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segunda-feira, outubro 02, 2017

O regresso de "Star Trek" (2/2)

Gene Roddenberry
O universo Star Trek surge em mais uma derivação televisiva — este texto foi publicado no Diário de Notícias (23 Setembro), com o título 'Formatos e formatações'.

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Para o melhor e para o pior (infelizmente, quase sempre para o pior), o espaço audiovisual contemporâneo consagrou a ideia de “franchise” — trata-se, afinal, de aplicar um método que visa a infinita reprodução de um determinado sucesso financeiro. No caso dos restaurantes ou do guarda-roupa, a “franchise” sustenta-se, em princípio, através da repetição das mesmas receitas e modelos. Com os filmes e as séries de televisão, as coisas complicam-se um pouco mais: é preciso saber variar as histórias que se contam, mesmo quando há personagens e elementos dramáticos que não podem ser alterados.
No interior deste universo de repetições e variações, o caso Star Trek é tanto mais importante quanto a sua folha de rendimentos é, de facto, impressionante: em meados de 2016, tinha acumulado 10 mil milhões de dólares de receitas (incluindo séries televisivas, filmes, uma série de animação, livros e jogos de vídeo). Seja qual for o nosso envolvimento com os seus objectos e a sua peculiar mitologia, o mundo criado por Gene Roddenberry (1921-1991) ilustra a proeza de se ir expandindo ao longo de meio século, conseguindo transferir-se do imaginário de uma geração para a geração seguinte.
Nesta perspectiva, não podemos deixar de reconhecer que os formatos e formatações de uma determinada “franchise” favorecem também alguma normalização do próprio público consumidor. Os resultados artísticos poderão ser “melhores” ou “piores” (não é isso que está em causa) mas, hoje em dia, muitos sectores do mercado audiovisual estão concebidos para a reprodução psicológica do próprio público. Como se ser espectador fosse apenas pertencer a um “clube” de admiradores. Convenhamos que, em tal sistema, a diversidade de olhares e pensamento não é uma prioridade.

sexta-feira, setembro 29, 2017

O regresso de "Star Trek" (1/2)

2017
O universo Star Trek surge em mais uma derivação televisiva — este texto foi publicado no Diário de Notícias (23 Setembro), com o título 'O universo "Star Trek" está de volta à televisão'.

A evolução de Star Trek, tanto em televisão como em cinema, é um labirinto de muitas personagens e histórias, nem sempre contadas por ordem cronológica. Simplificando (e simplificando muito), digamos que a interrogação recorrente será: mas afinal o que aconteceu depois das aventuras originais do capitão James T. Kirk e do humano/vulcano Spock (interpretados, respectivamente, por William Shatner e Leonard Nimoy)? Agora, chegou a altura de inverter a pergunta: o que aconteceu... antes? É essa a proposta da nova série Star Trek: Discovery, uma produção da CBS, disponível na plataforma Netflix [desde segunda-feira, dia 25].
1979
A aposta consiste em seguir as peripécias da USS Discovery, dez anos antes dos eventos protagonizados por Kirk e Spock na nave Enterprise da primeira série, originalmente emitida em 1966-69. O que, além do mais, obriga a um acerto de calendários que, antes mesmo da passagem do primeiro episódio, tem levado os fãs a trabalhos “forçados” para actualizar a linha temporal de Star Trek. O site Den of Geek, especializado em tudo o que seja temas e curiosidades da ficção científica, resume a situação através de três pontos essenciais: primeiro, Star Trek: Discovery passa-se por volta do ano 2255 (os tais dez anos antes da série original); segundo, isto significa que estamos cerca de 110 anos antes de Star Trek: The Next Generation (1987-1994), quando a Entreprise é liderada pelo comandante Jean-Luc Picard (Patrick Stewart); finalmente, tudo acontece um século depois de Star Trek: Enterprise (2001-2005), quando a nave tem o seu primeiro comandante, Jonathan Archer (Scott Bakula).
O mais rudimentar bom senso poderá levar a perguntar como é os espectadores se vão entender no meio de tantas referências cruzadas... A primeira resposta estará no próprio fenómeno de culto que envolve Star Trek. Duas referências emblemáticas enquadram tal fenómeno. Desde logo, a referida série original que, já lá vão 50 anos, foi um caso espectacular de popularidade (numa altura em que se destacavam outras séries como Missão Impossível ou Get Smart, ambas, curiosamente, também já adaptadas ao cinema). Depois, o facto de o cinema há muito ter emprestado nova vida ao universo Star Trek: o primeiro filme, intitulado Star Trek: The Motion Picture, dirigido por Robert Wise, foi lançado em 1979; depois, já surgiram mais doze títulos, o último dos quais, Star Trek: Além do Universo, de Justin Lin, teve estreia no Verão de 2016.

