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sábado, junho 14, 2025

NEVADA SMITH (1966)

NEVADA SMITH
Um filme de HENRY HATHAWAY



Com Steve McQueen, Karl Malden, Brian Keith, Arthur Kennedy, Suzanne Pleshette, Raf Vallone, Janet Margolin, Pat Hingle, Martin Landau

EUA / 128 min / COR / 
16x9 (2.35:1)

Estreia nos EUA: 10/6/1966
Estreia em PORTUGAL: 1967



Tom Fitch: «The kid's creepy. He ain't human! He doesn't kill people; he executes them. Yeah, he executes them!»


Steve McQueen começou a sua carreira pela televisão onde durante a década de 50 participou em variadissimas séries. Data de 1958 a primeira vez que o seu nome aparece creditado no cinema - nos filmes “Never Love A Stranger” e “The Blob” - este último hoje em dia considerado um filme de culto da ficção científica. Dois anos depois é o grande salto para o estrelato ao interpretar um dos sete magníficos (“The Magnificent Seven”, de John Sturges). Segue-se o seu período áureo, coincidente com a maioria dos anos 60, onde filmes como “The Great Escape” (1963), “The Cincinnati Kid” (1965), “The Sand Pebbles” (1966) ou “Bullitt” (1968), o colocam definitivamente na galeria dos actores mais amados do seu tempo. Pessoalmente só em 1967 vi pela primeira vez um filme deste lendário actor americano. Precisamente este “Nevada Smith”, estreado no ano anterior. A partir dessa altura também eu me tornei um fan incondicional de McQueen (e quem o não era naqueles anos?), tendo acompanhado todos os seus filmes até à sua morte prematura a 7 de Novembro de 1980, ano em que completou meio século de existência.

“Nevada Smith” é um belo western que pelo atrás referido faz parte do meu imaginário infantil – tinha 14 anos quando o vi pela primeira vez. Baseado no livro “The Carpetbaggers” / “Os Insaciáveis”, de Harold Robbins, conta a história de uma vingança – a de Max Sand, um mestiço em busca dos três homens que um dia lhe assassinaram os pais após os terem torturado. O personagem já tinha sido levado ao cinema dois anos antes quando Edward Dmytryk realizou “The Carpetbaggers”, com George Peppard e Carrol Baker nos principais papeis. Alan Ladd foi quem interpretou Max Sand e só a sua morte, antes até da estreia do filme, o impediu de voltar a viver o mesmo personagem. O que deu oportunidade a McQueen de fazer aqui um trabalho digno de registo, no qual foi bem secundado por um naipe de grandes actores da época. Um western que não precisou de recorrer aos clichés do género para contar a sua história.







CURIOSIDADES:

- George Lucas também era fan deste “Nevada Smith”, a ponto de ter pensado usar o mesmo apelido para o seu herói Indiana Jones (“Indiana” era o nome do cão que Lucas tinha nessa altura), que assim poderia ter vindo a ser conhecido por “Indiana Smith”

- Dos 2000 actores que em 1955 tentaram entrar para a escola de teatro de Lee Strasberg, em Nova Iorque, apenas Steve McQueen e Martin Landau foram aceites

- Steve McQueen tinha 35 anos quando rodou este filme. No início, a personagem de Max Sands tem apenas 16 anos.





quarta-feira, agosto 11, 2010

NORTH BY NORTHWEST (1959)

INTRIGA INTERNACIONAL
Um filme de ALFRED HITCHCOCK


Com Cary Grant, Eva Marie Saint, James Mason, Leo G. Carroll, Martin Landau

EUA / 131 min / COR / 16X9 (1.85:1)

Estreia nos EUA a 17/7/1959 (LA)
Estreia em PORTUGAL a 8/3/1960



Eve Kendall: «It's going to be a long night»
Roger Thornhill: «True»
Eve Kendall: «And I don't particularly like the book I've started»
Roger Thornhill: «Ah»
Eve Kendall: «You know what I mean?»
Roger Thornhill: «Ah, let me think. Yes, 
I know exactly what you mean»

