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sábado, agosto 12, 2023

Tinha na pele o cheiro das flores


Tela Daniel Ridgway

Tinha na pele o cheiro das flores

e rasgava as searas com os sentidos

na alvura da manhã bebia o orvalho

antes que o sol lhe queimasse o corpo.


Inebriados pelo frescor do amanhecer

os pássaros voejavam de mansinho

entoando cantos maviosos da aurora.


Ao lado, o rio, sabia-lhe de cor o nome

e sorria-lhe, cúmplice, na maré cheia

nos acordes da vida a renascer.


Era o espanto que a revigorava

nas primeiras horas do dia

trazidas pela lezíria

como barcos a respirar.


Texto 
Ailime
12.08.2023

sábado, fevereiro 18, 2023

Vislumbro o meu rio


Vislumbro o meu rio que, plácido,
percorre no seu leito junto às margens
as memórias que guardo
como se  fossem joias raras
refletidas nos seixos, que brilham ao sol.
Tudo tão longínquo e tão próximo,
como se a lezíria verdejante
me devolvesse o teu olhar refletido
como se fora ontem primavera
e os pássaros me oferecessem
o teu sorriso num broto florido.
O rio imperturbável não olha para trás
e apenas o silêncio me fala.


Texto e foto
Ailime
18.02.2023

sábado, julho 30, 2022

Na solidão do lodo


Conhecia de perto todos os mistérios do rio.

De pedra em pedra percorria-lhe as margens

e desvendava o sabor das auroras quando as neblinas

o afagavam  ainda antes do refulgir do sol.

E estendia-lhe as redes.

Era um rio límpido, sem mácula, azul de tanto céu,

que brilhava no silêncio da lezíria

como se fora outro lugar onde o trigo ondeava.

Nada era tão puro como a transparência dos barcos,

onde saltitavam os pássaros para captar as presas

que quase afundavam o barco.

A faina era tão leve e a colheita tão farta...

.........

Hoje, apenas um velho barco carcomido,

na solidão do lodo.


Texto
Ailime
30.07.2022
Imagem Google


domingo, junho 19, 2022

Tenho saudades do meu rio

 




Tenho saudades do meu rio.

O meu rio não é um rio como os outros,

porque me corre nas veias,

o que o torna único.

É um rio que me viu nascer.

Um rio com águas bordadas a prata

e com margens tingidas de azul.

A lezíria beija-lhe as margens

numa doce primavera verde

e os pássaros voejam em redor

debicando aqui e ali,

como se entendessem

as maresias e os pores do sol

que sobrevoam os barcos

que trago dentro de mim.

O meu rio é único e belo.

Tão belo,

que cabe na luz do entardecer.


Texto e foto
Ailime
19.06.2022

terça-feira, outubro 12, 2021

Tão longe as manhãs

 
Juan Francisco Gonzalez


Tão longe as manhãs na casa onde às vezes regresso.

Tudo parece estar no mesmo sítio.

O rio corre sereno lá em baixo,

mas não me deixa ver as margens

onde outrora os seixos brilhavam ao sol

e eu saltitava em redor do moinho.

Tudo tinha maior amplitude.

A lezíria era  uma sinfonia de cores,

as águas eram mais verdes e as nuvens mais azuis.

Os pássaros cantavam mais alto.

Os teus pés pisavam o chão com leveza.

No resplendor da manhã, cada vez mais longe,

debruço o meu olhar e cismo.


Texto
Ailime
12.10.2021



quarta-feira, dezembro 28, 2011

No tempo que passa


No tempo que passa, veloz
Por entre as espigas maduras
Do trigo a dançar ao sol
Da vida, quantas vezes noite

Mas também sorrisos
Nas manhãs de Maio,
Em auroras translúcidas
Na plácida corrente do rio
De azul intenso repleto;



Que separa as margens
Que avisto da janela
Daqui, e além Tejo,

Onde a lezíria vestida de verde
Continua a afagar
A suave fragrância das manhãs,
Que se desprende das margens

A subir no éter, a evocar
O tempo que passa, veloz
Nas primícias de mim, aqui.


Desejo a todos um Feliz Ano Novo!

Ailime
28.12.2011
Imagem da Net