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segunda-feira, setembro 01, 2014

Livros e mais livros em Óbidos


Há livrarias a merecer a nossa atenção quando se passa por Óbidos. E ambas moram no mapa de uma série de iniciativas que estão a dar novo fôlego à vida cultural local, numa iniciativa que tem ao leme a Ler Devagar.

Uma dessas livrarias habita um grande espaço na Rua Direita, a artéria central que cruza Óbidos de fio a pavio, unindo a porta principal da muralha ao largo em frente à alcáçova (onde hoje há uma pousada). A livraria é conhecida como ‘Mercado Biológico’, nome que se explica pelo facto de, num dos seus espaços haver uma mesa com venda de fruta da região. A mesa acaba por dar o mote ao resto da livraria, já que os livros se encontram a forrar toda a sala, mas dentro de caixas de fruta que, empilhadas como favos de uma colmeia, fazem assim de prateleira. A seleção é feita de livros usados, não apenas em português. Vale a pena passar pelas secções de História e Arte. Há algum vinil (oferta pouco estimulante) e CD (sobretudo de jazz e clássica, com algumas boas sugestões). Não faltam os livrinhos RTP... Estará essa coleção a tornar-se um clássico ‘retro’?... Ah, e bons preços.


Continuando pela mesma rua adiante, o espaço da antiga igreja encostada à porta que faz acesso ao terreiro por detrás da alcáçova (que acolhe inúmeros eventos) encontramos outra boa ideia. A Livraria de Santiago ocupa agora o interior desta igreja, com uma belíssima solução de arquitetura de interiores a desenhar percursos e aumentar o espaço de exposição de livros. Vale a pena passar com atenção pelas prateleiras, que a oferta é variada e interessante. A secção dedicada ao património e arquitetura faz inveja a muitas livrarias de Lisboa.

PS. Com a cidade de Lisboa tão “na moda”, como pode uma zona como o Príncipe Real, tão cheia de lojas ‘gourmet’ (das comidas aos trapinhos) continuar sem uma livraria (além da carrinha da Tell a Story, entenda-se)?...

segunda-feira, agosto 04, 2014

O verão em imagens (2)

Foto: N.G.
A "velha" Livraria Sá da Costa, em plena Rua Garrett, tinha fechado as portas há algumas semanas. Com livros antigos, reabriu. Do cinema às artes plásticas, passando pela ficção, há muito por onde escolher. Há uma seção particularmente atenta a Fernando Pessoa e volumes interessantes sobre a nossa História (um livro sobre Salazar por António Ferro é um dos muitos exemplos do que ali vi). Uma boa visita em tarde de sol ou num serão de verão...

quinta-feira, dezembro 12, 2013

As imagens de 2013: o fim das megastores

Aos poucos o que foi não volta a ser. E a memória do que era uma Londres vibrante em lojas de discos é cada vez mais uma memória que se conta e lembra entre quem, em tempos, corria de loja em loja procurando discos, descobrindo melhores preços ou raridades... Este ano assistimos ao encerramento da grande megastore da HMV que há muito morava em Oxford St, perto de Oxford Circus. As memórias da Tower Records de Picadilly e da Virgin Megastore no cruzamento de Oxford St. com a Tottenham Court Rd são já de outro tempo. Como o são as das megastores da Virgin e Tower em Mahnattan. Ou até as grandes lojas da Virgin e da VC entre os Restauradores e o Chiado...

A 28 de março escrevia aqui uma 'Crónica do fim de uma era', onde descrevia uma recente passagem pela megastore da HMV, já depois da noticia do encerramento e em tempo de liquidação total:

“Foi há poucos dias. Entrei como tantas vezes o fiz pela grande porta que se abre para a sempre movimentada Ofxord St. Havia um cartaz a chamar a atenção do lançamento do novo álbum de Justin Timberlake, som vindo lá de dentro, os escaparates à entrada mostravam os quadradinhos de cor que, ainda à distância, sugeriam que os discos ainda respiravam por ali... Porém, bastou entrar na velha e grande loja central da HMV para sentir o efeito das notícias que, desde finais de 2012, dão conta do estado calamitoso a que chegara a saúde desta outrora grande rede de lojas e da cada vez mais improvável vontade de algum investidor em manter vivo naqueles espaços um negocio na área da música e do cinema.

