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sábado, julho 26, 2025

Na imensidão do silêncio profundo

 Pixabay



Na imensidão do silêncio profundo,

que me paralisa o pensamento

e me impede  de ver o dia claro, 

ouço a tua voz

que me liberta desta penumbra

e auxilia na libertação das palavras,

presas dentro de mim.

Um pássaro levanta voo

e corta o horizonte com um sopro,

anunciando a chegada do amanhecer.


Emília Simões
26.07.2025


sábado, julho 12, 2025

Hoje não escrevo


Hoje não escrevo.

Não me apetece.

Passeio ao ar livre e fresco

e deixo que as palavras

se escoem no tempo

e se enleiem nas folhas

e no canto dos pássaros.

À margem de mim,

à margem dos meus sentidos,

dos meus sonhos.

Nas margens do meu rio.


Texto e foto
Emília Simões
10.07.2025

sábado, junho 21, 2025

Abraçar o verão


Na minha quietude
procuro refúgio entre sombras e flores,
sob o sol que arde fortemente
incendiando-me o olhar e o pensamento.
O meu corpo, lento, arrasta-se
como asa ferida, de ave em sobressalto.
A travessia é difícil; a sede seca-me os lábios.
As palavras emudecidas
não localizam o caminho até à fonte.
O suor  molha-me o rosto, todo o corpo.
O silêncio incita-me a resistir
e a abraçar o verão.


Texto e foto
@Emília Simões
21.06.2025




sábado, maio 31, 2025

As palavras tardam

Pixabay


As palavras tardam no reverso do verso.

O silêncio abriga-as e recolhidas não se soltam,

coladas à garganta, que sufocada pela inação,

não as deixa fluir.

A minha voz, cada vez mais rouca,

imperceptível, não soletra nenhuma palavra,

nem uma sílaba, uma letra sequer.

Na minha angústia brado ao vento 

que me sopre uma brisa, um novo alento,

que me deixe respirar as palavras.

Num instante os sentidos despertam.

As palavras brotam e com elas 

novos versos, novas rimas, preenchem

o meu vazio e a essência é revelada.


Texto
@Emília Simões
31.05.2025



sábado, abril 05, 2025

Um poema germina


Um poema germina como uma árvore.
Dissemino palavras, imprecisas,
sob a magnólia do jardim;
Deixo que o tempo as faça florescer na primavera.
Não sei se as palavras tem odor, como as flores do jasmim
dependuradas do muro, em redor da casa.
Todos os dias espreito da janela
para enxergar alguma palavra, nas folhas
da magnólia, mas o vento, em rodopio,
confunde-me o olhar.
Numa manhã, deparo-me com um broto,
que me parece uma folha a perfurar
uma pétala de magnólia, caída no chão.
O poema inicia o seu ciclo
e, como a primavera, chegou o tempo
de vicejar.

Texto e foto
Emília Simões
05.04.2025

sábado, março 29, 2025

Nas montanhas aprendi o rumo


Nas montanhas aprendi o rumo
por caminhos oblíquos.
Rasguei a fome com mel
e flores silvestres.
Caminhei só, ao sol, à chuva,
suspensa em ramos de árvores
que me serviam de abrigo.
Subi a pulso um monte e outro.
O meu corpo transpirava sangue,
a noite entranhava-se-me na pele.
O silêncio fazia-me companhia.
Dormi com as aves e acordei
suspensa nos ninhos.
Chove sobre os meus olhos.
As nuvens parecem fontes
que se transformam em rios.
...
Agora o sol beijou-me o rosto.
Nas sombras encontrei a luz
e nas palavras renasci.

Texto e foto
Emília Simões
29.03.2025 

sábado, fevereiro 08, 2025

A poesia é livre



A poesia é livre e escorre
como um rio que, pela encosta abaixo,
vai serpenteando montes e vales 
até chegar à foz.
Mas, como o rio,
também a poesia
encontra obstáculos,
silêncios, incertezas,
e tantas vezes 
fica presa na garganta.
O poeta sente-se então incapaz
de desbravar a secura das palavras,
que teimam em ficar coladas
no palato do silêncio.
Uma rajada de vento
revolve a natureza.
O poeta estremece;
as palavras soltam-se.

