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terça-feira, 2 de junho de 2020

NONSENSE


Na Rua das Janelas Verdes, praticamente colado à embaixada do Luxemburgo, foi construído o edifício de habitação que se vê na imagem, projecto de Aires Mateus e Frederico Valsassina. Pronto e ocupado há cerca de dois anos.

Não vou discutir os méritos arquitectónicos, embora me faça confusão que um edifício de luxo, assinado por dois arquitectos célebres, tenha uma entrada de porta de mercearia e caixas de correio ao nível do chão. Adiante.

O que deveras me encanita são os fios de electricidade pendurados em postes. Sei que não é caso único, mas surpreende-me que gente capaz de dar mais de um milhão de euros por um T2 conviva há quase dois anos com aquela paisagem defronte das suas janelas.

Ainda em Fevereiro vi turistas vindos do MNAA a fotografar a instalação.

A Câmara de Lisboa não fica incomodada?

Clique na imagem.

segunda-feira, 30 de março de 2020

MICHAEL SORKIN 1948-2020


Vítima de Covid-19, morreu Michael Sorkin, um dos mais importantes arquitectos urbanistas contemporâneos.

Teorizador do urbanismo, com vasta obra publicada, Sorkin leccionou em várias universidades norte-americanas, mas também em Londres, Viena e Copenhaga.

Morreu no passado dia 26, em Nova Iorque, mas só ontem à noite o facto foi conhecido. Deixa viúva Joan Copjec, professora de teoria do cinema na Brown University.

Clique na imagem.

sábado, 5 de outubro de 2019

MONOS


Como é dia de reflexão, reflitamos sobre monos.

A imagem de cima mostra a nova Deichman Bjørvika, biblioteca pública de Oslo, obra do gabinete de arquitectura de Lund Hagem. Hordas de especialistas, opinião pública tout court e os media, todos rendidos.

Pergunta não inocente: em que parte o edifício dos arquitectos Manuel Aires Mateus e Frederico Valsassina projectado para o Rato (a praça mais feia e desordenada de Lisboa), lhe é inferior?

Clique nas imagens: Oslo ao alto, Lisboa em baixo.

MONUMENTAL


Quem não se lembra do Monumental e das suas três salas: o cinema, com 1.967 lugares; o teatro, com 1.086; e o estúdio, onde eram exibidos “filmes de autor”, com 208. O Monumental foi inaugurado em Novembro de 1951 e fechou em Novembro de 1983. Denominada Satélite, a sala-estúdio só abriu em Fevereiro de 1971, ocupando o espaço do antigo salão de chá do primeiro andar.

No piso térreo, virado à Fontes Pereira de Melo, o café-restaurante Monumental marcou uma época da vida gay de Lisboa (embora o Monte Carlo, mesmo ao lado, fosse muito mais divertido). Resumindo: durante 32 anos, o Monumental foi um lugar de eleição.

Demolido em Maio de 1984, deu lugar a um edifício pavoroso, todo espelhado, com quatro salecas de cinema desconfortáveis extremamente feias, inauguradas em 1993 pela Medeia Filmes, de Paulo Branco, actualmente encerradas.

Agora muda tudo. Por 29 milhões de euros, a Broadway Malyan, responsável pelo projecto arquitectónico, vai pôr o edifício como se vê na imagem. Além da fachada, a remodelação inclui os equipamentos interiores.

Continuará um pavor, embora o actual seja pior. Com abertura prevista para Outubro de 2020, manterá as salas de cinema (mas sem a Medeia Filmes), que espero sejam melhores que as actuais. O shopping desaparece, ficando a área comercial ocupada por uma grande loja-âncora.

Para mal dos nossos pecados, o Saldanha está condenado a ser cobaia de todas as experiências.

Clique nas imagens. De cima para baixo: projecto 2020 (em curso), versão 1993, obra original (1951).

domingo, 4 de agosto de 2019

NONSENSE


A pretexto da sua saída da Câmara de Lisboa, o arquitecto Manuel Salgado deu uma entrevista de oito páginas ao Expresso. A partir do link de outro jornal, centrado numa única afirmação, as redes sociais entraram em polvorosa.

