segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Um americano original

'Heavy dog kiss', 1993, escultura de Dennis Allan Oppenheim


Nasceu, em Electric City (que raio de nome!), no condado de Washington, a 6 de Setembro de 1938, e faleceu a 22 de Janeiro passado, em New York.

Foi um dos artistas conceptualistas que marcaram o seu tempo.

Dennis Allan Oppenheim.

André Gide de volta

André Gide (1869-1951), na sua casa de Paris, no final da vida (julgo que a máscara mortuária, atrás, é a de Rousseau)



A 23 do próximo mês de Fevereiro, a Editora Flammarion, Paris, lança uma biografia monumental de André Gide, escrita por Frank Lestringant.



Depois de uma permanência de mais de 50 anos no limbo/ esquecimento, o grande escritor (um dos Nobel justos), que marcou a primeira metade do século XX europeu, tem vindo a congregar as atenções da crítica e, sobretudo, dos leitores



Eu, que nunca o abandonei, desde a sua descoberta na Guarda, ainda adolescente, na saudosa Papelaria do saudoso Sr. Casimiro, e sendo o seu “Journal” meu livro de cabeceira, apressar-me-ei a encomendar a obra anunciada e apresso-me a recomendá-la, bem como a sua leitura.

Pintores portugueses

'Cabeça', c. 1910, óleo de Guilherme Santa-Rita (1889-1918)



para saber mais:

O pátio das cantigas ou a Assembleia a rir

Groucho Marx




Humor negro na AR

por Manuel António Pina




É provável que a maioria dos portugueses se tenha já apercebido de que Sócrates e o Governo PS estão inocentes de grande parte das decisões políticas que têm tomado, pois que, como o outro, "apenas cumpriram ordens", na circunstância dos "mercados" ou outra qualquer entidade a quem ninguém pode pedir responsabilidades.



Na verdade, os governos que elegemos são hoje, nas matérias decisivas de economia e finanças (e não só) que importam, meros feitores mais ou menos respeitadores e obrigados de interesses alheios, de direito e de facto, externos e internos. Por isso, promessas que façam aos eleitores em tais matérias (como a de Sócrates ainda há um mês, garantindo que "o Governo manterá 'inalteradas' as normas que enquadram os despedimentos) são necessariamente ou ingénuas ou fraudulentas



O Governo apenas cumpre, pois, ordens. Mas, já que pouco tem que pensar e decidir, exigir-se-lhe-ia talvez um pouco mais de competência e convicção na parte que lhe toca, a da justificação política das medidas que a mão invisível que governa o país lhe manda que tome.



Dizer, como Sócrates na AR, que incentivar os despedimentos diminuirá o desemprego, pois despedindo facilmente os seus trabalhadores, as empresas abrirão postos de trabalho para... outros trabalhadores, é uma solução tipicamente "marxista" (facção Groucho). Infelizmente, para muitos milhares de portugueses, será uma tragédia e não uma comédia.



transcrito, com a devida vénia, de Jornal de Notícias de 1/01/2011

domingo, 30 de janeiro de 2011

O estado da nação

Aqui está a capa mais recente do semanário inglês The Economist: ‘Os ricos e o resto”. E que imenso, incontável, desgraçado resto!...

Pintores portugueses desconhecidos

'Praia', óleo de João Vaz (1859-1931)

A palavra traída

O que vale o que se diz?


Ao princípio era o verbo. E a palavra revela e, revelando, cria.

O sentido hebraico de palavra, diverso da abstracção do “logos” grego, envolve quem a profere.

O maravilhoso Evangelho de João diz, à abertura: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava em Deus, e o Verbo era Deus”.

A palavra é sagrada.

Assim, os que iam às feiras mercavam sob palavra. Ela bastava, porque trazia consigo cada um e a honra de cada um.

Tolstoi, refere Ivan Bounine, no apaixonante ensaio “La délivrance de Tolstoi”, (l’ oeuvre éditions, 2010), escreveu, a propósito de “Guerra e Paz”: “O herói do meu livro, aquele que amo com todas as forças da minha alma e me esforcei por apresentar em todo esplendor da sua beleza é a verdade. (...) a única coisa indispensável na vida e na arte: não mentir”.

A verdade é a honra e a excelência da alma.

Se um homem acredita noutro, é porque respeita, nele, a integridade, que aponta à honradez e à virtude. Ouvindo-o e medindo as suas palavras, confia ou não confia. Apercebe-se de que o outro se apresenta ou se esconde por trás do que diz.
Durante a algazarra das eleições, quantos se fiaram do que ouviam? E, agora, são legião os incrédulos que pesam e repesam as declarações e opiniões sobre o estado do país e o correr da crise. Que verdade há nesse discurso? Tantas contradições, tantos embustes!

O descrédito da palavra alastra e separa os homens. E a pólis, a cidade, rompe-se, mutila-se, estilhaça-se, transformada em campo gretado onde vagueiam pessoas incomunicáveis e desamparadas. Ninguém acredita em ninguém. Traíram a palavra.
O homem estiola, sozinho, arde no individualismo e egoísmo estéreis, falsas tábua de salvação.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Encerra daqui a dois dias...



Pelo menos, admira o excelente cartaz, assinado por Baru, do Festival Internacional de Banda Desenhada de Angouleme (de 27 a 30 deste mês), onde poderás reconhecer, da esquerda para a direita, Franquin, Hergé, Goscinny e Hugo Prat...

Um grande artista português

Trabalho de Júlio Resende para a Manufactura de Tapeçarias de Portalegre

Abre-se a sucessão? Mubarak nomeia um vice-presidente

Mubarak nomeia Omar Suleiman, chefe da polícia secreta, vice-presidente do Egipto

para mais abra:

http://www.elpais.com/articulo/internacional/Mubarak/nombra/jefe/inteligencia/vicepresidente/Egipto/elpepuint/20110129elpepuint_7/Tes



A visão lúcida da questão tunisina

Jean Daniel: um grande humanista, um grande jornalista


Renaissance d'une nation
par Jean Daniel


1. Lorsque Rachid Ammar, chef d'état-major de l'Armée de terre, proclame qu'il est le garant de la Constitution tunisienne, c'est le destin même de la révolution qu'il contribue à façonner. Nous avons été les premiers, quand ce général a refusé de faire tirer sur le peuple, à parier qu'il serait un héros national indiscuté. La Constitution qu'il défend désignait l'actuel Premier ministre comme successeur de Ben Ali dans un gouvernement provisoire. Mais si ce Premier ministre est contesté c'est parce que trop d'anciens ministres l'entourent. Un remaniement paraît donc inévitable. C'est le moment de faire le point sur les raisons de la célébration internationale de la révolution dans un tout petit pays de la Méditerranée.


Nous sommes plusieurs, dont notamment Benjamin Stora et Abdelwahab Meddeb, à qui la révolution tunisienne a rappelé trois souvenirs historiques. D'abord, l'immolation de l'étudiant devenu marchand ambulant Mohamed Bouazizi nous rappelle à Jan Palach qui s'était lui aussi immolé à Prague avant le printemps de 1968. Insistons sur le fait que l'immolation possède une exceptionnelle charge émotionnelle car, contrairement aux attentats suicides, elle n'entraîne le massacre de personne et que l'on y meurt sans l'espérance de trouver une récompense au paradis.