Reparei desde logo no estado de dieta revelado pela grande parede lateral direita da loja, onde sempre me habituara a ver as novidades editoriais da semana, nestes últimos anos com os lançamentos em vinil a fazer até recordar algum do look da loja que conheci ainda nos anos 80. Desci ao piso inferior, para visitar aquela que, desde o encerramento da Tower Records em Picadilly, se tornara na maior e mais bem recheada secção de música clássica da cidade. Aí o panorama descia de dieta a semi-deserto, com bem mais de metade das prateleiras já despidas de discos, os poucos que restavam concentrados nos corredores centrais. No balcão o único empregado presente olhava em frente para os três clientes em busca de pechinchas em tempo de liquidação de stock. No seu olhar aquela inquietude de quem sabe que observa um corpo moribundo. “

Pode ler aqui o resto desta crónica.

segunda-feira, dezembro 09, 2013

Pelo top 10 da ficção-científica:
Forbidden Planet (1956)

Durante a última semana apresentámos aqui uma lista (pessoal) dos dez melhores filmes de ficção científica. Agora vamos regressar aos poucos a cada um desses filmes para recordar imagens a eles associadas. Nomeadamente os posters que os promoveram. Aqui fica hoje, a lançar a lista, o poster que em 1956 acompanhou a estreia de Forbidden Planet, de Fred Wilcox.

Já agora podemos lembrar que Forbidden Planet é também o nome de uma loja especializada em ficção científica, fantasia e alguns universos da BD que podemos encontrar em cidades como Londres (hoje em dia no topo da Shaftsbury Avenue) e Nova Iorque (na Broadway, perto da rua 13).

Podem ver aqui o site da Forbidden Planet inglesa
E aqui o da loja americana.

sexta-feira, dezembro 06, 2013

E se alguém bater à porta... é um drone!

Esta semana na minha crónica no site Dinheiro Vivo falo do anuncio, pelo "patrão" da Amazon, de um sistema de entrega de encomendas através de veículos aéreos robotizados. Aqui fica um excerto:

"E se de repente alguém bater à porta pode ser que seja... um drone! Bom, na verdade a coisa nem é para já (e quando o for não será desde logo para estes lados). O que se passa é que, há bem poucos dias, Jeff Bezos (o “patrão” da Amazon) anunciou no programa "60 Minutes" que a sua empresa quer começar a fazer entregas ao domicílio usando veículos aéreos robotizados, tendo mesmo revelado a imagem dos protótipos que estão a ser desenvolvidos.

Chamemos-lhes "drones" (lembrando que não existem apenas para fins militares e de segurança). Este sistema poderá, por um lado, representar mais um argumento de peso em favor da venda 'online' mas, ao mesmo tempo, baralhar o que poderia parecer uma alternativa de futuro desmaterializado e digital, com música, filmes e livros descarregados por "donwload" a liderar as vendas desse novo paradigma que há já alguns anos se constrói (e não apenas pela Amazon, acrescente-se, sendo que há outros líderes de mercado nesse segmento específico)."

Pode ler aqui o texto completo.

segunda-feira, agosto 05, 2013

Uma livraria que anda pela cidade

Este texto sobre a livraria móvel Tell a Styory foi originalmente publicado na edição de 2 de agosto do DN com o título 'Uma carrinha com livros traduzidos à procura de leitores pela cidade'.

Chama atenção à distância. É uma Renault Estafette branca e azul e está parada junto ao Jardim do Príncipe Real, entre os dois quiosques. Aproximamo-nos e o que poderia ser uma carrinha estacionada é afinal uma livraria. Chama-se Tell a Story e tem uma ideia central: livros de autores portugueses, mas em edições em língua estrangeira. “E essa é a nossa vantagem competitiva”, explica ao DN Domingos Cruz, advogado de profissão que é um dos três sócios desta livraria móvel que, por estes dias, e além deste local (onde em regra tem passado as tardes), passa também pela Estrela, Cais do Sodré, São Pedro de Alcântara ou Jerónimos.