Texto e foto
Emília Simões
08.02.2025

sábado, dezembro 28, 2024

As minhas palavras estremecem


As minhas palavras estremecem.

Escondo-as num coral em silêncio.

Não quero que ninguém as leia,

ouça ou profane.

O vento, por vezes, distorce

o sentir e a imaginação dos poetas,

que se arrastam nas penas,

que os pássaros vão deixando aqui e ali.

Na vertigem do tempo

rodopio segura de que 

apenas as palavras amor e paz,

podem salvar os pactos.


Texto e foto
Emília Simões
28.12.2024

sábado, outubro 12, 2024

As palavras

 


Hoje as palavras estão escondidas num ninho.

Levanto voo para alcançá-las, mas

a gravidade deita-me ao chão.

Ergo-me e tento trepar.

O tronco, escorregadio,

faz-me resvalar e cada vez mais

as palavras se afastam.

Chove e os pássaros, taciturnos,

não abandonam as crias.

As palavras estão cada vez mais longe.

Tento voar numa folha ao vento

para as agarrar mas, teimosas,

ignoram-me.

Esqueço-me, por instantes,

que ainda não é o tempo

propício das colheitas.


Texto e foto
Emília Simões
12.10.2024

sábado, agosto 10, 2024

O resgate das palavras


No cansaço dos dias, as palavras,
___inconstantes,
escasseiam, à espera de resposta.
Reinvento-me numa nesga de verde, 
que observo da minha janela.
Os pássaros refugiam-se numa espécie
de recolhimento
e, por instantes, emudecem.
Fico a olhar pela janela que regressem,
mas lá fora o sol escalda,
___ o verde persevera.
(ainda não é outono)
Talvez logo mais ao sol-pôr
eles voltem e me visitem
no parapeito da janela,
e me ajudem a resgatar as palavras.

Texto e foto
Emília Simões
10.08.2024


sábado, junho 15, 2024

Quando passo à tua rua


José Malhoa


Quando passo à tua rua

escuto sempre a voz do rio

que, nas suas margens azuis,

me fala de ti,

como se ainda permanecesses

sentado na soleira da porta

a desenhar arabescos

no teu livro sem páginas.

Um rio e um livro

que me falam de lembranças

como se o hoje fosse ontem

e o ontem fosse hoje.

Na ausência de palavras

ficam nas entrelinhas

os registos dos afetos

nos resquícios das memórias.

Texto
Emília Simões
15.06.2024

sábado, junho 01, 2024

No silêncio das palavras



No silêncio das palavras
enxergo com assombro
os dias em que o sol, brilhante,
torna os dias mais alegres
e as aves cantam e saltitam
nas flores em cada manhã.

Nos rastos dos jardins
procuro as tuas pegadas
quando, na sombra das árvores,
lias no meu olhar
a sede do teu amor.

Na natureza em festa
por instantes não há guerras.
Há uma grande paz e suavidade
que, embora céleres,
me fazem sonhar e acreditar
numa nova humanidade.

Emília Simões
01.06.2024
Imagem Google

sábado, fevereiro 24, 2024

Palavras adormecidas


Palavras adormecidas

teimam em cingir-me a voz

que rouca, pelo frio do inverno,

se aninha no meu rosto gelado.

No firmamento aves esvoaçam

lado a lado com o vento

e, letras à solta, como folhas,

pousam no meu regaço

que as recolhe sofregamente.

No silêncio da tarde

talvez soletre um poema,

com as penas 

que os pássaros deixaram cair 

no ruído do seu voo.