O argumento de Salgado deixou-me estupefacto. Não faz sentido argumentar com a volumetria do novo Hospital da CUF.

O edifício Pedro Álvares Cabral, de João Simões Antunes, que abriga hoje a Fundação Oriente, bem como a correnteza dos antigos armazéns frigoríficos do bacalhau (obras de 1939), têm a mesma volumetria. Se há parede contra o rio, ela existe há 80 anos. O novo hospital é só mais um.

Foi um erro construir um hospital ali, numa zona de estrangulamento rodoviário. Já o escrevi há um ano. Mas o erro tem que ver com a natureza do uso intensivo do futuro hospital. A volumetria não belisca o local. Argumentar com a privação de “vistas” a partir do Miradouro das Necessidades é puro nonsense. No auge da polémica fui de propósito ao miradouro e pude ver tudo o que há para ver, rio incluído.

Aliás, nos terrenos que vão dos barracões do LxFactory até à Avenida da Índia, uma área de 4,3 hectares, começou (ou está para começar) a construção de onze edifícios de sete e oito pisos acima do solo, destinados a escritórios, comércio e habitação. A obra, que vai mudar a face de Alcântara, é do arquitecto Frederico Valsassina.

Em doze anos, Salgado mudou a imagem de Lisboa. A cidade degradada e suja dos anos 1990 está hoje muito melhor. Tomou decisões menos felizes? Claro que sim. Mas o saldo é largamente positivo. O arrependimento pela volumetria do hospital é um acto falhado. O erro está em ter um hospital ali. O resto são frioleiras.

Clique na imagem do Expresso.

sexta-feira, 10 de maio de 2019

LM VS MAPUTO


Estas duas fotografias mostram o mesmo edifício, o Leão Que Ri, um dos quinze ou vinte, ou se calhar mais, que o arquitecto Amâncio de Alpoim Miranda Guedes (1925-2015), vulgo Pancho, espalhou por Lourenço Marques, actual Maputo.

Na foto em cima, vemos o edifício acabado de construir, em 1958. Na de baixo, de 2004 (salvo erro), a degradação não poupou os espaços entre os pilotis do rés-do-chão, outrora vazios, hoje transformados em lojas.

E ainda há quem me pergunte porque nunca quis voltar de visita.

Não vivi no Leão Que Ri, mas recordações muito fortes ligam-me a um dos seus apartamentos. E foi com espanto que ontem ouvi (no primeiro episódio da série documental Brisa Solar, de Ana Pissarra e José Nascimento, transmitida na RTP2) o arquitecto Luís Lage dizer que agora é que está bem, porque, e cito de cor, a arquitectura é o que queremos fazer dela. Então ficamos assim.

Bora lá pôr o Taveira a desconstruir os Jerónimos!

Clique nas imagens para as ver na íntegra.

terça-feira, 5 de março de 2019

PRITZKER 2019


Vemos aqui um ângulo do Weill Cornell Medical College, no Qatar, obra de 2004 do arquitecto japonês Arata Isozaki, 87 anos, o mais recente laureado com o Prémio Pritzker.

Quem não possa ir tão longe, encontra obras suas na Coruña, em Bilbao, Barcelona, Milão e outras cidades europeias.

Clique na imagem.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

SERÁ DESTA?


Em Outubro próximo completam-se 15 anos de encerramento da Feira Popular de Lisboa. Quinze anos em que o terreno tem servido para tudo, desde depósito informal de lixo a gang bangs de todos os géneros. Agora, finalmente, parece ir avançar o ambicioso projecto imobiliário que se vê nas imagens. O estudo do terreno é de Ana Costa e Souto Moura.

Na imagem de cima, perspectiva no sentido Saldanha / Campo Grande. Na de baixo, o inverso.

