A 6 de maio vão chegar notícias do Canadá. Ou seja: já não falta muito para conhecermos We, sexto álbum de estúdio dos Arcade Fire, ao que parece procurando reavivar uma energia primitiva — primitiva na trajectória da banda, primitiva no país sem fronteiras do indie rock. A prova: The Lightning I, II em magnífico teledisco assinado por Emily Kai Bock.
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quinta-feira, março 31, 2022
sábado, janeiro 21, 2017
A canção de protesto na era Trump (1)
O título não deixa dúvidas de que se trata de um alerta sobre os poderes que os mecanismos democráticos dão a quem vota. Canta-se "I give you power / I can take it Away"... A canção tem precisamente por título I Give You Power e junta Mavis Staples aos Arcade Fire. Surgiu na véspera da tomada de posse. Mas lança o tom pelo qual muitos músicos vão dar voz a estes tempos que vivemos.
terça-feira, setembro 02, 2014
Para ver (e ouvir, claro): 25 versões
que os Arcade Fire tocaram em palco
A Rolling Stone reuniu num único post 25 das canções que os Arcade Fire já apresentaram durante a Reflektor Tour. O grupo tem apresentado um tema diferente em cada cidade, normalmente escolhidas em função de um qualquer relacionamento local (Lisboa não foi contemplada). Em Minneapolis apresentaram Controversy, de Prince. Em Detroit tocaram Uptight (Everything's Alright) de Stevie Wonder. No Coachella cantaram Heart of Glass dos Blondie. E em Atlanta ouviu-se Radio Free Europe dos R.E.M..
Quando em Lisboa falei com Richard Reed Parry, o músico disse que não faria sentido juntar este material em disco. Não concordo. É precisamente para juntar estes momentos que só ganham vida em palco que vale a pena ouvir discos ao vivo. Reencontar álbuns com palminhas é simplesmente entediante. Pode ser que reconsiderem...
Fica aqui o catálogo das versões,
Quando em Lisboa falei com Richard Reed Parry, o músico disse que não faria sentido juntar este material em disco. Não concordo. É precisamente para juntar estes momentos que só ganham vida em palco que vale a pena ouvir discos ao vivo. Reencontar álbuns com palminhas é simplesmente entediante. Pode ser que reconsiderem...
Fica aqui o catálogo das versões,
terça-feira, agosto 12, 2014
Para ouvir: Flume remistura Arcade Fire
Uma das canções do alinhamento do álbum editado em 2013 conhece nova vida em 2014. Trata-se Afterlife, aqui numa revisão via Flume.
terça-feira, julho 01, 2014
Ver + ouvir:
Arcade Fire, Reflektor (ao vivo)
Continuando a visitar momentos vividos na edição deste ano do festival de Glastonbury aqui ficam hoje imagens da atuação dos Arcade Fire.
domingo, junho 15, 2014
Para além dos Arcade Fire
Há uma nova geração de compositores a nascer numa era sem barreiras. É um pouco como os filhos da Alemanha pós-1989, que não conheceram o muro que durante anos tinha dividido não apenas Berlim mas toda a Europa. São compositores que vivem para lá das fronteiras de género, o seu trabalho refletindo visões de horizontes largos e uma capacidade em trabalhar em várias frentes. Se em tempos causava sensação (ou mesmo surpresa) a ligação de um Pierre Boulez a Frank Zappa ou de Philip Glass a Suzanne Vega ou David Byrne, hoje a ideia de vermos um Nico Muhly a assinar trabalhos com os Grizzly Bear ou Herbert a criar um disco inspirado em Mahler causará tudo menos estranheza. Sinais dos tempos, a editora Deutsche Grammophon (que de facto tem estado atenta aos rumos dos acontecimentos) tem alargado o seu catálogo e hoje junta a grandes maestros, instrumentistas e cantores, figuras que, com carreira já reconhecida (e bem visível) em terreno pop/rock, ali apresentam agora obras criadas nos espaços da música clássica.
