Apesar do barulho dos vizinhos, ou precisamente por causa disso, Patti Smith celebra o Halloween — é mais um video no seu espaço na plataforma Substack, desta vez na companhia do seu pequeno morcego...
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sexta-feira, novembro 01, 2024
sexta-feira, julho 10, 2020
Black Lives Matter — pintura de rua
Black Lives Matter, neste caso em pintura no alcatrão de Nova Iorque, em frente à Trump Tower. Ou como a iconografia política é indissociável da vivência das ruas e, através dela, da sua multiplicação em imagens — a fotografia tem assinatura de Demetrius Freeman e foi publicada pelo New York Times.
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quinta-feira, maio 14, 2020
Spike Lee, "New York, New York"
É uma carta de amor ao povo de Nova Iorque: Spike Lee dá-nos a ver a grande metrópole sob o efeito do COVID-19, convocando a canção-tema de New York, New York (1977), de Martin Scorsese, e utilizando a maravilhosa película Super 8 da Kodak. I wanna wake up in a city / that doesn't sleep...
sexta-feira, agosto 23, 2013
Um quadro vivo nas ruas da cidade
Este texto é uma versão alargada de um outro que foi originalmente publicado na edição de 22 de agosto do DN com o título 'Quadro de Hopper ganha vida numa esquina de Nova Iorque'
É de noite e, pela ausência de trânsito e transeuntes, imaginamos que podemos estar já pela madrugada dentro. Há um cliente sentado de um dos lados do balcão do diner, um casal mais adiante e um empregado curvado. A luz que ilumina a cena sai do teto. E o resto cabe à nossa imaginação... Pintado em 1942, The Nighthawks é hoje recordado como uma das obras mais marcantes do pintor norte-americano Edward Hopper (1882-1967), integrando desde pouco depois de concluído a coleção do Art Institute of Chicago. Mas agora, a célebre pintura de Hopper agora ganhou “vida”, numa recriação tridimensional que pode ser visitada em Nova Iorque.
A recriação 3D do Nighthawks de Hopper foi montada numa das entradas do famoso edifício Flatiron, que mora na esquina definida entre a 5ª Avenida, a Boradway e a Madison Square, em plena Manhattan. É na estrutura em metal e vidro habitualmente referida como a “proa” do edifício que foi recriado o diner que vemos no quadro, usando manequins que materializam a três dimensões as figuras pintadas. A instalação é da responsabilidade do Whithey Museum of American Art, importante instituição da cidade com sede uns quarteirões mais acima (na esquina da East 75th Street com a Madison Avenue). O museu tem neste momento patente (e até 6 de outubro) a exposição Hopper Drawing, com desenhos do pintor. Entre os cerca de 2500 desenhos que a viúva de Hopper doou ao museu, foi escolhida uma seleção, da qual se destaca precisamente Study for Nighthawks, um carvão sobre papel com 28 por 38 centímetros de dimensão onde ensaia as ideias que depois pintou em The Nighthawks. Organizada por Carter E. Foster, Steven e Ann Ames, esta é a primeira grande exposição focada sobre o trabalho em desenho de Hopper apresentando esboços de alguns dos seus quadros mais célebres. Além do estudo para The Nighthawks estão patentes os eboços para quadros como Early Sunday Morning (1930), New York Movie (1939) ou Office at Night (1940).
A instalação que recria The Nighthawks não corresponde ao local que inspirou o quadro de Hopper. O diner que terá inspirado o pintor, e que há muito foi demolido, ficava na Greenwich Av. (era ali que o pintor o localizava quando dele falava), supostamente numa esquina onde confluem a 7ªa Avenida e a West 11th Street, no extremo ocidental do Greenwich Village. Hopper aceitava que, apesar de inspirado num diner concrerto, o quadro seria um compósito que juntava também elementos que observara entre padarias, hamburguerias e mercearias.
O quadro de Edward Hopper teve já vários episódios de repercussão na cultura popular, do cinema à literatura, pintura e escultura. Deixamos aqui dois exemplos musicais. Num deles o álbum Nighthawks at The Diner, de Tom Waits. No segundo, o álbum Crush, dos Orchestral Manouevers in The Dark.
