sexta-feira, 31 de outubro de 2008

HUSTLER (G&B Remasters)


Como bem sabem todos os que já me conhecem, sou muito criterioso com relação a estas 'redescobertas' de elos perdidos e eternos injustiçados do rock dos 60/70 que a grande rede tem exposto por aí, seja através de resenhas de 'especialistas' em sites como o AMG, seja em links dispostos em alguns blogs gringos. Já estou tão escaldado que quando leio 'amazing fuzzy guitar' imediatamente traduzo como 'guitarra mal gravada e com som de abelha'. Sendo muito generoso, posso afirmar que 90% bem mereceu o esquecimento ao qual foram relegados à sua época ou não vieram a público por pura falta de qualidade mesmo. Como levar a sério bandas que são louvadas por textos -provavelmente, escritos por quem não viveu aquele período épico do rock- que as apresentam como sendo cópias fiéis de Black Sabbath, Allman Brothers, Lynyrd Skynyrd ou Led Zeppelin? Ingenuamente, consideram que estão tecendo elogios!!! Caramba, se foram pura imitação porque deveriam ser lembradas? Afinal, estamos falando de duas décadas muito especiais na música e no comportamento, onde a criatividade e/ou honestidade de propósitos era condição sine qua non para determinar a perenidade de uma obra não havendo, portanto, espaço para xeroxes. E o que dizer de absurdos como '...fulano foi um guitarrista que nunca teve o merecido reconhecimento mesmo estando muito à frente de Jimi Hendrix'? É verdade, li isso há alguns anos em um blog de compartilhamento gringo dos mais visitados e cheguei a salvar a página até mesmo para uso futuro e como prova do absurdo mas como, de lá para cá, já troquei de PC duas vezes...
Vejam bem, não estou dizendo que este material não deva ser relançado, longe disso. Na verdade, defendo que TUDO que já foi registrado em qualquer tipo de mídia, dos 78rpm à fita K7, deve ser jogado novamente no mercado pois é História, independentemente da qualidade. O que questiono são os equívocos de julgamento para um entronizamento.
Mas, como ia dizendo, existe uns 10% cuja qualidade salta aos ouvidos e, em alguns casos, até merecem o status de pérolas perdidas. E, na minha opinião, a HUSTLER -embora não seja nenhuma pedra preciosa- merecia melhor sorte. E, neste caso, acho que foi determinante a imensa incompetência da gravadora na escolha do single de trabalho pois, apesar de contar com um vocalista fantástico e 8 -em um total de 9 faixas de seu primeiro e, para mim, melhor álbum- potenciais hits, os estrupícios executivos de sua gravadora escolheram a única que não era cantada pelo vocalista principal. Além de ser, disparado, a pior faixa de todo o álbum.
Conheci a HUSTLER há pouco mais de um mês por intermédio do(a) parceiro(a) colaborador(a) do Lágrima Psicodélica, Putavéia, e me apaixonei pelo hard boogie da banda. É isso mesmo, não há nenhuma novidade no som de Steve Haynes (vocais), Mick Llewelyn (guitarras/vocais), Kenny Daughters (teclados/vocais), Kenny Lyons (baixo/vocais), Tony Beard (bateria-74) e Henry Spinetti (bateria-75) além de honestidade a toda prova, muita criatividade e competência no manejo de seus instrumentos, excelentes composições, arranjos inspiradíssimos e produção exemplar. E precisa mais? Basta ouvir 'Just Leave A Good Man', 'Piranhas' (é isso mesmo!), 'The Hustler' (minha prediletaça), 'Money Maker', 'Boogie Man', 'Night Creeper', entre outras, para ficar viciado. Pouco consegui de informação a seu respeito e do destino de seus músicos pós-banda, excluindo, obviamente Tony Beard -session man dos mais respeitados e presente em muita ficha técnica por aí- e Henry Spinetti, um dos grandes bateristas do rock, já tendo tocado com Procol Harum, Paul McCartney, The Herd (aquela mesma banda que revelou Peter Frampton) e um dos músicos prediletos de Eric Clapton.
Sei que muitos de vocês já devem conhecer estes álbuns pois verifiquei que os rips de vinil em qualidade abaixo do sofrível já rolam por aí há uns dois anos.
Sendo assim, para estes tenho uma boa e uma má notícia: a boa é que estes links têm por origem os mesmos álbuns que estão dispostos pela rede mas que o 'paladino do som de qualidade' -porque nossos ouvidos não são penico- resolveu remasterizar com a qualidade que só o G&B tem paciência para fornecer; a má é que vocês vão ter o trabalho de baixar tudo novamente. Portanto, comecem djá!


