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quarta-feira, dezembro 18, 2019

Memórias

Porque o Natal também se faz de boas memórias... 

Tu ignoras esse Natal
que persiste na minha memória
e me aconchega.
Falo desse Natal que é ainda o meu avô
a abrir a porta que dava para o cortinheiro
às manhãs frias.
Ou um santo António
a assomar numa nota de vinte escudos,
a cor e o aroma das tangerinas
e das laranjas, que se ofertavam ao menino.
O Natal em que a roupa dormia, gelada,
no estendal da varanda,
a chama e o calor da fogueira que procurávamos
depois da missa do galo, quando as luzes da aldeia
se apagavam.
Os almanaques do tio, o arroz doce da tia,
que repousava na sala que só se abria
para as visitas em dias de festa.
Foi num desses natais
que recebi o meu primeiro relógio.
A partir de então,
aprendi a voracidade das horas,
o efeito corruptor do tempo,
deep, dezembro de 2013

sábado, dezembro 16, 2017

Ofertas


Um presépio em origami, que é, ao mesmo tempo, cartão de Boas Festas e íman. Feito e oferecido pela mana.

domingo, dezembro 03, 2017

Memórias do frio

Em repetição por aqui, porque Dezembro não é apenas o Natal e todo o consumismo inerente. Dezembro é, mais do que isso, as memórias do frio, dos gestos pequenos que enchiam o coração e das pessoas cuja presença serena nos abraçava.



Tu ignoras esse Natal
que persiste na minha memória
e me aconchega.

Falo desse Natal que é ainda o meu avô
a abriràs manhãs frias, a porta
que dava para o cortinheiro*.

Ou um santo António
a assomar numa nota de vinte escudos,
a cor e o aroma das tangerinas
e das laranjas, que se ofertavam ao menino.

O Natal em que a roupa dormia, gelada, 
no estendal da varanda,
a chama e o calor da fogueira que procurávamos
depois da missa do galo, quando as luzes da aldeia
se apagavam.

Os almanaques do tio, o arroz doce da tia,
que repousava na sala que só se abria
para as visitas em dias de festa.

Foi num desses natais
que recebi o meu primeiro relógio.

A partir de então,
aprendi a voracidade das horas, 
o efeito corruptor do tempo.

deep, Dezembro de 2013

*quintal

quinta-feira, dezembro 29, 2016

Luzes


Piódão


 Viseu

quinta-feira, dezembro 15, 2016

Memórias de Natais passados


(Um dos "bonecos" da minha irmã)

No meu tempo (já pareço uma velhota a falar!), o Natal era ainda uma festa exclusivamente religiosa. Não se ouvia falar de Pai Natal, nem de renas. Os presentes, por aqui muito modestos, eram colocados pelos pais, na madrugada do dia 25, junto aos sapatos, que deixávamos estrategicamente aos pés da cama, crentes de que o Menino Jesus viria enquanto estivéssemos a dormir.
Nos natais que recordo, as manhãs eram geladas - nas casas, a única fonte de calor era a lareira - e não fosse a ansiedade de desembrulhar os presentes, o frio era mais do que pretexto para preguiçarmos mais um pouco na cama, até que os apelos da mãe se transformassem em ameaça. Na noite de consoada,comia-se - e ainda se come - polvo e bacalhau cozidos, acompanhados de couve, rábanos e batatas e das iguarias doces que são comuns a quase todo o país.
Nesse tempo da infância, Natal sem Missa do Galo não era Natal. Havia no ritual de sair a desoras de casa e de regressar às escuras - nas aldeias, a iluminação pública estava ligada apenas até à meia-noite ou uma hora - uma cumplicidade ímpar. Na igreja, entoavam-se cânticos próprios da época, beijava-se o Menino, a quem se oferecia, simbolicamente, laranjas (que algumas crianças mais pobres recebiam também no sapatinho como presente). O presépio, como hoje ainda acontece, era feito com musgo e um zimbro no lugar do tradicional pinheiro.
Quando se saía da igreja era quase uma obrigação parar algum tempo ao pé da imponente fogueira, alimentada por gigantescos troncos (de castanheiro, a maior parte), que os rapazes, com grande orgulho, acarretavam em carros de bois.
Mas o melhor do Natal era, então, o reencontro com a família, o hábito - que ainda mantemos - de andarmos, em bando, de casa em casa, a desejar Boas Festas e a provar o fumeiro.
Confesso que me desgosta um pouco o consumismo que actualmente se associa ao Natal, e a que eu própria não consigo fugir. Não me choca que pessoas que afirmam convictamente a sua anti-religiosidade - eu própria, a esta altura, talvez seja cátólica mais por tradição do que por Fé - celebrem o Natal, porque este já assumiu o estatuto de festa universal, que excede as barreiras da crença. Usarmos o Natal como pretexto para estarmos juntos é razão mais do que válida para o celebrarmos, ainda que pareça haver alguma incoerência nessa celebração.

segunda-feira, dezembro 12, 2016

Não digo do Natal


Não digo do Natal – digo da nata
do tempo que se coalha com o frio
e nos fica branquíssima e exacta
nas mãos que não sabem de que cio

nasceu esta semente; mas que invade
esses tempos relíquidos e pardos
e faz assim que o coração se agrade
de terrenos de pedras e de cardos

por dezembros cobertos. Só então
é que descobre dias de brancura
esta nova pupila, outra visão,

e as cores da terra são feroz loucura
moídas numa só, e feitas pão
com que a vida resiste, e anda, e dura.

