Deste ano, hoje a acabar, a memória mais intensa, que me
enche a alma, é a viagem aos Açores: à Terceira, à Graciosa, a São Miguel.
Na origem desse evento maravilhoso, esteve o dedo de um
grande e querido amigo micaelense: o escritor Nuno Costa Santos.
Fui objecto de dois convites penhorantes:
-através do Dr. Jorge Cunha, Director do Museu da Graciosa,
o Presidente da Câmara Municipal da referida ilha, Dr. Manuel Avelar Cunha
Santos convidou-me a apresentar e comentar o opúsculo intitulado NA SUA MÃO DIREITA, Manuel de Vasconcelos
curador do sofrimento humano, editado pela Câmara Municipal da Guarda,
Caderno nº 108, da colecção “O Fio da Memória”, criada pelo ex-director do
Teatro Municipal da Guarda, recente e prepotentemente afastado das suas
funções, Dr. Américo Rodrigues.
De facto, açoriano nascido na Vila da Praia, da ilha da
Graciosa, o Dr. Manuel de Vasconcelos exerceu, com altíssimo nível, a sua
profissão de médico, na cidade da Guarda, onde deixou muitas saudades e muito
respeito.
Programa da abertura das Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres
Durante a palestra sobre o Dr. Manuel de Vasconcelos
No centro da Terra: Furna do Enxofre (a 100 metros de profundidade)
O fogo da Terra, Furna do Enxofre
Paisagem da Graciosa
-através do Dr. Pedro Pascoal F. de Melo, Secretário da
Direcção do Instituto Cultural de Ponta Delgada, fui convidado a proferir uma
conferência subordinada ao título “Uma aventura sem fronteiras”.
Noto a seguinte apaixonante coincidência: o Instituto
Cultural de Ponta Delgada está instalado no prédio em que viveu e morreu o
grande poeta Armando Côrtes-Rodrigues, um dos fundadores do histórico Orpheu, em cujos dois números publicados
colaborou brilhantemente.
Notícia
Nuno Costa Santos apresenta o conferencista
Conversando sobre a viagem de uma vida...
Com os amigos ouvintes, após a conferência
Ponta Delgada: as portas do mar
De tudo isso, que redundou em encontros inesquecíveis, guardo
gratidão e imensa saudade. A viagem aos Açores, a infelizmente curta -seria
sempre curta- estadia nas ilhas, representou uma lição de humanismo.
Os Açores são outra coisa!
Escaparam à intoxicação que torna quase, se não mesmo, insuportável
este envelhecido continente chamado Europa, que a bela e mitológica grega de
nome Europa repudiaria…
A maneira principesca de receber, a afectividade quente e
certa, a abertura de espírito, a generosidade, a fidelidade, a pura sinceridade,
o amor à Cultura -eis as qualidades que me maravilharam e conquistaram para sempre.
É de justiça e também acto de gratidão, assinalar que, durante as poucas horas que me demorei na ilha Terceira, a caminho da Graciosa, graças ao Dr. Paulo Monjardino, pude rever Angra do Heroísmo, visitada por mim há 20 anos, e abraçar seu pai, o Dr. Álvaro Monjardino, amigo de há muito conhecido.
Ao velho modo beirão, que na Beira-Alta me fiz homem, aqui
deixo o meu agradecimento, enraizado no meu coração:
BEM HAJAM!