segunda-feira, 27 de outubro de 2008

SOULIVE


Esta postagem é para quem gosta de música feita por quem ama música. Sim, a força motriz por trás deste trio fundado pelos irmãos Neal (Hammond-B3/Taurus bass pedal/Honner Clavinet) e Alan Evans (bateria/percussão) e Eric Krasno (guitarras) é o amor à música, principalmente jazz, soul e funk. E a elegância com que executam sua arte é de tirar o chapéu.
Musicalmente, poderíamos afirmar que a Soulive seria prima-irmã de um Jimmy Smith e um M, M & W com um certo tempero acid-jazz. Mas, na verdade, é mais do que isso. Se não, como explicar a sua penetração em eventos que vão do tradicionalíssimo Monterey Jazz Festival ao renomado Bonnaroo? E o que dizer do prestígio alcançado junto a nomes tão diversos como Oteil Burbridge, John Scofield, Fred Wesley, Chaka Khan, Neville Bros e Dave Matthews, levando-os a excursionar com, entre outros, Rolling Stones, John Mayer e Dave Matthews Band.
E tudo começou em 99 quando os irmãos Evans, já conceituados session men, convidam Krasno para algumas jam session em seu estúdio. As sessões foram tão entusiasmantes que transformaram-se em 'Get Down!', seu primeiro disco. Mantendo a linha totalmente instrumental lançam 'Turn It Out' que, mesmo ainda um lançamento independente, consegue vender rapidamente as 65000 cópias iniciais e trouxe a reboque o reconhecimento e o prestígio necessários no cenário jazz/funky e um contrato com a prestigiada Blue Note.
O primeiro trabalho por sua nova gravadora, 'Doin' Something', já se utiliza de um belo naipe de metais arranjado e conduzido pelo admirador Fred Wesley e faz um suceso estrondoso. Capitalizando este sucesso, em seguida emendam com 'Next' onde, talvez pressionados por um selo hoje já não tão purista, experimentam uma fusão até certo ponto meio desastrada com o hip-hop em algumas poucas faixas mas, ainda assim, trazendo excelentes momentos e grooves matadores. De quebra, uma participação de Dave Matthews, outro admirador confesso. O álbum 'Soulive'(2003/ao vivo), marca a despedida da banda do selo. Ainda neste ano soltam o álbum 'Turn It Out Remixed', continuam excursionando e cada vez mais angariando prestígio e bons amigos.
E são esses amigos que farão a diferença em 'Break Out' de 2005, seu primeiro trabalho já com uma divisão clara entre a fidelidade ao padrão instrumental e faixas privilegiando os vocais. Entre estes, a já citada Chaka Khan, o magistral Ivan Neville e Corey Glover. A alteração de direcionamento que seria radicalizada em seu próximo trabalho, 'No Place Like Soul', começou a ser delineada aqui.
E já que falamos de 'No Place Like Soul', vale dizer que foi um dos álbuns que carregou o pesado fardo de 'ressucitar' o mítico selo Stax e, talvez excessivamente imbuídos desta responsabilidade, optaram por adicionar um vocalista fixo, Toussaint, e, ao meu ver, fizeram um excelente, e muito mais pesado, disco que, infelizmente, não cumpriu o que dele se esperava -ajudar a trazer um novo público- e ainda assustou seus mais fiéis seguidores, apesar de vender muito bem.
As últimas notícias dão conta de que optaram por retornar ao padrão trio pois sentem-se mais felizes e livres para as improvisações, marca registrada da banda.



quinta-feira, 23 de outubro de 2008

CRÁSSICOS XVII:BLACKFOOT SUE-NOTHING TO HIDE(1973)