Há poucas semanas a editora juntava num mesmo disco uma série de obras orquestrais de Bryce Dessner e Johhny Greenwood, o primeiro com nome feito nos The National, o segundo nos Radiohead. Agora é a vez de ali se estrear, como compositor, o canadiano Richard Reed Parry, que ainda há poucas semanas vimos atuar no Palco Mundo do Rock in Rio, com os Arcade Fire, banda que integra desde as sessões de gravação do seu primeiro EP, em 2003. O músico, que já tinha obra em paralelo aos Arcade Fire – ora na Bell Orchestre ou em pontuais colaborações – não tem aqui a sua primeira edição em terreno “clássico”. A estreia aí coube a um álbum de 2011 da orquestra canadiana Kitchener-Waterloo Symphony, no qual surgiam também obras de Nico Muhly ou Johnny Greenwood. E o seu currículo junta ainda, por exemplo, uma encomenda do Kronos Quartet.
Music For Heart and Breath, o álbum que assinala a sua primeira colaboração como compositor com a Deutsche Grammophon, é de certa forma uma extensão natural dessas experiências anteriores. Inspirado quer pelas ideias de um Brian Eno ou um John Cage quer pelo trabalho dos minimalistas (das reflexões sobre a repetição herdadas de um Steve Reich aos sinais de libertação sugeridos por um John Adams), o disco reflete, além da personalidade do trabalho de composição, uma ideia concetual que, afinal, define a materialização desta música: é a pulsação, o respirar, o batimento (cardíaco) dos músicos (que usam um estetoscópio para se guiarem) quem define os tempos, transcendendo a música certas regras centenárias, aproximando-a assim das verdades materiais dos corpos daqueles que os levam das páginas escritas ao som que escutamos. A ideia do tempo que rege o ensemble cede aqui à soma dos tempos de cada um dos seus elementos. O conceder dessas liberdades aos músicos é assim ponto de partida para o pequeno ensemble que aqui se reúne e que junta nomes como Nico Muhly (maestro, celesta e piano) ou os irmãos Dessner (guitarras). Entre peças maiores e pequenas vinhetas, navegando sobretudo nos terrenos da música de câmara, Richard Reed Parry soma ideias e experiências, cruza heranças e junta uma peça importante na definição da música (em construção) de um século que nasceu sem as barreiras de outros tempos. O compositor procura aqui o que aponta como o "oposto" de alguma música eletroacústica que em tempos estudou e que, confessa, não o fazia sentir nada. É uma música íntima e calma, distante do fulgor que respiramos nos Arcade Fire. Uma estreia que ajuda a mostrar (uma vez mais) que há coisas bem interessantes a acontecer no panorama atual da música clássica.
Podem ver aqui um vídeo promocional que apresenta o álbum, com declarações do compositor e imagens captadas durante as gravações.
sábado, junho 14, 2014
Em conversa: Arcade Fire (parte 2)
Continuo aqul a publicação (em duas partes) da conversa que fiz com o Richard Reed Parry dos Arcade Fire nos camarins do Palco Mundo do Rock in Rio, pouco antes da sua magnífica atuação em Lisboa.
Recuando no tempo podemos lembrar que David Bowie, um dos músicos que mais sabe conjugar o verbo desafiar, foi dos primeiros a apoiar publicamente os Arcade Fire...
Recuando no tempo podemos lembrar que David Bowie, um dos músicos que mais sabe conjugar o verbo desafiar, foi dos primeiros a apoiar publicamente os Arcade Fire...
E foi muito bom. Deu-nos um alcance a que antes não teríamos chegado. Ele está aqui há tantos anos e tem um trabalho incrível. Mas é impossível quantificar quanto é que uma presença dessas vale e o que abre caminho ao quê. Mas para nós foi sentir que alguém da velha guarda estava a apoiar o que estávamos a fazer. Foi encorajador,
Chegaram a partilhar o palco e a gravar um EP ao vivo...
Sim. Foi muito especial. É inspirador tocar ao lado de lado de alguém que vem das primeiras gerações do pop/rock e, sem dúvida, da primeira geração do art rock.
Têm tocado várias versões de temas de outros músicos em digressão. É um espaço de prazer do grupo? De diversão?
É super divertido. Gostamos de ligar os concertos que fazemos aos locais em que tocamos. E assim, em vez de dizer "olá Lisboa", olhando para um papel, dirigimos uma canção à cidade. Hello Detroit... Então tocamos uma canção de Detroit... Mas acho que não faremos nenhuma em Lisboa.
Editariam essas versões em disco?
Não creio. São versões de rock'n'roll... São divertidas de fazer.
E um disco ao vivo?
Ainda não o fizemos... Na verdade gravamos tudo quando tocamos...
E será esta a digressão para fazer um disco ao vivo?