Contra os Klingons

Os criadores da nova série, Bryan Fuller e Alex Kurtzman, mostram-se conscientes da necessidade de lidar com essa amplitude temática e mitológica. Aliás, ambos apresentam currículo com passagem pelas derivações televisivas e cinematográficas de Star Trek: Fuller foi argumentista da série Star Trek: Deep Space Nine (1993-99), tendo escrito e produzido vários episódios de Star Trek: Voyager (1995-2001); por sua vez, Kurtzman participou nos argumentos de Star Trek (2009) e Além da Escuridão: Star Trek (2013), precisamente os dois títulos que relançaram a saga nas salas escuras, ambos realizados por J. J. Abrams — isto sem esquecer que Kurtzman dirigiu a nova versão de A Múmia (2017), com Tom Cruise.
2009
Star Trek: Discovery apresenta um conjunto de personagens em que, de acordo com a lógica deste universo, não há um herói individual que se destaque: o que mais conta é a dinâmica do colectivo, agora liderado por uma mulher, identificada como “Número Um”, interpretada por Sonequa Martin-Green (que ganhou notoriedade através da série The Walking Dead). Também aqui, tal como em muitas outras histórias de Star Trek, a Federação dos Planetas, de que a Enterprise se tornará o principal símbolo de vigilância e combate, tem como inimigo principal os Klingons, os humanóides extra-terrestres empenhados em convocar para a guerra as suas 24 “casas”.
Akiva Goldsman, vencedor do Oscar de argumento adaptado por Uma Mente Brilhante (2001), é um dos produtores da nova série. Em entrevista ao site oficial de Star Trek, falou do seu fascínio pela ficção científica, “um maravilhoso espelho carnavalesco da experiência humana”. E não deixou de sublinhar a actualidade simbólica de Star Trek, celebrando a “diversidade” e a “inclusão”. A série é sobre “ a coexistência de culturas, tema que sempre considerei intemporal mas que, agora, me parece de uma fundamental oportunidade”. Dito de outro modo: Star Trek: Discovery começa com 15 episódios, mas pode vir a gerar muitos mais.

domingo, setembro 14, 2014

Cinco filmes de Robert Wise (3)


'Star Trek - The Motion Picture'
(1979)

Quando, em meados dos anos 70, o sucesso das repetições dos episódios da série original Star Trek começaram a desenhar a existência de um fenómeno de culto em evidente crescimento a Paramount resolveu reativar esse mundo criado por Gene Roddenberry (que hoje conhecemos como uma das grandes expressões da cultura popular com berço na TV). A ideia original era a de criar uma nova série televisiva, que teve como título de trabalho Star Trek – Phase II e chegou a ver um episódio-piloto a entrar em produção.

Mas a dada altura – e certamente dado o impacte de A Guerra das Estrelas – a reativação de Star Trek deixou de estar focada no pequeno ecrã e apontou a mira ao cinema. E para dirigir a estreia deste universo de ficção científica no grande ecrã foi chamado Robert Wise.

Com o título Star Trek: The Motion Picture, o filme que encetou o franchise (que recentemente conheceu viçoso “reboot” em dois filmes assinados por por J.J. Abrams) recuperou a tripulação original, deu um lifting à Enterprise e uniformes, mas aceitou o cânone da série como contexto sobre o qual fez crescer uma narrativa que confrontava gentes do futuro com uma invenção da curiosidade humana do passado: a Voyager. 

