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sábado, novembro 29, 2025

Um banco solitário

Pixabay

O outono revela-se nas pequenas coisas

que os meus olhos enxergam com pasmo.

No silêncio do vento, o outono guarda

folhas secas com segredos de vidas passadas.

Às vezes, nomes gravados revelam

amores antigos que por ali passaram, 

no parque, onde um banco solitário

imerso num mar de folhas,

parece lamentar as ausências,

antes tão presentes e comuns.

Hoje, ninguém tem tempo

para descansar no velho parque

e escutar os silêncios e o sussurrar do vento,

nas cirandas das folhas em rodopio.

Ainda é tempo para redescobrir os silêncios

e os segredos que aguardam uma nova vida.

Texto
Emília Simões
29.11.2025


sábado, novembro 22, 2025

Quando caminho


Quando caminho e sinto o vazio

do mundo nas folhas que o vento dispersa,

paro a contemplar a luz que brota

das flores, ainda sem nome.


Existo sem pressa no mundo hostil,

onde a virtude é palavra vã;

no meu silêncio acolho o murmúrio

dos voos rasantes das aves feridas.


Nas sombras do crepúsculo

vislumbro utopias ainda por desvendar;

debruçada sobre as brisas,

ouço o rugido distante do mar.


Texto e foto
Emília Simões
22.11.2025

 



sábado, agosto 23, 2025

Nos momentos em que o silêncio

Pixabay

Nos momentos em que o silêncio
arde no meu peito,
ouço a voz do vento
que arrasta no tempo
as primeiras folhas de outono
que, sob o meu corpo,
estremecem de tanta secura.

Ainda é cedo, mas o outono
insinua-se e as horas encurtam
os dias, que os ponteiros
dos relógios, já gastos,
vão empurrando com espanto.

O meu desejo é que
as flores continuem a brotar,
nos campos áridos,
junto à minha porta.

Texto
Emília Simões
23.08.2025

sábado, julho 19, 2025

Sentada sobre o passado

 

Aviv Muzi


Sentada sobre o passado relembro histórias
que me despertam emoções 
vividas ou sentidas, que hoje apenas revivo.
Outrora vivi, cresci, rodeada de flores,
livros e folhas balançando ao vento,
que me anunciavam novos universos
e novas formas diferentes de estar e viver,
que não me deixaram maravilhada.
O mundo que conhecia tinha claridade
e tudo ao meu redor era puro.
Águas frescas e cristalinas,
prados verdes e flores silvestres,
aromas a estevas e pinheiros bravos,
e frutas maduras, que colhia das árvores.
Rios de águas límpidas,
onde barcos deslizavam suavemente,
como brisas leves pelas margens.
A natureza era um reino onde libertava
as minhas fantasias de criança
e me sentia livre e longe do espetro
de guerras e calamidades.
Naquela época, parecia que o mundo
era só meu.
Hoje, apenas memórias e saudades
habitam profundamente em mim.


Texto
@Emília Simões
2025.07.19

sábado, julho 12, 2025

Hoje não escrevo


Hoje não escrevo.

Não me apetece.

Passeio ao ar livre e fresco

e deixo que as palavras

se escoem no tempo

e se enleiem nas folhas

e no canto dos pássaros.

À margem de mim,

à margem dos meus sentidos,

dos meus sonhos.

Nas margens do meu rio.


Texto e foto
Emília Simões
10.07.2025

sábado, outubro 26, 2024

No silêncio do outono


No silêncio do outono
ouço o vento nas folhas
que caem impiedosamente
e a chuva que as embebe
deixando-as brilhantes
no chão escorregadio.

No silêncio do outono
revejo folhas antigas
que me trazem memórias
embutidas no meu ser.

No silêncio do outono
entro na tua casa
e as paredes brancas e frias 
falam-me de ti
a observar o rio lá em baixo,
que corre límpido como o teu olhar.

No silêncio do outono
recolho-me, não ouço a tua voz
e não tarda é inverno outra vez.

Texto
Emília Simões
26.10.2024
Imagem Pixabay

sábado, fevereiro 24, 2024

Palavras adormecidas


Palavras adormecidas

teimam em cingir-me a voz

que rouca, pelo frio do inverno,

se aninha no meu rosto gelado.