Texto
Emília Simões
24.02.2024
Imagem Google

sábado, janeiro 06, 2024

Mergulho nos rastos do vento


Mergulho nos rastos do vento
as ondas da ilusão 
e apenas ouço o murmúrio do mar.
As folhas balouçam
na crista das ondas 
como palavras soltas
nos barcos fundeados,
amarrotadas na boca de um peixe.
Na areia da praia um búzio reflete
o esplendor do dia
e deixo que o silêncio
apenas me fale de outras maresias.
Por instantes, fito o horizonte
e uma ave vem ao meu encontro
e pousa-me nas mãos,
leve como uma pena.
Acolho-a com espanto
e como estátuas
ficamos assim
até ao anoitecer.

Texto
06.01.24
Emília Simões
Imagem Google 
 


sábado, setembro 23, 2023

Cedo ao tempo



Cedo ao tempo em silêncio

e escrevo palavras à toa

nas horas incertas,

quando os ponteiros do relógio

se detêm nos ecos

insondáveis dos minutos

e os segundos, suspensos, 

como num compasso,

me prendem os sentidos.


Vagueio sem saber das horas

e nelas me reencontro sempre

que me reconheço

na voragem dos dias.


Texto 
Ailime
Set/2023
Imagem Google


sábado, agosto 19, 2023

Há que redescobrir silêncios



As tarefas rotineiras são cansativas,

como são cansativos os dias sem luz.

Por vezes as palavras colam-se à língua

e não desatam os versos que

que habitam o silêncio

no mais recôndito de nós.

Torna-se necessário novas primaveras

que nos devolvam os pássaros

com seus cantos maviosos

que nos ensinem outras canções.

Há que redescobrir silêncios

que nos ajudem a atravessar

novos caminhos, novas pontes,

novos jardins, com flores sem nome.

Há que soltar as palavras

nos rodopios do vento;

há que reiventar as canções

nas escarpas do amor.


Texto
Ailime
Imagem Google

sábado, julho 15, 2023

Sem palavras não há poema


Sem palavras não há poema.

Mas num pequeno galho

a ave constrói o seu ninho

e a poesia nasce.

A natureza está em festa.

Borboletas esvoaçam,

as flores brilham ao sol,

a terra parece sorrir,

tudo se enquadra 

numa bela expressão de amor.

O poema não precisa de palavras,

apenas um pouco de silêncio

na contemplação

da natureza,

até confundir-se com ela.


Texto
Ailime
15.07.2023
Imagem Google

sábado, maio 27, 2023

Na busca das palavras ouço o vento


Na busca das palavras ouço o vento

que me fala de amor;

não de um amor obsessivo,

mas de um amor plácido

que me tranquiliza, quando

a minha voz clama por ti

e me respondes num sussurro

a tua presença em meus olhos

que, em silêncio,

ecoam nos teus uma imagem

perene de claridade,

como o voo livre dos pássaros.


Texto
Ailime
27.05.2023
Imagem
Google


sábado, abril 01, 2023

Metamorfoses


Silvana Oliveira


Há um aroma nas pedras que não sei explicar.

Alinham-se à beira-mar, 

nos caminhos, 

nas estradas cheias de  pó

e também sobre os muros; 

estas são as que estão mais desalinhadas

dentro do seu alinhamento.

Tal como as palavras

dentro do poema

que nem sempre rimam 

com a palavra poesia.

Deixo-as para trás

e procuro uma luz nas sombras

que me ajude a entender

as metamorfoses que não param

de me desassossegar.


Texto
Alime
01.04.2023


sábado, fevereiro 04, 2023

O pensamento imerge no silêncio

Mariusz Lewandowski


O pensamento imerge no silêncio,

e o silêncio alimenta-se do pensamento.

Juntos são inevitáveis na construção da vida,

na construção do poema,

quando as palavras se refugiam

no mais recôndito do ser

o silêncio mergulha no escuro;

mas logo o pensamento o desperta

e ambos entram num bailado

de ideias, sem terem a certeza de nada.

Como os pássaros esvoaçam à deriva

aguardando que a primavera

os deslinde nas suas raízes.


Texto
Ailime
04.02.2023