É de noite e, pela ausência de trânsito e transeuntes, imaginamos que podemos estar já pela madrugada dentro. Há um cliente sentado de um dos lados do balcão do diner, um casal mais adiante e um empregado curvado. A luz que ilumina a cena sai do teto. E o resto cabe à nossa imaginação... Pintado em 1942, The Nighthawks é hoje recordado como uma das obras mais marcantes do pintor norte-americano Edward Hopper (1882-1967), integrando desde pouco depois de concluído a coleção do Art Institute of Chicago. Mas agora, a célebre pintura de Hopper agora ganhou “vida”, numa recriação tridimensional que pode ser visitada em Nova Iorque.
A recriação 3D do Nighthawks de Hopper foi montada numa das entradas do famoso edifício Flatiron, que mora na esquina definida entre a 5ª Avenida, a Boradway e a Madison Square, em plena Manhattan. É na estrutura em metal e vidro habitualmente referida como a “proa” do edifício que foi recriado o diner que vemos no quadro, usando manequins que materializam a três dimensões as figuras pintadas. A instalação é da responsabilidade do Whithey Museum of American Art, importante instituição da cidade com sede uns quarteirões mais acima (na esquina da East 75th Street com a Madison Avenue). O museu tem neste momento patente (e até 6 de outubro) a exposição Hopper Drawing, com desenhos do pintor. Entre os cerca de 2500 desenhos que a viúva de Hopper doou ao museu, foi escolhida uma seleção, da qual se destaca precisamente Study for Nighthawks, um carvão sobre papel com 28 por 38 centímetros de dimensão onde ensaia as ideias que depois pintou em The Nighthawks. Organizada por Carter E. Foster, Steven e Ann Ames, esta é a primeira grande exposição focada sobre o trabalho em desenho de Hopper apresentando esboços de alguns dos seus quadros mais célebres. Além do estudo para The Nighthawks estão patentes os eboços para quadros como Early Sunday Morning (1930), New York Movie (1939) ou Office at Night (1940).
A instalação que recria The Nighthawks não corresponde ao local que inspirou o quadro de Hopper. O diner que terá inspirado o pintor, e que há muito foi demolido, ficava na Greenwich Av. (era ali que o pintor o localizava quando dele falava), supostamente numa esquina onde confluem a 7ªa Avenida e a West 11th Street, no extremo ocidental do Greenwich Village. Hopper aceitava que, apesar de inspirado num diner concrerto, o quadro seria um compósito que juntava também elementos que observara entre padarias, hamburguerias e mercearias.
O quadro de Edward Hopper teve já vários episódios de repercussão na cultura popular, do cinema à literatura, pintura e escultura. Deixamos aqui dois exemplos musicais. Num deles o álbum Nighthawks at The Diner, de Tom Waits. No segundo, o álbum Crush, dos Orchestral Manouevers in The Dark.
segunda-feira, junho 17, 2013
Nova Iorque: elogio das árvores
Mitch Epstein nasceu em Holyoke, Massachusetts, em 1952. Mas Nova Iorque é a sua cidade, quer dizer, também um tema recorrente das suas fotografias. Prova recente: o livro New York Arbor, uma celebração exemplar das... árvores! Como ele próprio esclarece, trata-se de "inverter o ponto de vista habitual das pessoas sobre a sua cidade: as árvores já não funcionam como cenário de fundo, dominando antes a vida humana e a arquitectura à sua volta." Talvez possamos dizer isto ainda de outra maneira: Epstein é um paisagista cujo olhar combina, baralha e recria as relações iconográficas entre o "urbano" e o "natural".
>>> Site oficial de Mitch Epstein.
quinta-feira, outubro 25, 2012
Transformar Times Square num museu vivo
E se em vez da publicidade houvesse arte em Times Square? A proposta é assinada por um coletivo que tem vindo a desenvolver o projeto que agora está em etapa de busca de financiamento para que se transforme em realidade. A proposta é ambiciosa e visa transformar a mais célebre praça nova-iorquina na maior exposição pública à escala mundial através da substituição, uma vez por ano, dos espaços de publicidade por obras de arte. Peças em suporte vídeo, entenda-se, a ocupar assim os muitos ecrãs que habitam os espaços de Times Square. O curador da primeira exposição escolheu o trabalho do artista Rafaël Rozendaal, cujas formas (como na imagem acima exposta) ocuparão os ecrãs da praça. Por agora, o projeto busca nova etapa de financiamento via Kickstarter.
Podem ler aqui mais informações sobre este projeto e o seu financiamento.
E aqui podem ver mais obras de Rafaël Rozendaal.
Podem ler aqui mais informações sobre este projeto e o seu financiamento.