No firmamento aves esvoaçam

lado a lado com o vento

e, letras à solta, como folhas,

pousam no meu regaço

que as recolhe sofregamente.

No silêncio da tarde

talvez soletre um poema,

com as penas 

que os pássaros deixaram cair 

no ruído do seu voo.


Texto
Emília Simões
24.02.2024
Imagem Google

sábado, janeiro 13, 2024

Hoje a chuva molha a calçada


Hoje a chuva molha a calçada
e as pedras brilham como cristais
na densa tarde de inverno.
As árvores, nuas, parecem chorar
as folhas que, coladas ao chão,
parecem adormecidas.
Há raízes profundas que as unem
e não é a falta de luz que as 
mantêm vigorosas na sua nudez.
A seiva continua a circular
no interior dos seus troncos.
Por um lapso de tempo
sobrevivem à noite que as cinge.
A primavera não tardará
e como milagre
no silêncio de uma manhã amena,
despertarão reluzentes
em ramos iluminados,
como um brilho impresso no tempo.


Texto e foto
Emília Simões
13.01.2024




sábado, janeiro 06, 2024

Mergulho nos rastos do vento


Mergulho nos rastos do vento
as ondas da ilusão 
e apenas ouço o murmúrio do mar.
As folhas balouçam
na crista das ondas 
como palavras soltas
nos barcos fundeados,
amarrotadas na boca de um peixe.
Na areia da praia um búzio reflete
o esplendor do dia
e deixo que o silêncio
apenas me fale de outras maresias.
Por instantes, fito o horizonte
e uma ave vem ao meu encontro
e pousa-me nas mãos,
leve como uma pena.
Acolho-a com espanto
e como estátuas
ficamos assim
até ao anoitecer.

Texto
06.01.24
Emília Simões
Imagem Google 
 


sábado, novembro 11, 2023

No clarear das manhãs


No clarear das manhãs

a terra cheira a musgo

e a  pedras escorregadias

pelas intempéries 

que agitam as árvores

em aguaceiros intermitentes,

deixando sobre o chão

folhas irreconhecíveis,

que vou recolhendo em silêncio.

No vórtice do tempo

aves atravessam as nuvens

resguardando-se de tempestades  

numa nesga de luz,

antes que o vento as resgate. 


Texto
Ailime
11.11.2023
Imagem Google



sábado, novembro 04, 2023

É outono na minha rua e o sol brilha!

 


As folhas molhadas pelas intempéries

segredam em tons de outono

no silêncio da tarde

a voz do vento que amainou, 

atapetando o chão em tons dourados.

É outono na minha rua e o sol brilha!

Atravesso-a devagar, pé ante pé,

para não desmanchar o sortilégio

desta visão encantada.

Em silêncio apanho uma folha

e depois outra e ainda outra,

Encosto-as ao peito e sorrio.

É outono na minha rua e o sol brilha! 



Texto 
Ailime
04.11.2023
Imagem Google

sábado, maio 13, 2023

Por caminhos sinuosos



Por caminhos sinuosos

tão distantes e tão próximos

das árvores, com ninhos de pássaros,

ouço o chilrear dos melros.

Nos galhos, as folhas estremecem.

O vento voraz espalha-as no chão 

antes e depois da passagem

os meus pés apressam-se.

O dia entardece.

Apenas o brilho do crepúsculo

me faz lembrar o silêncio 

escondido numa flor 

que trepa pelas escarpas

que serpenteiam a costa,

duma praia invisível.

O mundo aquieta-se.

Só o murmúrio do mar

me responde.


Texto
Ailime
13.05.2023
Imagem Google

sábado, janeiro 14, 2023

Às vezes regresso à casa onde nasci


Às vezes regresso à casa onde nasci
e não me reconheço.
Tal o abismo que o tempo marcou
nas minhas mãos, nos meus dedos,
na minha boca, no meu olhar.
Até os meus passos parecem perdidos
nas escadas de pedra preta, agora com
musgos escorregadios.
Não fora o tempo das chuvas
e o vento agreste que as cobrem de folhas
molhadas, pela ausência de tudo.
Na neblina que cobre o rio vislumbro
uma pequena luz.
Talvez um raio de sol
a indicar-me um novo caminho,
uma nova estação
no adejar dos pássaros.