C'est la détresse à l'état pur. Deuxième souvenir: le rôle décisif du chef d'état-major Rachid Ammar nous a rappelé l'insurrection des officiers portugais rebelles juste avant la révolution des Œillets en 1974. Enfin, la décision de l'Union générale des Travailleurs tunisiens d'appeler à une grève générale évoque Lech Walesa et la révolte polonaise au début des années 1980.


C'est la réunion de ces trois caractéristiques qui fait que la révolution tunisienne ne ressemble à aucune autre et il faudrait à tout prix qu'elle maintienne cette singularité. Or c'est elle qui est menacée de toute part. Un basculement dans la violence de la transition démocratique ferait sombrer la révolution tunisienne dans les convulsions qui ont trop banalement accompagné l'histoire des révolutions. Après, il est vrai, de très graves conflits, d'autres voies ont été suivies : il y a eu la transition démocratique en Espagne, après la mort de Franco, grâce à un compromis entre les franquistes et les républicains ; le pardon tolstoïen de Mandela aux racistes de l'apartheid en Afrique du Sud ; enfin, de manière peut-être plus froidement réaliste, la politique de conciliation des Algériens entre laïcs et islamistes après la tragique guerre civile des années 1990. Les Tunisiens viennent d'ailleurs de créer une commission Vérité et Réconciliation: vérité sur Ben Ali, sa famille, son clan, son appareil et ses alliés, mais réconciliation avec ceux qui n'ont fait que le subir sans trouver le courage se révolter.



2. Et c'est bien là qu'aujourd'hui le vrai problème se pose. Qui va décider du sort de la révolution ? On comprend les deux camps. D'un côté, celui des Tunisiens qui redoutent les désordres que provoquerait l'attribution de pouvoirs à des gens sans expérience et qui, par besoin de justice, voudraient en découdre avec tous ceux qui se sont compromis avec l'ancien dictateur ; de l'autre, le camp des partisans d'une rupture radicale avec tout ce qui peut rappeler l'humiliation infligée à une nation fière et cultivée par une ploutocratie de grands voyous. On comprend, certes, mais, sans prétendre donner des conseils à des hommes qui viennent de mener seuls leur révolution, on peut nourrir des espérances. Pour ma part, oui, j'aurais préféré que le gouvernement provisoire fût constitué de grands techniciens, c'est-à-dire de grands commis. Or ils ont été nombreux en Tunisie qui ont été écartés et emprisonnés par Ben Ali. Ce fut le cas de Mohamed Charfi, dont la femme Fouazi Charfi, présente dans l'actuel gouvernement, avait accompagné son mari décédé pour accomplir la première grande réforme des programmes scolaires dans le monde arabe.


Sans doute le Premier ministre a-t-il confessé la peur qu'il avait toujours eue lui-même de son président aujourd'hui déchu, et a-t-il annoncé sa décision de ne plus jouer de rôle politique après l'organisation d'une assemblée destinée à préparer les élections. Sans doute sa désignation est-elle conforme à une Constitution que l'armée s'est engagée à garantir. Mais sans un remaniement ministériel, il ne semble plus que cela soit suffisant pour le maintenir dans ses fonctions. Ses principaux ministres ont en effet été trop proches de Ben Ali, trop associés à ses forfaits. Les syndicalistes et les organisations féminines qui sont appelés à jouer des rôles d'arbitre pourront-ils avoir l'appui d'une armée devenue si populaire ? Le pire serait la permanence d'un déchirement qui transformerait une révolution exemplaire en une rébellion sans visage. Et l'on sait bien, dans ce dernier cas, qui seraient les vainqueurs: les militants les mieux organisés, les mieux embrigadés, c'est-à-dire les islamistes qui ont déjà retrouvé leurs mosquées traditionnelles. Résumons: l'ennemi de la révolution, c'est le chaos. Ceux qui sauraient le mieux en tirer parti, ce sont les islamistes. La seule force populaire capable d'assurer un ordre révolutionnaire, c'est l'armée, puisqu'elle est devenue celle du peuple.


Il faut maintenant s'attarder sur les islamistes tunisiens. La lutte contre eux, qui a été le fonds de commerce du despotisme policier de Ben Ali, si elle a remporté quelques succès rassurants au départ, a fini au contraire par les conforter sans toutefois parvenir à ébranler ce que le régime avait le mieux réussi à conserver de l'héritage de Bourguiba: l'émancipation des femmes. Pour libérer, il faut se conduire en libérateur. Or ce n'est pas un démocrate intègre qui a interdit le port du voile aux femmes tunisiennes à l'université, c'est un chef d'Etat de plus en plus saisi par la corruption. Le résultat a été que celui qui avait la réputation de pourfendre l'islamisme aura contribué en réalité à diffuser un islam de protestation, au point que l'on a vu se promener côte à côte des mères dévoilées et des filles portant le hidjab. La dictature de Ben Ali avait fini par faire apparaître l'islam, aux yeux d'un certain nombre de jeunes femmes, comme un refuge de l'honnêteté et de la vertu. Mais on ne peut exclure une baisse de prestige de l'islamisme depuis que ce sont des révolutionnaires laïcs qui ont chassé Ben Ali.


3 .Pour revenir aux caractéristiques essentielles de la révolution tunisienne, on comprend bien que, lorsqu'elles ne sont pas réunies ailleurs, la contagion n'est pas évidente. Si l'on a raison d'évoquer l'Egypte, la Jordanie ou le Yémen, il faut surtout se préoccuper des deux voisins: l'énigmatique Libye dont on n'aura jamais fini de parler et la turbulente Algérie. Deux pays détenteurs de pétrole et ménagés par les grandes puissances. En Algérie, au moins pour le moment, le problème se pose différemment. Contrairement à la Tunisie, les femmes n'y sont pas libres et la répudiation de l'épouse y est toujours possible. Mais la presse, si elle connaît de capricieuses contraintes, permet à de nombreux confrères de faire preuve d'une grande indépendance. J'ai eu l'occasion personnellement de le vérifier. Il n'y a pas de couvercle mis sur la marmite prête à exploser. Les jeunes sont proportionnellement aussi nombreux qu'en Tunisie, ils éprouvent peut-être un mal de vivre encore plus grand, mais la presse exprime souvent leur malaise. Non seulement ils n'ont pas reçu la contrainte de se taire pendant vingt-cinq ans mais leurs aînés se souviennent encore des convulsions atroces d'une guerre civile qui n'est pas si lointaine, dans la dernière décennie du siècle dernier. Ce qu'ils peuvent retenir, en revanche, de la Tunisie, c'est le bonheur de la rébellion et la contestation du pouvoir.


