terça-feira, 31 de março de 2015

Sempre belo

O momento para leres uma das novelas portuguesas que diz muito e não se ficou pelo pim-pam-pum actual


A capa é da 1ª edição, publicada em 1932; mas vieram, depois, outras. Se procurares, encontras



José Rodrigues Miguéis: um escritor esquecido?  Talvez... é a lei do canibal...


Ler:

http://cvc.instituto-camoes.pt/seculo-xx/jose-rodrigues-migueis-46177.html#.VRqFCPnF_T8

segunda-feira, 30 de março de 2015

domingo, 29 de março de 2015

É urgente a mudança!


Óleo de Fanny Fernandez Varela (México D.F., 1956-)

E, hoje, quando muda a hora, talvez se possa reclamar outra mudança...:

abandonar a passividade e eleger a actividade.


E seguir a lição de Martin Luther King:

“A salvação dos homens está entre as mãos daqueles que, no inconformismo, se revelam capazes de criatividade.”


Quem sou? Quem és?



E eis que, ao reabrir Considerações de um apolítico (traduzo o título da edição de Bernard Grasset, Paris, 2002), obra polémica de Thomas Mann, deparo com a seguinte epígrafe:

Compara-te! Conhece-te!”

Goethe, in O Tasso


E aqui te confio.

A pastagem dos ignorantes



Foi no Libération de ontem que encontrei a notícia do novo filme de Tim Burton: Big Eyes, num  excelente artigo de Marcela Iacub, Le malheur des ignorants et des repus.

Ao que parece, a obra já levantou protestos e precipitou críticos de faca afiada.

Não vou demorar-me a enunciar as más -ou boas- línguas.

Transcrevo duas passagens do texto de Marcela Iacub, e depois explico, sucintamente, porquê.

“Em vez de facilitar às pessoas que se enriqueçam intelectualmente, vocês acariciam a sua mediocridade.”

A frase é de uma das personagens de Big Eyes.

Agora, o pensar de Marcela Iacub:

“Os políticos de génio e os grandes artistas fazem-nos sentir paralisados quando nos obrigam a mudar e a reflectir; já os maus [políticos e artistas] nos fazem sentir inteligentes e sábios. Pior ainda: elogiando a nossa mediocridade e a nossa preguiça, condenam-nos à infelicidade dos ignorantes e dos saciados [de barriguinha cheia de banalidades].”

Eis a infelicidade, a preguiça e o conformismo nacional que a comunicação social -Jornais, TVs, Rádios- e uma caterva de políticos, mestres de mediocridade, e uma banda de artistas de botequim, distribuem pelo português comum.

Sejamos honestos: Portugal transformou-se num desgraçado caranguejo: anda para trás.

Lançou-se, a galope, directo aos anos 50.

E, culturalmente, reinstalou o vazio dantesco: do tal Júlio Dantas que obrigou Almada Negreiros a escrever e publicar um infelizmente actualíssimo protesto.

Hoje, cultura, em Portugal é  pim, pam, pum.     


Eis o novo filme de Tim Burton que está aí a chegar (esperemos) e já levanta vozes

E passam as horas... foge o tempo

sábado, 28 de março de 2015

Na morte de Herberto Helder: uma notícia talvez inesperada -incómoda?- (Herberto Helder era judeu) e uma crítica muito inteligente