E aqui podem ver mais obras de Rafaël Rozendaal.
terça-feira, outubro 02, 2012
Nova Iorque, segundo Andrew Tomine
| Fotos: Flavorwire |
Chama-se Andrew Tomine, tem 38 anos e é ilustrador. Conhecemo-lo de inúmeras imagens publicadas na New Yorker (muitas delas em capas da revista) ou em capas de discos (como End Times ou Electro Shock Blues, ambos dos Eels). Nascido na Califórnia, tornou-se contudo num dos mais interessantes observadores das cenas da vida quotidiana de Nova Iorque. E New York Drawings, o novo livro que agora edita, mostra-nos olhares por momentos da vida da cidade. Dos turistas que sobem a 6ª Avenida e passam em frente ao Radio City Music Hall, do viajante solitário no metro de auscultadores nos ouvidos, dos que assistem a uma sessão de cinema ao ar livre, à beira rio... Publicado pela Drawn and Quarterly, o livro, com 174 páginas, foi ontem lançado nos EUA.
Podem ler aqui um artigo sobre este lançamento.
E aqui podem consultar o site oficial do ilustrador.
segunda-feira, julho 09, 2012
Um hotel 'cool' em Manhattan
| Foto: N.G. |
Continuamos a visitar hotéis. Hoje rumando ao Ace Hotel, em Nova Iorque...
É um dos hotéis mais cool de Manhattan. Entramos e logo no lobby, que mais parece um bar (com boa música), vemos uma pequena multidão com ares de cada um ter a sua banda. A recepção, de resto, vende discos em vinil (bem escolhidos) e, sob uma certa atmosfera indie, sentimos que tudo faz sentido. Bem localizado (na rua 29, entre a Broadway e a 5ª Avenida muito perto da Herald Square), o Ace Hotel tem ainda restaurantes e salas de reunião com look igualmente em linha com a atitude do resto dos seus espaços. Wi Fi nos quartos. E um ginásio consideravelmente bem equipado no piso inferior.
| Foto: N.G. |
| Fotos: Ace Hotel |
Podem consultar aqui o site do Ace Hotel
sexta-feira, junho 01, 2012
O mapa 'rap' de Nova Iorque
É um mapa que aponta o seu ao seu lugar. Ou seja, um olhar pela cidade de Nova Iorque, indicando em que bairro (e em que zona do bairro) surgiram alguns dos rappers que fazem a história musical dos últimos trinta e poucos anos da cidade.
Podem consultar aqui uma versão alargada do mapa.
terça-feira, abril 10, 2012
Uma semana em Nova Iorque
Os Kraftwerk iniciam hoje uma residência de oito dias no MoMA, em Nova Iorque, propondo a cada dia a apresentação de um dos álbuns lançados entre Autobahn (1974) e Tour de France – Soundtracks (2003). A série Kraftwerk – Retrospective 1 2 3 4 5 6 7 8 vai ter lugar no The Donald B. and Catherine C. Marron Atrium (no piso 2 do museu) apresentará visualizações de imagens dos oito discos usando tecnologia 3D. Todas as sessões estão já esgotadas.
Autobahn (1974) – 10 de Abril, 20.30
Radio-Activity (1975) – 11 de Abril, 20.30
Trans Europe Express (1977) – 12 de Abril, 22.00
The Man-Machine (1978) – 13 de Abril, 20.30
Computer World (1981) – 14 de Abril, 20.30
Techno Pop (originalmente editado como Electric Cafe, 1986) – 15 de Abril, 20.30
The Mix (1991) – 16 de Abril, 20.30
Tour de France - Soundtracks (2003) – 17 de Abril, 22.00
A assinalar esta ocasião as lojas do museu estão a vender uma caixa em edição limitada de 2000 unidades com a obra do grupo em CD. A caixa The Catalogue, numerada, custa 159,95 dólares.
sexta-feira, setembro 16, 2011
Dez anos depois, pelas ruas de Nova Iorque (5)
Novamente pelas ruas de Nova Iorque, dez anos depois do dia que mudou a cidade e ficou inscrito na história do mundo em que vivemos. Olhares hoje ao cair da noite, os dois primeiros em volta de Herald Square, o terceiro alguns quarteirões acima, em Times Square.
quinta-feira, setembro 15, 2011
Dez anos depois, pelas ruas de Nova Iorque (4)
Mais três olhares pelas ruas de Nova Iorque dez anos depois do dia em que o mundo dali não tirava os olhos. Hoje com janelas e reflexos entre as imagens.
