" a realidade, muito menos a fazer as suas próprias análises críticas (sem auxiliares de memória), hoje ao lerem as notícias (bem "mastigadinhas"...) que fazem o favor de lhes enviar para os seus smartphones, sentem-se "homens novos", capazes de discutir, sobre tudo e mais alguma coisa. 

Noto que existe alguma inocência, misturada com "chica-espertice", na sua quase "fé", de que todas as notícias que lhes enviam "são verdadeiras"...

(Fotografia de Luís Eme - Barreiro)


sexta-feira, abril 26, 2024

Com amigos destes...


Acho curioso (mas não devia...) que os comentários mais cínicos sobre a escolha do nosso novo Sebastião, sejam de comentadores de direita (pois é, são a maioria, pelo menos nas televisões...), que não se esquecem de referir: "eu sou amigo dele, mas..." (há muito  por aí quem defenda que amigo não empata amigo, até na cobiça da namorada alheia...).

Temos a mania de que a célebre "dor de cotovelo" é mais portuguesa que universal. Manias... O que não há dúvida é que alguns comentadores com mais uns anitos que Bugalho, a escrever e a falar, aqui e ali, acham que também já deviam ter a oportunidade para dar o "salto" e encher os bolsos (ainda por cima este dinheiro é "europeu", vale mais...).

Mas a realidade é outra coisa. E posso dar um exemplo familiar: o único comentador de quem a minha mãe me falou nos últimos tempos é do "rapaz penteadinho e bem vestidinho", que é capaz de dizer as maiores barbaridades, com o ar mais sério do mundo (ela é socialista e continua a ter uma "adoração" pelo Costa...).

O mais curioso é a atenção que tem sido dada à "agricultura" nestes dias pouco pardacentos. Não se trata apenas do Marcelo ter chamado a Montenegro de "saloio" (mesmo que ele seja mais urbano e moderno do que o que o presidente pensa, esta escolha fala por si...), há também vários comentadores que foram buscar os "melões" (coitados, não tiveram um avô que lhes ensinasse a escolhê-los e devem comprar demasiados "pepinos" em forma oval...), para dizer que o jovem é uma "incógnita".

Sem cinismos, eu acho que se trata de uma boa escolha, pelo menos para quem quer ser segundo nas eleições...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


domingo, fevereiro 11, 2024

Afinal quem (e o quê) é que "mudou"...


Fartamo-nos de dizer que "o mundo mudou", mas somos nós que estamos sempre a alterar regras (quem pode, claro) e a mudar tudo o que conseguimos.

Talvez quem não tenha, nem frequente redes sociais (os blogues sempre foram e são outra coisa) como eu, olhe cada vez mais o mundo de outra maneira. Nem se pode dizer que é a certa. É apenas diferente.

Dizem que o sucesso do Chega se deve à aposta que faz em todas as novas formas de comunicação. Eu acho que se deve mais à simplificação que se fez da forma de comunicar, à preguiça que se tem de pensar e de ler um texto com mais de cinco linhas.

Se isso ainda não acontece comigo, foi porque eu sou um "antigo", ainda ontem acabei de ler um velho romance de Vergílio Ferreira, e li-o em apenas cinco dias (porque ele quis muito ser lido e ocupar todos os meus tempos mortos...). Falo de "Cântico Final" (é mais um daqueles livros que tinha ficado para trás).

O mais curioso, desta coisa de escrever directamente no computador para o blogue, é que ia falar de uma coisa e acabei a falar de outra. E ainda bem...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, janeiro 10, 2024

A guerra perdida do jornalismo por uma informação mais séria e livre


O que está a acontecer no Global Média Group ("Diário de Notícias", "Jornal de Notícias", "TSF" e "O Jogo"), não é nenhuma novidade, nem é um problema de hoje no jornalismo português. Se só nos fixarmos neste grupo, já existiram três despedimentos colectivos (2009; 2014;  2020) nos últimos quinze anos. E parece estar a avizinhar-se o quarto...

E as queixas em relação aos investidores são bem anteriores ao actual "Fundo das Bahamas". Desde o tempo da Olivedesportos, passando pelos accionistas angolanos e acabando no senhor Galinha, que sempre se passaram coisas estranhas na forma de gerir aquele que é um dos títulos mais valiosos da nossa comunicação social.

Talvez agora as coisas sejam ainda mais preocupantes, até porque é impossível fazer jornalismo sem jornalistas (as redacções estão cada vez são mais reduzidas...). A forma como o "Jornal de Notícias" é tratado também é estranha, já que segundo as notícias nunca deu prejuízo e tem sido a grande referência do jornalismo que se faz no Norte.

Ouvi o Presidente da Câmara do Porto nas notícias, quase a disponibilizar-se para apoiar o "JN", defendendo que as autarquias deviam puder apoiar o jornalismo que se faz nas suas terras. Não sei se ele estava a falar a sério. Mas até é possível que sim, porque ele escreveu durante anos em jornais. Mas como sei de casos contrários, de autarquias que se recusavam a apoiar a imprensa local (Almada foi um exemplo, não é por acaso que há já alguns anos que não há um jornal no Concelho...), porque não queriam ter contraditório, só gostavam de "notícias felizes".

