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sábado, março 09, 2024

Em silêncio percorro o deserto



Em silêncio percorro o deserto
das ruas sinuosas, onde tantas vezes
a solidão é companheira
das almas sedentas de amor.
Tropeço numa pedra. 
Caio, levanto-me e no vazio de mim
o silêncio é cada vez maior.
Como um mendigo
não desisto do caminho.
Impele-me o vento e a fome
como se pretendesse
agarrar o universo
com as minhas mãos esquálidas,
pela míngua e pelo frio.
Falo com a noite e descortino
uma luz, numa nesga de tempo,
e acelero o passo.


Texto 
Emília Simões

09.03.2024
Imagem Google

sábado, junho 24, 2023

Não sabia os caminhos de cor

Luiz Mendes


Traçou com uma lufada de vento

o caminho que perseguia

e nem as flores nem as árvores

lhe disseram qual o destino

que havia de percorrer.


Sentia-se perdida, ao abandono,

como criança inocente

que, por momentos, larga a mão de seu pai

e cai desamparada no chão.


Não sabia os caminhos de cor

tão longa a distância a alcançar

movia-a apenas o sentido do sol

a acender-lhe no peito

a chama brilhante do dia

até confundir-se com ele.



Texto
Ailime
24.06.2023


sábado, janeiro 14, 2023

Às vezes regresso à casa onde nasci


Às vezes regresso à casa onde nasci
e não me reconheço.
Tal o abismo que o tempo marcou
nas minhas mãos, nos meus dedos,
na minha boca, no meu olhar.
Até os meus passos parecem perdidos
nas escadas de pedra preta, agora com
musgos escorregadios.
Não fora o tempo das chuvas
e o vento agreste que as cobrem de folhas
molhadas, pela ausência de tudo.
Na neblina que cobre o rio vislumbro
uma pequena luz.
Talvez um raio de sol
a indicar-me um novo caminho,
uma nova estação
no adejar dos pássaros.

Texto 
Ailime
13.01.2023
Imagem Google

quarta-feira, março 23, 2022

Entre a luz e as sombras.


William Turner


Se queres enfrentar o caminho

percorre-o pedra sobre pedra;

encontrarás muros e declives

e descansarás no chão molhado.

A tua sede será mitigada,

mas não declines o futuro

que aos teus olhos se antevê.

Uma espécie de pacto será

o espanto que te distinguirá

entre a luz e as sombras.


Texto
Ailime
23.03.2022

sábado, maio 30, 2020

A terra seca

O Semeador de Vida: Você é uma terra Seca.


Ao pé da laranjeira
encontrei o caminho
onde outrora te encontrava
desbravando as silvas
a terra seca, árida
a fonte longínqua
onde quebrantei a sede
tantas vezes
na lonjura dos dias
subindo encostas,
de costas
amparando a queda
a saltar à corda
como se o mundo
tivesse ali o seu princípio.


Texto
Ailime
30.05.2020
Imagem Google

quarta-feira, maio 10, 2017

Algo me impelia


Algo me impelia naquela jornada que parecia não ter fim.
Os meus pés eram como asas que resistiam às pedras do chão térreo
e se quedavam sobre as ervas macias que ia encontrando pelo caminho.
Os meus braços, por vezes, prendiam-se nos teus quando o meu corpo parecia sucumbir ao cansaço que quase me desfalecia.
Mas a brisa fresca e perfumada pelo rosmaninho e alecrim era como um bálsamo que me sorria e inebriava como se os obstáculos não existissem.
Eu não sabia que o meu corpo se tornaria leve e que podia voar como os pássaros e sobrevoar as lezírias onde o pão crescia verde e suculento.
Eu não sabia tantas coisas que passavam por mim a esvoaçar e que eu tentava aprisionar como se uma sede de infinito invadisse todo o meu ser e me ardesse no peito, que latejava.
Eu não sabia que aquela luz era tão forte que quase me cegava de tanto brilho.
Eu não sabia, mas no horizonte, muito ao de leve, antevia a linha da meta que, crendo, eu perseguia.

Ailime
10.05.2017
Imagem Google

segunda-feira, outubro 15, 2012

Luz opaca



Tudo se passa de forma rígida
Incrivelmente disforme na forma
E na solução.

E ouço gemidos
E fomes que o vento traz
Em folhas gastas e desmedidas
De outros tempos,
Que rasgam os ventres
Dilaceram as almas
Destroem os sonhos
Esmagados em muros
De férrea obstinação.

E o meu tempo esvai-se…
Numa luz opaca
Que me cerceia o olhar
E me restringe o caminho.

Ailime
15.10.2012
Imagem da Net

quarta-feira, setembro 12, 2012

Observo-te


Observo-te nas paredes nuas e frias
Do quarto
Onde nem sequer a luz
Te abraça a solidão.

A tua alma sangra a dor
Pela vida espinhosa
De suor e lágrimas
Que ninguém aliviou.

E no teu rosto sulcado pelo sal
(Por mil prantos que já esqueceste)
Enxergo um sorriso ténue
Envolvido em amor
Que te ilumina o semblante
E me aponta o caminho.

Ailime
12.09.2012
Imagem da Net


sábado, janeiro 21, 2012

Poema incompleto

As musas calaram-se

E apenas o silêncio invade

O espaço onde me movo.

O sol de inverno envolve-me

Num brilho imenso

Que me acalenta e

Anuncia o caminho.



Ailime
21.01.2012
Imagem da Net