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domingo, janeiro 20, 2019

Do poeta para a poetisa



Poema para a Sofia Andresen (assim o intitulou o autor)

Não sei porque floriram no meu rosto
os olhos e os rostos que há em ti.
Floriram por acaso, ao sol de agosto
sem mesmo haver agosto ou sol em mim.
Não sei porque floriram: se o orvalho as queima
(Ponho as mãos nos olhos para os proteger!)
Tão estranho! florirem no meu rosto
olhos e rostos que não posso ver.

Eugénio de Andrade, Fevereiro de 1946

Na foto: Agustina Bessa-Luís, Sophia de M. B. Andresen e Eugénio de Andrade
Foto e poema surripiados aqui

Eugénio de Andrade nasceu há 96 anos (19 de Janeiro de 1919).



sexta-feira, julho 20, 2018

O tempo voa


Há cinco anos, apanhada a fotografar pormenores no castelo de Bragança.

sábado, junho 16, 2018

Maravilha


Surripiada do mural de Facebook do amigo Eduardo Barrento.

terça-feira, março 27, 2018

Luz e sombra


Fan Ho, "Approaching shadow", Hong Kong 1954

quarta-feira, dezembro 13, 2017

Como se fossem líquidos


Robert Doisneau, "La première maitresse"

«Os dias deslizam como se fossem líquidos. Não tenho mais cadernos onde escrever. Também não tenho mais canetas. Escrevo nas paredes, com pedaços de carvão, versos sucintos. Poupo na comida, na água, no fogo e nos adjetivos.»

in Teoria Geral do Esquecimento

Do José Eduardo Agualusa, que hoje está de parabéns.


sábado, novembro 25, 2017

sexta-feira, setembro 15, 2017

quinta-feira, abril 27, 2017

Vã tentativa

No mês passado, ocorreu-me escrever um conto infantil. Depois de várias tentativas, resultou uma narrativa incompleta.
Se alguém tiver paciência para ler...

O lápis que queria mudar de nome


Imagem de Robert Doisneau

        - Pareces um pouco infeliz, lápis.
            - Oh... Afia, tu também falas? Há dias que me perguntava, fechado neste estojo estreito, apertado entre todo o material de escrita e desenho, se seria o único capaz de falar.
            - Todos falamos, mas, como foste o último a chegar e nos pareceste triste, ficámos mudos, sem saber o que te dizer.
            - Ah, assim fico mais feliz. As conversas convosco poderão, certamente, ser mais divertidas. Na fábrica onde nasci, tudo era monótono. Os lápis eram todos iguais a mim, tinham o mesmo nome, o mesmo tamanho e as mesmas cores. Por que raio não têm os lápis nomes como as pessoas ou os cães? Na caixa onde me embalaram na fábrica e na prateleira da papelaria onde me puseram à venda, todos tinham, como eu, o nome de HB, e todos estávamos pintados de amarelo e preto com o topo vermelho.
            - Olha lá, HB... Hummm... Gosto do teu nome! Bem, ia perguntar-te se todos os HB que conheces têm essas características. – quis saber a esferográfica azul.
            - Percebi, quando, na papelaria, se enganaram na prateleira, que há HB vestidos de outras cores e que alguns têm no topo uma borracha. Pergunto-me: quem quer uma borracha no topo? Lápis e borrachas não serão inimigos? Como pode um lápis conviver intimamente com uma borracha que fica feliz quando apaga o que o lápis escreve?
            - Vê as coisas pelo lado positivo. As borrachas, por vezes, apagam para aperfeiçoar o trabalho dos lápis, para os obrigar a serem mais exigentes consigo próprios.
            - Talvez tenhas razão... não tinha pensado nisso. Esta conversa começa a ser produtiva.
            - Imagino, HB, que ser aparado pelo afia seja bem pior do que ver o trabalho apagado pela borracha...
            - Na verdade, Esferazul... Posso chamar-te assim?
             - Claro! Nunca ninguém me tinha dado um nome tão simpático. Até fico comovida.
            - Na verdade, como estava a dizer, por vezes, até se torna divertido, porque me faz cócegas. Não imaginam como é difícil não desatar às gargalhadas. Chego até a esquecer-me de que vou ficar mais pequeno.
            - Gostas do nosso dono? – perguntou a borracha que, até então, tinha estado calada.
            - Sim, bastante. Ainda o conheço há pouco tempo, mas já percebi que é um miúdo cuidadoso e com muita imaginação. Como tenho o hábito de deslizar suavemente pelo papel, prefere-me a outros lápis.
            Fico feliz quando ele me aperta entre os dedos e começa a inventar histórias de aventuras com personagens fantásticas ou quando descreve os lugares que conheceu ou para onde gostaria de viajar.
            Quando fica pensativo, costuma levar-me à boca e apertar-me entre os dentes. Felizmente, fá-lo sem me apertar. Estão as ver estar marcas no meu corpo? Nem que quero lembrar do dia em que isto me aconteceu.
            O miúdo deixou-me, durante alguns minutos, pousado na mesa da sala. Bastaram uns segundos para que eu rolasse para o chão. A queda foi emocionante, como foi bom ter caído em cima do tapete fofo, mas, de repente, senti-me preso. Teria sido o meu fim, se o miúdo não tivesse gritado «Nero, seu safado, larga o lápis, vais estragá-lo!». Assim, fiquei apenas com umas marcas.
            Já dei conta, porém, que não sou grande ajuda nos problemas de Matemática. O miúdo passa o tempo a pedir ajuda à borracha, para apagar o que eu escrevo. Ela é que se diverte! Percebe-se que ele prefere escrever histórias e desenhar. Ah! Vós não imaginais como fico feliz quando ele pega em mim para desenhar! Há dias, desenhou a paisagem que vê da janela do quarto. Soube-o porque a irmã lhe perguntou o que estava a fazer.
            Nesta família todos parecem gostar de mim. O pai, quando me vê por perto, serve-se de mim para fazer as palavras cruzadas do jornal. Graças a isso, vou adquirindo algum vocabulário.
            Ainda ontem, a mãe me usou para passar para um caderno uma receita que viu num programa de televisão. Até eu, que não preciso de comer, fiquei com água na boca!
            Uma destas noites, quando já todos dormiam, fui, de certa forma, confidente da irmã. Soube, porque ela escreveu uns desabafos num caderninho de capa dura e de elástico que tirou da carteira, que estava magoada com alguém. Fiquei comovido, palavra que fiquei comovido! Não gosto de histórias tristes. Deliro com aventuras ou com situações divertidas, mas abomino histórias tristes. Deixam-me deprimido.


