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quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

BRANQUEAR O FASCISMO

Mário Machado, líder do movimento de extrema-direita Nova Ordem Social, esteve hoje no programa de Manuel Luís Goucha, na TVI. Mote: Precisamos de um novo Salazar?

Machado acha que sim. Bruno Caetano, alegado repórter sem carteira profissional de jornalista, autor do formato, também acha. Goucha fez notar que não foi responsável pelo convite.

Numa rápida pesquisa sobre Machado, encontro referências a condenações em 1997 (caso Alcindo Monteiro), 2008 e 2010. Goucha passou ao lado.

Se, como diz Goucha, temos de ouvir todas as partes, convém fazer primeiro o trabalho de casa. E confrontar o entrevistado com eventuais contradições. Neste caso foram várias.

domingo, 28 de outubro de 2018

BRASIL EM TRANSE

Há três semanas, 50 milhões de brasileiros votaram em Bolsonaro. O Brasil tem 50 milhões de fascistas? Não precisa. O fascismo português durou 48 anos (1926-1974). Portugal tinha 10 milhões de fascistas?

O fascismo português começou com a ditadura militar, instaurada nove dias após o pronunciamento militar de 28 de Maio de 1926 (Gomes da Costa) que pôs termo à Primeira República. Continuou com a ditadura civil, estabelecida com a eleição de Carmona em Março de 1928. Entrou em velocidade de cruzeiro em Julho de 1932, quando Salazar foi nomeado chefe do VIII Governo da Ditadura. Até que, em Abril de 1933, a entrada em vigor de uma nova Constituição instituiu o Estado Novo. Doravante, Salazar seria Presidente do Conselho, cargo que ocupou até 27 de Setembro de 1968. Marcello Caetano encerrou o capítulo em Abril de 1974.

Sem a Guerra Colonial, que durou 13 anos e mobilizou um milhão e meio de homens, o fascismo português teria acabado em 1974?

Relativizar o que se passa no Brasil é muito perigoso.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

OUTRA VEZ


Os neo-nazis regressaram ao Governo da Áustria. Sebastian Kurz, 31 anos, Chanceler eleito e líder do Partido Popular, coligou-se com Heinz-Christian Strache, 48 anos, líder do Partido da Liberdade, o FPÖ, fundado em 1956 por proeminentes nazis. Não é a primeira vez que o FPÖ chega ao poder, mas, em 2000, a controvérsia junto da opinião pública austríaca e internacional, de Israel e da UE foi tanta, que Jörg Haider não chegou a entrar no Governo. Agora, Heinz-Christian Strache é vice-chanceler, e o FPÖ nomeou 6 dos 13 ministros, entre eles os do Interior, Defesa e Negócios Estrangeiros.

Heinz-Christian Strache queria referendar a saída da UE, mas o acordo de coligação deixa o tema em stand by. O que está decidido é fechar imediatamente as portas à imigração. Ontem, em Viena, ocorreram manifestações anti-fascistas defronte do Palácio Imperial de Hofburg, reprimidas por cerca de dois mil polícias, helicópteros e canhões de água.

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

PESADELO


E se, nas próximas presidenciais, o Brasil cair no colo de Jair Bolsonaro? Há um ano, isto era ficção científica. Hoje é uma probabilidade consistente. Ao pé de Bolsonaro, Trump é um estadista social-democrata. Membro da Câmara dos Deputados, Bolsonaro, 62 anos, católico, militar na reserva, defensor declarado da ditadura militar (1964-85) e da tortura, homofóbico, anti-feminista, anti-aborto, xenófobo, sucessivamente multado pelo teor das suas declarações incendiárias. Numa sessão do Congresso, em 2014, declarou não estuprar uma deputada porque ela nem para isso servia.

Este homem sinistro tem 20% nas intenções de voto. Nos seus discursos, Bolsonaro repete que os artistas, os gays e as feministas promovem a pedofilia e a zoofilia; que as universidades são dominadas por patrulhas marxistas; e que obras imorais devem ser retiradas dos museus.

Uma exposição queer, realizada em Porto Alegre, foi fechada por pressão sua, exercida sobre Gaudêncio Fidelis (o organizador) e o Banco Santander (mecenas). Gaudêncio Fidelis está a ser investigado pela polícia, tal como o director do Museu de Arte Moderna de São Paulo, a pretexto da imoralidade de obras expostas. Caetano Veloso é outro alvo.

Bolsonaro está por trás do Movimento Brasil Livre, formado por jovens que defendem o liberalismo económico, a prisão de Lula e Dilma, e uma catarse moral. Usam as redes sociais para difundir campanhas contra artistas, intelectuais, professores e jornalistas. Referindo-se a gays e feministas, uma das frases preferidas de Bolsonaro é: «Eles merecem ser baleados».

Na imagem, uma manif de repúdio pela presença de Judith Butler no Brasil.

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

RESISTIR

A Europa tornou-se um sítio perigoso. Mas há quem comece a resistir. É o caso da cantora húngara Fullajtár Andrea, que estreou em Budapeste o espectáculo Boomerang Baby, inspirado em canções e na vida de Marlene Dietrich. Fullajtár Andrea tem consciência de que o seu país caminha a passos largos para o fascismo. E não ficou parada.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

HUIS CLOS

Tornou-se intolerável acompanhar as notícias e ver as imagens que chegam das vagas de refugiados. A cobertura da imprensa europeia, em especial a de língua inglesa, obriga-nos a recuar a 1938. O que está a passar-se na Hungria (onde a partir da próxima terça-feira, dia 15, o controlo de fronteiras será da responsabilidade do exército, sob regime de Estado de Crise) tem de ser rapidamente travado. A Europa não pode tolerar que populações “internadas” em campos sejam alimentadas com comida atirada ao ar pela polícia, como sucede em Roszke, junto à fronteira com a Sérvia. Mas a Europa também não pode tolerar que a Dinamarca e a Áustria fechem autoestradas e suspendam ligações ferroviárias para impedir que alguns milhares de refugiados cheguem, respectivamente, à Suécia e à Alemanha. A situação dos refugiados que todos os dias chegam à ilha de Lesbos, na Grécia, faz de Lampedusa, na Itália, um resort. E Calais desapareceu dos noticiários porquê? Tudo isto é muito, muito inquietante.