4. Je veux revenir maintenant sur la France, sur l'avenir des rapports franco-maghrébins et sur Sarkozy. Que l'on me permette de rappeler l'article ici publié juste après l'immolation du jeune Tunisien et pendant que s'exerçait la répression qui a tout de même fait une centaine de morts. Je parlais des trois pays d'Afrique du Nord en disant≈: « le Maghreb, c'est nous ». Je soulignais les échanges incroyablement nombreux et féconds qu'il y a entre la France, d'une part, la Tunisie, l'Algérie et le Maroc, d'autre part. Mais je constatais qu'il n'y avait qu'en France que l'on pouvait penser aux intérêts d'une entité maghrébine puisqu'entre les trois pays il n'y avait pas de rapports directs, comme l'avait constaté mon ami Habib Boularès. Je veux rappeler une fois encore que cet ami, lorsqu'il était président de l'Union du Maghreb, était à chaque instant obligé de constater que chaque pays préférait avoir des rapports directs avec la France plutôt que de négocier avec son voisin. Si « le Maghreb, c'est nous », c'était vrai avant les turbulences tunisiennes, ce l'est davantage encore désormais. Il y a de l'autre côté de la Méditerranée 80 millions d'hommes et de femmes dont le destin concerne directement la France.

Maintenant il ne faut pas que les Tunisiens soient rendus trop amers par les maladresses inexcusables de certains des gouvernants français qui ont été souvent plus ridicules que coupables. Donnons acte tout de même à Frédéric Mitterrand qui a exprimé des regrets en forme d'autocritique. Quant à Nicolas Sarkozy, il ne pouvait pas faire moins que ce qu'il a fait, mais il l'a fait. Reconnaître qu'il a sous-estimé la révolte et l'impatience des Tunisiens, c'est tout simplement stigmatiser la carence des services de renseignements, des diplomates et de son entourage. Sarkozy a raison, je le maintiens, de rappeler qu'une ancienne puissance coloniale est astreinte à des devoirs de réserve envers ses anciennes colonies. Il n'y a pas si longtemps que les islamistes algériens accusaient leurs adversaires d'appartenir à un « parti français ». Mais il a tort de s'en servir comme d'un alibi à la cécité. Je voudrais cependant adjurer les Tunisiens d'oublier les gouvernants. Non seulement une partie de la presse française a sauvé l'honneur mais, tout de même, c'est la nation tout entière qui a accueilli les victimes et les adversaires de la dictature tunisienne. Pour aider les Tunisiens à conserver l'euphorie et la fierté de leur révolution, restons avec eux dans le souvenir d'hier et pour les combats de demain.


P. S. Les journées portes ouvertes que « le Nouvel Observateur » a organisées samedi dernier au Collège des Bernardins ont été placées sous le signe de la révolution tunisienne. Plusieurs débats dans des salles où se pressaient des lecteurs et des amis, presque trop nombreux, ont salué dans cette révolution un événement aussi pur dans sa spontanéité, aussi imprévisible dans sa singularité, aussi audacieux dans ses ambitions. Pour notre part, nous avons, Stéphane Hessel et moi, défendu, chacun à sa manière, lui ses « Indignations », moi mes ruptures, tous deux nos fidélités. Il m'a semblé puiser, dans ces journées, un regain de jeunesse.

transcrito, com a devida vénia, de le Nouvel Observateur, 27 Janeiro/ 2 Fevereiro

Nós e os árabes

O despertar da democracia?






Europa y la revolución democrática árabe

por Javier Valenzuela

La historia late con intensidad en el norte de África, para pasmo y temor del 'establishment' europeo. Unas juventudes urbanas conectadas por Internet luchan por el fin inmediato del despotismo y la corrupción



En el norte de África la historia late en estos momentos con intensidad. La chispa de la inmolación del joven tunecino Mohamed Bouazizi ha prendido en el secarral de paro, autoritarismo y corrupción que se extiende desde el Atlántico al mar Rojo. Las llamas de la protesta juvenil ya han abrasado al dictador tunecino Ben Ali y chamuscan esta semana a su colega egipcio Mubarak. Decenas de miles de personas salieron ayer de nuevo a las calles de El Cairo y otras ciudades para exigir el fin de una autocracia que se prolonga desde hace tres décadas y que pretende perpetuarse desvergonzadamente en la figura de Gamal, el hijo del actual rais, del faraón Mubarak. Desde el balcón septentrional del Mediterráneo, Europa contempla este fuego liberador con estupor y aprensión.


Al decir Europa me refiero a su establishment. Sin duda, somos muchos los europeos abochornados por el silencio de nuestros Gobiernos ante movimientos democráticos que podemos ver en vivo y en directo en cadenas de televisión como Al Jazeera, que podemos seguir, y compartir con sus protagonistas, en Twitter y Facebook y que solo cabe saludar con alborozo. No pocos ciudadanos de París, Londres, Berlín, Barcelona, Madrid, Lisboa o Roma compartimos incluso esa sensación que tienen tantos norteafricanos de que Europa ha terminado por convertirse en un obstáculo a la llegada de las libertades al Magreb y el valle del Nilo.



En el mejor de los casos, la política oficial europea hacia los países norteafricanos ha consistido en ofrecerles ayuda económica y acuerdos comerciales para ver si así se desarrollaban allí clases medias que permitieran algún día una mayor convergencia entre ambas riberas del Mediterráneo. En el peor, ha hecho la vista gorda ante las violaciones de los derechos humanos y las corrupciones de los regímenes con tal de que garantizaran el suministro de gas y petróleo, los que lo tienen como Libia y Argelia, y, en todos los casos, controlaran los flujos migratorios y machacaran a los islamistas.


En privado, los responsables políticos europeos más honestos reconocen que las cláusulas formales vinculando ayudas y acuerdos al desarrollo de los derechos humanos en esos países nunca han sido aplicadas. Los europeos jamás se han plantado, jamás han levantado la voz ante un Ben Ali o un Mubarak, por citar solo a los autócratas protagonistas a su pesar de este mes de enero.



Por obvias, no vale la pena hablar de las contradicciones de semejante realpolitik con los principios y valores de la Europa contemporánea, la que se dice heredera de la Ilustración, la Revolución de 1789 y la reconciliación franco-alemana. Menos evidente, pero no por ello menos cierto, es el hecho de que esa actitud no es tan realista como pretende. Parte de un peligroso despropósito: el inmovilismo de los regímenes norteafricanos, su enroque en el autoritarismo y la cleptocracia, no hace sino incrementar la frustración e indignación de sus pueblos, alimentando tanto las pulsiones migratorias como el extremismo político.


Pero hay más: la visión oficial europea ignora los profundos cambios registrados en el norte de África en los últimos tiempos. Para empezar, la emergencia de juventudes urbanas con estudios primarios, secundarios y hasta universitarios, y con acceso al mundo vía la televisión por satélite e Internet. Y así vemos estos días cómo en Túnez y Egipto decenas de millares de chavales reclaman que se les trate con dignidad y se les permitan las libertades básicas existentes en Europa y América. Volvieron a repetirlo ayer los manifestantes de El Cairo a cualquier periodista occidental que les ofreciera un micrófono.