Herberto Helder

Remembering Portugal’s Jewish Prized Poet


Herberto Hélder’s writing touched on the dark, mystic, and mythological


When Jewish-Portuguese poet Herberto Hélder’s book, A Morte Sem Mestre (“The Death Without A Master”), was published last year, no one thought that death would be his master so soon. In fact, publication of Hélder’s next book was scheduled for the coming months. On Monday he had a heart attack and died in his home in Cascais, Portugal, 20 miles from Lisbon. He was 84.
While Hélder is not well-known outside of Portugal, he is considered one of the country’s greatest poets of the late 20th century, on the same level as literary giant Fernando Pessoa. But compared to his more famous literary compatriots like the late José Saramago, Hélder always preferred his poetic art to publicity. There exist very few pictures of him and even fewer interviews, and he had few close friends. When he was awarded the prestigious Portuguese literary prize “Prémio Pessoa” in 1994, he rejected it and instructed the committee: “Don’t tell anyone and just give it to someone else.”
He was born Herberto Hélder Luís Bernardes de Oliveira on November 23, 1930, to a Jewish family on the Atlantic island of Madeira. His mother, Maria Ester dos Anjos Luís Bernardes, died when Hélder was eight years old, an event that left a deep impression on him. The theme of the mother would become a recurring element in his poetry. As a youth he left the island for mainland Portugal, where he studied law and Romanic philology in Lisbon and later in Coimbra, but never completed his studies.
After dropping out of university he returned to Lisbon and was part of a famous group of young artists who met at the Café Gelo in the center of town. There Hélder met painters like Gonçalo Duarte and writers like Hélder Macedo who were influenced by Surrealism, and the famous Portuguese poets Fernando Pessoa and Mário de Sá-Carneiro. The group was not only interested in artistic reform but also opposed the Fascist dictatorship of António Salazar and the resulting social and political stagnation.
But unlike many of his artistic colleagues, Hélder was never a political writer. His whole being was directed towards poetry. In one of his rare interviews he described his fascination with the art form: “A poem is an object filled with magnificent, terrifying powers: put in the right place, at the right moment, according to the right rule it creates a disorder and an order which put the world at an extreme point: the world ends and begins.”
In the late 1950s he contributed to the avant-garde journal Pirâmide 3 and in 1958 published his first book, O Amor em Visita (“The Visiting Love”), a surrealistic poem of just 220 lines. In the following years he was a restless nomad, travelling through various European countries, holding obscure part-time jobs like guiding sailors through red-light districts, tending bars, working as a kitchen clerk or a librarian. In 1961 he published his second book, A Colher na Boca (“The Spoon in the Mouth”), which is still considered one of his greatest works.
His writing always touched the dark, demonic, mystic, and mythological. Hélder’s poems often consisted of long verses, they were lyrical excesses, orphic, rich of metaphors and symbols. He never cared so much for quotidian problems but was obsessed with the enigma of life and death. Therefore, he considered his poems not dialogues with the reader but, as he once said, “an internal organism, coherent and sufficient”.
In the early 1970s he became the editor of a newspaper in Angola, just before the country would become independent from Portugal. During his time in Africa he was involved in a serious car accident in which he almost died. It was another experience that had a lasting impact on Hélder.
After returning to Portugal, he worked at a publishing house and at the public radio tation. Several times he said he would stop writing poetry, and he did so for almost six years, from 1971 to 1977, and later from 1982 to 1987. But he could never fully give up the art of words, and he always had to take up the pen again. In the end, Hélder published more than 30 books, most of them poetry but also books of essays and fiction.
In his letter of condolence, Portuguese president Aníbal Cavaco Silva called Hélder one of the greatest names of Portuguese culture.
Kevin Zdiara is a German freelance journalist with a focus on culture and politics in Portugal and Israel. His writing has appeared in Jewish Ideas Daily, Jewish Chronicle, Jerusalem Post, and Arutz Sheva, among other publications.

O amor puro


"O cair do dia na Primavera", óleo de Umberto Moggioli, 1914


Caro luogo

Vagammo tutto il pomerigio in cerca
d’un luogo a fare di due vite una.

Rumorosa la vita, adulta, ostile,
Minacciava la nostra giovanezza.

Ma qui giunti ove ancor cantano i grilli,
quanto silenzio sotto questa luna.

Umberto Saba in Il Canzoniere, Ultime Cose, Einaudi, Torino, 5ª edição, 1965

sexta-feira, 27 de março de 2015

Quem foi Luca Carlevarijs

"O cais", óleo de Luca Carlevarijs



http://en.wikipedia.org/wiki/Luca_Carlevarijs

Boa noite com Veneza

Vocação, fidelidade, homem de uma cara só -Mestre da Literatura Portuguesa






Tomaz de Figueiredo (Braga, 1902-Lisboa, 1970)


“Cumpridor, isso de cumpridor do tal dever… Teimo que o dever -também dever, e o primeiro…-, o de obedecer a uma vocação, ao chamamento do Divino, ao apelo do Luminoso: e nega-se a reconhecê-lo e até o guerreia a sapiência codificadora dos princípios da mediocridade, que entende a vocação uma tolice à qual se deve dar com as portas na cara, obrigar a encolher os pauzinhos: essa lesma dos que sonham.”


