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segunda-feira, janeiro 29, 2018

Tanta gente


Caspar David Friedrich, Caminhante sobre o mar de névoa (1818)

«Todos estamos sozinhos, Mariana. Sozinhos e muita gente à nossa volta. Tanta gente, Mariana! E ninguém vai fazer nada por nós. Ninguém pode. Ninguém queria, se pudesse. Nem uma esperança.»

Maria Judite de Carvalho, Tanta gente, Mariana

domingo, novembro 12, 2017

Produção caseira

Sós, eternamente

Estamos sós.
Não o negues.
Os amigos chegam,
ruidosos e afáveis,
com risos e migalhas de tempo.
Partilham memórias de infância,
alegrias e angústias presentes.
Ofertam fruta e compotas.
Sentam-se à nossa mesa
para brindar ao amor ou à vida.
A felicidade em fatias.
Chegada a noite, recolhem escombros
e partem.
Sós. Eternamente.

Como nós.

deep, (talvez) Setembro de 2017

quarta-feira, novembro 16, 2016

Hotel room

Dá-se conta de que, à sua volta, há outras mulheres sós. 
Não raras vezes, dá consigo a perguntar-se: se o aspecto físico é, como muitas vezes lhe ocorre, um factor determinante para atrair o sexo oposto, como justificar que algumas dessas mulheres que, além de bem sucedidas profissionalmente, inteligentes e cultas, são fisicamente elegantes e preocupadas com a imagem, continuem sós, aparentemente irremediavelmente sós?

Continuação de uma "historieta" que teve o último "take" aqui.



Edward Hopper, "Hotel room"
.

sexta-feira, março 04, 2016

How to fight loneliness?

... sobretudo aprendendo a valorizar a nossa própria companhia.

segunda-feira, novembro 04, 2013



Mau é quando a sentes como algo de irremediável, como uma presença negra que te ensombra o olhar e te oprime os gestos, como uma doença que te devora as entranhas e a vontade. Ou como a corrente bravia de um rio que te vai afastando dos outros. Talvez sejam só o outono, a chuva e o frio a pregar partidas...

sábado, outubro 19, 2013


Hoje deitei-me ao lado da minha solidão.
O seu corpo perfeito, linha a linha,
derramava-se no meu, e eu sentia
nele o pulsar do próprio coração.

Moreno, era a forma das pedras e das luas.
Dentro de mim alguma coisa ardia:
a brancura das palavras maduras
ou o medo de perder quem me perdia.

Hoje deitei-me ao lado da minha solidão
e longamente bebi os horizontes.
E longamente fiquei até sentir
o meu sangue jorrar nas próprias fontes.

Eugénio de Andrade, As mãos e os frutos

Imagem de Erika Hopper

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Volto, após mais de 15 anos, a Morte em Veneza de Thomas Mann, sem qualquer motivo - óbvio- especial:
As observações e as vivências do solitário silencioso são simultaneamente mais vagas e mais intensas do que as daquele que está em sociedade, os seus pensamentos são mais pesados, estranhos e nunca isentos de um laivo de tristeza. Imagens e percepções que facilmente seriam marginalizadas por um olhar, um riso, uma troca de impressões, ocupam-nos mais do que é necessário, aprofundam-se no mutismo, tornam-se plenas de sentido, são sentimento, emoção, aventura. Solidão amadurece o original, cria a beleza ousada e surpreendente, o poema. Porém cria também o erro, a desproporção, o absurdo, o ilícito.