A ideia nasceu da relativa falta de livros para enviar a amigos estrangeiros, conta Domingos. E porque não uma livraria? Juntaram-se então três amigos – antigos colegas no Pedro Nunes. E juntamente com Francisco Antolin e João Pereira (que é publicitário), Domingos encontrou um modelo de livraria móvel, cuja imagem foi trabalhada com uma agência de publicidade. “É uma ideia romântica, mas tem de ser paga”, deixa claro este sócio da Tell a Story que confirma a boa adesão do público comprador de livros à proposta que assim lançaram. Os portugueses, diz, sentem orgulho e alguns chegam mesmo a comprar livros. Mas os maiores compradores são os franceses, tanto que o ‘stock’ em francês se esvaiu mais depressa que o esperado.


Não faziam ideia de quem seriam os clientes. E todos os dias vão tentando adivinhar quanto se vende e em que língua. Têm neste momento títulos em inglês e francês esperam alguns em italiano para a próxima semana. Procuram refazer catálogo entre editores europeus. E entre os vários títulos em língua francesa que estão a caminho há uma edição, pela Gallimard, d’O Delfim de José Cardoso Pires.

Saramago, Lobo Antunes, Sophia, Fernando Pessoa, Aquilino, Eça, Almada... Os turistas passam, conversam, trocam ideias sobre livros... Levam postais. Um turista checo passou por ali há dias. Disse que ia fazer a rota dos Mosteiros. E sugeriram-lhe que lesse o Memorial do Convento de Saramago.

Os sócios da Tell a Story sabem que não têm ali uma galinha de ovos de ouro, mas desejam que as contas se paguem e que, pelo menos, haja dinheiro suficiente para investir em novos livros. O Príncipe Real é, para já, o local que mais lhes agrada. “Dez turistas no Príncipe Real valem mais que 50 nos Jerónimos”, isto “como apetência literária”, diz Domingos. Da “longa” negociação com a Câmara chegaram aos locais onde hoje vai parando a livraria, mas lugares como Sintra, Algarve ou Cascais estão num mapa de possibilidades futuras a estudar.

segunda-feira, abril 01, 2013

Entre memórias e lojas de discos
com Luís Pinheiro de Almeida


Hoje iniciamos no Sound + Vision a publicação de uma série de memórias pessoais sobre os espaços das lojas de discos. Outrora muitas, em tempos maiores, não estão a desaparecer por completo, mas é verdade que hoje são poucas e começam a adaptar-se aos novos tempos. O vinil, os cultos, o circuito de coleção e dos discos usados são realidades já com expressão no presente em lojas portuguesas. Ao contrário de Londres, outrora a capital europeia das lojas de discos (e onde hoje o clima se aproxima do semi-desértico) as capitais nórdicas encontraram novos rumos com novas soluções (novamente o vinil, os cultos, mas também a criação de eventos) e podem dar-nos uma ideia de futuro possível. Para já, e num momento em que a era das discotecas de bairro já parece coisa da história antiga e a das grandes lojas terminou, deixamos aqui relatos na primeira pessoa dessas vivências entre discos.

Começamos com as memórias de Luís Pinheiro de Almeida, autor do livro Beatles em Portugal. Ao Luís (com quem andei por algumas lojas de discos nos noventas) um muito obrigado pela colaboração.


No meu tempo…

Bom, no meu tempo, que começa nos anos 60, em Coimbra, as lojas de discos chamavam-se discotecas.

A primeira discoteca onde terei entrado foi a Olímpio Medina, em Coimbra, onde, puto de 15 anos, de capa e batina, roubei o primeiro disco dos Beatles, She Loves You, no dia 18 de Abril de 1964

Mas discotecas a sério só em Lisboa, já a década de 60 ia avançada: muitos EPs na Casa Gouveia Machado, o primeiro LP dos Doors na Sol & Dó, muitos singles na Sinfonia (Live In The Sky, Dave Clark Five, Games People Play, Joe South, Love At First Sight, Baker Street Philharmonic, Amor Novo, Luís Rego), um EP inglês de Bob Dylan exposto ao sol como se fosse um jornal no exterior na Tabacaria Canasta no dia 14 de Dezembro de 1966 (One Too Many Mornings).

