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domingo, agosto 22, 2021

Sonho



Na escarpa sentada

avisto um navio ao longe

minhas mãos são como conchas

em que o  silêncio me refaz

do cântico dos búzios

a soletrar medusas

corais e marés-cheias.


O vento arrasta-me

pelas dunas de areias movediças

despenteia-me os pensamentos

como aves em pleno voo

a entoar a canção 

à deriva das correntes.


Virada para o mar

Recomponho-me do sonho 

- Cai a pino a luz do meio-dia.


Texto
Ailime
22.08.2021
Imagem
Google


quarta-feira, abril 22, 2020

Nas calçadas ainda há vestígios



Nas calçadas ainda há vestígios
das flores rubras da manhã
que bebi como um néctar
quando a madrugada se soltou 

Pássaros esvoaçavam de galho em galho
e alertei-os da chegada da primavera.
Sorriram e voaram mais alto
a perpetrarem a canção
que as vozes ainda sustinham

Em bandos, todos os outros pássaros
entoavam já a melopeia
a incendiar a manhã
que eu percorria com pasmo



Texto
Ailime
20.04.2020
Imagem Pinterest




quinta-feira, dezembro 06, 2018

Um véu de claridade


Agarro um raio de luz
recolho-o numa folha de outono
e aguardo que o chão lhe seja fértil.
*
Na penumbra dos olhares
escasseiam os gestos
a iluminar os rostos
sedentos de liberdade.
*
Nas asas dos pássaros
relâmpagos faíscam
as cores do amor.
*
Um arco-íris
soletra nas margens
a canção do rio.
*
Ao amanhecer
a poesia das cores
mergulha na Terra
um véu de claridade.



Foto e texto
Ailime
06.12.2018


domingo, maio 20, 2018

É nos momentos



É nos momentos em que tudo parece volátil
que ouço a canção que nos seduz
que se entranha num estranho silêncio
na cumplicidade que nos prende à vida e ao amor,
às pequenas coisas que fazem parte de nós,
que nos deslumbram ou entristecem
como se o amanhecer fosse um constante sol-posto
a navegar nas ilusões que nos transfiguram
e nos tragam como quimeras a navegar sobre as marés.
Mas o sopro do universo sobrepõe-se a todas as mutações
e transfigura-nos como a seiva que sustenta as árvores  
ou como uma luz incandescente que nos escorre dos lábios.

Texto
Ailime
20.05.2018

terça-feira, fevereiro 06, 2018

Hoje apenas o vento

Pintura de Zoltan Szabo

Hoje apenas o vento
vertiginoso
te sussurra ao ouvido
no silêncio cortante do frio
a canção do inverno.
O ar gélido açoita-te
e de rompante rasga-te a pele
como se fora uma bússola
perdida em alto mar
a navegar nas marés
os barcos tombados
pelos glaciares.
A noite aproxima-se
na praia invisível
o teu corpo gelado.


Texto
Ailime
06.02.2018
Imagem Google

terça-feira, setembro 29, 2015

Torna-se necessário rescrever a canção


Torna-se necessário rescrever a canção
Mesmo que as mãos, em chamas,
Recusem o gesto, vacilante, da melodia.

Como os pássaros, que de asas feridas
Cruzam os céus em voos arrojados,
É urgente que os barcos ergam as velas
Na melopeia cadente da maré cheia.


Ailime
29.03.2015
Imagem Google