Para sorpresa de muchos, los manifestantes de Túnez y Egipto no piden Gobiernos teocráticos; los temidos islamistas están inicialmente ausentes de sus protestas. Y es este otro elemento que cabría analizar a fondo: la probabilidad de que haya comenzado el reflujo de la marea islamista iniciada en los setenta y ochenta del pasado siglo con la revolución iraní del ayatolá Jomeini y el asesinato del rais egipcio Sadat. La vida es móvil, lo que sube baja, el análisis de ayer puede no servir para hoy.
El temeroso pasmo europeo ante las revueltas de Túnez y Egipto contrasta con una más afinada actitud norteamericana. Obama en persona ensalzó el martes la lucha tunecina por la libertad, y, el miércoles, su Administración, pese a que Egipto es para Estados Unidos clave en la seguridad de Israel, instó a Mubarak a ser "receptivo" ante las "necesidades legítimas" de su pueblo y subrayó su apoyo a los "derechos universales de libertad de expresión, asociación y reunión".


No sería de extrañar que los jóvenes norteafricanos, como en su tiempo ocurrió en Europa del Este, terminen viendo en Estados Unidos -el de Obama y su discurso de El Cairo; no el de Bush y la guerra de Irak- un amigo democrático algo más creíble que el representado por la Vieja Europa. Al fin y al cabo, hace tiempo que Washington terminó por permitir que la democracia se desarrollara en su patio trasero latinoamericano.



Los sucesos de este enero han confirmado que los jóvenes tunecinos, aunque desorganizados y carentes de un claro liderazgo, no iban a conformarse con la salida de Ben Ali y su familia. La revolución del jazmín y de la sangre ha proseguido y ha conseguido ir arrancando la amnistía, el regreso de los exiliados, la legalización de todos los partidos y la deslegitimación del régimen de Ben Ali y sus principales cabecillas. Con una actitud europea comprometida a fondo, esa que aún no hemos visto, los tunecinos bien podrían terminar convirtiendo a su pequeño país en la primera democracia norteafricana. Sería un hecho venturoso no solo para la libertad, sino también para la seguridad en toda la cuenca mediterránea.


Sumado al ya existente ejemplo de Turquía, Túnez desmontaría así el estereotipo que proclama la incompatibilidad sustancial entre lo árabe y/o el islam y la democracia, tan estúpido como el que afirmaba lo mismo a propósito de países latinos y católicos como España y Portugal. Resulta asombroso, dicho sea de paso, que algunos europeos que se dicen ilustrados compartan hoy con el mismísimo Bin Laden el dogma de esa incompatibilidad.



Los egipcios lo tienen más difícil. En el seno de una población inmensa y en gran medida campesina y analfabeta, los laicos y demócratas son allí proporcionalmente más minoritarios que en Túnez. Por su parte, el régimen de Mubarak es más sólido policial y militarmente, lleva tres décadas recibiendo miles de millones de dólares anuales de ayuda norteamericana a tal efecto. Además, la realpolitik occidental, expresada en el miedo a un Gobierno de los Hermanos Musulmanes en la vecindad de Israel, juega en contra del cambio en el valle del Nilo.


No obstante, algunos elementos de las últimas horas resultan esperanzadores. En primer lugar, la incorporación a las protestas egipcias de El Baradei, el premio Nobel que no se doblegó ni ante Bush ni ante Mubarak, ofrece a los demócratas egipcios una referencia y un liderazgo del que han carecido los tunecinos. En segundo, la amplitud de las manifestaciones de ayer, viernes, confirma que los opositores egipcios a Mubarak van a por todas. Y en tercero, Obama calificó en una entrevista televisada de "legítimas" las reivindicaciones de los egipcios y advirtió a Mubarak contra el uso de la violencia para intentar ahogarlas.



La afirmación crucial en la Declaración de Independencia de Estados Unidos es aquella que proclama la igualdad sustancial de todos los seres humanos y su condición de titulares de "derechos inalienables", entre ellos "la vida, la libertad y la búsqueda de la felicidad". A comienzos de los ochenta, desde Polonia se alzó un grito que reclamaba estos derechos y que, una década después, ya había conseguido derribar el muro de Berlín y el imperio soviético. ¿Representarán lo mismo para el norte de África estas revueltas democráticas? Mucho podría contribuir Europa a que así fuera, pero para ello tendría que operarse de cataratas.


transcrito, com a devida vénia, do El País de hoje

Renato Torres outro pintor desconhecido

'Sobreiro', 1945, Portalegre, óleo de Renato Torres

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A Bola faz 66 anos! Parabéns!

Olé!




A Bola deve ter sido o segundo jornal que eu vi, na minha vida.

O primeiro foi o Diário de Lisboa, que meu pai trazia para casa, ao fim do dia.

A “malta”, os meus irmãos, bastante mais velhos do que eu, comprava A Bola.

E A Bola passou a ser companheira obrigatória. Provavelmente, ainda nem sabia ler e já a espreitava nas mãos de meus irmãos, à procura dos jogadores de futebol que me empolgavam.

Assim foi, ao correr da vida, só que hoje leio e saboreio o que lá vem escrito...

A Bola teve, e tem, grandes jornalistas.

Gostaria de recordar e destacar, porém, um, autêntico Mestre, cujos textos me ensinaram muitíssimo dessa arte única e que se nos pega, aos que por lá andaram, e foi o meu caso, a do jornalismo.

Depois, A Bola era -e é- na Travessa da Queimada, no saudoso e, hoje, descaracterizado Bairro Alto, a dois passos do Diário Popular, em que trabalhei cerca de dez anos.

E cruzava-me com Pinhão, sempre delicado e generoso, um Senhor!, num desses restaurantezinhos familiares, de bairro, que desapareceram.

Um dia, as pessoas morrem, as coisas mudam, e fica a saudade.

Mas A Bola continua aí, pimpona, excelente, exemplar de como deve ser um jornal a sério!

66 anos. É obra!

Um grande abraço de parabéns!

Cairo: hoje





Imagens das manifestações de hoje, no Cairo


Páginas de panfleto distribuido no Cairo, dando indicações sobre as manifestações ( in The Atlantic)

Lê!

Aqui está um romance do admirável Naguib Mahfouz, acabadinho de publicar em português, cuja leitura aconselho vivamente!

E as crianças?...

Evocação do holocausto: o que não se pode esquecer

Encontrados e libertados em Auschwitz: isto são homens?...




Voi che vivete sicuri

Nelle vostre tiepide case,
voi che trovate tornando a sera

Il cibo caldo e visi amici:

Considerate se questo è un uomo

Che lavora nel fango

Che non conosce paceChe lotta per mezzo pane

Che muore per un sì o per un no.

Considerate se questa è una donna,

Senza capelli e senza nome

Senza più forza di ricordare

Vuoti gli occhi e freddo il grembo

Come una rana d’inverno.

Meditate che questo è stato:

Vi comando queste parole.

Scolpitele nel vostro cuore

Stando in casa andando per via,

Coricandovi alzandovi;

Ripetetele ai vostri figli.

O vi si sfaccia la casa,

La malattia vi impedisca,

I vostri nati torcano il viso da voi.



Poema de Primo Levi

na abertura do seu livro

Se questo è um uomo [Se isto é um homem] (1947)

Auschwitz foi libertado há 66 anos






Memória da "Shoah"
por Manuel António Pina

O Horror foi tão grande que Deus, para não ver, virou a cabeça para o lado e fechou os olhos, suspendendo a respiração.