Lisboa era mesmo um viveiro: Compasso (Chase, Carlos Mendes, You’re So Vain, Carly Simon, Le Lac Majeur, Mort Shuman, All Those Years Ago, George Harrison), Apolo 70 (Part Of The Union, Strawbs, Smoogin’, Smoog, (I Can’t Get No) Satisfaction, Trittons, Junior’s Farm, Paul McCartney and Wings, Have I The Right, Dead End Kids), Drugstore Sol a Sol (Magical Mystery Tour, Beatles), Melodia, Discoteca do Carmo (Double Fantasy, John Lennon), Universal (When A Man Loves A Woman, Percy Sledge), Valentim de Carvalho (Tous Les Garcons Et Les Filles, Françoise Hardy, I Get A Kick Out Of You, Gary Shearston), Grande Feira do Disco, Frineve (Sê Um GNR, GNR), Livraria Barata (alguns de Zeca Afonso), Concorrente (Ode To The Beatles, Quarteto 1111, Pop Corn, Popcorn Makers, El Camino, Juan Carlos Caceres), Coop Bancários (Johnny B Goode, Peter Tosh), Livraria Ler, Estabelecimentos Electro-Ouro Lda.

E a capital portuguesa chegou a ter megastores como a da Valentim de Carvalho, no Rossio, e a Virgin, onde agora está a Loja do Cidadão, nos Restauradores.

Mas o que importa para aqui são as discotecas inglesas e essas – oh meu Deus! – eram o êxtase total: mexer naqueles discos, sujar as mãos com o pó, descobrir as novidades, comprar os grandes êxitos, arriscar no desconhecido.

E quando elas, as discotecas, era mais sofisticadas, até se comia lá dentro um muffin de chocolate e um capuccino para não perder pitada…


Recordo muitas, muitas, as várias HMVs, Virgins, Our Prices e Towers espalhadas por toda a cidade de Londres, mas também a Rhythm Records (provavelmente a que mais me enchia o olho e esvaziava a carteira), Sister Ray, Music & Video Exchange, Rough Trade, Revival Records, Harlequin Records, Selfridges, Sounos, I Was Lord Kitchener’s Valet e Gear, estas três últimas na Carnaby Street dos anos 60.

Até as lojas em Heathrow eu percorria para uma última aquisição.

Mas deixem-me recordar duas discotecas londrinas, ambas já desaparecidas, que sempre trago no coração pela história que ostentam.

Uma, Chelsea Drugstore, em King’s Road, que os Rolling Stones celebrizaram em You Can’t Always Get What You Want e Stanley Kubrick em A Clockwork Orange. Foi o primeiro drugstore britânico, abriu em Julho de 1968 e fechou em Maio de 1971. Hoje é um McDonald’s.

Comprei lá muitos discos na Páscoa de 1970. Do que tenho apontado, lembro: Everybody Get Together (Dave Clark Five), That Same Olf Feeling (Pickettywich), Let’s Work Together (Canned Heat) , Travellin’ Band (Creedence Clearwater Revival) e Bridge Over Troubled Water (Simon and Garfunkel).

A segunda, provavelmente a mais famosa e a mais histórica, a HMV no 363 de Oxford Street (foto grande mais acima).

Foi aqui, no dia 08 de Maio de 1962, que Brian Epstein passou as chamadas “Decca Tapes”, dos Beatles, para acetato. Foi aqui também que o mesmo Brian Epstein se encontrou com Sid Coleman, da companhia de publishing da EMI, Ardmore & Beechwood (primeiro publishing dos Beatles), que, por sua vez, serviu de intermediário para o conhecimento com George Martin, da Parlophone. E o resto é história…

E foi aqui, também, que eu, sem o saber, comprei no dia 30 de Março de 1970 o que viria a ser o último single dos Beatles, Let It Be. Onze dias depois, Paul McCartney anunciava formalmente a dissolução do Beatles.

Esta primeira loja da HMV foi inaugurada no dia 21 de Julho de 1921 pelo compositor Edward Elgar e fechou em Abril de 2000.

Hoje, no local da discoteca, está, ou estava há poucos anos, uma Foot Locker, mas também a célebre placa azul que assinala os edificíos históricos da Grã-Bretanha, descerrada por George Martin no dia 26 de Abril de 2000.

quinta-feira, março 28, 2013

Crónica do fim de uma era

Foi há poucos dias. Entrei como tantas vezes o fiz pela grande porta que se abre para a sempre movimentada Ofxord St. Havia um cartaz a chamar a atenção do lançamento do novo álbum de Justin Timberlake, som vindo lá de dentro, os escaparates à entrada mostravam os quadradinhos de cor que, ainda à distância, sugeriam que os discos ainda respiravam por ali... Porém, bastou entrar na velha e grande loja central da HMV para sentir o efeito das notícias que, desde finais de 2012, dão conta do estado calamitoso a que chegara a saúde desta outrora grande rede de lojas e da cada vez mais improvável vontade de algum investidor em manter vivo naqueles espaços um negocio na área da música e do cinema.