Quando moleque, gostava muito de visitar uma lojinha de discos em Copa, a Billboard, que ficava bem ao lado da já consagrada à época Modern Sound. O motivo é que, ao contrário de sua vizinha mais famosa, aquela simpática lojinha dedicava-se mais aos singles importados e, como um charme a mais, permitia que seus frequentadores empilhassem todos os discos que pudessem e os degustassem sentados no balcão, onde localizava-se o pick up Garrard, com toda a calma do mundo. Não preciso dizer que ficava horas enfurnado naquele aprazível cubículo mal decorado ouvindo toda e qualquer novidade que havia chegado durante a semana enquanto uma outra galera se degladiava na muito bem montada loja vizinha. O resultado é que saía de lá com nunca menos de 20 singles debaixo do braço -quando só então me dirigia à sua vizinha mais famosa- e aquele sempre solícito negão se despedia de mim com um tremendo sorriso no rosto. Gente fina, o Luis. Que terá sido feito dele? Bem, acho que nunca saberei.
E foi numa dessas sessões que escutei e arrematei um single da Blackfoot Sue chamado 'Standing In The Road', um rock matador à Slade. Pouco tempo depois, em visita à sua vizinha mais rica, dei de cara com este 'Nothing To Hide', primeiro LP da banda, e, apesar de não conter aquele single, nem pestanejei. Aninhei-o carinhosamente debaixo do braço e, assim que cheguei em casa, coloquei-o para rolar e...que discaço!!! Superou, com sobras, todas as minhas espectativas. Cada amigo em que aplicava o som dos caras retornava no dia seguinte com uma fita K7 implorando para que fizesse uma cópia e isso significava ouvir o disco na íntegra. Inexplicavelmente, a banda continuava ilustremente desconhecida pois não encontrava nenhuma matéria nas pouquíssimas revistas especializadas da época e nunca tomei conhecimento de nenhum outro lançamento.
Assim que comecei a baixar músicas via rede, há uns bons 8 ou 9 anos, um dos primeiros discos que procurei foi este 'Nothing To Hide' mas...nada. Tudo bem, continuava a escutar meu LPzinho em bom estado e sempre apreciando aquela bela capa, mas o single de 'Standing In The Road', coitado, era só estalo e até provocava alguns eventuais saltos mortais da cápsula do pick-up. De tanto procurar em vão, acabei por desistir, até porque concluí: 'Porra, cara, ninguém conhece essa banda! Só um maluco como você!"
Qual não foi a minha felicidade quando, há alguns meses, à procura de material novo da Blackfoot, aquela banda de southern rock liderada pelo Rickey Medlocke e pela qual sou completamente vidrado, dou de cara com um link para esse 'Nothing To Hide' e, ainda por cima, recheado de faixas bônus, entre elas 'Standing In The Road'. Esfreguei os olhos para me certificar que não estava sonhando e torci para que o link estivesse vivo. E estava. Que felicidade...que felicidade...
Decidi, então, já que estamos no século XXI e de lá para cá a grande rede aumentou em muito seu conteúdo, pesquisar sobre a banda descortinando um bom material e até mesmo um site oficial onde descobri que lançaram mais dois trabalhos, além de um terceiro, 'Gun Running', que nunca viu a luz devido a um desastre que destruiu a master tape mas cuja grande maioria das faixas foi lançada em uma compilação, não me perguntem como. E mais: todos estes trabalhos foram lançados em CD.
Sendo assim, não vou me ater a um longo e detalhado texto sobre a banda. Se desejarem saber mais, façam uma visita à casa dos caras e tomem conhecimento da rica história de uma banda que, incrivelmente, continua na ativa até hoje. Lá, vocês conhecerão, de imediato, detalhes pelos quais esperei 35 anos.
Santa Internet, Batman!!!




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WANTED...ALIVE!!!

Strangers(1975)


Red On Blue(1997)
a.k.a.

BFS - Talk Radio(1995)


The Best Of

domingo, 19 de outubro de 2008

PETER FRAMPTON-FINGERPRINTS(2006)