Tomaz de Figueiredo in Noite Das Oliveiras, Editorial Verbo, Lisboa, 1965

Dedico este post a Catarina Mourão, neta do grande escritor, meu compadre, ela também artista e de uma cara só (aliás muito bela), realizadora de filmes que evocam Tomaz de Figueiredo 




Bom dia!

quarta-feira, 25 de março de 2015

A poesia vive dentro do poeta e a ele toca-lhe abrir a porta por onde ela há-de sair

Capa do número 1 de Orpheu


Em 1915, por este mês, saiu o primeiro exemplar de Orpheu.

E eis que topo, na reedição das Edições Ática, 1959, esta frase-epígrafe do ensaio de Maria Aliete Dores Galhoz, esta frase genial e que ela foi buscar a Mário de Sá Carneiro:


“Porque eu não creio ter descoberto a minha arte. Apenas a reedifiquei.”


Mário de Sá-Carneiro, por Almada Negreiros

A beleza do romantismo

No dia em que o poeta regressa à terra

terça-feira, 24 de março de 2015

Claire Diterzi: hoje, um caso francês

Homenagem a Eça de Queirós

Eça de Queirós


E é a uma grande escritora, uma das maiores escritoras de toda e qualquer língua, génio esquecido, arrumado, enterrado, Irene Lisboa, que vou buscar este estupendo retrato de Eça de Queirós:

“Eça, meu extraordinário Eça, que mal entendido tens sido! E só ontem dei por isso.

Quem antes de ti soube circunloquear, apimentar, espiritualizar a boa sociedade portuguesa? Camilo brutalizava-a; tu fazias-lhe cócegas… mas obrigava-la a desmanchar-se e a pôr-se do avesso, sem o sentir.
Nós hoje, pelas nossas curtas vistas e talvez também por umas pequenas mudanças de cenário, é que temos a audácia de te considerar limitado. Tu, afinal, não tiraste tipos abstractos do nosso povo, tiraste-los vivos e grotescos, pitorescos –sempre admiravelmente situados.”

Irene Lisboa in Apontamentos, Lisboa, 1943


Irene Lisboa


segunda-feira, 23 de março de 2015

A união de esquerda









Na primeira volta das eleições departamentais francesas de ontem, o PS, apesar de se ver obrigado a juntar aos seus números os de outros grupos de esquerda para conseguir um segundo lugar, recuperou votos e situou-se numa posição prometedora.

A segunda volta pode ser positiva para o PS, sobretudo para a esquerda, entendida como um todo.

E a indispensabilidade de uma “união de esquerda” volta a ser falada.

Em Libération, encontrei, hoje, esta frase lapidar:

“a união de esquerda não se decreta. É necessário definir um programa que a federe, que a associe.”

Quem sublinhou a necessidade de um programa real e abertamente de esquerda, para que essa “união de esquerda” possa acontecer, foi um militante PS, próximo duma socialista de gema: Martine Aubry.

Não me admiraria se, nas próximas eleições legislativas por   que ansiamos, aqui em Portugal, a necessidade de uma união parlamentar de esquerda se revele incontornável.


Fixe quem deve que “a união de esquerda não se decreta. É necessário definir um programa que a federe, a associe.”    

As patacoadas do governo-anedota (mas atento ao arrecadar os bens dos outros...)

in Público de hoje

Vida e verdade da Arte




“Em Arte,é vivo tudo o que é original. É original tudo o que provém da parte mais virgem, mais verdadeira e mais íntima duma personalidade artística. A primeira condição de uma obra viva é pois ter uma personalidade e obedecer-lhe. (…) Literatura viva é aquela em que o artista insuflou a sua própria vida, e que por isso mesmo passa a viver de vida própria.”


José Régio in Literatura Viva,  presença, Folha de Arte e Crítica, Coimbra, 10 de Março de 1927, nº 1


domingo, 22 de março de 2015

A Bela-Adormecida e o Barão: uma obra-prima da Literatura


ilustração de João da Câmara Leme, 1962


[diz o Barão]

“-Tu não sabes… O amor é que salva… Já amaste?...  Mas de perder ou de salvar?... (…) E não sentes a tua vida vazia? Nem ódio?... Não és nada, na vida não és nada… Se eu te contasse tudo!... Mas não sei falar d’Ela nem de mim… Fui outro… nesse tempo… E esse é que foi eu. Naquele baile, quando acabou de dançar, o pai chamou-a e disse-lhe: «Foi o teu último baile.»