Podem recordar aqui o trailer do filme

quarta-feira, setembro 04, 2013

Outras formas de "ver" Star Trek


A ideia partiu de um reconhecido admirador do universo 'Star Trek'. Chama-se Juan Ortiz, é um artista gráfico e acaba de publicar um livro no qual, partindo da inspiração que pode encontrar em posters de filmes, cartazes publicitários vintage ou capas de livros, criou um cartaz para cada um dos episódios da série original 'Star Trek', produzida na segunda metade da década de 60. O livro Star Trek: The Art of Juan Ortiz acaba de ser publicado nos Estados Unidos.

 Podem ler aqui um artigo na Flavorwire sobre este livro, e com mais imagens.

terça-feira, junho 11, 2013

Em contagem decrescente... 1...
'Star Trek: Além da Escuridão' (2013)

O novo “episódio” Star Trek é o segundo assinado por J.J. Abrams e reafirma a vitalidade de uma série que ele mesmo reativou no filme de 2009. Em breve segue para o universo Star Wars... Este texto foi originalmente publicado na edição de 5 de junho do DN.
Quem em 2002 saísse de uma sala de cinema depois de ver Star Trek: Nemesis poderia ter uma visão de futuro na qual este universo se transformasse de vez numa memória do passado. Um dos mais fracos títulos da história de dez filmes Star Trek até então estreados no cinema, Nemesis alcançaria mesmo os mais baixos resultados de biheteira de todos e poucos então acreditaram que um novo “episódio”, pelo menos naqueles termos, pudesse acontecer (até mesmo na televisão a série Star Trek Enterprise não repetia entusiasmos de outros tempos). Mas as cartas voltaram à mesa. Surgiu a ideia de um renascimento (um reboot, como agora se diz). Chamaram J.J. Abrams (que até então já tinha realizado Missão Impossível III, mas era ainda sobretudo conhecido como o criador da série televisiva Lost - Perdidos) e desafiaram-no a viajar no tempo. Não apenas ao futuro em que vive o universo Star Trek. Mas também ao passado das personagens reveladas pela série televisiva dos anos 60, reencontrando-os no fulgor da juventude.

Estreado em 2009, Star Trek não só revelou ser um dos mais empolgantes títulos da saga no cinema como gerava resultados bem visíveis. O mundo criado por Gene Roddenberry para os episódios que surgiram inicialmente na televisão entre 1966 e 69 tinha nova vida. E mais vibrante que nunca. Agora, numa altura em que se sabe que o mesmo J.J. Abrams será o realizador do filme que reativará em 2015 a saga Star Wars, eis que chega Star Trek: Além da Escuridão, segundo título com o mesmo elenco de 2009, solidificando o renascimento de facto este franchise.

Tal como no filme de 2009, o novo Star Trek: Além da Escuridão respira os ritmos e as linguagens do cinema de aventuras e de ficção científica do nosso tempo, mas está ciente de um antigo legado (podemos mesmo chamar-lhe uma “mitologia”) que sustenta este universo e há muito define estas personagens (agora necessariamente entregues a novos atores). Estamos novamente num futuro em que James T. Kirk (agora na pele de Chris Pine) é um intrépido comandante de uma nave estelar, secundado pelo oficial Spock (Zachary Quinto) e toda uma tripulação com nomes que nos são familiares há mais de 40 anos (o argumento explora até as características e interrelações de cada uma destas figuras, frequentemente em momentos de verdadeiro comic relief para os admiradores de longa data na plateia).

O filme assinala a terceria vida de um vilão originalmente surgido em 1967 no episódio Space Seed e retomado (pelo mesmo ator, Ricardo Montalbán) no filme de 1982 Star Trek II: A Ira de Khan. Promovendo alguns jogos de espelhos (narrativamente falando) com este filme dos anos 80, o novo Star Trek encontra todavia no Khan agora interpretado por Benedict Cumberbatch, uma figura deveras mais ameaçadora que nas suas vidas anteriores. Respeitando a “história” da saga, o filme encontra em Khan uma figura geneticamente manipulada por gerações anteriores que busca vingança (e ao mesmo tempo a preservação de outros 72 homens e mulheres mantidos criogenicamente em suspensão). Sem afogar as imagens em efeitos especiais a todo o momento, lembrando que há gente naquelas personagens, J.J. Abrams volta a injetar vida em Star Trek e a fazer-nos acreditar naquele futuro.

segunda-feira, junho 10, 2013

Em contagem descrescente... 2...
'Star Trek' (2009)

Poucos imaginavam que, depois dos relativos “desaires” de Star Trek: Nemesis e do spin off televisivo Star Trek: Enterprise, a saga pudesse regressar. Mas regressou, com J.J. Abrams.