...

segunda-feira, fevereiro 27, 2017

Poema quotidiano



Imagem de Jamie Heiden

É tão depressa noite neste bairro 
Nenhum outro porém senhor administrador 
goza de tão eficiente serviço de sol 
Ainda não há muito ele parecia 
domiciliado e residente ao fim da rua 
O senhor não calcula todo o dia 
que festa de luz proporcionou a todos 
Nunca vi e já tenho os meus anos 
lavar a gente as mãos no sol como hoje 
Donas de casa vieram encher de sol 
cântaros alguidares e mais vasos domésticos 
Nunca em tantos pés 
assim humildemente brilhou 
Orientou diz-se até os olhos das crianças 
para a escola e pôs reflexos novos 
nas míseras vidraças lá do fundo 

Há quem diga que o sol foi longe demais 
Algum dos pobres desta freguesia 
apanhou-o na faca misturou-o no pão 
Chegaram a tratá-lo por vizinho 
Por este andar... Foi uma autêntica loucura 
O astro-rei tornado acessível a todos 
ele que ninguém habitualmente saudava 
Sempre o mesmo indiferente 
espectáculo de luz sobre os nossos cuidados 
Íamos vínhamos entrávamos não víamos 
aquela persistência rubra. Ousaria 
alguém deixar um só daqueles raios 
atravessar-lhe a vida iluminar-lhe as penas? 

Mas hoje o sol 
morreu como qualquer de nós 
Ficou tão triste a gente destes sítios 
Nunca foi tão depressa noite neste bairro 

Do poeta Ruy Belo, que nasceu num dia 27 de Fevereiro (1933)

quarta-feira, fevereiro 08, 2017

Amar perdidamente

Hoje fomos, de novo, conviver com os "menos jovens". Levámos amor em palavras e música. Falámos de cartas de amor ridículas, procurámos uma definição para o amor, quisemos amar perdidamente e demos um cravo e um lenço, e quase o coração, a um rapaz que passou. Em troca, recebemos relatos sobre o amor e o namoro noutros tempos.
Na assistência, havia um casal a caminho dos 100 anos - ele 95, ela 97. «Sabe, casámos em 1945, quando eu voltei da tropa.» - disse ele. «E fomos sempre felizes, com a graça de Deus,», acrescentou ela, orgulhosa. Apesar das diferenças físicas e culturais não pude deixar de me lembrar de uma foto vencedora do WorldPress Photo, que mostra o coreógrafo russo Igor Moiseyev (1906-2007) e a esposa no dia em que ele completou 101 anos.