Clique nas imagens.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

MODERNO ANTES DOS MODERNOS


Passou ontem na RTP-2 um documentário sobre Ruy Athouguia (1917-2006), um arquitecto que marcou Lisboa e Cascais, um dos maiores da arquitectura portuguesa, infelizmente pouco citado. Formado pela Escola Superior de Belas-Artes do Porto, Ruy de Sequeira Manso Gomes Palma Jervis d’Athouguia Ferreira Pinto Basto sofreu o ónus dos homens e mulheres da sua geração que não pertenceram ao Partido Comunista. As origens aristocráticas, a fortuna da família, o facto de ter pertencido à alta sociedade e o total alheamento da vida política e dos lobbies corporativos, contribuíram para a omissão. A obra não pode ser rasurada, mas, à sua volta, o silêncio é ensurdecedor. Lá fora, Corbusier e Alvar Aalto, entre outros, não pouparam elogios. Para quem não sabe, Athouguia foi o arquitecto do Bairro das Estacas, da Escola do Bairro de São Miguel, da Escola Teixeira de Pascoaes, do Liceu Padre António Vieira, do Edifício Roma, do conjunto de seis edifícios da Praça de Santo António, do edifício-sede e do museu da Fundação Calouste Gulbenkian, etc., tudo isto em Lisboa, bem como de várias obras em Cascais, das quais se destacam a sua própria casa (amplamente citada, fotografada e estudada em revistas estrangeiras da especialidade), bem como as icónicas Casa Sande e Castro e a Torre do Infante. Em Abrantes, o Cineteatro São Pedro também é de sua autoria. O documentário de Nuno Costa Santos e Ricardo Clara Couto contou com depoimentos de Eduardo Souto Moura, muito enfático sobre a importância da obra de Athouguia, Graça Correia, Ana Tostões, Vasco Avillez e outros. O serviço público é isto.

domingo, 17 de dezembro de 2017

CASAS


Após a devastação dos fogos, tornou-se necessário reconstruir 800 casas no Norte e Centro do país. Uma boa oportunidade para mudar a paisagem rural, um pesadelo de casas altas como catedrais, telhados alucinantes, escadas exteriores, muros com rebites dourados, ninfas de gesso no portão e ausência de árvores nos quintais. Neste momento, em Pedrógão Grande, estão prontas 112 casas novas. A que se vê na foto é um bom exemplo do que devia ser a regra. Mas, no mesmo local, existem outras reconstruídas segundo o modelo rural-canónico. É uma pena deixar passar esta oportunidade única.

Clique na imagem.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

PESSOA 2017


O arquitecto Manuel Aires Mateus, 53 anos, é o vencedor do Prémio Pessoa 2017. Em Portugal, a obra mais recente é o edifício-sede da EDP, em Lisboa. No estrangeiro, é o Centro de Criação Contemporânea de Tours. Manuel Aires Mateus leccionou na Graduate Scholl of Desing, de Harvard (USA), leccionando actualmente na Accademia di Architettura de Mendrisio, na Suíça. Um prémio merecido.

quinta-feira, 31 de março de 2016

ZAHA HADID 1950-2016


Morreu hoje a arquitecta Zaha Hadid, nascida em Bagdade mas naturalizada britânica desde os anos 1960. Além de outros prémios, Zaha foi a primeira mulher a receber o Pritzker (recebeu-o em 2004) e a medalha de ouro do Royal Institute of British Architects. Filha de um dos fundadores do Partido Nacional Democrático do Iraque, Zaha deixou o país de origem com 9 anos de idade, tendo estudado na Suíça e na Inglaterra antes de formar-se em matemática na universidade americana de Beirute. De seguida, estudou arquitectura em Londres. Foi aluna e mais tarde associada de Rem Koolhaas. Obras suas encontram-se espalhadas um pouco por todo o mundo: Londres, Oxford, Glasgow, Manchester, Paris, Marselha, Montpelier, Roma, Berlim, Hamburgo, Leipzig, Barcelona, Saragoça, Innsbruck, Copenhaga, Hong Kong, Tóquio, Osaka, Abu Dhabi, Baku, Pequim e Los Angeles, são algumas das cidades onde se podem ver. Zaha morreu em Miami, de ataque cardíaco. Tinha 65 anos.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