A ideia de regressar atrás no tempo, aos tempos em que os “heróis” da geração clássica da série estariam sob o foco das atenções não era propriamente uma novidade absoluta. Mas sob estas premissas J.J. Abrams, que até então tinha realizado o filme Missão Impossível III e era sobretudo conhecido como o criador da série Lost, criou aquele que, juntamente com o filme de 1979 de Robert Wise, faz o que de melhor Star Trek deu ao grande ecrã (do novo filme falaremos em breve, podendo já deixar claro que não desilude). Um novo elenco e personagens rejuvenescidas levam-nos aos tempos em que os protagonistas ainda “estudavam” na Academia, com tudo ainda por fazer e glórias por conquistar. É por isso interessante o jogo que se estabelece entre o que sabemos de mais de 40 anos de vivência com a mitologia da série e a narrativa pessoal de cada uma destas personagens e uma história na qual, para todos os efeitos, tudo está a acontecer pela primeira vez. Um dos trunfos da abordagem de J.J. Abrams deve-se a esta capacidade de pensar o novo tendo em conta toda uma herança, estabelecendo assim um raro patamar de entendimento entre velhos admiradores e toda uma nova geração de potenciais espectadores. Além disso, e como nos deixaria depois claro no magnífico Super 8, é um sagaz construtor de aventuras, adicionando aos ingredientes “clássicos” e temperos específicos do universo Star Trek uma lógica pensada nesse sentido, fazendo com que toda a artilharia de efeitos visuais sirva a história e não o contrário. Resultado: o reboot resultou. E Star Trek renascia com uma vitalidade que muitos não imaginavam já ser possível.

sexta-feira, junho 07, 2013

Aventuras e desventuras de "Star Trek"

Depois do seu primeiro Star Trek (2009), J. J. Abrams tenta garantir a renovação industrial do universo da nave Enterprise, dirigindo Além da Escuridão: Star Trek; os resultados cedem à lógica corrente dos "blockbusters", ao mesmo tempo que procuram preservar as marcas originais da saga — este texto foi publicado no Diário de Notícias (5 Junho), com o título 'Aventuras e tecnologia do séc. XXI'.

Quando pensamos na primeira produção cinematográfica sobre o universo de Star Trek, surgida em 1979, há uma ironia desconcertante na evocação do nome do respectivo realizador: Robert Wise (1914-2005). De facto, Wise era um típico artesão do classicismo de Hollywood, tendo trabalhado, por exemplo, na montagem de O Mundo a Seus Pés (1941), de Orson Welles. Agora, o novo Além da Escuridão: Star Trek está entregue a uma personalidade de perfil criativo bem diferente: J. J. Abrams (n. 1966) é um produtor/realizador de cinema e televisão, herdeiro dos conceitos de espectáculo sistematizados pela geração de Steven Spielberg que, aliás, produziu aquele me parece ser o seu melhor filme (Super 8, 2011).
Não admira, por isso, que o novo filme se assuma como um metódico trabalho de síntese. Depois do novo capítulo de produção aberto com o Star Trek de 2009, também de Abrams [foto], trata-se de relançar as aventuras da tripulação da Enterprise combinando dois vectores fundamentais: por um lado, desenvolvendo um visual e integrando efeitos que possam mobilizar os espectadores mais habituados às sagas dos “super-heróis”; por outro lado, não descurando toda uma série de referências, por vezes subliminares, que garantam a fidelidade dos fãs mais antigos da série.
O resultado reflecte, necessariamente, a contradição mais funda de Hollywood no séc. XXI: o hiper-investimento tecnológico está orientado, em grande parte, para a preservação de narrativas antigas, mais ou menos formatadas. Como se as decisões dos executivos da indústria temessem, cada vez mais, a ousadia artística e o risco criativo. Em todo o caso, sublinhe-se que, face aos estereótipos de muitas aventuras de “super-heróis”, este Star Trek preserva, pelo menos, a lógica comunitária do seu universo.

quinta-feira, junho 06, 2013

Em contagem decrescente... 3...
'Star Trek: Nemesis' (2002)

O quarto filme com as personagens da “next generation” encerrou em nota menor a presença destas personagens e do seu universo no grande ecrã.