Ainda é cedo para o dizer, por isso não sei. Mas seria cool.
Como decidiram que canções juntar às do novo álbum para os alinhamentos dos concertos desta digressão?
Pela primeira vez desde Funeral, nos primeiros concertos desta digressão só tocámos temas do Reflektor. Quando começamos depois a fazer alinhamentos mais extensos começamos a fazer uma ou outra canção antiga. E então passámos a incluir canções que, se fosse uma caixa de velocidade, estivessem na mesma mudança.
O novo álbum foi-nos inicialmente apresentado juntamente com o teledisco para o tema-título, com realização de Anton Corbijn. Até que ponto interferem no trabalho das imagens que acompanham a vossa música? É um trabalho importante?
Muito importante mesmo. Muitas vezes há quem queira realizar um teledisco para uma das nossas canções... É ver caso a caso. Se for interessante ou bom aceitamos fazer. Com o Anton fomos nós quem o procurou. Pensámos: "quem seria bom para fazer isto?" Decidimos que seria ele. Contactá-mo-lo demos algumas ideias e ele foi depois pensar. A realizadora que fez o Afterlife foi diferente. Ela apresentou as ideias e disse quanto ia custar e nós respondemos apenas OK, parece bom... Estava inspirada e nós aí não tivémos aí qualquer input... E ficou espantoso. Nesse caso era ela a fazer a sua peça de arte.. É belo quando assim acontece.
We Exist, o novo teledisco, como surgiu?
David Wilson queria fazê-lo. E uma vez mais foi a sua visão, ligada à nossa canção... A canção e o vídeo não tinham a ver, mas encontraram-se de forma complexa e poderosa. Era como a bela e o monstro e sabíamos que ia resultar..
O palco também envolve elementos visuais. A lógica de trabalho é semelhante à dos vídeos?
Há elementos nos quais pensamos nós mesmos... Temos uma grande equipa a trabalhar connosco. Há propostas, há muito diálogo. No fim é um esforço de equipa.
Como vivem hoje em dia a vossa relação com o público?
Não é fácil quando se atinge uma certa dimensão. Não se consegue ter uma relação com as pessoas. Consegue-se com uma ou algumas mais pessoas, mas quando são milhares as que vemos nos concertos é impossível . Conseguimos ter atenção pelos aspetos importantes do concerto, da arte e de como fazemos as coisas... Tentamos não tocar em sítios maus, manter os bilhetes a um preço acessível. O equipamento, a equipa... A coisa torna-se muito complexa. Mas tentamos não fazer mal. Não queremos vender porcaria vazia. Tentamos fazer o melhor. Por vezes há quem escreva e se chegue a nós ou alguém que nos conhece e fala... Mas estamos para lá do ponto de conseguir responder aos emails...
Pessoalmente como acompanha o que vai acontecendo no mundo da música?
Vou mas vezes atrás no tempo, escuto mais música do passado que do presente, descobrindo coisas que na altura falhara ou que aconteceram mesmo antes de eu ter nascido. Mas temos uma grande comunidade musical e saímos e ouvimos coisas. Depois a verdade é que os músicos estão sempre a trabalhar em música e os meus amigos músicos trabalham em coisas diferentes. Mas quando estou em digressão quase não escuto música porque se está à sua volta a todos os momentos. Não há fome aí...
sexta-feira, junho 13, 2014
Em conversa: Arcade Fire (parte 1)
Inicio aqul a publicação (em duas partes) da conversa que fiz com o Richard Reed Parry dos Arcade Fire nos camarins do Palco Mundo do Rock in Rio, pouco antes da sua magnífica atuação em Lisboa.
Como conseguiram, em dez anos, passar do patamar de um projeto indie canadiano a um fenómeno de expressão global sem que isso tenha implicado quaisquer cedências no plano da criação musical?
Creio que é uma questão mais difícil de responder que o que inicialmente parece. Porque julgo que se tem de equacionar o fazer bem as coisas e o ser popular. E isso não é uma coisa fácil de conseguir, mas é também algo sobre o qual não temos controlo. Que as pessoas ainda gostem daquilo que estamos a fazer é ótimo. Ainda estamos a tentar chegar às pessoas, a trazer o que conseguimos aos nossos concertos e a procurar algo que seja cool, bonito, bom e que tenha significado. Não costumamos aceitar oportunidades que surjam e que têm apenas a ver com dinheiro. Não licenciaremos as nossas canções a todos os que queiram fazer um anuncio de um automóvel ou algo no género. Mas temos a sorte de sermos populares como somos, por isso nem temos a pressão para ter de fazer nada assim. No fundo não sei bem qual será a resposta, mas acho que tentamos fazer com que cada decisão nossa nos seja confortável e faça sentir bem.