[no final, diz o narrador]

Fui ao quarto do Barão. Estava estendido na cama, com um tiro num ombro e fractura do crânio. Percebi que queria dizer-me alguma coisa e aproximei-me do leito. Ciciou com dificuldade, entre dentes:

-Mas ficou… na janela…

E cerrou os olhos como se tivesse feito um grande esforço. O médico puxou-me pelo braço, pedindo que saísse do quarto, para que ficasse em completo repouso.

Mais tarde tive notícias dele. Mandava-me dizer que lá me esperava.
Sim, Barão!... Hei-de voltar, um dia. E havemos de tornar a perder-nos pelos caminhos do nosso sonho e da nossa loucura; e mais uma vez havemos de cantar às estrelas, e dar a vida para ires depor outro botão de rosa lá na alta janela da tua Bela-Adormecida!...”


Branquinho da Fonseca in O Barão, 5ª edição, Portugália Editora, Lisboa, 1969   


Pau na testa: e mais ou menos voltamos à santa dieta...

in Público de hoje

O Outono ficou para trás... vamos recordá-lo através de um Mestre?

sábado, 21 de março de 2015

Não é um desafio: é desgosto: João Gaspar Simões adivinhava...




“Com o tempo, é muito possível que a palavra arte desapareça do vocabulário, que deixe mesmo de se saber que existiu uma forma de realização pessoal chamada arte, passando o homem a exercer uma forma de realização colectiva chamada técnica.”


João Gaspar Simões in Crítica V, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1982

sexta-feira, 20 de março de 2015

A palavra do Mestre

Jovem escritor


“Jovens artistas que me ledes, e a quem já recusei conselhos! (…) Não façais caso de críticos e suas críticas (a não ser que sejam compreensivos, ou simplesmente para os conhecerdes) quando vos reconheçais no vosso caminho próprio.”

José Régio in Poemas de Deus e do Diabo, “Introdução a uma Obra”, Portugália Editora, 7ª edição, 1969

O amor pela natureza? O amor pela vida... Eis uma artista pouco conhecida: Berthe Morisot

quinta-feira, 19 de março de 2015

Dia do Pai: Memória

Meu Pai e eu, em Vila da Rua, concelho de Mangualde... há tantos anos! 

O estado da nação segundo Antero de Quental


in Público de hoje


“Forças invencíveis, históricas, políticas, morais, determinam este facto lúgubre do estado comatoso de uma alma colectiva.”


Antero de Quental em Carta a Fernando Leal, datada de 11.01.1889

BARBARA... e nada mais a dizer...

terça-feira, 17 de março de 2015

A corrida de Pablo Picasso


"Les demoiselles d'Avignon", 1907, Pablo Picasso


Pablo Picasso era o oposto de Leonardo Da Vinci.

Esta sua frase ilustra-o:

“Eu não procuro, encontro.”

Não venho dizer que Da Vinci é melhor do que Picasso, ou vice-versa; seria idiota e abordaria uma questão impossível.

No entanto, o que diz Picasso ajuda a entender o drama de Da Vinci, que toda a vida procurou e cedo vislumbrou o seu maior inimigo: a facilidade em fixar um aspecto daquilo que encontrara –e o perigo de o fixar superficialmente, segundo ele.

Isto é, sem conseguir, segundo ele, gravar aquilo que vira na profundidade do quotidiano.

A obsessão da perfeição, isto é, da revelação total do objecto surpreendido, eis o combate de Da Vinci.

Não foi um combate perdido –mas foi um combate que lhe roubou tempo.


O título do post de ontem -“O combate perdido de Leonardo Da Vinci”- foi um lapso; bastaria, aliás, consultar este blogue. 

segunda-feira, 16 de março de 2015

O combate de Leonardo Da Vinci


"Retrato de mulher de perfil", óleo sobre madeira, 1493-1495, Leonardo Da Vinci


Segundo muitos, Leonardo Da Vinci deixou uma obra artística relativamente curta.

E há quem o justifique evocando a sua obsessão da perfeição.

A mim me parece que Da Vinci acabou prisioneiro da sua extraordinária “mão direita”, que tudo aprendera, que tudo podia fazer, sem grande ou nenhum esforço...

...que podia desenhar mesmo aquilo a que ele, dentro de si, não apontava.

