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sábado, fevereiro 24, 2024

Palavras adormecidas


Palavras adormecidas

teimam em cingir-me a voz

que rouca, pelo frio do inverno,

se aninha no meu rosto gelado.

No firmamento aves esvoaçam

lado a lado com o vento

e, letras à solta, como folhas,

pousam no meu regaço

que as recolhe sofregamente.

No silêncio da tarde

talvez soletre um poema,

com as penas 

que os pássaros deixaram cair 

no ruído do seu voo.


Texto
Emília Simões
24.02.2024
Imagem Google

sábado, outubro 28, 2023

No silêncio da tarde



No silêncio da tarde
as nuvens passam apressadas.
O dia escurece.
Um aguaceiro forte
e uma rajada de vento
fustigam as janelas
e os pobres andrajosos,
que à mingua, na rua,
estendem as mãos vazias,
erguem ao céu, os olhos molhados,
e nada veem, nada sentem.
Apenas a escassez os alumia.
Sacudo os salpicos de chuva
e  ofereço-lhes uma flor,
uma simples flor
que, curvada, também chora
as iniquidades da vida.

Texto e foto
Ailime
28.10.2023


 

sábado, julho 08, 2023

O prelúdio do entardecer

 



Dizia-lhe que tinha os sinais à flor da pele

como quem colhe cerejas e as trinca 

deixando escorrer pelo canto dos lábios

o néctar vermelho doce como o mel.

Via-se nas sombras dos pomares 

poisando aqui e ali qual borboleta

escutando o silêncio da tarde

entre os cantos dos pássaros

e os zumbidos dos insetos.

O relento era o seu reino onde

se sentia  aconchegada longe do mundo

e apenas as flores lhe entoavam baixinho

o prelúdio do entardecer.


Texto
Ailime
Imagem Google
08.07.2023

sábado, outubro 01, 2022

São breves os dias de outono



Quando cheguei à minha rua

já era outono.

Ainda ontem colhia uma rosa...

Hoje, das minhas mãos,

caem folhas amareladas

que recolhi no regaço

onde os dias repousam mais cedo,

no sol que se  despede 

mal a tarde se insinua.

São breves os dias de outono

e as noites alongam-se

para além do horizonte,

onde apenas distingo

no crepúsculo das horas

o silêncio da manhã que tarda.


Texto e foto
Ailime
Set./2022

segunda-feira, maio 23, 2022

Na escassez das palavras


Maria Caldeira


Na escassez das palavras

a sede no deserto 

como um rasgão na pele

miragem e silêncio

nas poeiras das dunas

a toldar o pensamento

que clama pelo voo das aves

para dissipar as névoas

Há vazios e grãos de poeira

a marejar os olhos

nos silêncios da tarde

que, em vão, suplicam

que o oásis floresça.



Texto
Ailime
23.05.2022