Tal como acontecera com Star Trek: Firsty Contact, o quarto filme da saga com a “next generation” (e o décimo na contagem total de títulos Star Trek) voltou a colocar a Enterprise D em confronto com ecos da mitologia criada pela série, desta feita estabelecendo um confronto com os romulanos (inimigos de longa data, com expressão que remonta à própria série original, nos anos 60) e com os reman, povo do planeta irmão de Romulus, todavia antes tido como seres de uma casta “inferior”. É a presença no poder romulano de um reman, que na verdade não é senão uma figura clonada de Jean-Luc Picard (fruto de um antigo projeto de espionagem) que desencadeia a trama, na verdade pouco ágil e digna de um episódio menor da série televisiva. Star Trek: Nemesis representou a estreia nos filmes da “next generation” da personagem que Will Wheaton tinha desempenhado em algumas épocas de produção. Contudo a montagem deixou-o quase invisível no filme. Um dos mais fracos da série, Star Trek: Nemesis foi também um dos menos bem sucedidos da série de toda a série.

terça-feira, junho 04, 2013

Em contagem descrescente... 4...
'Star Trek: Insurreição' (1998)

O terceiro filme com a “geração seguinte” deu claros sinais de que pouco futuro estas personagens teriam num grande ecrã.

O segundo filme com a Enterprise D e as personagens reveladas pela série Star Trek: The Next Generation tinha partido claramente de uma ideia televisiva para rumar ao grande ecrã. Com o título Star Trek: Insurreição, o filme contou novamente com realização de Jonathan Frakes mas, desta vez, um argumento sem a carga “mitológica” do anterior Star Trek: First Contact. A narrativa coloca-nos em volta de um povo e das suas capacidades de regeneração física (ou seja, uma piscadela de olho à velha ideia da “fonte da juventude”) e lança a tripulação da Enterprise D numa missão de rebelião contra superiores hierárquicos que descobrem estar envolvidos com planos ilícitos... Claramente um episódio televisivo alongado às exigências de um filme, este nono Star Trek foi o primeiro a contar com efeitos visuais inteiramente criados por técnicas de CGI. Star Trek: Insurreição é, contudo, narrativa e visualmente a expressão de uma incapacidade em pensar cinema para lá de uma agenda que parte da televisão. E mesmo tendo obtido resultados encorajadores nas bilheteiras, não deixou de ser uma evidência de um franchise em clara etapa descendente... Juntamente com o quinto filme e o que se seguiria corresponde aos episódios mais desinteressantes da vida de Star Trek nos grandes ecrãs.

segunda-feira, junho 03, 2013

Em contagem decrescente... 6...
'Star Trek: O Primeiro Contacto' (1996)

O segundo filme com a “geração seguinte” a bordo da Enterprise D foi o mais bem sucedido dos quatro realizados com a tripulação comandada por Jean-Luc PIcard.

Não podemos comparar o sucesso televisivo da série Star Trek: The Next Generation com o da série original que lançara a saga nos anos 60. Por um lado há os valores das audiências, magras para a série original, mas expressivas para o spin off nascido no final dos anos 80. Por outro há o impacte cultural, da memória algo mitificada da geração original à mais rotineira presença da tripulação da outra geração que, apesar das narrativas exploradas nos episódios, dos novos universos criados e das personagens, em nada se compara ao culto que a série original definiu. O segundo filme da “next generation” foi contudo aquele que mais de perto traduziu os feitos da nova série, na verdade não sendo senão uma sequela direta de um episódio duplo, The Best of Both Worlds, no qual o comandante da Enterprise D é capturado e “assimilado” pelos Borg, um dos mais temíveis povos conhecidos deste universo. Realizado por Jonathan Frakes (um dos elementos do elenco), Star Trek: O Primeiro Contacto junta a “ameaça” Borg a uma história de viagem no tempo, fazendo os elementos da Enterprise D recuar até ao dia em que um inventor testa um modelo de propulsão que atingirá a velocidade warp e, com ela, uma “assinatura” evolutiva que é reconhecida por alienígenas vigilantes, resultando na consequente integração da Terra na Federação de Planetas que está no centro do universo Star Trek. Algo semelhante ao modelo de realização usado nos espisódios televisivos, o filme não deixa contudo de parecer senão uma aventura para o pequeno ecrã com upgrade para um ecrã maior.

domingo, junho 02, 2013

Em contagem decrescente... 6...
'Star Trek: Gerações' (1994)

Ao sétimo filme passava-se o testemunho. E a “next generation”, que andava pelos pequenos ecrãs desde 1987, chegou finalmente ao cinema.

