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terça-feira, novembro 11, 2025

A memória de Eusébio que vai desaparecendo...


Eusébio, o nosso primeiro grande ídolo planetário do desporto português nasceu em Moçambique, com um tom de pele ligeiramente mais escuro que o comum dos portugueses.

Começou a dar nas vistas bastante cedo, graças à sua qualidade como "jogador da bola", despertando o interesse dos dois grandes clubes lisboetas, com o Benfica a conseguir levar a melhor (embora ele tivesse de se esconder e de viajar como "Rute"...) e a trazê-lo para a Metrópole.

Eusébio era de tal forma talentoso, que em pouco tempo a equipa do Benfica, Campeão Europeu, passou a ser composta por ele e mais dez.

Embora hoje se fale pouco nisso, o facto de Eusébio ser o "melhor de todos", foi muito importante para se esbater a diferença de cor de pele na sociedade de então, ao ponto de muitos dos seus patrícios do Continente, se tornarem um bocadinho menos racistas e  quase fingirem que ele era "branco".

Até mesmo o ditador Oliveira Salazar se enchia de orgulho quando cumprimentava o "King", ao ponto de o ter classificado como "património de Portugal".

Escrevo sobre isto, porque fico com a sensação de que hoje há quase uma urgência no nosso país, em se arranjar um novo craque, de pele mais escura, com dimensão planetária. 

Talvez assim deixassem de mandar as pessoas de cor mais acastanhada, para a "sua terra", mesmo que estas tenham nascido em Portugal e tenham os mesmos direitos e deveres de qualquer cidadão português...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, dezembro 26, 2024

Apesar dos nacionalismos crescentes, há mais que um país dentro do nosso país...


O que aconteceu em volta do Martim Moniz, acabou por se surgir em muitas conversas, nesta quadra festiva, repartidas por várias casas.

O que notei, é que nem mesmo as pessoas mais conservadoras acharam bem o que passou. Todos estavam de acordo que quando se quer apanhar "foras da lei", não se lança "fogo de artificio". A não ser que o objectivo da operação seja o de  "espantar-bandidos".

Mas nem era sobre isso que eu pretendia escrever. Uma coisa curiosa (quase a entrar no campo do "sexo dos anjos", ou do "nascimento da galinha e do aparecimento do ovo"...), que se falou, era se já nascemos racistas. Uns disseram que sim, outros disseram que não. Eu fui dos que disse "que não", esquecido das coisas que já estão dentro de nós, assim que abrimos os olhos neste mundo...

Mas do que sei, é que se vivermos numa comunidade que não seja racista, por muito que não achemos piada às pessoas de outras cores, temos de "meter a viola no saco" e fingir que somos todos iguais...

Infelizmente não é o que se passa nos nossos dias. Sente-se que o populismo veio para ficar e está cada vez mais à flor da pele, de muito boa gente que nos rodeia.

Mas não há nada a fazer. Apesar do nacionalismo crescente, somos cada vez menos (deixámos de gostar de fazer criancinhas...), a necessidade económica e laboral é quem mais ordena, e isso faz com que exista mais que um país dentro do nosso país...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, outubro 26, 2024

Mandar alguém para a sua terra, não é uma piada: é racismo!


Era bom que aproveitássemos os momentos críticos, vividos em sociedade, para reflectirmos sobre o nosso comportamento, sem mentirmos a nós próprios ou continuar a fingir que não vimos o que está a dois palmos da nossa testa e do nosso olhar.

Um bom exercício era metermos na cabeça, de uma vez por todas, que mandar alguém para a sua terra, apenas por que nos incomodou, por isto ou aquilo, nunca foi uma piada, mesmo que se esconda quase sempre na lista de piadas de mau gosto: é racismo!

Ao fazermos isto, não precisamos de "apagar" o passado ou o presente, de fingirmos que ele nunca existiu, apenas porque nos incomoda. Muito menos deixar de usar a palavra "preto", mesmo o mundo que nos rodeia nunca tenha sido a "preto e branco" (nem mesmo nos primórdios do cinema, havia sempre uma vasta camada de cinzentos...).

Até porque normalmente as pessoas que "mandamos" para a sua terra, são pessoas que trabalham (não o fazemos com vagabundos ou membros de "gangues"...), que executam tarefas que nós não gostamos, nem queremos fazer...

E depois existe ainda o lado "oficial da coisa". Aos olhos da nossa Constituição, somos todos iguais, nos direitos e deveres, sem que exista qualquer alínea que diferencie os amarelos dos azuis ou os verdes dos vermelhos...

