domingo, 1 de março de 2015

Humana Condição


"Campo de trigo numa tarde de verão", Marc Chagal, 1942


Um sonhar-me distante, um longe incrível
É agora o meu estado: Eu sonho o Espaço
Que se fixa no mundo ao invisível
Como se o mundo andasse por meu braço.

Existo além: Sou o animal temível
De Jesus com o mundo-Deus na mão.
Sou para além do mundo concebível
Onde morre e começa a criação.

Eu, homem, sondo e meço o Infinito;
Sou corpo e espírito, esse corpo oculto,
E é só na mão de Deus que ressuscito.

E chamam a isto humana condição ...
Um nada, e tudo: — Vivo e me sepulto
Dentro e fora do próprio coração.

 Afonso Duarte in Ossadas, Seara Nova, 1947

Aldeia da Ereira, 1894-Coimbra, 1958

Biografia:


http://epaad.no.sapo.pt/historia/ad_bio.htm


3 comentários:

  1. Um poema extraordinário e uma bela pintura.

    Desejo-lhe um bom domingo. Por aqui está um dia lindo, quase de Primavera :)

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  2. Isabel, sabe quanto eu gosto do Afonso Duarte... O domingo já lá vai... mas a Primavera está a recusar-se... Beijos.

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  3. Isabel, sabe quanto eu gosto do Afonso Duarte... O domingo já lá vai... mas a Primavera está a recusar-se... Beijos.

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