"Onde estava Deus?" é a angustiante pergunta que, perante algo tão absolutamente impensável como o Holocausto, um crente (ou um não crente; Paul Celan, cuja família foi inteiramente dizimada pelos carniceiros nazis, refere-se a essa ausência de Deus, que é ausência de sentido, dizendo Ninguém) inevitavelmente põe. Uma pergunta sem resposta a não ser novas perguntas, ou uma pergunta cuja resposta está para além do que pode ser articulado, num lugar inabitado onde nenhuma linguagem alcança.

Ontem, data da libertação, há 65 anos, do campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau, assinalou-se o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, memória, sobretudo, das suas inumeráveis vítimas anónimas, na sua imensa maioria judeus.

Mas as imundas ideias onde se fundou a "Endlösung der Judenfrage" ("Solução final da questão judaica"), ou o homicídio indiscriminado e brutal de milhões de seres humanos sem outro motivo que não a sua origem ou religião, não germinaram espontaneamente na cabeça de Hitler, tiveram, desde os primórdios do cristianismo, uma gestação de séculos. Nem acabaram com Hitler. Hoje, a aliança entre o fascismo teocrático islâmico e alguma esquerda herdeira do Marx de "A questão judaica" lembra de mais o pacto Ribbentrop-Molotov para não ser assustadora.

transcrito, com a devida vénia, do Jornal de Notícias de 28/01/2011

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O nosso futuro depende de nós!

A bola de cristal está na nossa mão...




No discurso que refere a ‘Editorial’ do El País, transcrita abaixo, Barack Obama citou a seguinte frase de Robert Kennedy, irmão do presidente Kennedy, assassinado em 1963, e também ele assassinado, em 1968 (as causas justas são as mais difíceis de defender e as que provocam mais ódio):


O futuro não é um presente, é uma conquista”.


Obama acrescentou:


Serão as nossas escolhas de hoje que irão condicionar o nosso destino”.




para os leitores de italiano, abrir o link:

A luta de um homem justo


Editorial


Obama al contraataque


Barack Obama ha pronunciado su tercer discurso sobre el estado de la Unión consciente de que la carrera para obtener un segundo mandato ha entrado en un periodo decisivo. Tras la derrota de los demócratas en las elecciones de noviembre, ningún error le está permitido y ningún flanco político dejará de pasarle factura. Pero tampoco una actitud meramente defensiva sería suficiente para revalidar la mayoría de quien llegó a la Casa Blanca con un discurso reformista cuyo balance, hasta el momento, ha producido decepción en sus filas y la movilización de sus adversarios.


El margen político del que disponía Obama para mantenerse fiel a su programa original e introducir las correcciones necesarias era reducido. En su intervención ha sabido, sin embargo, encontrar una línea argumental para pasar al contraataque. Las reformas, viene a decir el presidente, son la respuesta que Estados Unidos necesita para mantener su posición frente a las potencias emergentes, en particular China. Obama se compromete a mantener la inversión en sectores como la formación, la educación y la sanidad, pero se anticipa a las críticas por la cifra de déficit anunciando recortes en el gasto público, incluido el militar, y congelando hasta cinco años la inversión en programas no prioritarios. Este equilibrio no le evitará el choque con los republicanos, pero puede contribuir a desmentir que el debate se establece entre quienes no se preocupan del déficit y quienes se proponen reducirlo. Obama se ha mostrado decididamente en este último campo, aunque disintiendo de la oposición en los capítulos en los que debería ahorrarse.


En política exterior, el programa presidencial parte de la nueva realidad internacional creada por los países emergentes, en la que Washington está obligado a reformular sus análisis y sus líneas de actuación para mantener la supremacía. Tras el reconocimiento del papel de China con ocasión de la visita de Hu Jintao, Obama quiere reforzar los lazos con América Latina, donde Brasil es otro de los actores fundamentales de la nueva realidad. El apoyo expreso de Obama a los tunecinos que derrocaron la dictadura de Ben Ali contenía un doble mensaje: EE UU sigue comprometido con la promoción de la democracia, pero no mediante guerras como las que emprendió su antecesor en la Casa Blanca. No ha habido, sin embargo, palabra alguna sobre el otrora prioritario futuro Estado palestino.

transcrito, com a devida vénia, do El País de hoje

Por que votaram mal os cidadãos

Sair do tunel



A muitos surpreende a memória curta dos portugueses.
Esqueceram o desastre que foram os dez anos de governo de Cavaco e como esse mau governo condicionou o trabalho dos governos sucessivos.
O povo é vário.

Alexandre Herculano bem sabia, que escreveu:

Falharam a esperanças que assentavam em tão movediço alicerce como é o favor [as atitudes] da plebe” (Prefácio à “História de Portugal”).

A isso haverá que juntar a ignorância cívica dos portugueses (para a qual os governos de Cavaco muito contribuiram) e o ressentimento, ora que se vê despido e se julga espoliado, já que os ricos enriquecem e os necessitados empobrecem.

Também, o divórcio, o fosso sempre mais fundo, entre os que se ocupam dos interesses da nação, os políticos, e os cidadãos.

Bem necessário, bem urgente é, que os políticos recuperem o diálogo com o povo e lhes expliquem as suas ideias e metas.

Que voltem ao trabalho de esclarecer o povo.

E, assim, obviem à volatilidade que refere Herculano.

Chãmente: o povo não se pode tratar de cima da burra.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A verdade e a coragem de a dizer: Manuel António Pina não tem papas na língua!

E as escolas públicas: de quanto dinheiro dispõem?, em que condições funcionam?...



Ensino privado, dinheiro público


por Manuel António Pina




O Governo entende, e bem, que o Estado não deve financiar os colégios privados com contrato de associação (onde o ensino é, como nas escolas públicas, pago pelos contribuintes) com valores superiores àqueles com que financia as escolas públicas.



Mas os colégios querem mais, e, ontem, dirigentes de alguns deles, arrastando consigo pais e crianças (há notícia de casos em que as crianças que não foram a essa e a outras manifestações promovidas pelos colégios tiveram falta), depositaram caixões junto do ME, querendo com isso simbolizar a "morte" do ensino privado... por ter que viver com o mesmo com que vive o ensino público. É a "iniciativa privada" no seu melhor: sempre a clamar contra o Estado e, ao mesmo tempo, sempre a exigir subsídios e apoios.***



Diz a ministra que o Estado não deve contribuir com dinheiro dos contribuintes para as piscinas, o golfe e a equitação de alguns colégios privados, e é difícil não lhe dar razão.


Mas talvez esta fosse boa altura para, finalmente, o ME ir mais fundo e apurar o destino que é dado em alguns desses colégios aos dinheiros públicos. Saber, por exemplo, se todas as verbas destinadas aos professores chegarão ao seu destino ou se, em certos casos, o Estado não andará a financiar, afrontando a Constituição, um ensino abusivamente selectivo e confessional, onde os professores têm, de novo só por exemplo, que "participar na oração da manhã na Capela".
***o sublinhado é meu


transcrito, com a devida vénia, do Jornal de Notícias de hoje

Um título que talvez nos servisse....

Ali Babá, na sua caverna, com os despojos roubados




título de um artigo sobre o futuro da Tunísia, em The Economist, de 15 a 21 de Janeiro de 2011

Tradução:

"Ali Babá foi-se embora, mas o que é feito dos 40 ladrões?"