Reparei desde logo no estado de dieta revelado pela grande parede lateral direita da loja, onde sempre me habituara a ver as novidades editoriais da semana, nestes últimos anos com os lançamentos em vinil a fazer até recordar algum do look da loja que conheci ainda nos anos 80. Desci ao piso inferior, para visitar aquela que, desde o encerramento da Tower Records em Picadilly, se tornara na maior e mais bem recheada secção de música clássica da cidade. Aí o panorama descia de dieta a semi-deserto, com bem mais de metade das prateleiras já despidas de discos, os poucos que restavam concentrados nos corredores centrais. No balcão o único empregado presente olhava em frente para os três clientes em busca de pechinchas em tempo de liquidação de stock. No seu olhar aquela inquietude de quem sabe que observa um corpo moribundo.

Pelo resto daquele andar, grandes caixas com discos empilhados à espera de quem os levasse e mais filas e filas de prateleiras (onde em tempos havia bandas sonoras, musicais, world music e jazz) a caminho de vazias. Regressei ao piso térreo para caminhar entre as filas de CD onde habitualmente encontrava de quase tudo o que havia para encontrar em regime pop/rock para reparar, agora ao pormenor, que também ali a coisa seguia pelo mesmo caminho. O vinil lá estava, finalmente, a ocupar um pedaço destas estantes, e já em seleção que, de tão escolhida, quase não interessava a ninguém. Saí de mãos a abanar. Atordoado. E com a sensação de que visitara um mausoléu que representa, certamente por poucas semanas mais, a imagem “viva” de uma era que acabou.

Lembro-me de ir a Londres com o percurso entre lojas de discos como sendo capaz de ocupar dois dias inteiros (e estava a ser despachado). Além das grandes lojas de Oxford Street (a da Virgin, logo na esquina com a Tottenham Court Rd e a da HMV, perto de Oxford Circus, sem esquecer outras duas, das mesmas redes, mais adiante, perto de Marble Arch) e da Tower em Picadilly, tinha uma via “sacra” de quase porta sim porta sim na Berwick St (em pleno Soho), onde havia até lojas só de singles, apenas de máxis para DJ, especializadas em reggae, dub e dancehall, e, claro, a mítica Sister Ray (para colecionadores) onde fui encontrando os singles das bandas que me ajudaram a construir o gosto musical entre finais dos setentas e inícios dos oitentas. Havia Camden Town, da Rhythm Records perto da saída do metro a outras pequenas lojas (e stands de pechinchas no mercado). E havia mais, muito mais, acabando inevitavelmente por regressar a Lisboa com gordinhos sacos na mão cheios de álbuns e singles, os “troféus” das poupanças dos meses anteriores...

Este mês, na mesma ocasião em que passei pela HMV de Ofxord St visitei as lojas de discos usados em Notting Hill Gate para também ali reparar que o que antes era uma sucessão de casas especializadas (havia uma só para clássica, uma para pop/rock, uma para música “urbana”, uma para filmes) está agora compactada em apenas duas, géneros e discos acotovelados e, depois de sujos os dedos e corridas algumas prateleiras, na verdade sem nada de surpreendente por ali.

Restou-me, estando nas redondezas, passar pela Rough Trade de Porobello Road (na verdade é numa pequena transversal. De lá regressei com um saco e dois LPs... Como que não querendo deixar de respeitar uma velha tradição em tempo de passagem por Londres.


PS. Os tempos mudaram. A era das grandes lojas acabou, o mercado maior tendo caminhado para a música digital ou para a encomenda de suportes físicos pela Internet. Nos países nórdicos emergiram novas lojas, especializadas, que apostam sobretudo no vinil e na criação de eventos. Em Lisboa há já um circuito expressivo de pequenas lojas (que cruzam novidades e usados). Mas Londres, que era a capital europeia para os compradores de discos, ainda não deu o salto para esta nova era...