quarta-feira, setembro 14, 2011
Dez anos depois, pelas ruas de Nova Iorque (3)
Mais um conjunto de imagens captadas este ano em Nova Iorque, caminhando pelas ruas da cidade. Olhares pelos telhados dos edifícios ou por perto, os tão característicos reservatórios de água surgindo aqui e ali…
terça-feira, setembro 13, 2011
Dez anos depois, pelas ruas de Nova Iorque (2)
Mais três olhares pelas ruas de Nova Iorque, dez anos depois do dia em que a cidade morou nos ecrãs de televisão do mundo inteiro.
segunda-feira, setembro 12, 2011
Dez anos depois, pelas ruas de Nova Iorque (1)
Dez anos depois do 11 de Setembro de 2001, olhamos esta semana imagens captadas este ano pelas ruas de Nova Iorque. Começamos hoje passando por cruzamentos em Manhattan, olhando para os letreiros.
domingo, setembro 11, 2011
11 de Setembro - perspectivas (4)
| Andrea Booher/ FEMA Photo News |
Perspectivas sobre um dia que ninguém esqueceu para ler ao longo deste dia 11 de Setembro de 2011 no Sound + Vision. Dez anos depois recordamos, a várias vozes, memórias contadas na primeira pessoa... Aqui ficam mais três olhares, assinados por Richard Zimler, Rita Rocha e Marina Almeida.
Richard Zimler
(escritor)
Ia a passar na Rua Júlio Dinis, no Porto, quando vi uma multidão num café especada diante de um televisor a um canto. Imaginei que devia ser um desafio de futebol. Mas pela montra consegui ver o topo das Twin Towers de Nova Iorque envoltas em chamas e lançando para o céu nuvens densas de um fumo cinzento. Precipitei-me para o interior. Parecia ficção científica – absolutamente impossível. Então umas das torres desabou. Tive a impressão de que todas as pessoas à minha volta se afastavam de mim e se diluíam. A minha experiência dizia-me que estava prestes a desmaiar. Sentei-me com a cabeça nos joelhos. Não queria chorar. Mas chorei. Também não queria que me vissem, e por isso mantive-me com a cabeça baixa.
Quando senti a tontura diminuir, sentei-me e bebi um copo de água. Estava gelado. Um homem na mesa ao lado reconheceu-me e sorriu. Reconheci-o também – Germano Silva. Era um jornalista e historiador que uma vez me entrevistara. Veio ter comigo e sentou-se à minha mesa. Falámos uns minutos, pois ele lembrou-se de que eu era de Nova Iorque, mas não consigo lembrar-me de uma única palavra da nossa conversa. Quando consegui levantar-me, precipitei-me para chamar um táxi e fui ao gabinete de Alex (Alexandre Quintanilha). Estava numa reunião, mas saiu para me dar um abraço. Lembro-me do cheiro dele – o cheiro de todos os anos que passámos juntos. Depois sentei-me à secretária dele. Surpreendentemente, consegui ligar para a minha mãe de imediato. Estava à espera de a encontrar histérica, mas estava calma, com uma incredulidade estupefacta.
Passei os dias que se seguiram a trocar e-mails com amigos do liceu e da universidade, com o meu agente literário e editores, com vizinhos da minha mãe, e com toda a gente de quem me lembrava em Nova Iorque. Felizmente, todos os meus conhecidos estavam bem. Passei a maior parte do tempo diante da televisão a ver a CNN e a Sky News.
Das páginas de À Procura de Sana, este texto é publicado no Sound + Vision com a autorização do autor
Rita Rocha
(Agência Lusa)
O dia 11 de setembro de 2001 era só mais um dia na redação. A manhã foi calma e ainda deu para ir almoçar. Recebi um SMS urgente que dizia "um avião chocou contra uma torre gémea em Nova Iorque". E foi aí que começou o desenrolar dos acontecimentos. Trabalhava no Diário Digital e não se conheciam os limites da Internet. Só nesse dia se percebeu como o mundo a bloqueou. Todos queriam saber o que se passava. Desde a CNN, à BBC e ao nosso site, tudo ficou bloqueado. Era maior a procura que a oferta. Os servidores não aguentavam tanto pedido. E ao mesmo tempo que a segunda torre caía, a Internet crashou. Nesse dia, aprendeu-se a desenhar site minimalistas em segundos para continuar a disponibilizar a informação. E foi assim a tarde inteira. O coração nas mãos. Só no fim do dia me apercebi o que realmente estava a acontecer e a dimensão do atentado. Porque a minha maior urgência era conseguir que os leitores tivessem acesso às notícias.
