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segunda-feira, janeiro 05, 2015

30 discos de 2014 (J. L.)

Foi o ano da plena revelação de um dos álbuns mais electrizantes de Miles Davis: Miles at the Fillmore reúne os sons de quatro dias (17/20 Junho 1970) no Fillmore East, Nova Iorque, levando-nos a redescobrir um artista de génio numa encruzilhada fascinante entre o património acumulado e a vertigem da experimentação: é um álbum sem tempo, clássico pela excelência, moderno em qualquer conjuntura — e se é preciso escolher um disco do ano, este será o meu.
Em todo o caso, que o leitor não se iluda com a abundância, porventura deselegante, desta lista. Não são 30 discos porque queira fazer valer a quantidade. O excesso é, aqui, sintoma das próprias limitações que não posso deixar de me reconhecer: acredito que não ouvi com a devida atenção (ou, pura e simplesmente, não ouvi) muitos outros que, por certo, mereciam um destaque neste balanço. Digamos que estes podem condensar um panorama de géneros (e séculos!) cujos contrastes nos levam a experimentar a deslocação criativa das próprias fronteiras musicais — didacticamente, ou talvez não, aqui ficam por ordem alfabética dos respectivos títulos.

* The Art of Conversation, KENNY BARRON & DAVE HOLLAND



* Charlie Haden & Jim Hall, CHARLIE HADEN & JIM HALL

* Familiars, THE ANTLERS


* Gary Clark Jr. Live, GARY CLARK JR.

* Gist Is, ADULT JAZZ

* Gone Girl, TRENT REZNOR & ATTICUS ROSS

* The Great Lakes Suites, WADADA LEO SMITH

* High Hopes, BRUCE SPRINGSTEEN



* Last Dance, KEITH JARRETT / CHARLIE HADEN

* Macroscope, THE NELS CLINE SINGERS

* Manipulator, TY SEGALL

* Meshes of Voice, SUSANNA / JENNY HVAL


* The Rite of Spring, THE BAD PLUS

* Road Shows, Vol. 3, SONNY ROLLINS

* Ryan Adams, RYAN ADAMS

* Singles, FUTURE ISLANDS

* Small Town Heroes, HURRAY FOR THE RIFF RAFF

* Songs, DEPTFORD GOTH

* Spark of Life, MARCIN WASILEWSKI TRIO & JOAKIM MILDER

* Stravinsky: Le Sacre du Printemps & Petrouchka, LES SIÈCLES / FRANÇOIS-XAVIER ROTH


* To Be Kind, SWANS

* Trialogue, WESSELTOFT SCHWARZE BERGLUND

* Ultraviolence, LANA DEL REY

sábado, dezembro 27, 2014

Deptford Goth, opus 2

Foi um dos mais interessantes "marginais" de 2013, com o álbum de estreia, Life after Defo: Deptford Goth — nome artístico do londrino Daniel Woolhouse — é um explorador de paisagens intimistas e electrónicas, na procura obstinada e, afinal, muito clássica de canções. Justamente: Songs é o título do seu segundo registo, continuando a percorrer uma via em que a austeridade instrumental se adequa, serenamente, à elaborada contenção da voz. Minimalismo, eis a sedutora palavra de ordem — este é o teledisco de Two Hearts, com realização de Aneil Karia e Daniel Woolhouse.

quinta-feira, agosto 14, 2014

Deptford Goth — vem aí o segundo álbum

Life After Defo, álbum de estreia de Deptford Goth (nome artístico do londrino Daniel Woolhouse), foi um especial acontecimento de 2013, criando um universo de raízes electrónicas capaz de gerar um cativante envolvimento poético. O segundo registo está a caminho e chamar-se-á Songs: uma canção, justamente, tão carnal quanto etérea, é o seu belo cartão de visita — aqui está The Lovers.

terça-feira, dezembro 31, 2013

5 telediscos de 2013

Confesso a minha visão parcial: não me é fácil aderir a um teledisco cuja canção me seja indiferente... Por isso, este não é um top de "melhores" telediscos do ano, mas apenas uma pequena antologia de sintomas das coisas extraordinárias que a MTV passou a secundarizar, privilegiando os horrores da "reality TV", e as televisões generalistas gostam de ignorar. Dito de outro modo: as alianças entre música e imagens tiveram um ano muito bom — para ver e ouvir, para escutar através da visão.

*

* HOT KNIFE, Fiona Apple
> real.: Paul Thomas Anderson

Senhora de enigmática nobreza, Fiona Apple expõe-se como um corpo revitalizado pela própria música que dele emana. No nosso cinismo banal, diremos, talvez, que Paul Thomas Anderson se limitou a filmá-la em tradicional playback... Pois.


* RESERVOIR, PUP
> real.: Chandler Levack e Jeremy Schaulin-Rioux

São punk mesmo punk, sem pós-modernismos chiques. E do Canadá! Nesta requintada encenação perpassa uma urgência documental que reduz a pó as "coisas reais" que a televisão nos impinge todos os dias. Ponham bolinha vermelha.


* FEEL REAL, Deptford Goth
> real.: Aneil Karia e Daniel Woolhouse

Admirável reconversão do corpo como instrumento musical: ponto de fuga de todas as formas e, ao mesmo tempo, objecto cúmplice do desejo de escrita. Não há diferença entre o mapa da pele e a imaginação dos cosmos.


* TEMPEST, Lucius
> real.: Scott Cudmore

Subitamente, a inocência pop adquire contornos de inquietude. E a cena familiar transfigura-se em teatro da crueldade (merci, monsieur). Em comparação, Miley Cyrus, a pôr a língua de fora, não passa de uma menina mal educada.


* DESPAIR, Yeah Yeah Yeahs
> real.: Patrick Daughters

Karen O é também um bicho visual. Entenda-se: uma daquelas divas que se dá bem com a câmara e conhece as nuances de todas as poses. Além do mais, como diria o outro, basta por a banda no topo do Empire State Building... Pois, pois.

terça-feira, março 19, 2013

Deptford Goth: real e sintético


Deptford Goth — sem qualquer hesitação, uma experiência a descobrir. Trata-se do cognome adoptado pelo londrino Daniel Woolhouse, sustentando um universo de sons "algures entre o real e o sintético" (palavras do próprio), arquitectando texturas de muitas camadas que, em todo o caso, preservam um luminoso apelo pop.
Parece haver nele uma clara filiação "espiritual" em fenómenos contemporâneos como Bon Iver ou James Blake. Em todo o caso, isso apenas reforça as peculiares derivações da sua identidade. Além do mais, como se pode ver pela capa do seu álbum de estreia — Life After Defo — Goth/Woolhouse possui uma iconografia muito própria, sempre ligada ao gosto visual da própria escrita, que se expõe, multifacetada, em três magníficos telediscos: Life After Defo, Union e, sobretudo, o incrível Feel Real, dirigido por Aneil Karia e o próprio Woolhouse.