“North by Northwest” é o filme mais longo de Hitchcock. São 130 minutos de suspense ininterrupto que percorre a América de lés-a-lés. A história retoma um dos temas caros a Hitchcock, o do falso culpado, mas desta vez tratado em tom mais ligeiro, como se duma comédia se tratasse. Por isso a identificação dos espectadores com o herói é ainda maior do que o habitual, como se quisessem fazer parte integrante das aventuras contadas pelo filme. Segundo Hitchcock, «O humor é o desaparecimento da dignidade, é o desaparecimento do que é normal, logo, é o anormal. Os espectadores que vão ao cinema levam uma vida normal. Vão ver coisas extraordinárias, pesadelos. Para mim, não é uma fatia de vida, mas uma fatia de bolo. O essencial para que o espectador possa apreciar o anormal no seu pleno valor é que esse anormal seja mostrado com o mais completo realismo. Porque o espectador sabe sempre se alguma coisa é verdade ou não. Se o espectador se interrogar a respeito de alguns pormenores inexactos, reflectirá e inquietar-se-á com isso. E então eu já não posso fazer suspense. É muito, muito importante, obter um verdadeiro suspense. É preciso que no espírito não haja absolutamente mais nada, a não ser o suspense».
Na entrevista concedida a François Truffaut quando “North by Northwest” estreou em Paris, podia ler-se como é que Hitchcock imaginou uma das cenas mais célebres deste filme – uma cena muda, que dura cerca de dez minutos, em que Cary Grant está só no deserto e que começa muito antes da chegada do avião. É uma sequência que nos seduz pela sua própria gratuidade, desprovida de qualquer verosimilhança e de qualquer significação. Falava assim o mestre: «Neste caso não se trata de manejar o tempo, mas o espaço. A duração dos planos destina-se a indicar as diferentes distâncias que Cary Grant tem de percorrer para se esconder e, sobretudo, a demonstrar que não pode fazê-lo. Uma cena deste género não pode ser inteiramente subjectiva, porque tudo andaria demasiado depressa. É necessário mostrar a chegada do avião – ainda antes de Cary Grant o ver – porque se o plano fosse demasiado rápido, o avião não se manteria no quadro por tempo suficiente e o espectador não teria consciência do que se passa. É preciso trocar o ponto de vista subjectivo pelo ponto de vista objectivo, quer dizer, é preciso preparar o público para a ameaça antes de cada mergulho do avião».
E dizia ainda Hitchcock que a ideia fora contrariar todos os estereótipos. O espectador sabe que Grant foi convocado para um encontro em que provavelmente vai ser vítima de uma tentativa de assassínio. Como é que o vulgo imagina a coisa? Cena nocturna, uma esquina por onde desliza um gato, chuva miudinha a reflectir a luz no chão, um carro negro que se aproxima lentamente, uma janela que se abre, uma pistola que dispara. A ideia foi então fazer precisamente o inverso. Arranjar um campo aberto, ninguém à vista, jogar com as expectativas do espectador sempre que algum automóvel se aproximava e criar um desfecho vindo do céu.
Pelas palavras de Hitchcock, tornava-se claro o que inúmeros analistas já perceberam: que “Intriga Internacional” é um filme conceptual, onde cada elemento é pensado na sua dupla relação com uma lógica interna, uma história, mas também com o cinema em geral, com os modos da sua recepção, com os conhecimentos e o saber do espectador. Segui-lo como uma série de peripécias rocambolescas em que um executivo de Manhattan se vê tomado por um espião que nem existe é um prazer. Mas olhá-lo como uma peça de relojoaria cinematográfica é, se me permitem, apaixonante.
Existe uma outra sequência no filme cuja simplicidade de enquadramento contribui decisivamente para a exploração inteligente do campo. Hitchcock sabe sempre onde colocar a câmara - esse pesadelo dos jovens cineastas. Utiliza a perspectiva das cabines telefónicas numa estação para obrigar a imagem a fugir para o fundo do campo; o olhar vai chocar num grupo indiferente, o dos viajantes ao fundo, onde literalmente se encerra. A perspectiva oblíqua daquelas portas envidraçadas - notemo-lo de passagem - é uma utilização genial dum cenário natural, mas é sobretudo ocasião de um enquadramento que sugere a tensão por uma única e principal linha oblíqua. Vê-se o que separa o grande realizador de um realizador simplesmente hábil: a tensão é mais forte e resulta de meios mais simples. Nessa linha oblíqua, feita de madeira lustrosa e de vidro, o olhar prende-se aos dois rostos, o da mulher perseguida e o do homem que a persegue. O olhar vai de um para o outro, hesita, volta atrás, numa aflição como a da própria mulher (Eva Marie Saint), uma das personagens principais do filme. O enquadramento está intimamente ligado não só à imagem e à sua significação mas a todo o filme.
Para finalizar não resisto em transcrever aqui a resposta que Hitchcock deu a Truffaut quando este lhe perguntou se tinha sido influenciado pela experiência expressionista ou pela obra de Fritz Lang: «Não há nada de simbólico em “North by Northwest”. Ah sim! Uma coisa. O último plano. O combóio que entra no túnel depois da cena de amor entre Grant e Eva-Marie Saint. É um símbolo fálico. Mas é preciso não o dizer a ninguém».
CURIOSIDADES:
 
- A cena final não foi rodada no Monte Rushmore, uma vez que Hitchcock não conseguiu autorização para filmar uma cena de assassínio naquele local. Tudo teve que ser filmado em estúdio, onde foi construída uma réplica do monumento nacional
 
- Eva Marie Saint apercebeu-se, durante a rodagem, que o seu colega Cary Grant cobrava 15 cêntimos por cada autógrafo que lhe pediam.
 
- A habitual aparição de Hitchcock é feita logo no início do filme, em que o vemos chegar atrasado à paragem de autocarro
 
- MGM queria Cyd Charisse no papel de Eve Kendall mas Hitchcock insistiu em Eva Marie Saint
 
- Em 2007 o American Film Institute classificou "North by Northwest" no 55º lugar dos Melhores Filmes de sempre.