Sempre fui muito simpático ao trabalho de Peter Frampton desde os tempos de Humble Pie, quando eu era apenas um pré-aborrecente e ele já havia sido promovido. Não se espantem, o cara começou cedo, um verdadeiro prodígio. Aliás, quanta diferença entre épocas, não? Nas décadas de 60/70, se déssemos uma guitarra a um adolescente, poderíamos estar criando um Mutantes, um Free ou um Humble Pie; hoje, corremos o sério risco de criar um NXZero, um CPM22 ou um Jonas Brothers. Affff...que lástima!
Bem...voltemos ao tema: como dizia, sempre gostei do trabalho do cara e, mesmo quando seguiu em carreira solo, lá fui eu comprando seus discos na sequência, não apenas por ser um bom músico. O maior atrativo, ao menos pra mim, era que o moço era um excelente compositor e arranjador, além de ter um timbre de voz singular e sempre encaixar sua Les Paul Black Beauty em licks com extremada elegância. Em suma, um rock classudo, com 'R' maiúsculo. Não preciso dizer do enorme e, até certo ponto, prejudicial sucesso do duplo 'Frampton Comes Alive'(76), talvez ainda hoje o álbum ao vivo mais vendido de todos os tempos. Nem mesmo do declínio de sua carreira a partir de pouco tempo depois quando, logo após o lançamento do bom 'I'm In You'(77), envolveu-se em sério acidente automobilístico e ficou um longo tempo entre a vida e a morte.
O ocaso de sua carreira provocado por aquela trágica interrupção e uma profunda depressão só foi amenizado quando do lançamento do excelente 'Breaking All The Rules', em 81, e cuja música-título tem um dos riffs de guitarra mais marcantes do rock. Mesmo assim, sabiamente, optou por um envolvimento low profile com a indústria musical e continuou lançando sempre bons discos com razoável regularidade até 2003, com 'Now', mais um excelente trabalho.
Em meados de 2007, estava este seu humilde escriba fuçando a grande rede atrás de novidades discográficas quando deparei-me com um link para este 'Fingerprints', mas nada de resenha. No entanto, em se tratando de um legítimo Frampton, tratei de atracar-me ao link.
E que bela surpresa! Aqui, só não temos sua singular voz por tratar-se de um disco totalmente instrumental, o primeiro de sua carreira e um sonho antigo desse guitarrista boa praça. Todo o resto -excelentes composições próprias (entre os covers, destaque para 'Black Hole Sun', em respeitosa e linda interpretação), arranjos recheados de sutilezas e a usual excelente forma técnica no instrumento- está aqui em doses maciças. Não, não esperem aqui os histrionismos guitarrísticos da indefectível trinca Steve Sai/ Joe Vatriani/ Y$#@&*e Malmsteen e muitos de seus pares. Volto a frisar: estou falando de um guitarrista que sabe compor, arranjar, trabalhar dinâmicas e explorar à perfeição seu estilo. Ou seja, nada em comum com os três 'fritadores de ovos' citados. Não à toa, 'Fingerprints' lhe proporcionou o primeiro Grammy de sua carreira.
Tudo bem, até agora não se convenceram do alto nível do disco, né? Então só me resta apelar para a lista de convidados sob sua batuta: Courtney Pine, Hank Marvin, Brian Bennett, Bill Wyman, Charlie Watts, Warren Haynes, Matt Cameron, Mike McCready, Paul Franklin, Stanley Sheldon, Gordon Kennedy e John Jorgenson.
Ahhhhh...agora caiu a ficha, heim?!




sexta-feira, 17 de outubro de 2008

DAVE MASON (Discografia Atualizada ) - Repost

STOP THE PRESS!!!!

EXTRA!!! EXTRA!!!


Recebi de presente de meu grande amigo e parceiro do blog Seres da Noite, o link para o recém-lançado trabalho deste grande músico e já está por aqui à disposição logo abaixo da capa do disco.
Portanto, sirvam-se!!!!
Valeu, Morcegão!!!!


Finalmente, após quase 11 meses da publicação do primeiro post abordando a obra deste grande guitarrista, cantor e compositor, concluimos a sua discog oficial de estúdio e cobrimos a maior parte de seu razoavelmente bem servido catálogo ao vivo. Disse 'concluimos' pois nada disso seria possível sem a ajuda de vários parceiros, e todos devidamente creditados -como de hábito- imediatamente abaixo de cada link. E para conseguir este feito, alguns sacrifícios foram necessários. Só para que tenham uma idéia, o parceiro Celso Loos, na ânsia de conseguir o maior número de itens possível, viu-se obrigado a até mesmo leiloar no Mercado Livre o, digamos assim, 'lombo' de um de nossos parceiros mais queridos e cuja identidade -por motivos óbvios- vou me reservar o direito de preservar. O problema é que para conseguir seu intento fez uso de uma foto da Mulher Melancia e, como seria de se esperar, o novo proprietário não ficou nada satisfeito quando recebeu via Sedex um tremendo tribufú todo vestido com langerie de poliéster da Citycol. O resultado é que nosso amigo Celso está sofrendo uma caçada insana no Brasil e no exterior devido à excelente recompensa oferecida pela sua cabeça (a de cima!). Não adianta especular pois seu paradeiro é totalmente ignorado.
Mas vocês pensam que acabou? Nananinanão!!!
Em alguns dias, Dave Mason lançará '26 Letters - 12 Notes', seu 12º trabalho de estúdio.
Foi dada a largada para mais uma caçada ao link perdido!!!
PS: Celsão, desta vez tenha um pouco mais de juízo.