E é por muitos políticos terem medo do contraditório, não quererem ser questionados pelos seus erros (e são tantos de Norte a Sul...), que se chegou a esta situação. O problema não se resume às redes sociais, que acabaram por ocupar espaços informativos que já não existiam ou eram deficitários. Infelizmente acabam por ter um papel mais negativo que positivo, devido à cada vez maior difusão de notícias falsas.

Mas como até são os próprios governantes que usam as redes sociais para "ganharem eleições", não há muito a fazer. 

Há já algum tempo que o jornalismo começou a perder a guerra, por uma informação mais séria e livre...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


quarta-feira, setembro 27, 2023

De banalidade em banalidade...


Este é o tempo em que uma qualquer banalidade é tratada como se fosse a coisa mais importante do mundo. O mais curioso, é ela ser rapidamente ultrapassada por uma outra qualquer banalidade, e depois outra, mais outra, e por aí adiante.

Eu sei que as pessoas sempre gostaram de falar das "coisinhas pequeninas", como por exemplo, as vidinhas dos vizinhos. Como moro quase num bairro, ainda consigo encontrar vizinhas a conversarem, quando saio de casa, e depois quando regresso, uma hora ou duas depois, descubro-as no mesmo sítio... 

Mas noutros tempos havia mais recato, e até pudor, faziam-se todos esses "joguinhos", mas quase às escondidas. 

Hoje graças às redes sociais, faz-se tudo às claras. Um boato de qualquer rua, pode chegar em minutos à outra ponta do planeta. O pior de tudo, é que uma mentira, mesmo das de perna curta, pode passar por uma "verdade verdadinha", durante uma semana...

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


quinta-feira, julho 13, 2023

O mau uso que se dá às palavras dos outros...


Nem sei se a palavra "incómodo" é a mais indicada, quando me falam de uma história mal contada, ou aliás, mais inventada que próximo da realidade, ou de um texto usado por outras pessoas, como se fosse da sua autoria (também já aconteceu com dois ou três textos meus...).

Sei que não me chateio muito com isso (os ditadores têm razão sobre a ignorância e o desconhecimento, poupa-nos uma série de trabalhos...), embora assuma que muitos desses "casos e casinhos" me tenham afastado de vez das redes sociais e façam com que não tenha nenhuma conta do facebook, instagram ou tik-tok.

Claro que não foram as redes sociais  que criaram os burlões, os mentirosos e os plagiadores. Apenas lhes ofereceram um "caminho" mais fácil para circularem à sua vontade.

Pode ser pouco, mas mesmo assim continuo a pensar que temos uma enorme dificuldade em nos enganarmos a nós próprios. Por mais disfarces que usemos, a nossa "maldita consciência" deve no mínimo fazer com que tenhamos de dar umas voltas a mais na cama...

Lá estou eu! Começo a escrever e "viro o jogo". Não era bem sobre isto que queria escrever. 

A minha ideia inicial era falar da deturpação que se faz das palavras dos outros e não do "roubo". 

Até porque os nossos poetas maiores - Sophia de Melo Breyner Andresen e Fernando Pessoa - são as grandes vítimas destes "enganos", com a colocação da sua assinatura em versos que nunca escreveram, ou ainda, na substituição de algumas palavras, apenas porque sim...

Como de costume, podemos culpar o "mundo imperfeito", mesmo que ele tenha muito pouca culpa das "trafulhices e disparates" humanos...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, julho 06, 2023

Parece que deixou de existir o "meio-termo"...


Quase toda a sociedade vive de "picos", positivos ou negativos. O oito nunca esteve tão perto do oitenta. O quarenta e o cinquenta tornaram-se quase irrelevantes.

As redes sociais e a informação televisiva têm uma responsabilidade muito grande nesta mudança, porque funcionam, cada vez, como "lupas" de aumentar, em relação à realidade. E nós acabamos por ser levados (uns mais outros menos...) por esta nova forma de olhar para o mundo que nos cerca.

Quando se vive desta forma, tudo acaba pro ser excessivo, perdem-se os pontos de "equilíbrio", em quase tudo. 

E como eles são essenciais para a democracia...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


sábado, março 25, 2023

Os "Puros", a Literatura e a Vida...


Quase todas as semanas os "puros" das redes sociais e da vida inventam novas vítimas na literatura. A escritora Enid Blyton parece ser a última e já está a ser "banida" das bibliotecas do seu país, que desaconselham a sua leitura, de uma forma já mais oficial que formal.

Sinto vergonha desta gente e deste tempo, em que se finge perceber que o mundo nem sempre foi igual ao que é, nos nossos dias.

Voltando aos livros, continuo a pensar que, quando os livros mexem com a nossa inteligência ou com outra coisa qualquer, a única coisa sensata que devemos fazer, é colocá-los num canto e deixá-los por lá ficar, sossegadinhos. Ponto final.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)