Apesar do sucesso considerável do sexto filme com a geração “clássica” estava já decidido que, depois de Star Trek: The Unidiscovered Country, o sexto filme da série seria entregue à tripulação de Star Trek: The Next Generation, série estreada na televisão em setembro de 1987 e que estava a obter um estatuto de sucesso considerável, em nada podendo comparar-se à primeira vida dos episódios da série original em finais dos anos 60. Tal como sucedera em 1987 em Encounter at Farpoint, o episódio de estreia da Next Generation (onde surgira um Dr. McKoy envelhecido), o novo filme procurou também uma passagem de testemunho entre gerações. E fê-lo através da presença de William Shatner, que vestiu assim uma vez mais a pele de Kirk no grande ecrã, numa narrativa que começa no “seu” tempo e avança até ao futuro onde de vive o presente da Next Generation, as cenas em que partilha o ecrã com Patrick Stewart (Jean-Luc Picard) representando uma sólida expressão dessa passagem... Star Trek: Gerações peca contudo por um argumento menor, em nada refletido o viço habitualmente respirado pelos episódios da Next Generation. Sem repetir o entusiasmo dos melhores resultados dos seis primeiros filmes, a estreia desta nova “geração” no grande ecrã superou em muito o investimento. Pelo que, mesmo com um filme algo abaixo das expectativas, ficou claro que Star Trek tinha nova vida garantida no grande ecrã.

sábado, junho 01, 2013

Em contagem decrescente... 7...
'Star Trek VI: O Continente Desconhecido'

Estreado em 1991, Star Trek: The Undiscovered Country (no seu título otiginal) foi o sexto e último título com a geração clássica e um dos melhores de toda a série de filmes do universo Star Trek.

E se o “muro” também caísse no espaço? Em tempo de desagregação do Bloco de Leste, depois da queda do muro de Berlim, o que se diz ter sido uma sugestão de Leonard Nimoy transformou-se na linha central da narrativa para o derradeiro filme com a chamada “geração clássica” de Star Trek. Nicholas Meyer, que tinha dirigido o segundo filme, foi novamente convocado para realizar este episódio para o qual era procurado um tom mais negro e tenso. A história parte de uma tentativa de negociação de um tratado de paz entre o império Klingon e a Federação, destino que não agrada a todos, havendo quem tente tudo para que essa nova etapa seja alcançada. Recorde-se que entretanto estava já nos ecrãs a série Star Trek: The Next Generation que, passada num futuro não muito distante face ao da série original (e, portanto, desta geração de personagens a representar no cinema) onde um klingon tem um papel central na tripulação da nova Enterprise. O elenco deste filme convocou uma série de nomes ilustres, desde Christopher Plummer (que vestiu a pele de um klingon) a Kim Catrall (como uma vulcaniana) ou até Iman (uma alienígena que muda a forma do seu corpo). Ao contrário do que sucedera com o quinto episódio, este sexto filme Star Trek devolveu à série o sucesso nas bilheteiras e até mesmo algumas opiniões favoráveis. E assim, na hora de passar o testemunho, a geração original dava a sua missão por cumprida. Apesar das futuras aparições (pontuais) de atores (e suas personagens) em episódios ou filmes posteriores, este foi o último momento em que Nichelle Nichols vestiu a pele de Uhura. Por seu lado foi também o último papel de DeForrest Kelley (o Dr. MacCoy).

sexta-feira, maio 31, 2013

Em contagem descrescente... 8...
'Star Trek V: A Última Fronteira'

O quinto filme da série Star Trek foi o primeiro tropeção da presença no grande ecrã de uma saga nascida na televisão. O primeiro dos muitos que se seguiriam, com exceção apenas no sexto e no reboot recente de J.A. Abrams.