Texto 
Ailime
13.01.2023
Imagem Google

sexta-feira, novembro 25, 2022

Era outono e as folhas sorriam-nos.


Sempre caminhei para ti sem saber se te encontrava.

As portas por vezes fechadas, outras vezes abertas,

mas eu não te vislumbrava.

O chão estava coberto de seixos

salpicados por maresias que me perturbavam o olhar.

Nada fazia prever que te encontraria 

um dia, por acaso, com uma chávena de café 

que me oferecias despretensiosamente

fitando o meu olhar, que se prendeu no teu,

num abandono quase íntimo.


Era outono e as folhas sorriam-nos

como se uma força nos desafiasse 

a libertar o esplendor do mundo.



Texto e foto
19.011.2022
Ailime

sábado, outubro 29, 2022

No silêncio das folhas

 

Leonid Afremov



No silêncio das folhas

o eco da chuva que, irrefreável,

nos espanta e das nuvens

vai tombando

como cascatas de pérolas

a brilhar nas calçadas.


Estendo-lhe os braços, as mãos

e acolha-a, como bem precioso,

tão próxima de mim

a desviar-me a atenção

das guerras, dos mal-entendidos,

das frustrações, das impiedades.


No jardim, as folhas acolhem os pássaros

que perderam o norte

e repousam o outono nas tardes dos dias. 



Texto
Ailime
29.10.2022



sábado, outubro 01, 2022

São breves os dias de outono



Quando cheguei à minha rua

já era outono.

Ainda ontem colhia uma rosa...

Hoje, das minhas mãos,

caem folhas amareladas

que recolhi no regaço

onde os dias repousam mais cedo,

no sol que se  despede 

mal a tarde se insinua.

São breves os dias de outono

e as noites alongam-se

para além do horizonte,

onde apenas distingo

no crepúsculo das horas

o silêncio da manhã que tarda.


Texto e foto
Ailime
Set./2022

sábado, julho 02, 2022

Na solidão do vento

Erick Alves

Na solidão do vento encontro-me com o amanhã.

Os meus braços abrem-se como ramos de árvores

a baloiçarem-se num ritmo frenético

como se o outono surgisse no meio das folhas

que vão caindo amarelando o chão.


Nos muros já não brilham as glórias da manhã

que, ressequidas, apenas das hastes a lembrança

dos eflúvios que  aromatizavam  o meu ser

que agora preenchem um pacto de silêncio.


Não distingo nas sombras do vento

a claridade dos dias e os sons do alvorecer.

Apenas um pássaro veloz, indiferente à minha sede,

traça no céu as cores da primavera.


Texto
Ailime
01.07.2022

terça-feira, novembro 02, 2021

O tempo nunca é o mesmo




O tempo nunca é o mesmo.
Ontem a chuva  regou os meus sonhos,
hoje colho uma flor.
O dia e a noite contemplam-se, 
assim como o sol e a lua
se abraçam num golpe de vento
que vagueia por entre galáxias.
Claridade e sombras.
Um pássaro nunca está só;
poisa sobre uma estrela 
e  esvoaça no universo
por entre galhos de nuvens. 
Gravo os meus sonhos
nas folhas caídas de outono.


Texto e foto
Ailime
02.11.2021



terça-feira, outubro 26, 2021

No interior das pedras



No interior das pedras há chamas 
que à tua passagem te queimam os pés,
te sacodem, como se o vento alastrasse
e se detivesse no teu andar vagaroso e
pesado, como as folhas que
se arrastam impelidas por aragens
ensurdecidas de tanto silêncio.
À margem dos dias as florestas
gritam por socorro
no leito seco dos rios.


Texto 
Ailime
26.10.2021
Imagem Google

quarta-feira, maio 26, 2021

Já não sei das palavras



Já não sei das palavras.


Procuro-as entre o amontoado de papéis

e só vislumbro rascunhos indecifráveis,

restos de folhas amarelas, com pó,

pétalas de rosas secas.


Vem-me  à memória o que escrevi

e não sei enxergar o tempo

que me leva até ti,

no esplendor dos dias ontem.


Tudo tão belo, mas tão breve.



Texto e foto
Ailime
26.05.2021