A popularidade é volátil...
As pessoas podem deixar de gostar de nós amanhã. Alguém dirá que fizemos algo errado, que tomámos o passo errado. E talvez não fosse o passo errado, mas apenas o passo errado para manter um estatuto de superpopularidade. Mas enfim...
São um grupo grande. Como se mantém uma certa disciplina de trabalho com tanta gente envolvida?
Não é difícil manter a disciplina, mas é mais difícil manter as coisas focadas e todos num mesmo comprimento de onda, fazendo com que sintam que estão a trabalhar na mesma coisa ao mesmo tempo. É como um casamento a seis que depois se transforma num casamento a dez.
A mais evidente presença das eletrónicas em Reflektor, por exemplo, surgiu depois de todos estarem nesse mesmo comprimento de onda face ao seu maior protagonismo?
Não foi uma coisa súbita para nós, mas antes um processo gradual de evolução. Já havia, por exemplo, muitas electrónicas no The Suburbs, nós é que não as puxámos tão para a frente. Mas lá estavam de vez em quando. Nada foi não natural.
Novas ferramentas, ou seja, novos instrumentos, fazem a diferença na história da evolução da música de um grupo?
Algo que seja natural e que nos faça sentir que estamos a evoluir no sentido de qualquer coisa deixa-nos com a vontade de continuar a experimentar com esses sons. E parece-nos certo. Não queremos que as roupas nos vistam a nós. Queremos ser nós a vestir as roupas.
Há uma ideia de necessidade de desafio que lancem a vós mesmos quando embarcam no processo de criação de um disco novo?
Tentamos. Mas às vezes não funciona. Não há uma fórmula... Veja-se, por exemplo, o caso do Normal Person, canção de que gosto muito com a forma com que surgiu no álbum. Na origem era bem diferente. Era muito mais lenta, muito mais cheia de sintetizadores. Parecia mais uma coisa de uns Primal Scream ou Ride, ou algo assim... Mais brit pop, uma coisa mais solta... E não estava a resultar. O Win veio depois com ideias. E quanto mais as tocávamos mais parecia uma coisa dos Rolling Stones ou Nirvana... E a canção foi-se ajustando. E no fim funcionou. Neste caso os sintetizadores, que poderiam soar a algo novo, não funcionaram para nós. Precisamos da tecnologia para avançar. Mas neste caso avançar não era o que precisávamos. O que o cérebro aponta, o que faz sentir bem, é por aí que vamos.
domingo, junho 01, 2014
A festa 'gourmet' dos Arcade Fire
| Foto: DN |
"Um festim de canções bem nascidas, grandiosas nas formas e seguras na interpretação. Uma banda oleada e absolutamente capaz de dominar o palco e as plateias que passam à sua frente. E um alinhamento brilhante, que naturalmente destacou o irresistível disco que editaram em finais do ano passado, mas que soube dosear instantes dos anteriores, sobretudo de 'Funeral', álbum de estreia editado há precisamente dez anos e que merece já um lugar de referência na história da música do século XXI."
Podem ler aqui o texto que foi publicado no DN online.
segunda-feira, maio 19, 2014
Ver + ouvir:
Arcade Fire, We Exist
Os Arcade Fire criaram mais um teledisco para uma canção do álbum editado em finais do ano passado. É mais uma contribuição notável para uma sólida obra videográfica em construção. O teledisco é protagonizado pelo ator Andrew Garfield.
segunda-feira, abril 21, 2014
Clássicos da Eurovisão:
France Gall (1965)
A primeira das três vezes que Serge Gainsbourg levou uma canção sua à Eurovisão valeu ao Luxemburgo a sua segunda vitória e ao festival o primeiro momento de visibilidade maior de uma emergente cultura pop/rock (onde até então o território baladeiro era predominante). Foi em 1965 que, com uma letra cheia de duplos sentidos, Gainsbourg surgiu como autor de Poupée de Cire Poupée de Son, canção com a qual France Gall defendeu as cores do Luxemburgo, que terminou assim à frente do Reino Unido e França, os três primeiros depois da votação. Entre os concorrentes desse ano surgiam nomes como os de Udo Jürgens (que venceria pela Áustria em 1966), Bobby Solo (Itália) e Simone de Oliveira (que, com Sol de Inverno, colhia o primeiro ponto na história do certame para Portugal, atribuído pelo Mónaco).