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


quinta-feira, junho 06, 2024

Uma coisa é um coisa, outra coisa, é outra coisa...


Nas campanhas eleitorais devia ser proibido resolver (ou fingir que resolvem...) problemas, como aconteceu agora com a imigração.

O pior de tudo é a mistura que se faz de quem trabalha e tenta ter uma vida normal (a maior parte das pessoas que forma filas na AIMA...), e de quem vive "do ar", que tornou alguns largos e praças de Lisboa em pequenos parques de campismo clandestinos, sem quaisquer condições higiénicas ou de salubridade, e que têm tido a sorte de as polícias portugueses estarem mais preocupadas com seu o subsídio de risco que em cumprir as suas funções de segurança e fingem que não os vêm nas ruas (caso contrário muitos já tinham sido "deslocados" à bastonada)...

E quem é esta gente que "vive do ar"? São pelo menos dois tipos de pessoas: as que gostam de vagabundear, que encontraram em Portugal, um país onde reina mais a anarquia, que em Espanha, por exemplo (para não ir mais longe) onde muitas leis não são para cumprir e se finge que "está tudo bem"; e as que foram "contratadas" para trabalhos sanzonais (agricultura e hotelaria) e que quando deixaram de ser necessárias, foram abandonadas à sua sorte, acabando pro se deslocar para a Capital, porque há sempre a ilusão de que é mais fácil encontrar um trabalho qualquer por lá.

Estas situações não irão mudar, também por duas razões: os maus patrões vão continuar a explorar esta mão de obra barata, descartando-a, quando deixa de ser boa para o negócio; e qualquer pessoa poderá continuar a entrar no país, sem qualquer controle (a única vigilância com alguma eficácia faz-se nos aeroportos), por terra e mar...

O problema é que todas estas "misturas" só fazem com que aumente o racismo e a xenofobia entre nós, dando força a uma extrema-direita sem qualquer princípio humanista.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, janeiro 03, 2022

Quando os Títulos Enganam e os Livros pedem para ser Lidos de Seguida...


Há muito tempo tempo que não lia um romance em apenas 24 horas. E o giro da coisa, foi ter acontecido quase por acaso. 

Como tenho andado em arrumações, houve muitos livros que "submergiram" e ficaram depositados numa estante provisória. "Conflito em Palmyra" de Erskine Caldwell, foi um deles.

Peguei nele na manhã de ontem e acabei de o ler na cama (já era tarde, mas não tinha sono e fui lendo até chegar à última página...), já de madrugada.

Numa conversa sobre livros, o Carlos Alberto disse-me que "Conflito em Palmyra" fora um dos melhores romances que lera. Acabámos por não falar de pormenores, mas uma vez encontrei um exemplar na Feira da Ladra e acabei por o comprar.

O mais curioso, é que o título sugeria-me uma história sobre um dos muitos conflitos do Oriente. Estava longe de pensar que se tratava de uma romance sobre a América sulista e racista, passada numa pequena terreola norte-americana...

(Fotografia de Luís Eme -  Fonte da Pipa)


domingo, agosto 08, 2021

O Racismo e os "Altifalantes" (cada vez menos) Anónimos...


Quem continuava a "bradar aos céus" que não somos um país racista, deve ter baixado os braços, de vez, e ficado em silêncio, com as reacções xenófobas  (já não são todos anónimas e além das redes sociais, já começam a aparecer alguns ecos em colunas de jornais...), aos três medalhados portugueses de pele mais escura, onde, como de costume, faltou rigor e verdade. 

Se Pedro Pichardo só se tornou português em idade adulta (como refugiado político...), Patrícia Mamona nasceu em Lisboa e Jorge Fonseca, embora tenha nascido em São Tomé e Príncipe, veio para o nosso país com apenas onze anos, onde fez toda a sua formação desportiva.

Sei que as vozes anónimas e e cobardes das redes sociais valem zero, mas quando um dos atletas mais ecléticos do nosso desporto (Bessone Basto), atleta internacional e campeão nacional em várias modalidades, vem dizer que para ele, só conquistámos uma medalha, o caso torna-se diferente.

Mau mesmo é sabermos que o antigo campeão não exprime apenas o sentimento de muitos ignorantes, racistas. Exprime também o de alguns nacionalistas esclarecidos que emergiram com a voz do Chega, e que continuam a não aceitar que pessoas de cor diferente tenham os mesmos direitos que eles...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)