Foto de Vladimir Vyaktin

domingo, novembro 27, 2016

Sensação de paz


Na sala, todos trabalham em silêncio. Através dos vidros simples das janelas corridas, ocultas por estores de lâminas, chega o som persistente da água que corre pelas caleiras. 
No exterior há um pátio, pequeno e quadrado, no centro do qual, a exceder o telhado, uma conífera, talvez um cedro, se exibe frondosa e digna na sua verticalidade. São agora mais intensos o verde e o perfume resinoso, depois da chuva, que continua a despenhar-se do céu, numa cadência regular, desde a tarde do dia anterior. 
O som da chuva não perturba o trabalho, parece, antes, ser música que embala e concentra. A temperatura do interior aprimora a sensação de paz.

quarta-feira, setembro 28, 2016

Apontamentos fotográficos




Brincadeiras com os objectos, a fruta, a planta, a infusão para o licor de folha de figueira e, até, com o pó!

quinta-feira, setembro 15, 2016

Recomeço

... com chuva.


Robert Doisneau, "Les écolières", Alsácia, 1945

(Imagem surripiada do mural de uma amiga)

quarta-feira, março 16, 2016

Black coffee




Brincadeiras com a máquina...

segunda-feira, março 14, 2016

Experiências


Quando peguei no bule para verter o chá para a caneca, lembrei-me de brincar com a máquina e de experimentar uma técnica que, ao que parece, designam de "flat lay"... A foto ficou longe de ser uma imagem artística, mas o chá, de rooibos e baunilha, soube-me bem. :)

domingo, março 06, 2016

Fotografar

Fotografar não é apenas um exercício de paciência. Pode ser também um processo de descoberta e um teste à nossa capacidade de inventar e de nos excedermos. Apuramos o olhar e os sentidos, sobretudo de equilíbrio e de estética. Quando fotografamos, obrigamo-nos a encontrar beleza até nas coisas mais prosaicas e aparentemente insignificantes. Estudamos enquadramentos, distâncias, velocidades, graus de luminosidade, com o propósito de fazermos imagens que nos agradem e que possam agradar a outros. Neste sentido, fotografar resulta igualmente numa forma de mascarar a realidade e de iludir. Diria também que fotografar é, em certa medida, um exercício de meditação. Enquanto centramos a atenção no alvo do nosso disparo, abstraímo-nos de tudo o resto à volta. Nesse momento, acontece uma comunhão silenciosa a três: nós, o objecto a fotografar e a máquina.

Ontem, durante a manhã e parte da tarde, participei num workshop de fotografia. Depois de uma breve abordagem teórica, saímos para fotografar e aplicar conhecimentos. Durante mais de uma hora, percorri algumas ruas, apontando a máquina para os objectos que antes estudei com o olhar. Aos poucos, fui descobrindo, em espaços que me são familiares, pormenores que me tinham escapado e, por momentos, tive a sensação de estar numa cidade diferente e nova.






segunda-feira, fevereiro 08, 2016

domingo, janeiro 31, 2016

Sítio dos Falcões



Este fim-de-semana, tive a sorte de rever este vídeo, desta vez apresentado pelo autor das fotos, o Eduardo Barrento, na 6.ª edição do CinclusFest, um evento que decorreu em Vouzela. Além de ter sido um dos palestrantes, o Eduardo foi o vencedor da categoria geral, Fotógrafo de Natureza do Ano, e da categoria "Fauna" do concurso promovido pela Generg.

Embora não passe de uma perfeita amadora no que toca à fotografia, foi um prazer ter assistido às palestras, que aconteceram durante todo o fim-de-semana e que foram da responsabilidade de pessoas que, além de magníficos fotógrafos, são bons oradores.

sábado, janeiro 23, 2016

Fotografia

«Entre las muchas maneras de combatir la nada, una de las mejores es sacar fotografías, actividad que debería enseñarse tempranamente a los niños pues exige disciplina, educación estética, buen ojo y dedos seguros.»
Julio Cortázar


(A minha sobrinha mais velha a fotografar livros voadores, na Rua das Flores, no Porto)
                                                                                                                                             

terça-feira, dezembro 15, 2015

Mar


(Praia do Norte, Nazaré)

Há amigos que fazem maravilhas...