“ … Estou de muito mau humor. Preciso de desabafar.
- Calha bem. Eu também estou de mau humor. Mas tu, porquê?
- Porque estou zangado comigo. Porque é que aproveito todas as ocasiões para me sentir culpado?
- Isso não é grave.
- Sentirmo-nos culpados ou não. Penso que tudo se resume a isto. A vida é uma luta de todos contra todos. É sabido. (…) Ganhará aquele que conseguir tornar o outro culpado. Perderá quem confessar o seu erro.(...)
- Quem se desculpa declara-se culpado. E se tu te declaras culpado encorajas o outro a injuriar-te, a denunciar-te publicamente, até à tua morte. São essas as consequências fatais da primeira desculpa.
-É verdade. Não é preciso desculparmo-nos. E, todavia, eu preferiria um mundo onde todas as pessoas pedissem desculpa, sem exceção, inutilmente, exageradamente, por nada, onde se atravancassem de desculpas…”
MILAN KUNDERA, escritor checo (1929-), in “A festa da insignificância”, Ed. D. Quixote, 2014
“Os amigos estão sempre a dizer-nos para termos cuidado. Para estarmos de sobreaviso. Mas, possivelmente, quanto mais cuidado temos, mais expostos ficamos. Talvez tenhamos de nos entregar nas mãos do nosso anjo da guarda. Sou até capaz de começar a rezar… Não sei ao certo a quem. Mas talvez me tire algum peso dos ombros, o que te parece?
Acho que deves seguir o teu coração.”
CORMAC McCARTHY, escritor americano (1933- 2023), in “O Passageiro”, Ed. Relógio d’Água, 2022)
"- Como vai isso?
- Vai indo. Gostaria que fosse amanhã… O presente atrapalha-me… Não sei o que fazer dele."
VALÉRIE PERRIN, escritora francesa (1967-), in "TRÊS", Ed. Presença, 2023
(Fotos: BRASIL/Natal - Touros, 2024)
"A Primavera é um rio a correr para um lugar longínquo onde já é Outono."
Obrigada Luís, por mais um mimo primaveril.
Que a Primavera lhe traga dias de felicidade e criatividade.