PROCURADO...VIVO!!!

Finalmente encontrado e à disposição da gallera

AQUI!!!!

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Originalmente postado em 16.12.2007.



Confesso ter sido uma enorme e agradabilíssima surpresa o interesse causado por Dave Mason quando da postagem de 'Certified Live' na seção 'Crássicos G&B'. Sendo assim, decidi postar tudo o que tenho dessa lenda low-profile da guitarra e convidá-los todos a completar sua discografia. Deixei de fora alguns álbuns ao vivo oficiais mas se, porventura, alguém tiver algum destes será muito bem-vindo. Aceitam o desafio?


Alone Together(70)


Dave Mason & 'Mama' Cass Elliot(71)


Headkeeper(72)


It's Like You Never Left(74)


Dave Mason(74)
Um golaço do Celso!


Split Coconut(75)


Let It Flow(77)


Mariposa De Oro(78)
Olha a Neide tirando onda!


Old Crest On A New Wave(80)
Thanx, Zinhof!


Two Hearts(87)
Outro 'de placa' do Celso!

Some Assembly Required(87)
Aêêê, Celso, tá virando chocolate!!!

LIVE

Is Alive
(G&B Remaster)

40000 Horsemen Tour
E fechando a goleada, mais um do Celso!

Live At Sunrise


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Originalmente postado em 03.12.2007


Bom, gallera, passado este período de repostagens nada mais justo que retornar em grande estilo com mais um episódio da séria série Crássicos G&B. E desta vez disponibilizando um dos melhores álbuns ao vivo que conheço. E são vários os motivos que me levam a afirmar isso mas o principal é ser um dos poucos alive que não se utiliza de recursos de overdubs, seja para suprir a falta de algum instrumento ou para reparar erros de execução. Resumindo: o que foi registrado é um retrato fiel do executado.
Para dizer a verdade, sou meio radical com relação a
overdubs em registros ao vivo pois este recurso, no meu entendimento, descaracteriza por completo a intenção de um álbum desta natureza: flagrar com exatidão o potencial de uma banda/músico em cima de um palco, seu habitat natural. E é reconhecidamente um trabalho difícil pois shit happens.
E, apesar destas dificuldades, o que impressiona neste
'Certified Live' é que tudo está redondo. Do trabalho da excelente banda formada por Mike Finnigan (teclados), Jim Kruegar (guitarra), Gerald Johnson (baixo) e Rick Jaeger (bateria) à produção do próprio Dave Mason, tudo é perfeito neste disco. É uma verdadeira aula de como se gravar um álbum ao vivo. A mim, em particular, sempre me impressionou neste registro, além da excelência da gravação, a sonoridade e o trabalho de bateria de Jaeger, um pilar de segurança nos tambores, pratos e baquetas e com uma técnica de contratempo magnífica.
E de
Dave Mason? O que falar dessa lenda do rock inglês que já não se tenha dito antes?
Que o cara foi o fundador e um dos principais compositores de uma das bandas capitais da história do
rock, o Traffic? Que foi um grande amigo daquele negão que reinventou a guitarra, um tal de Jimi Hendrix? Que não só apresentou 'All Along The Watchtower' a esse mesmo genial negão como também criou e executou a 'levada' de violão folk que deu uma nova personalidade ao cover deste clássico de Dylan tão lindamente registrado em 'Electric Ladyland'? Que tocou em alguns dos álbuns clássicos de Beatles, Rolling Stones, Delaney & Bonnie & Friends e Eric Clapton? Que foi o primeiro nome pensado por este último para seu parceiro de seis cordas na banda Derek & The Dominos? Tem mais...mas vamos parar por aqui.
O melhor a fazer é atracar-se a esse
link e sorver seu conteúdo até a última gota pois todos seus grandes clássicos -de 'Feelin' Alright' (uma das canções mais coverizadas do rock) e 'Only You Know And I Know' a 'Sad And Deep As You' e 'Pearly Queen'- além de covers matadores para a já citada canção de Dylan e 'Gimme Some Lovin', estão por aqui com toda a energia que só um palco pode gerar.