Serge Gainsbourg regressaria duas vezes mais como autor ao Eurofestival. Em 1969 com Boum Badaboum, canção que Minouche Barelli interpretou pelo Mónaco (e que terminaria em 5º lugar). Em 1989 surgiu finalmente pela França (a sua nacionalidade), com White & Black Blues, que Joelle Ursull levou ao 2º lugar.
Poupée de Cire Poupée de Son é uma das canções da história do Eurofestival mais vezes reinventadas em versões. Os Arcade Fire apresentaram a sua leitura desta canção na digressão que acompanhou o lançamento de Neon Bible. Os Belle & Sebastian também a interpretaram ao vivo nas suas Black Sessions.
Podem recordar aqui France Gall na versão original da canção.
segunda-feira, abril 14, 2014
Para ouvir:
Blondie, segundo os Arcade Fire
Os Arcade Fire continuam a surpreender as plateias que os vão visitando no decurso da corrente digressão. As surpresas chegam habitualmente na forma de versões que incorporam no alinhamento dos concertos. Há dias, em Hosuton (Texas) apresentaram uma leitura de Heart of Glass, dos Blondie.
Podem ver (e ouvir) aqui, através do Radio.com.
Podem ver (e ouvir) aqui, através do Radio.com.
terça-feira, fevereiro 25, 2014
Óscares 2014: as escolhas na música (N.G.)
Em contagem decrescente para a noite de entrega dos Óscares vamos lançando olhares e ideias sobre os nomeados. Hoje apresento escolhas pessoais nos campos da música...
É verdade que costumo dizer que a Academia é dura de ouvido. E são raras as vezes em que chegam à lista das nomeadas as melhores bandas sonoras e canções criadas no ano anterior ao serviço do cinema... Veja-se o caso deste ano: onde estão as bandas sonoras originais que Max Richter e Hanan Townshend assinaram respetivamente para Lore de Cate Shortland ou A Essência do Amor, de Terrence Malick? Foram as duas melhores bandas sonoras de 2013 e, na hora de escolher nomeadas, nicles...
Entre os nomeados para este ano estão contudo as importantes contribuições musicais para Her – Uma História de Amor, de Spike Jonze. O score instrumental é uma criação conjunta de Win Butler (dos Arcade Fire) com Owen Pallett e contou com os próprios Arcade Fire como instrumentistas (citando até alguns momentos do mais recente Reflektor). Spike Jonze (que tem mais extensa obra nos telediscos que no cinema) esta representou assim mais uma colaboração com os Arcade Fire, com os quais tinha já trabalhado em The Suburbs e, mais recentemente, em Afterlife. Para os músicos esta foi uma primeira (e bem sucedida) experiência no cinema (até mesmo para Owen Pallett, que tem assinado arranjos de cordas para inúmeros discos e contava já com trabalhos em algumas curtas e títulos de menor visibilidade e aqui tem a sua primeira produção de grande escala).
Win e Owen têm como mais forte concorrente a música que Steven Price criou para Gravidade que, contudo, representa um dos piores ingredientes do belíssimo filme de Alfonso Cuarón. Os experientes John Williams, Alexandre Desplat e Thomas Newman estão também nomeados, mas com trabalhos menos interessantes que outros que outrora nos mostraram já.
Na categoria de Melhor Canção Original destaca-se também Her, desta vez com The Moon Song, da autoria de Karen O e do próprio Spike Jonze, que a vocalista dos Yeah Yeah Yeahs canta em dueto com Ezra Koenig, dos Vampire Weekend.
Melhor Banda Sonora Original – Win Butler e Owen Pallett em 'Her – Uma História de Amor'
Melhor Canção – 'The Moon Song', de Karen O e Spike Jonze em 'Her – Uma História de Amor'
É verdade que costumo dizer que a Academia é dura de ouvido. E são raras as vezes em que chegam à lista das nomeadas as melhores bandas sonoras e canções criadas no ano anterior ao serviço do cinema... Veja-se o caso deste ano: onde estão as bandas sonoras originais que Max Richter e Hanan Townshend assinaram respetivamente para Lore de Cate Shortland ou A Essência do Amor, de Terrence Malick? Foram as duas melhores bandas sonoras de 2013 e, na hora de escolher nomeadas, nicles...
