sábado, 15 de outubro de 2011

POSSO TE CUTUCAR?

Amigos, algum de vocês já parou para pensar em quão louca é nossa vida on-line, com dezenas de redes sociais à disposição e com cada amigo/conhecido/colega (de carne e osso) lhe convidando para, pelo menos, 5 destes sites de relacionamento social? Pois bem, após quase 10 anos vivendo à margem deste mundo em que todos são amigos de todos em um crescendo a uma ordem geométrica insana alimentada por múltiplos processos de análisecombinatória mas onde pouquíssimos deles estarão ao seu lado quando um problema no mundo 'tátil' lhe acometer, resolvi escolher apenas 1 para me permitir ser adicionado -o mais popular deles- e, não fosse eu um cidadão com um certo conhecimento de vida adquirido através de muitos tombos e levantadas nestes meus quase 53 anos de porralouquice, ficaria completamente estupefato com as possibilidades quase infinitas de tal mecanismo. Mas sou tinhoso e sei que terei que decifrá-lo, até mesmo para não ser devorado.
E foi pensando nisso que a English National Opera, a título de divulgar a première de seu novo espetáculo, a ópera contemporânea 'Two Boys' -que versa exatamente sobre o quão perigosamente estranha é esta vida virtual, onde poucos são como se mostram pois quase todos gostariam de ser outros-, convidou um dos mais incensados novos compositores eruditos, o norte-americano Nico Muhly, para valer-se do mesmo modo de comunicação utilizado nesta vida virtual em um contexto, digamos assim, mais orgânico. O resultado é hilário, porém perturbador, pois até mesmo um simples bilhete escrito à mão com a palavra 'CURTI', atitude considerada simpática em quaisquer destes sites, causa um tremendo estranhamento em muitos que a recebem. E o que dizer da cutucada? Será que chegaremos a desaprender a conviver em apenas 3 dimensões? Se assim for, acho que devemos começar já um novo movimento e algumas sugestões me vêm à mente: 'Fale Ilimitado, Passe Lá Em Casa Para Uma Cerveja' ou 'Quer Rir Sem You Tube? Que Tal Dar Doizinho?'. Aceito sugestões.
Mas diz aí: CURTIU?


segunda-feira, 10 de outubro de 2011

THE ANSWER-REVIVAL (Limited Edition / 2011) + 412 DAYS OF ROCK'N'ROLL (2011)

E um dos discos mais aguardados do ano finalmente veio à tona! E em se tratando da irlandesa The Answer, todos já devem imaginá-lo candidato ao internacionalmente aclamado e sempre disputadíssimo Prêmio Rabo de Raposa, mais um de uma já bem gordinha lista. Certo? Talvez. Na verdade, 'Revival' é um daqueles discos difíceis de analisar pois se por um prisma não se pode em hipótese alguma afirmar ser ruim, até porque o hard/heavy que tanto amamos, por definição, é um gênero um tanto previsível, por outro tem-se a impressão de ser um trabalho menos incisivo que seus predecessores, mesmo sabendo que 'Rise' será difícil de ser superado, até mesmo igualado. Não, de forma alguma isto é ruim; as ousadias é que são mais afeitas a outros gêneros cabendo às bandas que se dedicam ao hard/heavy buscar seus diferenciais e usá-los de forma a encontrar seu lugar ao sol. O que costuma diferenciar estas bandas entre si são itens mais subjetivos como a habilidade dos músicos em driblar clichês, criar riffs matadores e composições com bons ganchos e utilizá-los com sabedoria para não queimar cartuchos desnecessariamente, por exemplo. E um gogó privilegiado como o de Cormac Neeson aliado à sagacidade na confecção de riffs grudentos de Paul Mahon fazem toda a diferença. Agregue a isso uma participação especialíssima da bela e talentosa Lynne Jackaman da Saint Jude em 'Nowhere Freeway' e nada pode dar errado. No entanto, nestes quase 10 dias 'orelhando' esta nova bolachinha de uma das grandes bandas do atual cenário hard, encontrei momentos realmente inspirados - 'Waste Your Tears', 'Use Me', a bonus 'Piece By Piece', 'New Day Rising', a já citada 'Nowhere Freeway' e, em especial, 'Caught On The Riverbed'- mas, por muito pouco, o excesso de ôôôôs e nananas, que alguns amigos músicos afirmam serem utilizados quando não se tem mais porra nenhuma a ser dito, tiram o brilho de algumas das canções. Certamente, estará em muitas listas de melhores do ano pois tem qualidades de sobra para tanto mas não creio que chegará ao topo de nenhuma delas.