Marina Almeida
(jornalista do DN)
Estava de férias numa ilha que não era deserta. Mas naquele dia, 11 de Setembro de 2001, senti-me no canto mais recôndito do mundo. Foi exactamente quando, ao fim do dia, liguei o telemóvel e recebi o sms: "o mundo está um caos. aviões contra wtc ny". Não percebi nada. Reli. Primeiro em voz baixa, depois em voz alta. Tinha passado o dia na praia, fora do mundo ("um dia de férias a sério", posso ter comentado com a amiga com quem estava). Quando vi o sms, por um segundo pensei que era uma brincadeira. Mas foi apenas um segundo. Seguiram-se outros sms. Foi quando precisei de saber do mundo, que mundo era aquele que estava lá fora, no outro lado daquele mesmo oceano. Procurámos respostas uma na outra mas não as tínhamos. Não tínhamos internet nem televisão. Talvez tenhamos ligado para Lisboa e alguém nos tenha dito o que se estava a passar há horas no mundo. Talvez, sim. Mas talvez tenhamos pensado que era exagero, que não era possível. Que tínhamos que ver. Descemos à sala de televisão do aparthotel. E ficámos uns bons minutos especadas a ver as imagens e a tentar perceber o que se passava. O dito aparthotel estava cheio de alemães e holandeses, que tinham a única televisão em canais que não conseguíamos ler. Apenas ver. Uma e outra vez. Aviões contra prédios, chamas, fumo, pó, pessoas a correr. E outra vez.
Estavam dezenas de pessoas na sala mas ninguém falava. Olhávamos, em silêncio, as imagens. Ouvíamos os sons. Entrámos e saímos em silêncio. Uma homilia à incredulidade.
A visão de Steve Reich
Uma peça de Steve Reich que evoca os dez anos do 11 de Setembro de 2001, surge aqui em gravação pelo Kronos Quartet. A WTC 9/11 juntam-se ainda as mais canónicas Mallet Music e Dance Patterns. A edição é assegurada pela Nonesuch Records.
Não é a primeira vez que Steve Reiche reflecte, através da música, sobre os grandes acontecimentos no mundo ao seu redor. Fê-lo, por exemplo, em Different Trains, obra que cruzava memórias dos dias em que viajava de comboio entre pais separados, da costa Leste para a Costa Oeste, numa mesma altura em que, no Leste europeu, muitos outros da sua idade eram conduzidos, a bordo de outros comboios, diferentes, das suas casas para os campos de extermínio. Mais tarde, através de Three Tales, construiu um tríptico em torno de grandes calamidades criadas pelo avanço da ciência, passando pelo desastre do grande dirigível Hidenburg, as experiências atómicas no atol de Biklini ou a clonagem que gerou a ovelha dolly... Mais recente são as chamadas Daniel Variations, obra que homenageava a figura de Daniel Pearl, jornalista americano morto por terroristas em 2002... Não é por isso surpresa total a presença de uma obra que evoca o 11 de Setembro de 2001 na sua carteira de novos trabalhos. Encomendada por uma série de instituições, entre as quais o Barbican Centre, o Carnegie Hall, a Philharmonic Society of Orange County ou o National Endowment for The Arts, WTC 9/11 foi estreada em Março deste ano pelo Kronos Quartet, que agora surge na sua primeira gravação em disco. Com perto de 15 minutos de duração, a peça junta ao quarteto de cordas uma série de registos vocais, entre sons captados no próprio dia 11 de Setembro de 2001 e outros, resultantes de entrevistas gravadas pelo próprio compositor em 2010. Memórias reais, palavras, expressões, definem o tutano das memórias que a música envolve, ora imitando as falas ora encontrando o cenário que as arruma. De certa forma Steve Reich encontra aqui um patamar de absoluta maturidade de uma linguagem que começou a dar primeiros passos em peças de manipulação vocal em meados dos anos 60 e, mais tarde, assimilou as gravações de voz humana entre um quadro instrumental variado. WTC 9/11 é uma das mais interessantes das composições mais recentes de Steve Reich e mais uma expressão de uma capacidade da arte em reflectir o mundo presente, real e concreto que nos envolve. O disco nasceu com uma polémica lançada em seu redor por causa de uma capa original, que mostrava as Torres Gémeas durante o ataque... Retirada essa capa, o disco apresenta-se agora com a imagem que abre este post.