sexta-feira, fevereiro 01, 2013

Um passeio entre lojas de discos

Fotos: Flavorwire

O site Flavorwire tem vindo a apresentar belas recolhas de locais onde a cultura acontece pelo mundo fora. E depois de nos ter apresentado algumas das librarias mais belas do planeta ou bibliotecas que vale a pena visitar, recentemente revelou uma série de olhares por aquelas que considera as mais belas lojas de discos do mundo. Estas imagens mostram três dos exemplos que sugere. A primeira é a mais recente loja da Rough Trade em Londres, a Rough Trade East, em Portobello Road, não muito longe da estação de metro de Notting Hill Gate. A segunda é a Tsutaya, no bairro de Daikanyama em Tóquio, uma loja que segue o modelo das Borders (junta livros, DVD/Blu-rays e discos), num edifício desenhado pelo arquiteto Klein Dytham. A terceira foto leva-nos ao bairro de Kreuzberg, em Berlim, à Spacehall, um espaço exclusivamente dedicado ao vinil (e sobretudo a DJs, o que faz sentido numa capital da música eletrónica).

Podem ver aqui o artigo completo.

sexta-feira, janeiro 18, 2013

Uma bela loja de discos


Tenho visitado lojas de vinil usado e de coleção por todo o mundo. Das mais caóticas e desarrumadas às nem por isso. Normalmente não lhes resisto e entro para ver o que se conta... Esta tinha uma gravação de uma obra de Messiaen (simplesmente um dos meus compositores Top 5) na montra... Audipur, lia-se sobre a montra. Entrei mais depressa, claro. E ali, ao lado da porta número 39 da Rue de Lausanne, uma pequena rua no meio de Friburgo, encontrei uma das mais bem arrumadas (e com belíssima escolha) entre as lojas de discos de vinil de coleção que já vi. Géneros bem arrumados e catalogados. Boa seleção pop/rock. E na clássica tudo certinho, ordendado por compositores. O dono (ou empregado, não sei...) fala francês e alemão. E certamente também inglês. Somos muitíssimo bem antendidos e podemos ficar ali horas e horas a conversar, se o relógio deixar. Ah, e bons preços!

PS. Já agora, lembro que entre os nomes notáveis nascidos nesta cidade estão os Young Gods!

quarta-feira, setembro 12, 2012

O fim de uma era

Foto: Ro b (via Flavorwire)

É verdade que nos últimos anos, e sobretudo justificadas ora pelo renascimento do interesse no vinil ou pela expressão de um mercado de usados, voltaram a surgir pequenas discotecas (falo das lojas de discos e não aquelas com DJs e gente a dançar). Mas quantas outras desapareceram? Os tempos são outros, é certo. Não só o disco não representa a força de mercado que em tempos foi como há hoje (e sem falar de pirataria) soluções de consumo online... Mas o desaparecimento progressivo desses espaços ilustra o fim de uma época.

O site Flavorwire apresenta uma galeria de imagens de lojas de discos desativadas e abandonadas... Estive em duas delas. Em concreto na Tower Records em Sunset Boulevard (Los Angeles), perto de La Cienega, do outro lado da rua frente à Book Soup (uma das mais interessantes livrarias do Sunset Strip) e com clubes míticos como o Viper Room ou o Whiskey a Go-Go por vizinhos... Ou a Virgin Megastore em Times Square (Nova Iorque), que era a única loja que valia a pensa visitar ali no meio da confusão de anúncios, bilheteiras e lojas de recuerdos para turista.

Podem ver as imagens aqui.

quarta-feira, julho 18, 2012

Lana Del Rey, "Without You"

Sobre as eventuais limitações de Lana Del Rey ao vivo, vale a pena falar de quê?... Do "facto" em si ou das especulações em torno ele?... E será que vale mesmo a pena falar?
Aqui fica um desvio possível: Without You interpretado no espaço (insólito, hélas!) da grande loja de música Amoeba Hollywood. Limitações? Digamos antes a tocante vulnerabilidade de quem se expõe em palco com o sentimento de que tudo acontece, sempre, pela primeira vez — eis uma limitação que liberta.

terça-feira, abril 10, 2012

Casas com livros (em Paris)

Foto: N.G.