Quero eu dizer: a luta desesperada contra a própria facilidade condicionou-o, limitou-o: nesse combate gastou ele demasiado e precioso tempo.  

O milagre da vida


"Bétulas", 1901, óleo de Arkhip Kuindj (Ucraniano de origem grega,1842-1910)


“Julgo que é indispensável sermos capazes de gozar a Natureza e a liberdade para sermos felizes; sem isso, é impossível…”


Anton Tchekov citado in Journal de Katherine Mansfield, Club des Libraires de France, 1955 (edição limitada a 5000 exs.)

domingo, 15 de março de 2015

Bárbara Serra, dado que me fervem dentro mais de uma pátria, era impossível esquecer Roma…


"Roma", óleo de Agostinho José da Mota (Rio de Janeiro, 1824-Rio de Janeiro, 1878)


Cantiga feita nos grandes campos de Roma

Por estes campos sem fim,
Onde a vista assim se estende,
Que verei, triste de mim,
Pois ver-vos se me defende?

Todos estes campos cheios
São de saudade e pesar,
Que vem para me matar
Debaixo de céus alheios.
Em terra estranha e em ar,
Mal sem meio e mal sem fim,
Dor que ninguém não entende,
Até quão longe se estende
O vosso poder em mim!

Francisco de Sá de Miranda in Antologia da Poesia de Amor Portuguesa, organizada por José Régio e Alberto de Serpa, Portugália Editora, 1957


Bárbara Serra, cada um ao que é seu... fui buscar a poesia ao povo de onde aprendi a vida

sábado, 14 de março de 2015

sexta-feira, 13 de março de 2015

quarta-feira, 11 de março de 2015

Eugénio de Andrade e a verdade de cada um




Eugénio de Andrade, por José Rodrigues


Em pasta velha com velhos papéis, encontrei um artigo meu, Eugénio de Andrade, publicado no jornal do Colégio Moderno, Gente Moça, Série II, nº 18, Janeiro-Fevereiro de 1958.

E 57 anos passados, resolvi transcrever as palavras que o encerram, pois que as voltaria a escrever hoje:

“Deixem-me (…) pedir-lhes ainda uma coisa: antes de procurarem, assustados, saber se ele é um lírico, um simbolista ou um surrealista, tentem ouvir a voz do poeta Eugénio de Andrade -mas a sua própria voz!- e o que ele diz de si, do mais verdadeiro da sua verdade… é isso que importa. E não se aflijam com as tendências da época. O verdadeiro artista não tem época, é de sempre. Que cada um procure o que tem a dizer e não pense em mais nada. Só o que for mesmo nosso tem valor e poderá interessar, ou não interessar, aos homens, Não é a pensar nos outros que se cria, mas sim em nós próprios; só nos damos aos outros na medida em que formos fiéis a nós próprios e nos dermos às nossas inclinações. Mas isto é outra conversa.”

Juntei ao artigo cinco poesias do poeta; escolhi a que segue:

Viagem

Iremos juntos separados,
as palavras mordidas uma a uma,
taciturnas, cintilantes,
-ó meu amor, constelação de bruma!
ombro dos meus ombros hesitantes!
Esquecidos, lembrados, repetidos
na boca dos amantes que se amam
no alto dos navios;
no rastro dos peixes luminosos,
afogados na voz dos marinheiros.

in As Palavras Interditas


Ao tempo, eu era mais ou menos assim...

Gino Rossi pittore 1884-1947: alguém entenderá italiano e todos poderão ver quadros do grande pintor de Burano

Bom dia com esta canção tradicional napolitana

domingo, 8 de março de 2015

Dia Mundial da Mulher


Hoje, Dia Mundial da Mulher, precisamos urgentemente, aqui, em Portugal, de uma das suas grandes mulheres: a padeira de Aljubarrota! E para quê? Para varrer, correr à paulada a quadrilha que há quase quatro anos destrói a nossa Pátria e nos rói até ao osso. O bando de pilha galinhas que come tudo e não deixa nada! Volta, grande mulher, e salva o país, já que de brandos costumes envenenados não comemos nem bufamos: amochamos!

Um pintor admirável que os esgotos do mercado e os agiotas têm desvalorizado sem razão nem vergonha


Obra de Luiz Noronha da Costa, 1996


O país que James Joyce amou e odiou

sábado, 7 de março de 2015

terça-feira, 3 de março de 2015