CD 1: Revival

 CD 2: After The Revival





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De brinde, segue '412 Days Of Rock'n'Roll', uma excelente coleção de performances capturadas durante 3 apresentações entre 2008 e 2010 e turbinada com 2 excelentes faixas de estúdio, entre as quais um cover matador para 'Rock'n'Roll Outlaw' da Rose Tattoo.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

WIDE MOUTH MASON-NO BAD DAYS (2011)

E quando já dava como certa a dissolução em definitivo de um dos grandes representantes da última lavra do país que já nos presenteou com Neil Young, Rush, Guess Who, BTO, Joni Mitchell, Leonard Cohen, The Band, Steppenwolf, entre tantos outros, eis que, na surdina, soltam 'No Bad Days'. E Shaun Verreault & Cia. não economizaram e, simplesmente, nos brindaram com mais um dos sérios candidatos ao Prêmio Rabo de Raposa 2011.
Formada em 1995 por 3 grandes amigos de high school -além do talentozaço Verrault nos vocais e guitarras, Earl Pereira no baixo e vocais e Safwan Javed nas baquetas e vocais- em Saskatoon, já no ano seguinte desovam o independente 'Nazarene', chamando a atenção da Warner que opta por, praticamente, apenas regravar todo o material daquele debut e lançá-lo já em 1997 como um álbum epônimo e surpreender a todos com seu power blues de matizes únicas e já delineando o que viria a tornar-se uma marca registrada da banda: um blues rock sem amarras, recheado de referências contemporâneas mas mantendo todos os dedos de mãos e pés fincados nos seventies. E o resultado foi o reconhecimento efusivo de crítica e público, transformando rapidamente a Wide Mouth Mason em referência em um gênero que, agonizante pela falta de renovação, clamava por socorro à época. O impacto de seu surgimento foi tão grande que os levou naquele mesmo ano ao aclamado Montreaux Jazz Festival, arrancando elogios inflamados de Van Morrison, que convocou Shaun para uma jam em seu set e, segundo dizem,  quase interrompendo precocemente a carreira da WMM ao convidá-lo para fazer parte de sua banda. Sempre inquieto, Verrault e seu estilo personalíssimo na guitarra agregou novos elementos, entre eles o jazz, world music e alguns elementos do hip hop, para 'Where I Started', de 1999, um sucesso estrondoso em seu país natal e com 'Why' chegando a obter algum sucesso mundo afora. 
Segue-se um curto período de falta de motivação e 'Stew' -apesar da produção do experiente Gordie 'Grady' Johnson, frontman bipolar da pop rock Big Sugar e da southern hardcore Grady, além de atuar frequentemente como produtor- reflete muito bem este momento pouco inspirado mas, apesar disso, com excelentes passagens. Após um hiato de 2 anos, lançam o magistral 'Rained Out Parade', um retorno às origens bluesy da banda. Registrado da forma mais crua possível, é uma pancada nas orelhas cercada de integridade por todos os lados.
E mais 3 anos de turnês, projetos pessoais e colaborações se sucedem antes do lançamento de outro belo trabalho, 'Shot Down Satellites', digníssimo sucessor um tanto mais hard para 'Rained Out Parade', e mais uma nova sequência de turnês de lançamento e até projetos solo de Verrault e Pereira. E foi justamente este último que resolveu dedicar-se full time a seu novo projeto, Mobadass.
Há tanto tempo juntos, presume-se ser uma peça difícil de se substituir mas a escolha não poderia ter sido melhor pois, convidado para o posto, a lenda Gordie Johnson aceitou de pronto. E a Wide Mouth Mason ganhou, além de um baixista de ideias surpreendentes -talvez por ser guitarrista de origem- e um renomado produtor. Junte a isto uma coleção de canções recheadas de riffs ganchudos, refrões pegajosos e uma execução primorosa, mas sem perder de vista o jeitão '1...2...3...foda-seeeeee!!!', e temos em 'No Bad Days' um exemplar perfeito do melhor que o roquenrou pode nos oferecer.


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VIDEOS 





PS: Gostou e quer o restante da discografia da banda? Então, dê uma passada por aqui.