Na sua morada atual é uma livraria (na verdade um dois em um, uma vez que ao lado abriu um espaço especializado em livros antigos) no número 37 da Rue de Boucherie, muito perto da Pl. Saint Michel e junto às margens do Sena, com Notre Dame pela frente. A história da Shakespeare & Co. passa por uma outra livraria (com o mesmo nome, aberta em 1919 na rue de l’Odeon), de onde chegam memórias de visitas de nomes como os de Ernest Hemingway ou James Joyce. Mas é em 1951 que o norte-americano George Whitman abre no espaço onde hoje a conhecemos a livraria que se transformaria numa das mais célebres de Paris (e do mundo). Deu-lhe em 1964 o nome da antiga livraria que Sylvia Beach tinha aberto em 1919 e que os alemães haviam fechado em 1940. Desde então é um dos pólos culturais da cidade e um dos espaços em Paris onde podemos encontrar livros em inglês. O seu aspeto é o de um aparente caos, as salas acotovelando-se umas junto das outras, prateleiras cheias até aos tetos, no andar de cima havendo espaços para ler e até mesmo um piano que desafia quem saiba tocar a que lhe dê uso.

Não faltam boas livrarias em Paris, é verdade. Mas a Shakespeare & Co. é um caso único. Há uma outra boa livraria inglesa (com seleção atualizada de revistas) na WH Smith que mora no número 248 da Rue de Rivoli, muito perto da Place de La Concorde, na esquina com a Rue Cambon. Não muito longe da Shakespeare & Co., em plena Pl. Saint Michel, a Gibert Jaune oferece (em vários andares) uma belíssima seleção de edições francesas, juntando novos lançamentos a títulos em segunda mão (e a belos preços). Para os interessados em BD, a secção de banda desenhada da Fnac em Les Halles é ainda paragem obrigatória. Aliás, perante um mapa em que quase desapareceram as lojas de discos e de DVDs/Bly Ray, esta Fnac (de dimensões colossais) tem boas seleções em vários comprimentos de onda. A Virgin Megastore dos Champs Elysees ainda sobrevive. Os DVD/Blu Ray e discos partilham agora o piso um (em tempos a seleção de DVD tomava quase todo o piso 2, deixando o andar de baixo todinho para a música). Aqui o cinema mostra seleção bem mais variada que a música. A loja tem ainda uma seleção de livros (sobretudo títulos recentes) e uma papelaria (no piso superior).

terça-feira, março 13, 2012

Loja de discos vira editora

Fotos: N.G.
É uma das melhores lojas de discos de Nova Iorque e mora na rua 4, a poucos metros da Broadway, a Bowery um pouco adiante, ou seja, entre o Greenwich Village o East Village, em plena Manhattan. A Other Music é uma casa para as músicas alternativas, a sua seleção apresentando habitualmente boa representação de vários movimentos e com presença sempre assídua de flyers para inúmeros concertos e acontecimentos na cidade, tendo nos últimos anos vindo a aumentar o seu espaço para as edições em vinil.

Agora a Other Music transforma-se também uma editora discográfica, lançando os seus discos em associação à Fat Possum. O primeiro lançamento da Other Music Recording Co. é um single, em vinil, da banda de Brooklyn Ex Cops. Segue-se a estreia a solo do japonês Shintaro Sakamoto...

quinta-feira, fevereiro 02, 2012

Casas com livros (muitos livros)

Fotos tiradas do artigo da Flavorwire

A Flavorwire apresentou uma lista das 20 livrarias mais belas do mundo. É uma lista. E como quaisquer listas, uma escolha que inclui e exclui... Mas convenhamos que a seleção é magnífica, ora revelando ideias de reaproveitamento de espaços antigos (uma igreja dominicana em Maastricht, um velho teatro em Buenos Aires, uma estação de caminhos de ferro desativada em Alnwick, no Reino Unido) ou exemplos de nova arquitetura e design (em Milão, Roma ou Los Angeles). A lista não esquece ainda espaços com história, como é o caso da belíssima Shakespeare & Co. em Paris. Tem duas entradas portuguesas: a Lello, no Porto e a Ler Devagar na LX Factory, em Lisboa, com a representação em língua portuguesa a passar ainda por São Paulo (Brasil), com Livraria da Vila. As três imagens que abrem este post mostram olhares pela Selexyz, em Maastricht, a El Ateneo Grand Spendid em Buenos Aires e a Plural (desenhada em escada) em Bratislava, na Eslováquia. O artigo, além de apresentar imagens das 20 livrarias, propõe links para as próprias, os designers que as criaram ou sites de quem as visitou e para elas chamou atenções. Vale a pena ver e ler.