Reparando bem, pergunta-se:

já pensaram no Portugal post-25 de Abril?...

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Bélgica: um belo país... surrealista...

'Vozes do espaço', 1931, de René Magritte




Editorial

Antagonismes belges, péril pour la zone eur

En Belgique aussi, la "génération Internet" a démontré sa capacité de mobilisation. Un groupe de jeunes étudiants est parvenu, en moins de deux semaines, à organiser une mobilisation inattendue : quelque 35 000 personnes ont défilé, dimanche 23 janvier, dans les rues de Bruxelles pour dire leur "honte" - c'était, au départ, le thème unique de la mobilisation - face au vide politique que connaît leur pays. Le cortège était composé d'une majorité de francophones, mais regroupait aussi de nombreuses délégations flamandes, ce qui est un autre succès pour les organisateurs. Car, jusqu'ici, l'inquiétude ou la colère face à une situation jugée aussi surréaliste que dangereuse semblaient cantonnées à Bruxelles et à la Wallonie.

Il y a plus de sept mois que les Belges ont voté, et les nombreuses tentatives menées par le chef de l'Etat, le roi Albert II, pour tenter de forcer la mise en place d'une coalition n'ont abouti à rien.

Les exigences de la Nouvelle Alliance flamande (NVA), le parti indépendantiste arrivé en tête du scrutin en Flandre, bloquent tout progrès. Craignant que Bart De Wever, son leader, n'ait pas encore fait le plein des voix, le parti chrétien-démocrate, qui fut l'artisan des principaux compromis institutionnels depuis l'après-guerre, s'oppose lui aussi à une solution négociée permettant d'assurer l'avenir de l'Etat fédéral belge.

Malgré d'indéniables concessions des partis francophones, qui ont admis le principe de nouveaux transferts de compétences vers les régions et d'une régionalisation partielle de l'impôt, M. De Wever, le leader de la NVA, refuse toute véritable discussion. Il s'oppose même au format de la négociation à sept partis, qui, il est vrai, ne se sont plus réellement parlé depuis quatre mois.

Cette confusion met désormais en péril la situation financière du royaume, régulièrement présenté comme le nouveau maillon faible de la zone euro, ce qui l'expose à une possible sanction des agences de notation et des marchés.

Dans un pays où l'opinion navigue généralement entre fatalisme et incompréhension, cet élément a sans doute pesé dans la mobilisation de dimanche : généralement peu instruits sur les débats institutionnels, les citoyens ont compris que certains partis menaçaient directement leur bien-être et, peut-être, l'existence même de leur pays.

Il reste à savoir si la manifestation de dimanche permettra d'influer sur l'improbable négociation que tente encore de conduire le "conciliateur" Johan Vande Lanotte. Le sénateur flamand mandaté par le roi Albert II est sans doute le dernier dirigeant capable de trouver une issue acceptable pour les deux grandes communautés belges. S'il échoue, il ne restera sans doute plus que la perspective de nouvelles élections.

Et comme, de l'avis unanime, celles-ci entraîneront, au mieux, une confirmation des antagonismes actuels, c'est la perspective d'un glissement accéléré vers une inévitable partition qui sera esquissée. Avec, à la clé, une autre douloureuse expérience pour l'Europe.

transcrito, com a devida vénia, de Le Monde de 25/01/2011

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Um grande pintor desconhecido

'Corredoura', Portalegre, 1947, óleo sobre madeira, de Miguel Barrias




De Miguel Barrias (1904-1952), escreveu José Régio:


“Sendo, como é, um sensitivo muito fino, muito apurado, Miguel Barrias agudamente apreende da realidade exterior não só as formas como, sobretudo, as cores, os tons, a luz, as sombras. E como sensitivo apurado os procura transmitir através da sua densidade, frescura, vivacidade ou subtileza de tintas.



(...) Aquilo de que há-de mostrar-se capaz excederá em muito o de que já o foi ou é. E um público mais largo verá então, definitivamente, que se trata dum dos casos mais sérios da nossa pintura moderna”.
in A Rabeca, nº 1440, 2 de Julho de 1947



Até hoje, esse público “mais largo” de vistas e sensibilidade ainda não apareceu. É inexplicável e cruel.



Essas coisas acontecem. Mas convém evitar que se prolonguem no tempo.



Miguel Barrias é um dos nossos grandes pintores contemporâneos.

Entrevista em "Le Figaro": a Tunísia e os islamistas



«À moyen terme, les islamistes pourraient bien occuper le désert politique»

Faut-il craindre l'arrivée des islamistes en Tunisie ? La révolution de jasmin peut-elle se propager au reste du monde arabo-musulman ? À ces questions, l'islamologue Mathieu Guidère, auteur de plusieurs ouvrages, dont Les Nouveaux Terroristes (Autrement, 2010), apporte des réponses argumentées.

par Jean-Louis Tremblais



Le Figaro Magazine - Comment expliquez-vous la chute soudaine, fulgurante et inattendue du régime de Zine el-Abidine Ben Ali en Tunisie? Et la réaction des puissances extérieures, dont la France?

Mathieu Guidère - La révolution de jasmin est avant tout l'œuvre d'une jeunesse tunisienne surqualifiée et déclassée que le désespoir et l'absence de perspectives ont d'abord poussée à retourner la violence contre elle-même (immolation), avant de manifester sa colère dans la rue contre le régime qui l'opprimait. Mais cette révolution n'aurait pas été possible sans l'abstention et le comportement responsable de l'armée face à la fuite en avant du pouvoir en place. Il ne faut pas oublier que le président Ben Ali avait limogé, début janvier, le chef d'état-major de l'armée de terre, le général Rachid Ammar, parce que celui-ci refusait de donner l'ordre de tirer sur la foule alors qu'il était censé mater la rébellion. Dans leur grande majorité, les officiers tunisiens ont sympathisé voire fraternisé avec la foule des jeunes révoltés et avec la population dans son ensemble - et ils continuent de le faire en les protégeant contre les milices fidèles au régime -, alors même que la police était prête à aller jusqu'au bout. C'est un fait: si les chefs de l'armée n'avaient pas été responsables, ce mouvement aurait été noyé dans un bain de sang sans que personne vienne au secours des victimes. Cette analyse est confirmée par la réaction prudente de la France. Ou encore par l'attitude libyenne qui, par son soutien inconditionnel à l'ancien régime, risque de déstabiliser sur le long terme la démocratie balbutiante en Tunisie.

Le Figaro Magazine : À l'exception du Libyen Mouammar Kadhafi, qui regrette le président Ben Ali, les gouvernements des pays arabes restent fort discrets sur la révolution tunisienne. Ce qui ne semble pas être le cas de leurs populations, qui ont suivi en direct les événements grâce aux chaînes satellitaires et aux réseaux sociaux. Immolations en Algérie et en Egypte, manifestations au Yémen, insatisfaction en Jordanie...: peut-on envisager un «effet domino» dans le monde arabo-musulman, de l'Afrique du Nord au Moyen-Orient?