Entre os nomeados para este ano estão contudo as importantes contribuições musicais para Her – Uma História de Amor, de Spike Jonze. O score instrumental é uma criação conjunta de Win Butler (dos Arcade Fire) com Owen Pallett e contou com os próprios Arcade Fire como instrumentistas (citando até alguns momentos do mais recente Reflektor). Spike Jonze (que tem mais extensa obra nos telediscos que no cinema) esta representou assim mais uma colaboração com os Arcade Fire, com os quais tinha já trabalhado em The Suburbs e, mais recentemente, em Afterlife. Para os músicos esta foi uma primeira (e bem sucedida) experiência no cinema (até mesmo para Owen Pallett, que tem assinado arranjos de cordas para inúmeros discos e contava já com trabalhos em algumas curtas e títulos de menor visibilidade e aqui tem a sua primeira produção de grande escala).
Win e Owen têm como mais forte concorrente a música que Steven Price criou para Gravidade que, contudo, representa um dos piores ingredientes do belíssimo filme de Alfonso Cuarón. Os experientes John Williams, Alexandre Desplat e Thomas Newman estão também nomeados, mas com trabalhos menos interessantes que outros que outrora nos mostraram já.
Na categoria de Melhor Canção Original destaca-se também Her, desta vez com The Moon Song, da autoria de Karen O e do próprio Spike Jonze, que a vocalista dos Yeah Yeah Yeahs canta em dueto com Ezra Koenig, dos Vampire Weekend.
Melhor Banda Sonora Original – Win Butler e Owen Pallett em 'Her – Uma História de Amor'
Melhor Canção – 'The Moon Song', de Karen O e Spike Jonze em 'Her – Uma História de Amor'
sexta-feira, fevereiro 21, 2014
Nos bastidores da música de 'Her'
É a mais interessante das bandas sonoras nomeadas para o respetivo Óscar. A música criada por Owen Pallett e pelos Arcade Fire é mesmo um dos argumentos maiores de Her, o mais recente filme de Spike Jonze. Aqui fica um breve olhar de bastidores sobre a gravação da música.
Podem ver aqui o vídeo.
Podem ver aqui o vídeo.
segunda-feira, fevereiro 03, 2014
Para ouvir: Arcade Fire em sessão ao vivo
Os Arcade Fire estão neste momento pelo outro lado do mundo, tendo iniciado uma nova digressão na Austrália. Passaram há dias pelos estúdios da estação de rádio Triple J onde gravaram uma sessão. Este é o registo de Joan of Arc, tema do álbum de 2013, nessa mesma sessão.
segunda-feira, dezembro 23, 2013
As canções de 2013:
Arcade Fire, Reflektor
Um dos grandes regressos do ano, o quarto álbum dos Arcade Fire devolveu o grupo à linha da frente dos acontecimentos e dos entusiasmos globais. O tema-título serviu de cartão de visita ao disco, surgindo acompanhado por um teledisco assinado por Anton Corbijn.
sábado, dezembro 14, 2013
As figuras de 2013: Arcade Fire
O lançamento de Reflekfor, o quarto álbum dos Arcade Fire, será um dia um case study em matérias do marketing musical. O teledisco brilhante que acompanhou o tema-título abriu a relação de todos com as novas canções. Seguiu-se um filme de Roman Coppola que nasceu para a televisão mas viveu sobretudo na internet (e teve entre nós expressão no cinema). Depois uma atuação em Nova Iorque. Uma imagem viral que andou por aí (com origens na cultura vudu haitiana)... Uma atrás de outra as novas canções mostravam uma banda desafiante e renovada. Diferente. Regenerada (agradecendo certamente as contribuições de James Murphy). De um disco nascido de formas "alternativas" fizeram um fenómeno de dimensão maior. O ano 2013 não se contaria sem os Arcade Fire.
sexta-feira, dezembro 06, 2013
Num estúdio de TV:
Arcade Fire, Afterlife
Os Arcade Fire passaram pelo Graham Norton Show, onde apresentaram o tema Afterlife, o segundo single extraído do alinhamento do álbum Reflektor recentemente editado.