Dez anos depois
| Courtesy of the Prints and Photographs Division. Library of Congress |
Lembro-me da cicatriz que o chão ainda mostrava quando ali regressei pela primeira vez depois do dia que tinha levado o mundo a olhar para as duas torres que moravam quase no topo sul de Manhattan. Era um enorme buraco, paredes tapadas a betão, rampas do chão até lá mais abaixo. Em volta um gradeamento, com a história daquele dia contada entre palavras e imagens. Para não esquecer.
Lembro-me também de, anos antes, ter subido ao observatório no 107º andar de uma das duas torres. Sem sequer imaginar que um dia aquele lugar mais alto da cidade seria apenas memória. Lembro-me até de ter bebido uma bebida, daquelas em lata, glub, glub, glub, a matar a sede a contra-relógio antes de entrar para o elevador para descer à superfície. E de ter sentido um mal estar no estômago após a rápida viagem de mais de 100 andares... A inércia, o conceito que se ensina nas aulas de física e parece coisa abstracta, tinha ali uma demonstração bem real... E, além das fotografias, dos olhares lançados à distância, é a única memória que guardo dessa única vez que subi as Torres Gémeas...
2001...
Era hora de almoço. Bom, num jornal diário as “horas” de almoço variam consoante os hábitos (e o trabalho). Era por isso hora de almoço para muitos, mas na redacção do DN ainda se fechava a manhã, preparando a tarde de trabalho. Alguém chama atenção para um dos vários ecrãs de televisão espalhados pela sala. Que acidente mais impossível de imaginar... Como é que um avião vai embater com um prédio? Sobretudo com o rio ali ao lado... A verdade é que, incrédulos, olhávamos para as torres do World Trade Center... E é nesse momento que lembro as primeiras palavras a falar de terrorismo. Ao meu lado o Eurico [de Barros] dizia “isto não foi um acidente”... O segundo avião que, em directo, vimos pouco tempo depois a embater na outra torre deu-lhe imediata razão.
Mal se almoçou... Vivemos o dia colado aos ecrãs, o jornal inteiro deu uma reviravolta, houve sites que reduziram a existência a uma home page onde nada mais se informava senão as últimas notícias de Nova Iorque, de um terceiro avião que caíra em Washington, mais um quarto que se despenhara na Pensilvânia... Mal houve tempo para fazer silêncio e pensar. Na verdade só dei por mim, já sem a necessidade de olhar para o relógio na manhã seguinte, o jornal já impresso nas mãos. E, na primeira página uma única palavra: “guerra”.
| Fotos N.G. |
Este ano voltei ao “ground zero”. Onde havia apenas um vazio no chão agora vemos algo novo a nascer. Há edifícios a crescer, alguns já com valentes andares acima do chão... A história do que aconteceu há dez anos não se conta mais em volta da obra, mas num espaço ali em volta. Ainda há quem pare para olhar. Mas, e tal como uma ferida, a cidade recuperou. Não esqueceu. Mas refez-se. E vive de novo.
sexta-feira, setembro 09, 2011
Um palco com história
É uma das mais célebres salas de concertos do mundo e também um dos mais conhecidos recintos desportivos dos EUA. Sala multi-usos, o Madison Square Garden mora na 8ª avenida, entre as ruas 31 e 33 e fica directamente sobre a Pennsylvania Station (uma das principais estações ferroviárias de Nova Iorque). Foi ali inaugurada em 1968, mas na verdade corresponde já ao quarto local de residência deste espaço. Nos concertos a capacidade máxima da sala atinge os 20 mil espectadores. Mas há eventos de wrestling que ali levam mais de 22 mil espectadores.
quinta-feira, setembro 08, 2011
Uma ponte na rua 59
Pode não ser a mais conhecida das pontes nova-iorquinas, mas é das que mais expressão tem entre canções, filmes e livros. Ligando Manhattan a Long Island, via Roosevelt Island, a Ed Koch Queensboro Bridge, marca presença na célebre imagem do filme Manhattan, de Woody Allen. E é esta a ponte de que se fala em The 59th Street Bridge Song (Feelin' Groovy), canção de 1966 da dupla Simon & Garfunkel.
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