Depois de dois filmes realizados por Leonard Nimoy, desta vez coube a um outro ator do elenco o papel de comandar a criação de um novo título da saga Star Trek. Estreado em 1989 com o título Star Trek: A Última Fronteira, o quinto episódio da vida de Star Trek no cinema deu por concluída a narrativa que fizera o tríptico com os filmes II, III e IV, colocando-nos, ainda com a tripulação “clássica” num outro lugar e perante uma outra situação. Desta vez na berlinda está um vulcaniano, de nome Sybok (na verdade o meio-irmão de Spock, mas em nada comparável ao irmão), na sua tentativa de viajar até ao centro da galáxia em busca de Deus... Revelando marcas de uma certa rotina em que a série de filmes tinha entrado desde o episódio II, este quinto título não conseguiu contudo captar o mesmo entusiasmo. E nem mesmo uma semana de abertura notável nas bilheteiras (chegando mesmo a liderar o box office americano) lhe garantiu uma carreira de sucesso, acabando a menos de metade dos resultados conseguidos pelo episódio anterior. É claramente o mais desinteressante dos filmes Star Trek com a geração “clássica” e um dos piores de toda a saga no grande ecrã. Haveria ainda um sexto episódio com a mesma tripulação. Mas por esta altura, e com a série televisiva Star Trek: The Next Generation a gerar resultados francamente encorajadores, havia certamente quem começasse a ponderar a hora da passagem de testemunho entre gerações também no grande ecrã.

quinta-feira, maio 30, 2013

Em contagem decrescente... 9...
'Star Trek IV - O Regresso à Terra' (1986)

A conclusão do tríptico iniciado em 1982 com Star Trek II: A Ira de Khan chegou quatro anos depois com uma aventura que trouxe os heróis do futuro à Califórnia dos anos 80...

Há um elemento determinante no corpo de Star Strek IV: O Regresso à Terra: o humor. Humor que se manifesta através de uma série de situações criadas entre personagens cuja familiaridade e reconhecidas características específicas o filme assume como dado adquirido. E é nesse clima de reencontro com “velhos” conhecidos que evolui o quarto filme da série que, conclui com uma viagem no tempo à Terra de finais do século XX a aventura encetada no segundo filme, quatro anos antes. Leonard Nimoy retomou o cargo de realizador (já assumido no terceiro filme), enfrentando um pedido muito da Paramount para criar uma história mais “ligeira”, a produção acabando por envolver no projeto profissionais ligados ao universo da comédia. Na bilheteira Star Trek IV: The Voyage Home (o título original) foi um estrondoso sucesso, confirmando a crescente solidez do fenómeno de popularidade em que este universo de ficção de havia transformado. Tanto que, um ano depois, a Paramount levava finalmente Star Trek de regresso aos pequenos ecrãs através de uma nova série, num outro tempo e com nova tripulação. Chamou-lhe Star Trek: The Next Generation. E poucos anos depois chegaria também ao cinema.

quarta-feira, maio 29, 2013

Em contagem decrescente... 10
'Star Trek III: A Aventura Continua'

Depois do sucesso do segundo filme da saga Star Trek, a sua vida no grande ecrã entrou numa nova rotina de produção. E, dois anos depois, havia nova estreia nas salas de cinema.

Juntamente com o segundo e quarto filmes, Star Trek III: The Search For Spock constrói um arco narrativo em jeito de tríptico, este terceiro episódio não vivendo de todo (ao contrário do seguinte) sem a presença próxima do que o antecede. A história continua precisamente onde Star Trek II: A Ira de Khan nos deixara, entrando em cena Sarek, o pai de Spock, que alerta os seus companheiros para o facto do seu katra (o espírito vivo) não morreu, pelo que devem recuperar o seu corpo e devolvê-lo à vida. Em busca de Spock, enfrentando as consequências desconhecidas do projeto Genesis e uma tripulação Klingon que tenta capturar o engenho que coordena este mecanismo de terraformação, a aventura continua na mesma linha do que o segundo filme mostrara, desta vez contando com efeitos visuais a cargo da Industrial Light and Magic e com realização de Leonard Nimoy (ou seja, o ator que interpreta Spock), que assim se tornou no primeiro elemento do elenco da série a estrear-se na realização.