DIOGO SEIXAS LOPES 1972-2016


Vítima de cancro, morreu hoje, com 43 anos, o arquitecto Diogo Seixas Lopes, filho de Maria João Seixas, antiga directora da Cinemateca Nacional, e do realizador Fernando Lopes. Entre as suas obras mais conhecidas contam-se a reabilitação do Teatro Thalia e a polémica torre de dezassete andares em construção na esquina da Avenida Fontes Pereira de Melo com o Jardim Augusto Monjardino. Diogo Seixas Lopes encontrava-se neste momento a preparar a próxima Trienal de Arquitectura de Lisboa. Além da obra arquitectónica, deixa um livro notável, Melancholy and Architecture, publicado no ano passado.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

NUNO TEOTÓNIO PEREIRA 1922-2016


A poucos dias de completar 94 anos, morreu hoje o arquitecto Nuno Teotónio Pereira, figura incontornável da Cultura portuguesa, autor de obras icónicas de Lisboa, tais como, entre outras, o edifício da Rua Braamcamp conhecido por Franjinhas, Prémio Valmor 1971, ou a Igreja Sagrado Coração de Jesus, Prémio Valmor 1975. A imagem é do Público. Clique.

sábado, 7 de novembro de 2015

PANCHO MIRANDA GUEDES 1925-2015


Morreu o Pancho. A notícia, seca, chegou depois do jantar. Pancho, como era conhecido o arquitecto Amâncio d’Alpoim Miranda Guedes, nasceu em Lisboa mas viveu em Moçambique desde criança: ainda não tinha 7 anos quando chegou a Lourenço Marques. Formou-se em arquitectura na Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo, mas o Estado Novo obrigou-o a vir a Portugal homologar a licenciatura. Viveu na capital de Moçambique entre 1932 e 1975, ano em que representou Moçambique na Bienal de Veneza. São de sua autoria algumas das obras mais emblemáticas de Lourenço Marques, como acontece com os edifícios de habitação Dragão (1951), Prometheus (1951), Leão Que Ri (1956), Tonelli (1958), Simões Ferreira (1962), Parque (1974) e outros, os edifícios de escritórios Mann George (1952), Abreu (1953), Spencer & Lemos (1953) e Octavio Lobo (1967), os últimos três formando gaveto na Praça Mac Mahon, as casas Matos Ribeiro (1952), Gonzaga Gomes (1955) e outras, a Fábrica de Pão Saipal (1954), o mítico restaurante Zambi (1954), o Colégio dos Irmãos Maristas (1955), o Cinema Infante (1963), o Convento de São José de Lhanguene (1967), a Escola de Enfermagem do Hospital Miguel Bombarda (1969), a Igreja Anglicana de São Cipriano do Chamanculo (1970), mas também obras fora da cidade, como por exemplo o Instituto Agrário de Boane, concluído em 1975. A minha geração passou noites homéricas no bar do Hotel Polana, que ele “reinventou” no fim dos anos 1950, sem beliscar a patine do hotel que Hugh Le May construiu em 1921. Foi com ele que aprendi a olhar para a paisagem urbana. Além de arquitecto foi escultor e pintor, estando representado em museus um pouco por toda a parte. Viveu na África do Sul nos últimos 40 anos, com um breve intervalo (1996-97) em Lisboa. Na zona de Colares (Sintra) fica o Casal dos Olhos, por todos conhecido como “a casa de Pancho Guedes na Eugaria”. A partir dos anos 1980, retrospectivas da sua obra foram apresentadas em Joanesburgo, Londres, São Paulo, Maputo e Lisboa. Leccionou na Witts (Joanesburgo) e, por breves períodos, em Los Angeles, Haifa e Lisboa. A sua morte é uma perda para a Cultura portuguesa. Tinha 90 anos.