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sábado, outubro 21, 2023

Tens na voz o embargo


Tens na voz o embargo

de quem navega ao relento

nas esquinas da cidade

onde tudo falta e tudo sobra.

Corpos molhados, faces enrugadas,

olhos baços de tantas súplicas

que ninguém ouve, ninguém vê.

Apenas sombras...

Do outro lado da rua choros e gritos

sob estrondos atroadores 

numa tristeza letal.

Chove nos meus olhos

a tua sede, a tua fome, o teu martírio.

No meu silêncio guardo tudo

e num arrastar de folhas

peço ao vento benevolência.


Texto e foto
Ailime
21.10.2023


sexta-feira, março 19, 2021

A cidade está coberta de sombras

 


Carlos Botelho


A cidade está coberta de sombras.
Subo as escadas e no pátio
apenas um gato espreita
uma nesga de sol
e quebra o silêncio, que
me atordoa e desalenta.
Não me reconheço
nestes dias solitários
de recuos e fugas
onde tudo me parece 
desconhecido.
Até o rio já não tem a mesma cor.
Corre pálido num sussurro
sem barcos nem marés.
A cidade emudeceu.
O silêncio invadiu-a e
não ouço o adejar dos pássaros
nem o chiar dos elétricos.
É uma cidade de bancos vazios,
de janelas fechadas
e telhados suspensos.
O crepúsculo apressa-se 
e a noite dependura-se na lua.
Apenas o amanhã me poderá
devolver a liquidez dos dias.


Texto 
Ailime
19.03.2021

segunda-feira, abril 22, 2019

Naquela madrugada


Naquela madrugada 
a cidade acordou antes do tempo. 
Pássaros em alvoroço 
sobrevoavam barcos 
marés cheias 
escarpas e silêncios. 

O rio, lá em baixo, a espreitar, 
azul de tanto céu. 
Estalavam foguetes 
Rostos mudos de espanto 
Clarões 
Olhares incrédulos. 

Onde estavam as sombras? 
Multidão em êxtase 
sorrisos e abraços. 
A longa noite expirara. 

Uma flor ergueu-se 
rubra como sol nascente  
no cano duma espingarda 
iluminou Abril. 


Texto
Ailime
22.04.2019
Imagem Google

domingo, março 24, 2013

Crepúsculo



Percorri a cidade
Repleta de sonhos
E revi-me
Na luz
Que por entre as árvores
Repletas de cachos dourados
Deixava antever
No brilho
A primavera
Que se fez madrugada.

Agora apenas os sóis
Repousam no crepúsculo
Sofrido e gasto
Pela luz minguante
Gravada e inerte
Nas pedras nuas da calçada.

Ailime
Março/2013
Imagem Google

sexta-feira, dezembro 28, 2012

Folhas ressequidas



Percorro-te nas ruas do desassossego
e apenas sombras me cercam
na vertigem da cidade
que nunca me pertenceu.

E as árvores gotejam
no orvalho das manhãs
as folhas ressequidas
que o vento espalhou.

Um galho agita-se
e espreita o horizonte
na busca incessante da luz
que o renovará.


Para todos desejo um bom Ano de 2013 com muita saúde, amor e paz !

Ailime
28.12.2012