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sábado, abril 29, 2023

As casas



Nem sempre as casas têm claridade.

As heras e os musgos retiraram-lhes

o brilho da genuinidade

e fazem-nas mergulhar na escuridão

que o tempo há muito traçou.

Através das portas e janelas,

em escombros,

não ouço o crepitar do lume,

nem sinto o aroma das flores, 

agora murchas sobre a mesa

da sala de entrada.

Desço e subo degraus,

mas o  meu olhar nada vislumbra

e no meio das sombras,

de ontem,

apenas o vazio me fala de vida.

 

Texto 
Ailime
28.04.2023
Imagem Google

domingo, novembro 10, 2019

A porta





Pé ante pé aproximei-me e estendi o olhar
a procurar-te como se ainda ali estivesses.
Acho que me enganei na porta

A casa estava em escombros, as paredes nuas
faltou-me o chão quando transpus a soleira.
Olhei de través as paredes outrora brancas
e não te vi

Tudo está escuro, em silêncio;
apenas escuto o dlim dlão do velho relógio
que parece resistir ao tempo.
O tempo que era liso e claro
e hoje apenas crépido e solitário

Há degraus que apenas se sobem uma vez na vida
para se perderem, num ápice, no abismo das horas



Texto e foto
Ailime
10.11.2019

quarta-feira, maio 08, 2019

Nos degraus da casa


Nos degraus da casa 
em escombros 
ouço-te em cada passo 
como se o passado 
se detivesse nas paredes 
caiadas de cinza
onde as andorinhas 
ainda fazem os ninhos. 

À noite os pirilampos 
cintilavam como estrelas 
a bordejar os caminhos 
desfazendo as trevas 
os fantasmas 
as sombras  
que te sobrevoavam  
na escuridão  
que preenchia o silêncio 
ainda mais espesso que a noite. 

Na fugacidade do tempo 
ainda hoje não sei distinguir a luz 
da escuridão. 


Ailime
08.05.2019
Imagem Google

  

quinta-feira, novembro 08, 2018

Na lucidez dos dias


Na lucidez dos dias  
escorre-me dos gestos 
o sabor das romãs 
e o aroma dos lírios  
que perfumavam a terra 
do chão que pisavas. 
 
Os escombros dos muros 
cobertos de musgo 
murmuram baixinho 
o silêncio dos pássaros 
a latejar as asas 
na terra fértil. 
 
Uma nuvem chora. 
 No chão molhado 
pegadas de solidão 
anunciam como é frio 
o inverno da alma.




Texto e foto
Ailime
08.11.2018

quinta-feira, maio 31, 2012

Murmúrios



Nos escombros oblíquos
De almas que se constroem
Transparentes e lúcidas
Distingo na palidez dos rostos,

(Que se revelam incrédulos
Definhados pela amargura
Nas incertezas que persistem,)

Murmúrios imperceptíveis
Em esgaçados lamentos
De existências inatingíveis.

Ailime
31.05.2012
Imagem da Net