MG: C'est une conjonction exceptionnelle de mobilisation de la jeunesse et d'abstention de l'armée qui a permis la révolution de jasmin. C'est pourquoi une contagion n'est possible que si la même conjonction favorable se produisait dans d'autres pays. Or, il n'existe dans l'immédiat quasiment aucun autre pays où une telle situation peut se reproduire avec la même rapidité et le même succès. Dans les autres pays du Maghreb, la jeunesse désabusée ne bénéficie pas de la sympathie des militaires, qui ont davantage à perdre à la soutenir qu'à la réprimer dans le sang en cas de troubles majeurs. Au Moyen-Orient, certains militaires pourraient être tentés par un coup d'Etat, mais la jeunesse n'est pas parvenue au même degré d'instruction ni de détresse que celle du Maghreb pour se révolter avec le désespoir de ceux qui n'ont plus rien à perdre - notamment en raison de la rente pétrolière ou de la dépendance à l'égard de l'Etat. Mais s'il fallait établir une probabilité de contagion à moyen terme, il est clair que le Maroc, l'Egypte et la Jordanie figureraient en tête de liste.

Le Figaro Magazine : On peut reprocher beaucoup de choses au défunt régime, mais un fait reste incontestable: pendant vingt-cinq ans, l'islamisme - pourtant en voie d'expansion dans les années80, comme en Algérie - ne s'y est ni implanté ni développé. Il y a même été décapité. Pouvez-vous nous rappeler quelle fut la politique du président Ben Ali en la matière?

MG: Il est clair que le régime du président Ben Ali a réussi à neutraliser l'islamisme en Tunisie, et ce fut d'ailleurs l'un des arguments majeurs de sa longévité, au regard de la situation catastrophique des libertés et des droits de l'homme. Cette neutralisation de l'islamisme est le fruit d'une stratégie à trois volets qui a été mise en œuvre de façon méthodique dès son arrivée au pouvoir en 1987. D'abord par la répression, l'emprisonnement ou l'exil de tout militant ou activiste se réclamant de l'islam politique ou appelant à l'instauration d'un régime islamiste en Tunisie. Ce volet a été mis en œuvre par une police pléthorique et surpuissante. Ensuite, par la promotion d'une classe moyenne dynamique et ambitieuse, aiguillée par un système efficace d'incitation à la consommation. Ce volet a été mis en œuvre par des conseillers techniques et des acteurs économiques d'obédience libérale. Enfin, et c'est le plus important, par la révision des contenus et des méthodes d'enseignement pour séparer la foi religieuse de l'éducation citoyenne. Ce volet a été mis en œuvre par des universitaires réformistes et des intellectuels musulmans tels que l'ancien ministre tunisien de l'Education nationale Mohamed Charfi (1), qui a réalisé entre 1989 et 1994 la séparation entre l'enseignement religieux et l'instruction civique, et qui a ouvert les écoles et lycées de Tunisie à la pensée contemporaine et à l'esprit critique. Résultat: un succès incontestable puisque, vingt ans plus tard, c'est une jeunesse tunisienne tournée vers la modernité et largement laïcisée qui s'est soulevée contre la dictature, sans aucune arrière-pensée ni motivation islamiste.

Le Figaro Magazine : Exilé depuis vingt ans à Londres, Rached Ghannouchi, leader du parti Ennahda («Renaissance», en arabe), s'apprête à rentrer au pays. Qui est cet homme? Quel sont son parcours et son discours? A-t-il encore une audience quelconque? Et, éventuellement, serait-il en mesure de récupérer la révolution tunisienne à son profit?

MG: Le chef d'Ennahda, Rached Ghannouchi, est un homme de 70 ans originaire du Sud tunisien et théologien de formation, exilé en 1989, à Londres depuis 1991. Sous le régime du président Bourguiba, il a été condamné à plusieurs reprises à la prison pour son activisme politique à la tête du Mouvement de la tendance islamique (MTI), qu'il a fondé à la fin des années 70. Sous celui du président Ben Ali, il a été condamné par contumace à la détention à perpétuité en 1992, avant qu'il n'obtienne le statut de réfugié politique en Grande-Bretagne. Sur le plan idéologique, il représente la ligne dure du mouvement islamiste tunisien et a toujours prôné une opposition frontale au régime Ben Ali. La plupart des cadres de son mouvement ont été emprisonnés ou sont en exil en Europe. Il est relativement connu du public tunisien adulte, qui a beaucoup entendu parler de lui au cours des années 80, lorsque la Tunisie vivait sous la peur islamiste des «khawanjiyya» (nom donné par la population à ses partisans, en référence aux Frères musulmans d'Egypte, ikhwân, auquel fut rajouté le suffixe négatif de jiyya). A l'époque, il faut se souvenir que les femmes, par exemple, pouvaient difficilement circuler non voilées à Tunis sans être menacées. A court terme, il a peu de chances de prendre le pouvoir, car il lui faut d'abord réactiver ses réseaux et remettre au goût du jour les thématiques islamistes dans une société tunisienne qui tient aux acquis du siècle passé et surtout au code du statut personnel, le plus évolué du monde musulman. Toutefois, à moyen terme, il est clair que le parti Ennahda est le mieux placé pour occuper le désert politique et idéologique laissé par Ben Ali en Tunisie. Espérons que, à ce moment-là, le parti regardera plutôt du côté de la Turquie de Kemal Atatürk (laïcité) que du côté de l'Arabie saoudite (wahhabisme).

Le Figaro Magazine : L'effondrement du système répressif et policier instauré par le président Ben Ali ne va-t-il pas créer un vide sécuritaire (frontières plus poreuses, contrôles moins systématiques)? Pourquoi al-Qaida au Maghreb islamique (Aqmi), qui opère déjà chez ses voisins du Sahara et du Sahel, épargnerait-il la Tunisie? La conquête d'une nouvelle base et la création d'un nouveau front ne sont-ils pas dans la logique des salafistes au Maghreb?

MG: On oublie trop souvent que la Tunisie a été le premier pays visé par al-Qaida après le 11 septembre 2001, par celui-là même qui avait organisé les attentats de New York, Khaled Cheikh Mohamed. Celui-ci considérait la Tunisie comme le pire exemple pour les musulmans du monde entier, en raison de son ouverture et de sa laïcité. Ce sera l'attentat du 11 avril 2002 qui a visé la synagogue de Djerba et a fait de nombreuses victimes parmi les étrangers (2). Le chef d'Aqmi, Abdelmalek Droukdal, n'a pas oublié cet objectif stratégique pour les djihadistes puisqu'il a envoyé, dès son admission au sein d'al-Qaida, fin 2006, un commando à Tunis, lequel n'a pu être délogé et neutralisé par l'armée qu'au bout de plusieurs jours d'accrochages, début janvier 2007 (3). Enfin, la semaine dernière, le chef d'Aqmi a diffusé sur les forums islamistes, le jour même de la fuite de Ben Ali en Arabie saoudite, un «message au peuple tunisien révolté» dans lequel il appelle les jeunes à rejoindre son organisation pour instaurer un Etat islamique sur l'ensemble du Maghreb. Ce message est accompagné d'un autre au peuple algérien, dans lequel il incite la jeunesse algérienne à prendre exemple sur les Tunisiens pour renverser le régime de Bouteflika. Et, dans les deux messages, la France est accusée de tous les maux. Bref, Aqmi rêve de conquérir la Tunisie pour mieux asseoir sa terreur sur tout le Maghreb.