sexta-feira, novembro 22, 2013
Ver + ouvir (em estúdio):
Arcade Fire, Joan of Arc
Os Arcade Fire passaram pelo programa de televisão francês Le Grand Journal e ali apresentaram, em estúdio, algumas das canções do recentemente editado Reflektor. Estando em França, não podia faltar ao alinhamento desta atuação televisiva o tema Joan of Arc. Aqui ficam as imagens.
terça-feira, novembro 12, 2013
LEFFEST 2013 (dia 5)
Foi uma surpresa. Ontem ao início do serão, quem aguardava pela vez de entrar na Sala 4 do Cinema Monumental foi convidado a assistir a um programa “extra”, certamente cortesia do realizador Roman Coppola, que marca presença nesta edição do Lisbon & Estoril Film Festival para apresentar o seu novo Dentro da Cabeça de Charles Swan III (que era, precisamente, o filme da noite naquela sala). A surpresa chegou na forma de Here Comes The Night Time, uma curta de cerca de 20 minutos criada no âmbito do programa de promoção de Reflektor, o novo álbum dos Arcade Fire.
Estreado na NBC e sobejamente visto e partilhado na internet, Here Comes The Night Time é um breve-filme concerto que tinha por missão central revelar três novas canções do álbum (que, recorde-se, não estava ainda editado nem sequer era coisa já escutada). O centro da acção é o espaço de uma discoteca com aquela carga visual exuberante dos tempos das bolas de espelhos, néons e luzes. Em palco, os Arcade Fire apresentam as canções (com o violinista Owen Pallett novamente entre os músicos). A seu lado, partilhando o espaço cénico, surgem breves cameos de figuras como Bono, Ben Stiller ou James Franco, a chuva de estrelas estendendo-se depois a breves sketches que se cruzam com as imagens da atuação.
Here Comes The Night Time nem é um teledisco nem tem o fôlego de uma longa-metragem de um filme-concerto. O humor que se cruza com os episódios de palco serve o tempero do sorriso de ocasião surge como um tempero que pouco mais faz que estabelecer um contacto a quem eventualmente esteja menos focado na música sem contudo desviar nunca o filme do seu objetivo central. E no fim, as canções agradecem.
Uma exposição no Estoril
É um grande rosto e olha-nos atento, bem de frente, mal entramos no foyer do Centro de Congressos do Estoril. É um rosto anónimo, que contudo vai revelando outras formas consoante os pontos de vista que conquistamos ao caminhar em volta desta peça, suspensa do teto e feita de várias camadas. Esta nova obra de VHILS expressamente criada para a sétima edição do Lisbon & Estoril Film Festival é assim a protagonista de uma mostra de trabalhos seus (e também de fotos de outros criados noutras cidades) que estará ali patente durante os próximos dias, até ao dia de encerramento do certame.
Reconhecido como VHILS sobretudo por rostos escavados em paredes – criados com o recurso a martelos pneumáticos, explosivos, lixívia ou ácido – que podemos encontrar já em várias cidades espalhadas pelo mundo, ele é contudo apresentado no seu bilhete de identidade como Alexandre Farto. É português, cresceu no Seixal, estudou mais tarde em Londres, teve primeiros episódios de visibilidade em Lisboa mas ganhou notoriedade internacional no Cans Festival, em 2008.
“A minha ideia é a de mostrar o anonimato” que em meio urbano “se impõe de alguma maneira” e no qual nos “diluímos”, explicou o artista durante a inauguração informal que abriu o segundo dia da presente edição do festival. Este seu novo projeto, como de resto acontece em muitas das suas criações, explora também as noções de “construção e desconstrução”. Ou seja, “vista de um ponto a peça está construída e, de outro ponto, começa a estar desconstruída”. No fundo, “a pessoa que vê cria assim, ela própria, a peça”, pelo que, “dependendo do ponto em que está” no espaço do foyer do centro, cada qual vai definindo a sua “abstração ou a forma” da peça.
A noção da construção e destruição é transversal à obra de VHILS, que aí identifica também uma forma de refletir sobre “não bem a discriminação, mas mais o preconceito que existiu em relação ao graftti durante muitos anos”. Reflexão que por várias vezes também o confrontou com as noções de “vandalismo” e o questionar do que é, afinal, a arte. “Essa dicotomia sempre me cativou e transmite-se no trabalho que faço”, reconhece, lembrando que o grafitti, a street art em geral, representam algo “que transgride um pouco as regras do status quo”, explicou.