Podem ler o artigo completo aqui.

sexta-feira, setembro 02, 2011

O novo inquilino


De quantos clubes de rock espalhados pelo mundo fora conhecemos o nome? De poucos, muito poucos. E se há nome que facilmente convoca memórias é este: CBGB... Durante anos morou no nº 315 da Bowery, em pleno East Vilage, em Manhattan. O edifício ainda lá está. As mesmas paredes, a porta ladeada pelas duas janelas... Mas no toldo, em vez do fundo branco com as letras vermelhas, o que ali agora encontramos é uma loja de roupa. Com o nome do designer John Varvatos.



As memórias do velho CBGB moram apenas entre as paredes interiores da loja, numa delas tendo sido preservada a multidão de cartazes e inscrições que faziam a sua tão característica decoração.



Aqui, uma imagem de 2005. O velho CBGB e, ao lado, a CB’s Gallery (onde se vendiam as famosas T-shirts alusivas ao clube).

sexta-feira, agosto 19, 2011

O cubo e a maçã


São já muitas as Apple Stores que podemos encontrar mundo fora. Só nos Estados Unidos são já 240... Mas merece destaque (e uma visita) a loja que podemos encontrar na esquina da rua 59 com a 5ª avenida, em plena Manhattan. À superfície nada mais vemos senão um cubo em vidro, dali descendo as escadas para um espaço no piso interior pelo qual podemos encontrar a oferta habitual nas lojas da Apple (não faltando computadores com ligação à Internet, iPads, iPods e afins)... A loja foi projectada por Bohlin Cywinski Jackson.

sexta-feira, agosto 12, 2011

Livros na avenida


É uma das maiores redes de livrarias nos EUA e tem na 5ª avenida uma das suas lojas centrais. Em concreto no número 555, entre as ruas 45 e 46. Na verdade, ainda há poucos anos, havia uma Barnes and Noble maior (e mais variada na oferta) do outro lado da rua. A actual loja representa assim uma adaptação da livraria a um tempo em que as vendas online de livros ganharam outra expressão. Mesmo assim é uma das melhores livrarias generalistas de Manhattan, também com uma boa selecção de DVDs. Outras duas recomendáveis lojas desta rede em Manhattan ficam em Union Square ou, já no Greenwich Village, na esquina da rua 8 com a 6ª avenida.

sexta-feira, agosto 05, 2011

Um outro campo de morangos

Foto: N.G.

Em tempo de Verão não faltam pontos de venda de gelados e de sumos pelas ruas de Manhattan. Mas há uma paragem a reter para os apreciadores de iogurte gelado (ainda por cima caloricamente mais “amigo”)... Chama-se Strawberry Fields e fica no número 50 de Fulton Street, a meio caminho entre o South Street Sea Port e a Broadway. É um pequeno self-service, onde cada um escolhe o tamanho do copo, a quantidade que bem entende e os toppings que deseje (o preço é depois decidido pelo peso).

Podem consultar o site da loja aqui.

sexta-feira, julho 15, 2011

Discos pelo Village


As grandes lojas de discos desapareceram das ruas de Nova Iorque. Das grandes Virgin Megastores às lojas da rede Tower Records resta a memória de quem por elas passou... Porém a música continua a ter os seus lugares de culto. E pelo Greenwich Village ainda há uma multidão de pequenas casas especializadas em vinil (em franca recuperação de protagonismo) e CD usados.


Um bom exemplo é a Rebel Rebel. Fica no nº 319 De Bleecker Street, muito perto do cruzamento da 7ª avenida com a rua 4. É uma loja pequena, mas com bela selecção de novidades pop/rock em vinil e CD (com particular atenção pelos espaços indie e pop/rock mais gourmet). Há depois uma boa representaçãoo de títulos históricos em vinil usado, assim como velhas revistas e livros de música. O nome da loja não engana: o dono é mesmo um admirador de David Bowie. E, além disso, é um belíssimo conversador.


Outra loja de discos a visitar é a Bleeker Records, uma vez mais na Bleecker Street, desta vez no número 239. Tem dois andares. No piso térreo encontramos uma vasta montra de CDs e uma montra mais discreta de DVDs musicais. O melhor está na cave, onde não só podemos encontrar uma boa representação das mais recentes edições pop/rock e de bandas sonoras em vinil como uma vasta escolha de álbuns, máxis e singles usados.