Citado pelo Le Temps, de Tunes, 23/01/2011

Em quem votei







É minha regra não esconder o que faço.



E não gosto de me refugiar no secretismo (legítimo e respeitável) do voto.



E para que não haja confusões ou se pense que escondo seja o que for:




votei em Manuel Alegre.



Porque acredito no socialismo.



Porque o dia 25 de Abril de 1974 foi, para mim, o dia que mudou, positivamente, a vida em Portugal.



Porque o 25 de Abril derrubou a ditadura mais perversa da nossa História.



Porque sei que Alegre contribuiu, com muitos sacrifícios e coragem, para a queda dessa ditadura.



Porque admiro o cidadão, o escritor interveniente, o homem público Manuel Alegre.



A isso veio a somar-se a minha admiração e respeito perante a sua bravura ao afrontar, mais uma vez, a eleição como independente, ainda que apoiado pelo PS e pelo BE.



Depois do abandono para que o vi ontem relegado, respeito e admiração dobraram.



Aqui lhe deixo um grande abraço solidário.



“Aquele abraço”.

É urgente mudar!




Ao comentário abaixo, tenho de acrescentar:


e os jovens?


Quem os esclarece?


Quem os educa?


Quem lhes transmite ideais?


... quando sempre mais se avoluma a convicção que ser político é escolher um modo de vida, não é lutar por uma ideia?


...quando a corrupção se multiplica?


...quando o egoísmo, as costas viradas ao outro, o “cada um trate de si” –se vai transformando em princípio?


Nós abandonamos os jovens e apontamos-lhe a indiferença, o arranjismo e... a emigração.


Seremos, a curto prazo, um país arruinado moral e materialmente, um país envelhecido, sem bússola, sem Norte,


com os poucos ricos que por cá ficarem,


os muitos pobres que continuarão arrastar-se


e os oportunistas, chicos-espertos.


É preciso dizer que não!


É preciso acreditar que tudo pode mudar –e depende, apenas, de nós.

O dia seguinte

Fernando Nobre é o verdadeiro vencedor destas eleições





O resultado de ontem, que prolonga a estadia de Cavaco em Belém, é de cansaço e descrença.



Em primeiro lugar: a abstenção:





atingiu a percentagem mais alta de todas as eleições presidenciais: 53, 30%.





a que deveremos somar os votos em branco e os votos nulos: 6,9 % .




O que significa que 59, 49 % do eleitorado virou as costas ao acto eleitoral e se marimbou para escolher o Presidente da República.




Vir com paninhos quentes e evocar erros técnicos, reelger o presidente em funções seria "um hábito" (suma tolice que apontaria o descrédito do cargo), é o mesmo que tapar o Sol com uma peneira.




Os portugueses desacreditaram dos políticos e estão cansados de viver mal, milhões no desemprego, na miséria e à beira da fome, se não já na fome.




Cavaco ficou onde estava, por inércia do povo, que pensou:




“não vale a pena mudar o homem”.



Cavaco, em cinco anos de presidência, perdeu mais de 550.000 votos,




mais de meio milhão.



Os políticos –porque Cavaco também é um político: desde 1980 que não se lhe conhece outra profissão- vivem numa esfera à parte, o povo vive na realidade dura.




O afastamento dos políticos é galopante.



E o povo deixou de os entender e deixou de acreditar neles.




A corrupção, também galopante, que assola o país, as medidas brutais que obrigam a apertar o cinto, a arrogância e o silêncio dos políticos,




eis as razões da indiferença e da descrença.



Eis as razões do espectacular resultado de Fernando Nobre: 14, 09 % .



Nobre não é um político, falou dos problemas reais, apontou as chagas, usou uma linguagem directa, humana, transparente.


Alexandre Herculano terá exclamado, em certo momento da sua vida:


“Isto dá vontade de morrer!”


Compreendo Herculano e dói-me a sua dor, que, hoje e aqui, volta a instalar-se no espírito de muitos,


veja-se a emigração (também galopante), o apartamento da vida pública (angustiante, trágico), a terrível frase: “cada um trate de si!”,


mas não o vou repetir, e digo:



“Isto chama-nos à vida, à intervenção, à luta contra a podridão que alastra e sufoca e mata os portugueses.”



É o nosso dever –é a nossa obrigação moral.


No diálogo, na defesa dos ideais, na acção política, eis onde devemos estar.

E os políticos que deixem de se refastelarem nos sofás de São Bento, que deixem de perorar, uns para os outros, nos restaurantes de São Bento, que deixem de se olhar ao espelho, se reconhecerem génios, que deixem de falar sozinhos.


Que vão falar com o cidadão comum. Que lhe expliquem as razões da crise e as soluções possíveis –e é natural que variem porque é também o pensamento único que repudiamos.



Que eduquem o povo –um povo que tem mais de 60% de ignorantes.


Que tornem os incultos cultos.



Que esclareçam.



Ou querem transformar Portugal num deserto de velhos, de pobres, de marginais na Europa?



Amigo: não tenho nenhuma vontade de morrer. Tenho vontade de te estender a mão, à procura da tua mão, de te ajudar e de te pedir ajuda, para sairmos do buraco onde nos deixamos cair e para onde nos deixámos atirar.

sábado, 22 de janeiro de 2011

A nossa responsabilidade





Quem viveu antes do 25 de Abril de 1974 lembra-se do preço que pagávamos. Não esqueceu a censura, a polícia política, as perseguições, as violências. A rolha.


Claude Roy, de visita a Lisboa, em 1967, dizia-me: “As ditaduras cometem um crime monstruoso: obrigam-nos a censurar-nos a nós próprios: já não pensas em certos problemas porque sabes que estás proibido de o fazer e, portanto, seria inútil”.


É a automutilação, aquilo a que José Marmelo e Silva, numa excelente novela, chama anquilose. Ou o delito de nos chuparem o cérebro por uma palhinha, que José Gomes Ferreira denunciou em “João Sem Medo”.


Culpa de um déspota que impôs essa rolha, durante quase 50 anos? Joseph De Maistre acusava os povos de terem os governantes que merecem.


Hoje somos livres: podemos pensar, falar, criticar. Hoje mesmo, vamos votar, em democracia, o novo Presidente da República. Seja quem for, depende de nós. Para o bem e para o mal. Não teremos desculpa. Como não temos, se nos abstivermos ou nos declararmos desconhecedores ou descrentes dos nossos deveres.


Convém que leiam aquilo que escreveu Alexandre Herculano no Prefácio à “História de Portugal”, e meditem:


“A liberdade tem consequências inevitáveis: as gerações dos povos livres participam perante o futuro da responsabilidade dos poderes públicos ou, antes, a responsabilidade é delas, porque têm sempre força e meios para os revocar aos sentimentos do pudor e do dever quando eles os esquecem”.


Clamámos contra a opressão, pedimos a liberdade. Um grupo de cidadãos generosos conquistou-a e confiou-no-la, há 37 anos. Somos responsáveis por ela e pelo uso que fizermos dela.


Publicado na Página de Cultura do Jornal de Notícias de 23/01/2011