“Portas, paredes, os excedentes que a cidade deita fora” são elementos que trabalha e que representam como que “uma palete de cores” desse mesmo espaço urbano sobre o qual age. Há, por isso, sempre nas suas obras uma relação com o espaço onde está. Pelo que agora, ao preparar uma peça para o Estoril, entendeu o esforço como “naturalmente, um fruto do que está ali à volta”. Criar uma peça para um festival de cinema levou-o contudo a um “espaço difícil”, mas que viu como “um desafio” que “faz sentido”, até porque o cinema é uma das fontes onde vai “beber muita inspiração”.
A peça site specific que VHILS criou para o festival não tem nome. “Eu tenho as minhas razões e o meu próprio conceito, mas gosto de deixar sempre uma margem a quem está a ver a peça. Cada pessoa criará o seu conceito e a peça não é por isso estanque... “, conclui.
| Foto: LEFFEST |
É um grande rosto e olha-nos atento, bem de frente, mal entramos no foyer do Centro de Congressos do Estoril. É um rosto anónimo, que contudo vai revelando outras formas consoante os pontos de vista que conquistamos ao caminhar em volta desta peça, suspensa do teto e feita de várias camadas. Esta nova obra de VHILS expressamente criada para a sétima edição do Lisbon & Estoril Film Festival é assim a protagonista de uma mostra de trabalhos seus (e também de fotos de outros criados noutras cidades) que estará ali patente durante os próximos dias, até ao dia de encerramento do certame.
Reconhecido como VHILS sobretudo por rostos escavados em paredes – criados com o recurso a martelos pneumáticos, explosivos, lixívia ou ácido – que podemos encontrar já em várias cidades espalhadas pelo mundo, ele é contudo apresentado no seu bilhete de identidade como Alexandre Farto. É português, cresceu no Seixal, estudou mais tarde em Londres, teve primeiros episódios de visibilidade em Lisboa mas ganhou notoriedade internacional no Cans Festival, em 2008.
“A minha ideia é a de mostrar o anonimato” que em meio urbano “se impõe de alguma maneira” e no qual nos “diluímos”, explicou o artista durante a inauguração informal que abriu o segundo dia da presente edição do festival. Este seu novo projeto, como de resto acontece em muitas das suas criações, explora também as noções de “construção e desconstrução”. Ou seja, “vista de um ponto a peça está construída e, de outro ponto, começa a estar desconstruída”. No fundo, “a pessoa que vê cria assim, ela própria, a peça”, pelo que, “dependendo do ponto em que está” no espaço do foyer do centro, cada qual vai definindo a sua “abstração ou a forma” da peça.
A noção da construção e destruição é transversal à obra de VHILS, que aí identifica também uma forma de refletir sobre “não bem a discriminação, mas mais o preconceito que existiu em relação ao graftti durante muitos anos”. Reflexão que por várias vezes também o confrontou com as noções de “vandalismo” e o questionar do que é, afinal, a arte. “Essa dicotomia sempre me cativou e transmite-se no trabalho que faço”, reconhece, lembrando que o grafitti, a street art em geral, representam algo “que transgride um pouco as regras do status quo”, explicou.
“Portas, paredes, os excedentes que a cidade deita fora” são elementos que trabalha e que representam como que “uma palete de cores” desse mesmo espaço urbano sobre o qual age. Há, por isso, sempre nas suas obras uma relação com o espaço onde está. Pelo que agora, ao preparar uma peça para o Estoril, entendeu o esforço como “naturalmente, um fruto do que está ali à volta”. Criar uma peça para um festival de cinema levou-o contudo a um “espaço difícil”, mas que viu como “um desafio” que “faz sentido”, até porque o cinema é uma das fontes onde vai “beber muita inspiração”.
A peça site specific que VHILS criou para o festival não tem nome. “Eu tenho as minhas razões e o meu próprio conceito, mas gosto de deixar sempre uma margem a quem está a ver a peça. Cada pessoa criará o seu conceito e a peça não é por isso estanque... “, conclui.
PS. Este texto sobre a exposição de VHILS foi originalmente publicado na edição de 10 de novembro do DN com o título 'Rosto sem nome de VHILS nasceu ontem no Estoril'.
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