segunda-feira, 13 de outubro de 2008

HEART


Muito provavelmente este post será alvo de intensos ataques e debates acirrados. Até porque, mesmo eu, mantenho uma relação de amor e ódio com a Heart, por mais estranho que este comentário possa parecer já que nosso 'coração' vive -e procura administrar- constantemente este conflito. Mas, na verdade, os que porventura venham a estranhar que dedique espaço a uma banda que tornou-se conhecida por aqui somente nos '80 como um dos ícones do pior 'rock farofa' talvez o façam por desconhecer seus trabalhos criticamente aclamados da década anterior. E quando citei a tal 'relação de amor e ódio' o fiz com a intenção de ilustrar como seus admiradores de primeira hora sentiram-se quando da brusca ruptura da banda com o hard honesto e de primeiríssima qualidade de sua primeira fase e que, felizmente, parece estar disposta a retomar, como demonstra seu álbum de retorno, 'Jupiter's Darling', de 2004. Mas esta 'traição' foi cometida por quase todas as grandes bandas remanescentes da década de ouro do rock e, em muitos casos, lhes custou a sobrevivência nas décadas seguintes.
Para melhor ilustrar este fenômeno vamos a uma tão breve quanto possível história da banda. O cenário é a guerra do Vietnã em seu auge, no início dos 70. Em Seattle, uma banda chamada Hocus Pocus, que tinha em sua formação a gatíssima cantora Ann Wilson, faz o circuito de clubes da região com um relativo sucesso até que o irmão de Roger Fisher (guitarras), Mike, vivendo em Vancouver como refugiado de convocação para o exército, atravessa a fronteira para rever a família. Às vésperas de retornar, resolve assistir um de seus shows e se apaixona por Ann, sendo imediatamente correspondido. E lá se foi Ann para o Canadá. Em 72, Roger e Steve Fossen, baixista daquela banda, resolvem seguir o mesmo caminho e o núcleo inicial da Heart está formado.
Enquanto isto, Nancy -violonista/guitarrista e irmã mais nova de Ann- faz shows solo em Seattle ao mesmo tempo em que procura terminar a faculdade. Assim que se gradua, em 1974, parte para encontrar-se com a irmã e ingressar na banda, a esta altura já com os locais Brian Johnstone (bateria) e John Hannah (teclados) complementando a formação.
Em pouco tempo, as talentosas irmãs Wilson -notadamente, Nancy- tomam as rédeas da banda devido às suas excelentes composições e à marcante voz de Ann. Em 75, já sem Hannah e Johnstone, conseguem gravar uma demo com a ajuda do guitarrista e tecladista Howard Leese e diversos bateristas, daí emergindo o álbum 'Dreamboat Annie', uma pequena jóia que chamou a atenção da Mushroom Rec., obscura gravadora canadense. Disco lançado, e tendo Michael Derosier efetivado nas baquetas, surpreendem-se com seu estrondoso sucesso. Afinal, a concepção de 'Dreamboat Annie' era completamente diferente de todos os trabalhos de hard rock até então pois contava, entre petardos como 'Crazy On You' e 'Magic Man', com 3 belíssimas versões da faixa-título. Lançado nos EUA, ultrapassou em pouquíssimo tempo a marca de 1.000.000 de cópias e está listado entre os melhores álbuns de estréia de todos os tempos.
Em 77, percebendo que o porte da Mushroom não os levaria muito longe, rompem o contrato, assinam com a CBS e lançam mais um excelente disco, 'Little Queen', que estourou mundialmente com 'Barracuda'. Em represália, a Mushroom lança 'Magazine', um trabalho deixado inacabado pela banda, acabando por deflagrar uma batalha judicial em que a Heart saiu perdedora mas que, ao menos, impôs condições para que o álbum continuasse no mercado com o argumento de que, por ser um trabalho não finalizado, lhes fosse permitido concluí-lo da melhor maneira possível. Belo acordo pois o álbum contém excelentes momentos e seria uma pena mantê-lo inédito. Segundo consta, as cópias daquela primeira prensagem não autorizada e sem finalização que foram recolhidas são itens valiosíssimos de colecionador.