Pedro Tamen, 'Antologia Poética'

sexta-feira, dezembro 09, 2016

domingo, dezembro 27, 2015

Fogo



Na tarde do dia 24, alguns rapazes da aldeia transportaram,com a ajuda de um tractor e de uma retro, um magnífico tronco de castanheiro, que foi a estrela da fogueira de Natal. O esforço e o orgulho com que o transportaram lembrou-me o transporte da pedra em O Memorial do Convento, de José Saramago.

Presépios

´
Nunca tive intenção de ter uma colecção, mas, aos poucos, entre compras e ofertas (quase todos), cheguei à dezena. 

quarta-feira, dezembro 23, 2015

domingo, dezembro 20, 2015

Pequenos prazeres



A aproximação do Natal é sempre um bom pretexto para um jantar entre amigos. Este estava delicioso, mas mais importante do que o jantar, para o qual todos contribuímos, foram o convívio, a boa disposição e o companheirismo. No regresso a casa, uma chuva morna pareceu trazer mais brilho à noite.

sexta-feira, dezembro 11, 2015

Um abraço

Gostava que, neste Natal, trouxesses um abraço. Um abraço grande e forte que durasse, pelo menos, até ao próximo Natal. Como vês, não sou exigente.

domingo, dezembro 22, 2013

Wish you were here



Há pessoas que gostaríamos de ter connosco, não apenas no Natal, mas sempre e cuja partida nos deixa tristes, senão para toda a vida, pelo menos por muito tempo. Esta música lembra-me inevitavelmente uma das pessoas mais importantes da minha vida, que partiu há pouco mais de dois anos. Ela era uma das pessoas mais generosas que conheci e, seguramente, a minha maior confidente - quando estávamos juntas, as nossas conversas podiam durar madrugadas inteiras e as nossas cartas nunca tinham menos de oito páginas. Com ela, passei alguns dos melhores momentos, sobretudo na adolescência. Houve uma noite de verão, no Algarve, em que ouvimos repetidamente esta música, até conseguirmos registar toda a letra. 
Só me ocorre acrescentar: "Wish you were here!".

Prelúdio de Natal

Tudo principiava
pela cúmplice neblina
que vinha perfumada
de lenha e tangerinas

Só depois se rasgava
a primeira cortina
E dispersa e dourada
no palco das vitrinas

a festa começava
entre odor a resina
e gosto a noz-moscada
e vozes femininas

A cidade ficava
sob a luz vespertina
pelas montras cercada
de paisagens alpinas

David Mourão-Ferreira

sábado, dezembro 21, 2013

Tu ignoras esse Natal

Tu ignoras esse Natal
que persiste na minha memória
e me aconchega.

Falo desse Natal que é ainda o meu avô
a abrir a porta que dava para o cortinheiro
às manhãs frias.

Ou um santo António
a assomar numa nota de vinte escudos,
a cor e o aroma das tangerinas
e das laranjas, que se ofertavam ao menino.

O Natal em que a roupa dormia, gelada, 
no estendal da varanda,
a chama e o calor da fogueira que procurávamos
depois da missa do galo, quando as luzes da aldeia
se apagavam.

Os almanaques do tio, o arroz doce da tia,
que repousava na sala que só se abria
para as visitas em dias de festa.

Foi num desses natais
que recebi o meu primeiro relógio.

A partir de então,
aprendi a voracidade das horas, 
o efeito corruptor do tempo.

deep, há minutos

sexta-feira, dezembro 20, 2013

Quando um homem quiser


Desejo, a todos quantos ainda me visitam, um Natal Feliz e, sobretudo, um 2014 pleno de momentos felizes.

quarta-feira, dezembro 18, 2013

Fairytale of New York

Depois de tantos anos, continuo a adorar isto.

quinta-feira, dezembro 12, 2013

Ainda o Natal


Hoje recebi o primeiro - e, suspeito, único - cartão de Boas Festas. Actualmente, é tão raro encontrarmos na caixa do correio cartas de amigos ou de familiares, que não podemos deixar de ficar felizes quando encontramos uma.
O cartão foi escrito pelo J., um amigo que vive no litoral, que não vejo há aproximadamente um ano, mas com quem falo ao telefone quase todas as semanas. O J., que não tem facebook, nem visita blogues, é adepto de uma boa conversa, como é grande apreciador de música e de poesia, ainda que a sua área de formação inclua bichos e plantas. Temos em comum a preferência por Álvaro de Campos.
Conheci o J. no meu local de trabalho há mais de quinze anos e, desde então, não deixámos de estar ligados, apesar de vivermos longe e de termos formas diferentes de estar na vida e opiniões divergentes sobre certos assuntos.
O J. não só optou por viver sozinho, como quase invariavelmente passa as épocas festivas sem companhia, ainda que alguns familiares e amigos, entre os quais eu própria, o convidem para as suas casas. Por esse motivo e porque somos amigos desde que nos conhecemos, no Natal e na passagem de ano nunca deixamos de telefonar e, sempre que se proporciona, prolongamos a conversa até baterem as doze badaladas.

quarta-feira, dezembro 11, 2013

Natal





Ainda que, nestes dias, o trabalho seja muito e as reuniões se multipliquem, tenho ocupado o pouco tempo livre a preparar a casa para o Natal e a confeccionar alguns presentes - tudo muito simples, visto que não sou propriamente uma rapariga prendada.

sexta-feira, dezembro 23, 2011