Com a anistia de Jimmy Carter aos desertores do Vietnã, puderam iniciar sua primeira e vitoriosa turnê pelos EUA. E o sucesso continuou com o duplamente platinado 'Dog & Butterfly' mas gerou a primeira baixa com a saída de Roger Fisher ao fim do tour de divulgação do álbum. Mas o sucesso continuava a aumentar constantemente e a 'little zeppelin', como era chamada desde o período de Vancouver, emenda com mais um petardo, 'Bebe Le Strange'(80).
A partir daí, com o lançamento de 'Private Auditions' em 82, a sorte começa a mudar pois sofriam enormes pressões já que suas vendas eram astronômicas para uma banda de hard rock à moda antiga. A queda nas vendas devido ao novo cenário musical com o pós-punk e a new wave, atingiu a banda em cheio e provocou mais duas baixas, desta vez de Fossen e Derosier. Substituidos, respectivamente, pelos experientes Mark Andes e Danny Carmassi, lançam, já no ano seguinte, 'Passionworks', um último sopro de integridade musical.
Neste momento a banda chegou a uma encruzilhada em que a sobrevivência dependia de severas mudanças de rumo para se adaptar àquela nova, e medíocre, ordem musical e estética. Assim foi feito e, já em seu trabalho subsequente, o álbum 'Heart'(85), venderam mais de 5.000.000 de cópias puxadas pelo sucesso de 'babas' como 'What About Love', 'These Dreams' e 'Nothing At All'. Em 87, mantendo o baixo nível musical, lançam 'Bad Animals' -nome do estúdio recém-construído por Ann e Nancy e onde o álbum foi concebido- que emplaca 'Alone'. Com Nancy já casada com Cameron Crowe, reduzem um pouco o ritmo dos tours e somente em 90 retornam com 'Brigade', ainda mantendo as cifras de vendas no patamar dos 7 dígitos puxados por 'All I Wanna Do Is Make Love To You'. Mas a insatisfação da banda com o próprio trabalho começa a surtir efeitos e, já em 'Desire Walks On' de 93, além das irmãs Wilson e do multiinstrumentista Leese do line-up clássico, o restante da banda é de session men. Ainda lançam um bom CD/VHS live acoustic, 'The Road Home', produzido por um 'desconhecido' admirador da banda chamado John Paul Jones, antes da debandada para um merecido repouso e para que Nancy pudesse dedicar-se um pouco mais à família, ao mesmo tempo em que passa a ser responsável pelas trilhas sonoras de todos os filmes do maridão Crowe. E fez um belíssimo trabalho, principalmente na estupenda e já clássica trilha de 'Almost Famous'.
A partir de 2002, as irmãs Wilson voltam a excursionar como Heart -lançam, inclusive, o premiado DVD 'Alive In Seattle'- mas com um line-up variável que inclui feras como Gilby Clarke, Mike Inez e Darian Sahanaja até que entram em estúdio mais uma vez e desovam o redentor 'Jupiter's Darling', este, sim, um legítimo herdeiro de suas raízes hard. O sucesso deste álbum as levou a serem convocadas pela Shout! Factory a reproduzir fielmente, em todos os detalhes, o álbum 'Dreamboat Annie' para sua franquia de sucesso 'Legendary Albums Live'.
Aqui, disponibilizei toda a discog de estúdio da banda e DVDs. Neste último caso, apesar de tê-los todos, optei por links já disponíveis -os mesmos de onde baixei e verifiquei que continuam 'funfando'- na rede pois seria extremamente cansativo ripá-los e hospedá-los. Aos que não costumam baixar DVDs devido ao tamanho dos arquivos, insisto que todos valem muito a pena pois, além de privilegiarem sua melhor fase no set list, sempre incluem excelentes covers de sua -e minha também- banda predileta, Led Zeppelin, entre outras. A lamentar apenas a forma rotunda da outrora deliciosa Ann Wilson. Mas a voz continua poderosíssima.


Do Veneno



DVDs

The Road Home(95)
Part 1 Part 2 Part 3
Para descompactar, use o programa
HJSplit


Live In Seattle(2002)


Dreamboat Annie Live (2007)